“pour un Champion», digo. Hoje
– aliás, ontem, já - pelas 15h 30, como de costume, (excepto aos fins de
semana).
Em vez do espaço em roda, de mesas altas
para os concorrentes do “Questions” em pé, uma sala bastamente assistida de
cadeiras com gentes nelas sentadas, mais ou menos circunspectas – digo, as
gentes. Espaço onde comecei por ouvir uns berros selváticos a imitar canções,
para o enfoque não direi provocatório, mas a dar o tom a uma homenagem a alguém
que tão bem soubera criar em escrita versátil. Um grupo de mulheres na frente,
mantinha uma atitude que achei ressabiada – não sorridente mas altivamente
expectante, das que tinham as mentes impregnadas da superioridade actualmente
reclamante, contra os racismos subjugantes dos colonialismos, aniquiladores das
tradições e culturas, consideradas primitivas, desses povos, ou apenas
ignoradas pelos tais colonialistas ditos exploradores que preferiram difundir
as suas próprias culturas nas terras por eles arduamente ocupadas. A gente das
cadeiras, parecia ali posta - não em sossego, mas em expectativa, de uma
seriedade formal, de compromisso imposto pelo respeitoso do evento, apesar dos
berros iniciais inesperados, em vez de um cântico solene, a condizer com a
dignidade do momento – de homenagem a uma figura do conhecimento geral – a
escritora Maryse Condé, que morrera, aos 90 anos (11/2/1934 –
2/4/2024), após uma vida de escritora guadalupense preenchida de andanças e de
escrita de livros, cuja vida apaixonante e amplamente premiada, leio na Internet,
em francês, pois que foi em francês que escreveu, dignificando ainda mais a
língua francesa com as suas obras, língua, de resto, que tantos escritores
franceses haviam já variamente dignificado, mas que Maryse Condé,
excelsamente elevaria também como o fez sentir Emmanuel Macron, que apareceu no salão, e leu o seu longo texto
entusiástico, sobre a escritora que certamente contribuíra para os movimentos
reivindicativos desses povos que hoje reclamam, em ardores gritantes, como
deram a entender os berros iniciais da sessão, a imitar canções – não fúnebres,
em todo o caso, mas puramente mistificadoras - ou desmistificadoras, ao gosto
do freguês.
Um longo e ardente discurso, o de
Emmanuel Macron, que parecia sincero no seu entusiasmo laudatório. A menos que
fosse apenas delicadamente homenageante… se não timorato, dada a atitude das
mulheres da frente, séria e expectante, a merecer respeito laudatório.
Julgo que não vou ler Maryse Condé, pouco
afeita hoje à compra de livros, preferindo retomar os que fui comprando ao
longo da vida, muitos dos quais também leu, a elogiada escritora guadalupense.
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