Das eleições. Como sempre, impecável a
análise de Jaime Nogueira Pinto, que
mereceu 85 comentários - embora nem todos
contem, é certo, como tal ……
Três vencedores /premium
Como é que um “populista” vindo do
PSD, comentador desportivo, supostamente acolitado por uns sinistros gurus
nazi-fascistas, teve em 15 meses capacidade para passar de 68.000 votos para
meio milhão?
JAIME NOGUEIRA
PINTO , Colunista do Observador OBSERVADOR,
29 jan 2021
É um
velho ritual, às vezes recreativo, outras vezes só maçador, ouvir em noite de
eleições os protagonistas sobre os resultados. Quando digo protagonistas, digo
os candidatos e os partidos que os apoiaram. Com mais ou menos voltas quase
todos conseguem, mesmo contra toda a evidência, demonstrar que ganharam ou que
não perderam assim tanto. Na noite de 24 de Janeiro o ritual
repetiu-se. Agora com a frequente colaboração activa de muitos comentadores,
jornalistas e pivots. Os
candidatos e os líderes dos partidos que os patrocinaram têm a desculpa de ser
da vida deles que se trata e de saber que quem os ouve lhes dará já o devido
desconto; mas da maioria dos jornalistas e analistas esperar-se-ia mais
cuidado, mais pudor, mais reserva, mais independência, mais objectividade.
Ou talvez não seja já isso o que deles se espera. Até porque agora os tempos
são de defender o “pluralismo democrático” ou as “amplas liberdades democráticas”,
a que todos assistimos em loop, contra a “ameaça para a Democracia”. Enfim,
há que barrar o Fascismo, que “não passará” – ainda que a grande maioria não
saiba o que foi o Fascismo, o que foi o Comunismo ou sequer o que é o
Socialismo que nos governa. Não sabem, não tentam saber, não querem saber.
Não vêem, não ouvem, não lêem e, por isso, ignoram. António Barreto fez recentemente um retrato cru e certeiro do estado
geral do nosso jornalismo televisivo, com a sua ausência de critério e de
edição, com a sua ignara, preguiçosa e acrítica colagem ao poder e às
“audiências”, com a sua indiferenciação e repetição até à náusea, com os seus
rasteiros “directos” e entrevistas de rua e de estúdio.
O primeiro vencedor
Nas
eleições de 24 de Janeiro houve claramente três vencedores: o primeiro,
foi o Presidente. Marcelo
Rebelo de Sousa ganhou com 60% dos votos, isto é, com maioria absoluta,
o que significa que teve muito mais votos que todos os outros candidatos
somados. Num tempo de Pandemia, que afectou talvez mais o seu eventual
eleitorado que o de outros candidatos mais “ideológicos” e com eleitorados mais
motivados, é um grande resultado. Isto sem falar da Abstenção, que
não terá sido só por doença ou confinamento mas também por insatisfação e
desistência dos que não gostaram da sua tolerante “co-habitação” com o
governo.
E
a vitória é essencialmente do próprio candidato; embora os partidos da esquerda
e da direita do arco constitucional tivessem vindo cobrar o seu papel decisivo
na vitória, o candidato-presidente ganhou porque conta com um capital de
confiança e de simpatia pessoal entre a grande maioria dos eleitores. É um caso
de popularidade genuína e de habilidade e inteligência política que passa por
cima das indigitações e apoios partidários e que, neste momento de crise e
medo, foi reforçado pela vontade de estabilidade, desviando alguns votos
políticos mais arriscados.
O primeiro dos segundos
António Costa é um dos outros três vencedores de 24 de Janeiro.
Com
o convite informal a Marcelo Rebelo de Sousa para que se recandidatasse e a
opção de não apresentar um candidato partidário, dando aos eleitores
socialistas “liberdade de voto”, Costa saiu a ganhar. Sabia que, assim, ficaria
no carro do vencedor, com os louros de ter contribuído com uma discrição
calculada para a vitória do “candidato da moderação”, ou seja, do
candidato que lhe permite ter um pé numa espécie de bloco central virtual
e que lhe garante a estabilidade governativa, contendo ou diluindo alguma
direita. De passagem, varreu para as margens a esquerda do seu próprio partido,
a que a candidatura de Ana Gomes
deu voz, e relegou para mínimos históricos os parceiros da Geringonça (entre
eles o BE, que manifestamente não era da sua estima), deixando-os reféns da
estabilidade parlamentar até ao fim do mandato – logo, seus reféns e do PS.
Finalmente
– e para um temperamento florentino como o de António Costa esta é
talvez a maior vitória –, saiu
beneficiado pelo crescimento exponencial de André Ventura, que vem
criar um dilema agudo aos responsáveis do PSD e do que resta do CDS: ou fazem
acordos com o Chega (como o Dr. Rui Rio fez ou deixou fazer nos Açores) e
enfrentam os clamores de horror de toda classe política, pivots e opinionmakers,
ou arriscam-se a ficar muito tempo fora do poder. A não ser que refaçam o “bloco central” para “salvar
a democracia”, numa reedição formal do velho “Centrão” – o que é caminho de
recurso sempre possível, mas que inevitavelmente fariam a partir de uma posição
de inferioridade em relação aos socialistas, perpetuando-os no poder.
O
sucesso do Chega, ao preencher um espaço político-social abandonado por uma
direita sistémica incapaz de proclamar princípios e valores nacionais,
identitários, conservadores, solidários – uma direita que foi deixando de
defender causas e de falar em Política para só discutir “políticas” dentro dos
valores políticos impostos pela Esquerda – aproveitou e aproveita, colateralmente, ao PS e a António
Costa. E quando o PSD se afirmou de
“centro”, indiferenciou-se mais ainda do PS – António Costa não é propriamente
um revolucionário, embora fosse pagando o apoio dos bloquistas com a
colaboração e cedência em “desimportâncias folclóricas” – como são a memória e a História, a livre expressão
do pensamento, o nosso destino humano, comunitário e civilizacional, a vida e a
morte, e outras minudências.
Assim,
no meio de uma Pandemia que nos colocou no topo da mortalidade mundial e da
mais gritante falta de recursos e de gestão de recursos e meios humanos e
materiais para salvar vidas, deparamo-nos com o oportuno e edificante espectáculo
de estar o Parlamento a votar uma lei e a canalizar recursos para que o Estado,
os médicos e os hospitais possam “ajudar a morrer” velhos, doentes e quem “já
não está cá a fazer nada” (sim, num gesto de suprema humanidade, oportunidade e
progresso, os parlamentares estão neste preciso momento a trabalhar para nos
presentearem com um prático incentivo/direito à “morte assistida”).
O outro vencedor
O
aparecimento do Chega não foi
assim tão surpreendente. O que foi extraordinário foi o seu crescimento no
tempo e nas circunstâncias adversas que enfrentou.
Não
foi surpreendente porque o que aconteceu em Portugal já acontecera em toda a
Europa. Com o fim
da URSS e dos partidos comunistas, a extrema-esquerda passou para a primeira
fila, entrou no delírio das causas disruptivas e dedicou-se ao “empoderamento”
(ou à manipulação) de minorias de todas as espécies e sub-espécies, géneros e
sub-géneros – esquecendo e abandonando a classe trabalhadora. Esta, também abandonada pelos partidos da direita e da
esquerda liberais, sacrificada pela internacionalização desregulada e pela
desindustrialização, ficou órfã de voz e de representação pública e política. O Front National, agora
Rassemblement National,
é hoje o partido com maior número de trabalhadores em França. Em Espanha, o sucesso do Vox e do nacionalismo popular ficou a
dever-se à onda do separatismo catalão e ao assalto à cultura e à sociedade da
frente de esquerda PSOE-PODEMOS, a par da pouco enérgica resposta do Partido
Popular a esta vaga. Na
Polónia e na Hungria – como
no Leste em geral – foi a
reacção às memórias ainda frescas da longa opressão comunista, canalizada por
partidos nacional-conservadores. Em França, na Alemanha, em
Itália foi a imigração culturalmente
diferente, não integrada e renitente à integração.
A
todos estes problemas, os partidos do sistema, também com medo de enfrentar
a comunidade académico-mediática, responderam com evasivas, eufemismos,
cândidas declarações correctas, políticas de protecção às “minorias”,
interdições linguísticas ou insultos a quem ousava levantar objecções,
provocando o aparecimento de novos movimentos ou partidos alternativos,
geralmente radicais na contestação do sistema e da cultura dominante.
São movimentos socialmente
transversais, com lideranças personalizadas e programas que variam de Estado
para Estado, mas que têm denominadores comuns: defesa da identidade nacional,
lei e ordem, proteccionismo dentro de uma economia de mercado, solidarismo
social.
Os partidos portugueses
viveram sempre com a preocupação do “antifascismo”. A esquerda passou a dominar neste regime. Não usou
(tirando no PREC) os instrumentos repressivos institucionais do regime anterior
– Censura Prévia, Segurança de Estado – mas criou um controlo de opinião, um
maniqueísmo do admissível e do inadmissível, que dominou a cultura, a academia
e o jornalismo. Houve alguns
momentos em que o Estado ficou livre dessa tutela: na primeira AD, no primeiro
Cavaquismo, no governo de Passos Coelho. Mas os
chamados partidos de direita nunca se libertaram do guião que lhes foi imposto.
Isso foi tentado no CDS de Monteiro e Portas e por algumas figuras do PSD –
como Alberto João Jardim, na Madeira – mas depois tudo recolheu às “boxes” da
respeitabilidade “democrática”.
Os oráculos explicativos têm sempre
aqui uma dificuldade: a democracia é boa, o povo é bom, “os portugueses” são
serenos… Então
como é que um “populista” de Loures, vindo do PSD, um comentador desportivo,
supostamente acolitado por uns sinistros gurus nazi-fascistas tem, em 15 meses,
capacidade para passar de 68.000 votos para meio milhão?
Os
diagnósticos dividem-se. A tese dos “deploráveis” à portuguesa começa a ser abandonada, já que meio milhão de deploráveis espalhados por todo o
país serão talvez deploráveis a mais; e depois, o insulto parece não ter
corrido bem nos Estados Unidos, como quando da ex-futura “Administração
Hillary”. Fica por
isso a perplexidade perante a falta de “soluções” para “esta gente”, que talvez
não se componha só de deploráveis, que pode, inclusivamente, chegar a incluir
gente relativamente “normal”, mas que está zangada e irritada e que se sente
abandonada. Tão abandonada que até considera enveredar por um caminho
“iliberal”, um caminho que pode levar ao “fascismo” (ao racismo, ao machismo, à homofobia, à transfobia, a todas as fobias);
tão inexplicavelmente abandonada que
exerce o seu direito cívico votando num candidato tão pouco cívico e tão
carente de “soluções”. Ora o que
os partidos portugueses discutem há muito tempo são políticas e “soluções” –
soluções sectoriais, partindo do princípio que a Política é sempre a mesma e a
classe política também e que certas ideias e princípios não cabem nas baias da
nossa impoluta democracia nem são sequer admissíveis a debate.
Do protesto ao projecto
A novidade do Chega foi
trazer, ainda que pela negativa, a Política para o debate político. E a denúncia do alheamento e do afastamento da
classe política e mediática dos valores e das preocupações de um “país real”
que se sente atropelado e não representado. E isso
bastou para ter sucesso. Os
excessos verbais do líder e dos que o combateram directa e persistentemente
(todos os outros candidatos, todos os canais de televisão, toda a opinião
escrita e falada) não o impediram de crescer. E cresceu, talvez não tanto
quando poderia ter crescido (também com a remota possibilidade de uma segunda
volta entre Marcelo e Ana Gomes a alarmar alguns eleitores conservadores), mas
cresceu. E cresceu muito. É claro que
o voto em André Ventura – ou num partido que é, como todos os partidos
portugueses, transversal socialmente e não ligado a uma classe ou grupo social
específico – é um voto
reactivo. Só que, fazendo uma extrapolação de
voto para as legislativas, extrapolação que nunca será líquida, mas que é, pelo
menos, indicativa, o Chega teria um grupo parlamentar entre 15 e 20 deputados.
E há uma série de círculos do país onde qualquer pretensão de eleger fora da
esquerda terá de levar em conta os seus eleitores. Como bem observou Ricardo
Costa, nas próximas eleições autárquicas os votantes do Chega serão
incontornáveis para quem queira coligações vencedoras nos concelhos dos onze
distritos onde André Ventura ficou em segundo lugar.
Mas
depois do êxito da novidade e – em termos hegelianos – da antítese, o novo partido terá de avançar com um programa, remodelando
a Agenda reactiva e punitiva e trazendo propostas e uma estratégia de resposta
à tutela político-cultural das esquerdas. Esse programa também lhe poderá
trazer a adesão de quadros médios capazes de fazer uma oposição
nacional-conservadora e popular à hegemonia da Esquerda. Não só no campo da
Economia, mas da Política, dos valores políticos, das causas, das ideias, dos
princípios, que são o que guia e comanda o resto.
PRESIDENCIAIS
2021 ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS ELEIÇÕES POLÍTICA PARTIDO CHEGA MARCELO REBELO
DE SOUSA PRESIDENTE DA
REPÚBLICA ANTÓNIO COSTA
COMENTÁRIOS:
Morais Silva: O populista como diz é o homem que teve coragem (em bom português, têm os
no sitio), de dizer as verdades que têm sido deturpadas com as palavrinhas
mansas do politicamente correto. Mas os senhores do politicamente correto, a
brincar a brincar, têm vindo ao c* aos Portugueses ano após ano !. E como os de
sempre ficam com a vaselina só para eles (desde que engordem com o sistema), o
povo mama a bucha vai mesmo sem vaselina. Portanto este senhor populista com a ajuda do meio
milhão de portugueses que votaram nele, vai se colocar em posição, pronto para
vos servir, mas desta vez sem vaselina. Portanto os esquerdistas que parem de
se lastimar e façam o favor de fazer fila atrás da MM. Gil Lourenço: Que excelente análise! Claro
que os esquerdistas vieram logo aqui espumar. Não conseguem atingir mais... observador atento: Precisamos de pessoas como JNP
na Assembleia da República para aumentar a qualidade da nossa democracia. Paulo Guerra_ Realmente ainda aquando das
eleições nos States, o JNP foi o analista que eu vi na televisão com mais
cuidado, mais pudor, mais reserva, mais independência e mais objectividade. E também é no mínimo curiosa a grande vitória do
3º classificado porque o seu partido subiu de menos de 2% para quase 12%.
Nomeadamente em relação a vitória da 2ª classificada que nem tinha qualquer
partido a apoiá-la. Vá lá ao menos não acha que foi só a Direita que elegeu
Marcelo como o RR. Lítio Hidrogénio
> Paulo Guerra: Por acaso tinha o apoio do PAN, do IL e do PS
"Bom". Mentir não vale. Luis Dominguez: EXCELENTE Tiago Queirós: Se por «populismo» (ou
«demagogia», sendo simplesmente termos sinónimos com raízes linguísticas
distintas) entendermos o apelo aos mais baixos instintos das massas, então não
há como negá-lo: o Socialismo é o maior fenómeno de populismo a grassar no seio
das civilizações ocidentais, disseminando mentiras e argumentos bacocos em nome
de uma pretensa, mas falsa, noção de Igualdade. Tudo o resto, ao fim e ao cabo,
são cortinas de fumo convenientemente erigidas para ludibriar os eleitores
incautos.
Graciete Madeira: Mais um excelente texto. Maria Alva: Excelente clarividência,
alicerçada em sublime Conhecimento. Parabéns.
José Sequeira: Brilhante. Já justifiquei a assinatura. Paulo Alexandre : Ateu: Causas e factores que contribuíram para o
crescimento de Venturitler: 1 - O facto de os dois Partidos tradicionais
de Direita e do Centro-Direita se encontrarem desnorteados, sem lideranças
fortes, sem carisma, sem fulgor, sem capacidade para marcarem a agenda
política, sem critério, sem orientação, sem foco, sem brilho, sem um leitmotiv;
durante décadas, os dois Partidos tradicionais de Direita e de Centro-Direita
federaram os mais diversos discursos, posicionamentos e visões dessa área; no
entanto, as fracas lideranças actuais geraram um fenómeno de desagregação
desses diferentes eleitorados, oportunidade que foi bem explorada por um
demagogo e um populista que sabia que tinha, à sua disposição, um mercado
eleitoral passível de ser explorado. No entanto, as sondagens dizem que, até
agora, o Chega não consegue mais do que dividir o eleitorado à Direita do PS. 2 - O facto de estarmos a viver uma inusitada situação
pandémica, que está a deixar muita gente em estado de desespero, em termos
familiares, sociais e económicos; o eleitor desesperado não é um eleitor
"racional", isto é, não é um eleitor que adere firmemente a uma
causa; trata-se de um voto de protesto que tende a desaparecer com o regresso à
normalização da situação. 3 - O facto de se tratar de uma eleição em que o vencedor
já era conhecido por toda a gente; o facto de a vitória de MRS ser mais do que
indiscutível, fez com que uma parte do eleitorado de Direita, optasse por um
voto de protesto contra o governo; este eleitorado é volátil (tanto pode
regressar ao CDS e ao PSD, como pode aderir ao Chega) mas não acrescenta votos
à Direita; pelo contrário, divide os votos e fragiliza as forças políticas que
a integram. 4 - O facto de não existir uma verdadeira polarização
Esquerda-Direita nestas eleições; se estas eleições se destinassem a eleger um
novo Presidente (em vez de se tratar de uma reeleição), a lista de candidatos
seria muito distinta; o PS, por exemplo, jamais se teria demitido de apresentar
um candidato seu, pelo que estaríamos na presença de outros candidatos e o
eleitorado do PS dificilmente teria votado num candidato de Direita; ou seja,
Venturitler beneficiou de condições muito especiais, resultantes do facto de
não existir uma polarização clara entre os eleitorados de Esquerda e os de
Direita; se o eleitorado estivesse mais polarizado, nomeadamente entre dois
candidatos, Venturitler teria uma menor expressão de voto porque os eleitores do
PS tenderiam a votar no candidato do PS e muitos eleitores de Direita tenderiam
a votar no candidato do PSD ou do CDS; ou seja, Venturitler beneficiou de
eleitores por conveniência e beneficiou de eleitores contextuais. E este tipo
de eleitores muda quando o contexto e as conveniências mudam; não se trata de
um eleitorado fixo ou cristalizado numa posição firme. 5 - O facto de Venturitler ter explorado os mais básicos
sentimentos de ódio e os mais básicos instintos preconceituosos: este é o
eleitorado que Venturitler pode captar e agarrar mas que não passa de um
eleitorado que ocupa nichos de mercado muito particulares: uns quantos
homofóbicos, outros tantos racistas, mais uns quantos xenófobos e alguns
tradicionalistas; este eleitorado, tipicamente frustrado e sempre a carecer de
bodes expiatórios para dar sentido ao funcionamento do mundo, é seduzido por
discursos básicos, odiosos e primários mas é composto essencialmente por gente
com escassa formação, com escassa informação e com reduzido pensamento crítico;
é gente rural, pouco instruída, tradicionalista e, normalmente,
confessionalmente comprometida; mas não passa de um eleitorado de nichos de
mercado, que se limita a responder a discursos particulares, sem substância,
consistência, estrutura ou coerência; este é um eleitorado marginal que só
convence gente simplória e destituída de pensamento crítico. Estes
são os principais factores, causas e razões que explicam o resultado de
Venturitler. Nas próximas autárquicas, o Chega irá esvaziar-se, já que não tem
quadros políticos com um mínimo de qualidade para enfrentar essa batalha! E, nas próximas
legislativas, alguém está a ver o eleitorado à esquerda do PSD a deixar-se
seduzir por algum partido de Direita? Os eleitores residuais que façam esse
trajecto serão, porventura, menos do que aqueles que, ao Centro-Direita, sintam
repugnância por essa criatura ao ponto de preferirem votar PS. mário Unas > Paulo Alexandre : Ateu: Exacto. Sendo que a distância
entre os ideais da Marisa Matias e as alegorias do Tino de Rans ser de 42 mil
votos também não deixa de ser assinalável. Estou contigo: a culpa é do bicho,
para a próxima ganha o Tino.
Paulo Alexandre : Ateu > mário Unas_ As distâncias entre os diferentes candidatos decorrem
dos pontos assinalados no meu comentário inicial. E todos esses aspectos são
mais ou menos contextuais e não são transitáveis para as legislativas. Um dos
problemas das mentes falaciosas passa pela confusão entre o eleitorado de uma
força partidária e os eleitores de um candidato dessa força partidária ou
apoiado pela mesma. Não são a mesma coisa!
José Leao > Paulo Alexandre : Ateu: A semelhança do que, em pequena
escala ocorreu nas legislativas, a análise a geografia do voto em Andre Ventura
nao permite corroborar a sua conclusão, Com efeito, o mesmo obtém votações
expressivas na area metropolitana de Lisboa (Lisboa e Setúbal) e em especial
nos concelhos da periferia assim como em Santarém, no Alentejo e Algarve tendo
a sua votação mais fraca de longe no Porto sendo que a votação em distritos
como Aveiro e Braga também não é famosa ficando atrás de Ana Gomes. Em
conclusão fica claro que não é nos distritos onde a direita e mais forte que
Ventura tem as suas melhores votações mais sim em distritos onde a esquerda é
mais forte pelo que a conclusão que tira que os votos no candidato são oriundos
da denominada direita me parece claramente errada. ……………………………
Nenhum comentário:
Postar um comentário