segunda-feira, 1 de abril de 2024

O grande mal é que


Novas filosofices se vão impondo na definição dos valores do Bem e do Mal, com acesso mais fácil hoje, pela via explosiva mediática, não exigente de muita seriedade de leituras. E há também os niilismos da nossa visão de dúvidas e de exigências, que por vezes, é certo, descambam em lirismos de um desespero real ou imaginário nos poetas da nossa universalidade, que se enquadram melhor nos egotismos piedosos das nossas sensibilidades admirativas. Universal e intemporal, para nós cá, só mesmo o Fado, O BEM e o MAL da racionalidade humana exigindo um esforço de racionalidade e perspicácia que mal nos quadram nestes climas soalheiros de moleza e tédio. Excelente trabalho orientador da nossa racionalidade passiva, este do Dr. SALLES, e dos seus COMENTADORES - a quem ficamos gratos.

PRECE

Senhor,

Deito-me na cama

Coberto de sofrimento;

E a todo o comprimento

Sou sete palmos de lama:

Sete palmos de excremento

Da terra-mãe que me chama.

 

Senhor, ergo-me do fim

Desta minha condição

Onde era sim, digo não

Onde era não digo sim;

Mas não calo a voz do chão

Que grita dentro de mim.

 

Senhor, acaba comigo

Antes do dia marcado;

Um golpe bem acertado,

O tiro de um inimigo.....

Qualquer pretexto tirado

Dos sarcasmos que te digo.

 

MIGUEL TORGA, Vila Nova, 11 de Dezembro de 1934.

in Diário I

 

DA LEI UNIVERSAL

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 30.03.24

Correcto, o que está associado ao bem; incorrecto, o que está associado ao mal.

«Imperativo categórico» - “Que cada uma das tuas accões faça lei universal” assim falava Immanuel Kant significando que cada uma das nossas acções possa ser ubíqua e intemporalmente considerada correcta.

Resta saber se o bem e o mal são valores absolutos, ubíquos e intemporais.

Diz-se que «com o mal dos outros podemos nós bem» porque, muitas vezes, o mal dos outros é o nosso bem. E vice-versa. Isto acontece na dimensão internacional (o bom para o invasor é o mau para o invadido), na dimensão social (a necessidade de concertação institucional para obstar à luta de classes instigada por quem gere o conflito como arma política), no desporto e nos tribunais (a vitória de uns é a derrota dos outros).

Ou seja, o bem e o mal são conceitos subjectivos com a agravante de a maior parte das pessoas nunca ter ouvido sequer falar de Kant, da ética do dever e muito menos do imperativo categórico.

Eis algumas das razões por que urge o nosso Legislador não continuar a deixar o bem e o mal em grande turbilhão e que regulamente o «lobby» que entre nós se encontra ainda em estado quase selvagem.

«Mudam-se os tempos, mudam- se as vontades», mas convém «que os teus actos façam lei universal».

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

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COMENTÁRIOS:

Adriano Miranda Lima 28.03.2024  13:25: Bela e excitante viagem o Dr. Salles da Fonseca empreendeu pelo tempo fora e pelo mar encapelado da existência humana. De facto, a Europa Ocidental foi, até hoje, a melhor realização da humanidade e não há sinais de que possa haver réplica onde quer que seja e num horizonte temporal possível e de acordo com o que neste momento se sabe ou se pode estimar. A riqueza e a força da Europa Ocidental estão na sua capacidade de gerar aglutinação na diversidade e heterogeneidade. Mas, por aquilo que é, torna-se, como explica o autor, vulnerável a “cavalos de Tróia” como o tal “politicamente correcto” e o tal “diálogo inter-religioso”. Se o “politicamente correcto” é susceptível de reconversão e adaptação às conveniências da sociedade plural e laica, já o “diálogo inter-religioso” é, para mim, uma impossibilidade absoluta e também uma inutilidade. Bela e excitante viagem o Dr. Salles da Fonseca empreendeu pelo tempo fora e pelo mar encapelado da existência humana. De facto, a Europa Ocidental foi, até hoje, a melhor realização da humanidade e não há sinais de que possa haver réplica onde quer que seja e num horizonte temporal possível e de acordo com o que neste momento se sabe ou se pode estimar. A riqueza e a força da Europa Ocidental estão na sua capacidade de gerar aglutinação na diversidade e heterogeneidade. Mas, por aquilo que é, torna-se, como explica o autor, vulnerável a “cavalos de Tróia” como o tal “politicamente correcto” e o tal “diálogo inter-religioso”. Se o “politicamente correcto” é susceptível de reconversão e adaptação às conveniências da sociedade plural e laica, já o “diálogo inter-religioso” é, para mim, uma impossibilidade absoluta e também uma inutilidade.

Antonio 28.03.2024 13:48: É muito apropriado ver um alerta aos riscos do "Politicamente Correcto" em relação à enxurrada de um elemento de imigrantes partidários de uma corrente fanática do Islão. O "Politicamente Correcto" é o Cavalo de Tróia dos nossos tempos que, aliado a uma interpretação pontual das leis prevalentes nas democracias liberais, impossibilita a adopção de medidas eficazes para cortar o mal pela raiz. O grande erro dos Partidos que advogam um desempenho mais robusto face a essa ameaça, tanto em Portugal como noutros Países Europeus, foi de dar largo a acusações de serem racistas ou simpatizantes do nazismo. (Se na verdade abrigam esses sentimentos, devem se descartar deles porque é o veneno que levará à auto destruição). Ser Patriota, Amar o Ethos que a Nação adquiriu graças a longas e árduas vitórias no caminho da emancipação - política, religiosa, cívica, etc - é mais que Direito, é um Dever dos cidadãos, e não requere a anuência de ninguém, muito menos dos que desejam se hospedar no País (ou na CE). Para ser efectiva, é necessário que a avaliação da capacidade de integração na sociedade seja feita de imediato å fronteira, ao primeiro contacto, para evitar delongas que, experiência indica, podem levar anos a decidir, para, finalmente, se provarem inefectivas.TODOS os Governos dos últimos 30 anos, independentemente da sua feição política, tanto em Portugal como no resto da CE, adoptaram uma atitude de negligência, irresponsável ou benigna pouco importa porque o resultado é o mesmo. O colete de ferro que a CE impõe aos membros é um obstáculo sério para o exercício de medidas efectivas. Reconheça-se. Porém nota se o dealbar de um tomada de consciência pela CE. Virá a tempo e será fiel ao Ethos da Europa Humanista Moderna ou perder-se-á pelo matagal dos piores instintos de que os humanos deram provas de serem capazes ao longo da História e da Geografia deste minúsculo planeta? Obrigado Doutor Henrique Salles de Fonseca. Gostei imenso de ler o seu blog do dia.

 

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