Lidas sempre com prazer e admiração, por vezes corroboradas pelos seus
companheiros de apreço e humor. Mas o problema da disjuntiva “OR” (NOT TO BE), não perde nunca a acuidade, ai
de nós outros, definitivamente condenados, por muitas copulativas que
acrescentemos ao nosso subjectivo e ansiado bolar para a frente na vida!
27/3/55
I TEXTO: De Luis Soares
de Oliveira 10 h
O ERRO DE SHAKESPEARE
Caro William
To be or not to be, não está
certo. To be and not to be, seria correcto.
Gostaria de concordar, mas não
consigo. O que somos tem muito mais a ver com sentimentos do que com
pensamento. Diria mesmo que o essencial de nós já lá está à nascença. O que o
mundo nos dá - valores, ideias, princípios - são complementos. Assimilar o
estranho não nos destrói; fortalece-nos.
O
que nos define serão mais os nossos sonhos, o que gostaríamos de ser e menos as
ideias que perfilhamos ou aceitamos. As ideias são do mundo; os desejos
são nossos. As ideias são produtos do
tempo e do lugar; os sonhos são inatos, não têm relação com a experiência vivida.
To be é o nosso desejo; not to be é o reconhecimento de que cada um pouco ou
nada pode fazer isolado.
Não se trata de um dilema. Não temos escolha. Cabe-nos, quando muito, combinar. "We are all prisioners of
geography" . Soren
Kierkegaard, mais profundo do que qualquer de nós, disse que "o eu é a
síntese possível dos dois opostos: a liberdade e a necessidade". E porque para viver temos que abdicar da nossa liberdade, nasce
em nós - todos nós - a angústia companheira infalível do nosso trânsito terreno.
O desespero, em maior ou menor quantidade, vem do reconhecimento de que somos
prisioneiros de circunstâncias e factores que não controlamos. Os que mais
tiveram que renunciar mais desesperados ficam. O desespero é nosso, as ideias não o
são. O que nos caracteriza é o desespero que carregamos. As ideia apenas
definem- e decidem - os companheiros de estrada que aceitemos .
As ideias variam. Tudo vai do
tempo, do modo e do lugar. Dois professos da mesma fé divergiram
radicalmente no espaço de três séculos. Cristo propôs a inclusão, a
abrangência; Santo Agostinho favoreceu o elitismo discriminatório. "Vive la diference". E
porquê? Jesus via na abrangência a forma de fortalecer a
resistência a uma ordem injusta - a de Roma; Agostinho propôs o elitismo para
refazer a ordem onde ordem nenhuma existia como resultado do colapso de Roma.
Tudo
vai da circunstância
II TEXTO - Luis Soares de Oliveira 5 d
PERIGO
À VISTA
Alguém me pediu que identificasse
os culpados da inflação e dos erros cometidos para a corrigir. Se governos, se
bancos centrais? Não encontro mais o registo do inquiridor pelo que aqui a
deixo a resposta. Não está nos meus hábitos procurar culpas e culpados;
prefiro procurar falhas do sistema e formas de as emendar. A inflação é produto
da insuficiência do actual sistema financeiro. Este ficou viciado desde a
conferência de BRETTON WOODS, 1945. Bom seria se houvesse acordo quanto às
emendas a introduzir no mesmo mas, como se constata todos os dias cada cabeça
sua sentença. Julgo que
o problema só se resolveria fora do quadro político. Seria bom se a academia do
Nobel (ou mesmo o Papa) convocasse uma Conferência dos 10 mais respeitados
economistas do mundo para proporem emendas a Bretton Woods à luz da experiência
de quase 80 anos.
Nota: É
urgente. Estamos mais perto do precipício do que parece.
António Gonçalves: Obrigado!
José Correia Guedes: O Papa??? Um jesuíta a tratar dos dinheiros
do mundo?
Luis Soares de Oliveira: Não me lembrei de que ele era jesuíta.
III TEXTO: - Luis Soares de Oliveira 17 de Março às 19:12
Estou em crer que com a alta dos juros
Christine assustou mais do que sossegou.
Comentários
António Gonçalves: Estimado Embaixador, será que a culpa é da
senhora ou dos governantes que não sabem nada de economia. Outra questão é
saber se os juros negativos durante tanto tempo não criaram uma ilusão de perca
de valor da moeda ou mesmo uma situação de quebra de “moeda”? Gostava
de ouvir a sua sempre lúcida opinião. Um abraço.
Francisco Henriques da Silva: Isto de imprimir moeda ou multiplicá-la digitalmente dá o resultado que sabe. A inflação não é de hoje, nem tem que ver com a guerra e os preços da energia, de há muito que sabia que ela vinha a caminho. O pior é que ninguém sabe travá-la com medidas adequadas… Mas creio que tudo isto são verdades de Lá Palice. Aturem-nos!
Luis Soares de Oliveira: Meu caro Henriques da Silva. Finalmente
consegui alongar a marcha até à Bertrand e já tenho as suas Memórias. Já vi que
não ficou com boas recordações do Rilvas. Voltarei. Abraço LSO
Nenhum comentário:
Postar um comentário