Novas filosofices se vão impondo na definição dos valores do Bem e do
Mal, com acesso mais fácil hoje, pela via explosiva mediática, não exigente de
muita seriedade de leituras. E há também os niilismos da nossa visão de dúvidas
e de exigências, que por vezes, é certo, descambam em lirismos de um desespero
real ou imaginário nos poetas da nossa universalidade, que se enquadram melhor
nos egotismos piedosos das nossas sensibilidades admirativas. Universal e
intemporal, para nós cá, só mesmo o Fado,
O BEM e o MAL da racionalidade humana exigindo um esforço de racionalidade e
perspicácia que mal nos quadram nestes climas soalheiros de moleza e tédio. Excelente
trabalho orientador da nossa racionalidade passiva, este do Dr. SALLES, e
dos seus COMENTADORES - a quem ficamos gratos.
PRECE
Senhor,
Deito-me
na cama
Coberto
de sofrimento;
E a
todo o comprimento
Sou
sete palmos de lama:
Sete
palmos de excremento
Da
terra-mãe que me chama.
Senhor,
ergo-me do fim
Desta
minha condição
Onde
era sim, digo não
Onde
era não digo sim;
Mas
não calo a voz do chão
Que
grita dentro de mim.
Senhor,
acaba comigo
Antes
do dia marcado;
Um
golpe bem acertado,
O tiro
de um inimigo.....
Qualquer
pretexto tirado
Dos
sarcasmos que te digo.
MIGUEL
TORGA, Vila Nova, 11 de Dezembro de 1934.
in
Diário I
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 30.03.24
Correcto, o que está associado ao
bem; incorrecto, o que está associado ao mal.
«Imperativo categórico» -
“Que cada uma das tuas accões faça lei
universal” assim falava Immanuel Kant
significando que cada uma das nossas acções possa ser ubíqua e intemporalmente considerada correcta.
Resta saber se o bem e o mal são
valores absolutos, ubíquos e intemporais.
Diz-se que «com o mal dos outros
podemos nós bem» porque, muitas vezes, o mal dos outros é o nosso bem. E
vice-versa. Isto acontece na dimensão
internacional (o bom para o
invasor é o mau para o invadido), na dimensão social (a necessidade de concertação
institucional para obstar à luta de classes instigada por quem gere o conflito
como arma política), no desporto e nos tribunais (a vitória de uns é a derrota dos outros).
Ou seja, o bem e o mal são conceitos
subjectivos com a agravante de a
maior parte das pessoas nunca ter ouvido sequer falar de Kant, da ética do dever e muito menos do imperativo categórico.
Eis algumas das razões por que urge
o nosso Legislador não continuar a deixar o bem e o mal em grande turbilhão e
que regulamente o «lobby» que entre nós se encontra ainda em estado quase
selvagem.
«Mudam-se os tempos, mudam- se as
vontades», mas convém «que os teus actos façam lei universal».
Março de 2024
Henrique Salles da
Fonseca
COMENTÁRIOS:
Adriano Miranda Lima 28.03.2024 13:25: Bela e excitante viagem o Dr. Salles da Fonseca empreendeu pelo tempo fora e pelo mar encapelado da existência humana. De facto, a Europa Ocidental foi, até hoje, a melhor realização da humanidade e não há sinais de que possa haver réplica onde quer que seja e num horizonte temporal possível e de acordo com o que neste momento se sabe ou se pode estimar. A riqueza e a força da Europa Ocidental estão na sua capacidade de gerar aglutinação na diversidade e heterogeneidade. Mas, por aquilo que é, torna-se, como explica o autor, vulnerável a “cavalos de Tróia” como o tal “politicamente correcto” e o tal “diálogo inter-religioso”. Se o “politicamente correcto” é susceptível de reconversão e adaptação às conveniências da sociedade plural e laica, já o “diálogo inter-religioso” é, para mim, uma impossibilidade absoluta e também uma inutilidade. Bela e excitante viagem o Dr. Salles da Fonseca empreendeu pelo tempo fora e pelo mar encapelado da existência humana. De facto, a Europa Ocidental foi, até hoje, a melhor realização da humanidade e não há sinais de que possa haver réplica onde quer que seja e num horizonte temporal possível e de acordo com o que neste momento se sabe ou se pode estimar. A riqueza e a força da Europa Ocidental estão na sua capacidade de gerar aglutinação na diversidade e heterogeneidade. Mas, por aquilo que é, torna-se, como explica o autor, vulnerável a “cavalos de Tróia” como o tal “politicamente correcto” e o tal “diálogo inter-religioso”. Se o “politicamente correcto” é susceptível de reconversão e adaptação às conveniências da sociedade plural e laica, já o “diálogo inter-religioso” é, para mim, uma impossibilidade absoluta e também uma inutilidade.
Antonio
28.03.2024 13:48: É muito apropriado ver um alerta aos riscos
do "Politicamente Correcto" em relação à enxurrada de um elemento de
imigrantes partidários de uma corrente fanática do Islão. O "Politicamente
Correcto" é o Cavalo de Tróia dos nossos tempos que, aliado a uma interpretação
pontual das leis prevalentes nas democracias liberais, impossibilita a adopção
de medidas eficazes para cortar o mal pela raiz. O grande erro dos
Partidos que advogam um desempenho mais robusto face a essa ameaça, tanto em
Portugal como noutros Países Europeus,
foi de dar largo a acusações de serem racistas ou simpatizantes do nazismo.
(Se na verdade abrigam esses sentimentos, devem se descartar deles porque é o
veneno que levará à auto destruição). Ser Patriota, Amar o Ethos que a
Nação adquiriu graças a longas e árduas vitórias no caminho da emancipação -
política, religiosa, cívica, etc - é mais que Direito, é um Dever dos cidadãos,
e não requere a anuência de ninguém, muito menos dos que desejam se hospedar no
País (ou na CE). Para ser
efectiva, é necessário que a
avaliação da capacidade de integração na sociedade seja feita de imediato å
fronteira, ao primeiro contacto, para evitar delongas que, experiência indica,
podem levar anos a decidir, para, finalmente, se provarem inefectivas.TODOS os Governos dos últimos 30
anos, independentemente da sua feição política, tanto em Portugal como no resto
da CE, adoptaram uma atitude de negligência, irresponsável ou benigna pouco
importa porque o resultado é o mesmo. O colete de ferro que a CE impõe aos membros é um obstáculo sério
para o exercício de medidas efectivas. Reconheça-se. Porém nota se o dealbar de
um tomada de consciência pela CE. Virá a tempo e será fiel ao Ethos
da Europa Humanista Moderna ou perder-se-á pelo matagal dos piores instintos de
que os humanos deram provas de serem capazes ao longo da História e da Geografia
deste minúsculo planeta? Obrigado
Doutor Henrique Salles de Fonseca. Gostei imenso de ler o seu blog do dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário