Os lobos arreganhando os dentes entre
si, desprezando o resto da bicharada, submissa e quantas vezes bem mais digna,
numa valentia colidindo com o sofisma de uma falsa intenção reconciliatória, apenas
perversa, como essa da visita chinesa de cortesia afectuosa à Rússia, olho
posto em si própria e visando outras paragens…
Relações entre a China e os EUA em desgaste acelerado
Desde o início do ano, uma sucessão de
episódios tem degradado ainda mais o relacionamento entre as duas potências.
Taiwan é o ponto fundamental onde a tensão se acumula.
PÚBLICO, 3 de
Março de 2023, 21:00
Foto: Joe Biden
encontrou-se com Xi Jinping em Novembro, na Indonésia Reuters/KEVIN LAMARQUE
Ao
fim de um ano de invasão russa na Ucrânia, o papel da China no conflito europeu
passou a estar subitamente no centro de um escrutínio maior. Para já, o resultado é uma degradação acelerada das
relações entre Washington e Pequim, de que a guerra parece ser apenas mais um
capítulo.
A reunião
anual do Congresso Nacional do Povo, uma data marcante no calendário
político do Partido Comunista Chinês, acontece numa altura em que
a rivalidade estratégica entre a China e os EUA parece estar a intensificar-se
a vários níveis. Desde o início do ano, foram várias as arenas de
desentendimento entre as duas potências.
O episódio
mais recente é também a repetição
de um dos mais comuns. Na quinta-feira, o Ministério da Defesa de
Taiwan disse ter detectado 29 aeronaves e quatro navios chineses em violação do
seu espaço aéreo e das suas águas territoriais, respectivamente, em apenas 24
horas.
Ao todo, durante a semana inteira, o Exército do Povo chinês enviou
68 aviões e dez navios para as proximidades da ilha reivindicada por Pequim em
resposta ao sobrevoo de um avião de reconhecimento norte-americano pelo
Estreito de Taiwan, segundo o South China Morning Post.
A ilha que o regime de Xi Jinping
ambiciona fazer regressar à China, e que os EUA prometeram defender
em caso de ataque, é o grande foco de tensão entre Washington e Pequim, mas a
rivalidade das duas potências estende-se praticamente a todo o globo.
Guerra
e balões
A apresentação da posição oficial da
China para a resolução da “crise ucraniana” – expressão utilizada pelo Ministério
dos Negócios Estrangeiros chinês para enquadrar a invasão – na semana passada
foi recebida com fortes críticas em Washington. Ao longo do primeiro ano da
ofensiva russa sobre a Ucrânia, a China tentou manter-se afastada das
discussões, trilhando um equilíbrio complexo.
Se, por um lado, teve de
regular um nível de apoio suficiente para
que a Rússia não ficasse totalmente isolada internacionalmente, por outro, esse
suporte não poderia interferir com a ambição de Pequim em apresentar-se como
uma das poucas potências mundiais não comprometidas com um dos lados em
confronto.
O
plano chinês simboliza essa difícil tarefa de fazer uma quadratura do círculo. Talvez por isso o documento seja tão parco em
oferecer soluções concretas para que seja alcançada uma solução para o
conflito, como o que fazer em relação aos territórios anexados, ao estatuto
geopolítico da Ucrânia ou à presença de forças militares russas no país
vizinho.
“A
guerra na Ucrânia teve um papel crucial na deterioração das relações entre a
China e a Europa”, disse ao Financial
Times o professor da Universidade Tecnológica de Nanyang em Singapura Li
Mingjiang. “Agora eles querem fazer alguma coisa para contrariar
isso”, acrescentou.
Sem condenar abertamente a invasão, a
China defende a integridade territorial e a soberania das partes envolvidas,
mas não deixa de criticar o “fortalecimento” e a “expansão dos blocos
militares”. A publicação da posição chinesa, dias depois de o chefe da
diplomacia da China, Wang Yi, ter visitado Moscovo, onde foi reafirmada a
“amizade sem limites” entre os dois países, foi recebida friamente em Washington
e nas capitais europeias.
A Administração de Joe Biden tem vindo a
aumentar a pressão sobre a China, não deixando passar um dia sem recordar que o
fornecimento de armamento letal à Rússia será encarado com gravidade.
Antes,
a destruição de um balão que sobrevoava
os EUA suspeito de estar a espiar para a China, a que se sucederam outros
episódios idênticos nos dias seguintes, já tinha contribuído para aumentar o
mal-estar entre Washington e Pequim. O resultado mais patente foi o adiamento da visita
do secretário de Estado, Antony Blinken, à China.
Em Washington, a percepção do risco representado pela ascensão da
China parece ser um dos poucos temas que une democratas e republicanos. Esta
semana, reuniu-se pela primeira vez uma comissão do Congresso que ao longo dos
próximos meses se vai debruçar em exclusivo sobre os desafios que a competição
com Pequim traz aos EUA.
“Não se trata de um jogo
amigável de ténis – isto é um combate
existencial sobre como será a vida no século XXI, e as liberdades mais
fundamentais estão em jogo”, disse o presidente da comissão, o
republicano Mike Gallagher, citado pela Reuters, na abertura dos trabalhos. No
mesmo dia, uma outra comissão aprovou um pacote de sanções económicas que visam
dirigentes e entidades ligadas ao PCC.
COMENTÁRIOS:
vinha2100 Troll-chaser Experiente: O Ocidente acordou tarde mas
acordou para a ameaça global da ditadura chinesa à paz no mundo. Provavelmente
na sua estratégia de longo prazo, a China tinha-se esquecido que poderia
enfrentar um adversário à altura. Sendo que a maioria de países à volta da
China desconfia desta de forma visceral, e por boas razões com fundamento
histórico. Jorge Fernandes.904027 Iniciante : "29 aeronaves e quatro
navios chineses em violação do seu espaço aéreo e das suas águas
territoriais"-O autor do artigo desconhece claramente que Taiwan não
tem espaço aéreo nem águas territoriais, porque para começar nem sequer é um
país independente e soberano. Como a ONU já reconheceu, desde 1971, através da
sua resolução 2758, a única entidade soberana na região é a PRC(People's
Republic of China). E a ONU não mudou a sua posição desde então. Até os EUA
oficialmente reconhecem apenas "uma China". Assim, toda essa retórica
sobre "Taiwan independente ou soberano" é só propaganda enganosa para
induzir em erro os cidadãos incautos. E todo esse apoio militar e político mais
não é do que ingerência na política interna da China e uma provocação descarada.
Com que fim? Criar mais uma Ucrânia ? José Manuel Martins Moderador: as liberdades fundamentais em
jogo é acabarem com o pio aos fascistas trumpianos que tomaram conta do partido
republicano. Dois Palmos a Frente Experiente: Fique bem assente. Os EUA não defendem a independência
de Taiwan, mas os EUA e os seus aliados, actualmente também a NATO, não irão
deixar a China invadir ou tomar Taiwan à força. Também os EUA e os seus
aliados, também a NATO, não deixarão a China fechar o acesso marítimo de todo
um mar. Por mais ilhas artificiais que a China construa ou, como militarmente
são conhecidas estas ilhas, Porta Aviões estatísticos. Portanto, não são os EUA
que se estão a afastar da China. São todos os países do Mundo Livre que se
estão a afastar. VivaViriato Experiente: E a Europa tem estado sempre a
nanar e a prejudicar-se, quer com as interferências da China quer dos EUA ,
potências de que está muito dependente e a quem entrega os lucros das actividades
económicas e muitos poderes. A China no nosso País tem participações em todos
os sectores estruturais da economia e as gigantes digitais dos EUA estão
dominar todos os sectores e dados da economia e dos serviços públicos do País e
da Europa. Lembram-se do caso das vacinas em que a Europa se viu negra para as obter,
mesmo pagando antecipadamente? Carlos Diogo Moderador: A Europa continua acima de tudo
refém de si própria. É necessário prosseguir na integração económica, criando
empresas europeias , bancos europeus , empresas de telecomunicações europeias e
não só empresas nacionais que no mundo de hoje são cada vez mais pequenas . A
economia europeia tem de ser forte no seu todo , não apenas seguir a economia
alemã ou francesa. Só assim poderá ser influente no panorama mundial Margarida Gomes Moderador: Concordo com a visão do Carlos para a UE. ALRB Influente: Quando uma superpotência
hegemónica se sente ameaçada por outra potência desafiante há, historicamente,
uma grande probabilidade de haver guerra. Por exemplo, foi assim no caso da
primeira guerra mundial quando a Alemanha estava a ultrapassar em toda a linha
a potência hegemónica da altura (a Inglaterra). E eram ambas europeias e com a
mesma matriz civilizacional. Neste caso estão em causa não só duas potências
como duas civilizações. Como não há vazios de poder e o ser humano é um
primata... Carlos Diogo Moderador: Não se trata apenas de um
confronto de potências, trata-se de um confronto de valores. Há muita diferença
entre poder escrever a sua opinião livremente no jornal, manifestar na rua um
possível descontentamento ou ser preso ou morto por o fazer. ALRB Influente: Se quiser pode considerar
aquilo que refere no que eu chamaria âmbito civilizacional. No entanto, pode
ter a certeza que, quer o Xi, quer o Biden se estão olimpicamente borrifando
para se no outro país se pode escrever a opinião ou não. Esse, e outros temas
(religião, por exemplo), são usados simplesmente para arregimentar as
populações para o confronto, eventualmente para a guerra. Mas o que está em
causa é a disputa hegemónica e respetivas mais valias. ALRB Influente: Carlos Diogo, transcrevo a
teoria sobre como ser um bom faraó: a missão do faraó é zelar pela manutenção
da ordem perfeita do mundo, estabelecida no momento da sua criação. Para tanto,
o soberano deve combater as forças da desordem, procurando, em particular,
ampliar ou consolidar as fronteiras do país contra as ambições dos povos
vizinhos. O controlo dos territórios adjacentes assegura o influxo de riquezas
que permitem ao faraó alimentar o seu povo e construir templos bem providos de
oferendas, estátuas e mobiliário precioso. Entre os faraós, aqueles que se
destacaram como guerreiros e construtores foram também os que gozaram de uma
mais longa posteridade, como Senuseret I, Senuseret III, Tutmés III e Ramsés
II. Dantes era à mocada, agora é com bombas nucleares. O resto é poesia. Maria-Ceratioidei Moderador: Aqui estão dois a decidir o
futuro de 8 mil milhões. É perverso. José Manuel Martins Moderador: é, é perverso que não sejam
esses oito milhões a decidir o seu futuro. Eu, que não sou americano nem chinês,
estou. O erro do artigo é dramatizar o jogo mundial em
'duas superpotências', o que é falso: estamos todos a jogar esse jogo. E
pouco importa se 'estamos com os eua' ou se são os eua que estão connosco.
Sabemos onde estamos. E onde estão os outros, quem eles são, e sempre foram:
comunas, fachos e ditadores. 04.03.2023
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