segunda-feira, 22 de abril de 2024

Confronto

 

Passado e presente, em textos de garra, tanto o de Helena Matos, como o de vários comentadores.

Fantasias de Abril

Ao mesmo tempo que se propagam fantasiosos “Antes do 25 de Abril não podias” tenta legitimar-se que o poder político volte a poder o que então podia. Controlar o ministério público, por exemplo.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 21 abr. 2024, 07:31105

Gostava que nos pudesse ajudar a explicar como era antes do 25 de Abril. O que não se podia fazer. Por exemplo, usar mini-saia…!” — Não era a primeira vez e não foi a última que este tipo de pedido me foi feito. E não era a primeira nem será certamente a última vez que me interrogo: esta gente não vê as fotos dos jornais da época? As imagens de arquivo RTP que estão disponíveis on line?

Os inúmeros artigos que por estes dias tentam celebrar o 25 de Abril procuram naturalmente explicar como era o país em que o golpe militar aconteceu. O que não é natural é esta espécie de “fantasiologia” de Abril instalada em boa parte do que por aí se diz e escreve: ora não se podia usar mini-saia como afirmava a jornalista que me pedia ajuda para um artigo. Ora não se podia viajar. Ora não se podia adoecer

Mas vendo bem é natural que este patetismo esteja por aí a campear. A razão é óbvia: todos esperávamos estar melhor 50 anos depois do 25 de Abril. E, acrescente-se, também depois de milhares de milhões de apoios europeus. Mas a verdade é que 50 anos depois do 25 de Abril o país continua atrasado e a perder os mais audazes para a emigração (com a diferença que agora emigram os filhos qualificados da classe média e não, como acontecia há 50 anos, os jovens semi-analfabetos das aldeias do norte e centro).

Nestes 50 anos Portugal faliu três vezes e nos últimos anos começou a assistir a algo ainda mais inquietante: a falência do estado social e o declínio de instituições, como a escola pública, que asseguravam o elevador social. O falhanço do presente encontra assim na simplificação do passado não já uma desculpa (50 anos são muito tempo!) mas pelo menos um refrigério, como se o mal do passado não explicasse mas pelo menos desvalorizasse os problemas do presente por hediondo contraponto.

Contudo o mais inquietante nesta transformação dos 50 anos do 25 de Abril numa espécie de performance escolar é vermos como, ao mesmo tempo que se propagam fantasias sobre o que “antes do do 25 de Abril não se podia”, se tenta legitimar que o poder político volte a poder o que então podia. Por exemplo, voltar a controlar o ministério público. Sim, o regime deposto a 25 de Abril era uma ditadura e funcionava como tal. Ora é precisamente esse funcionamento ou alguns aspectos dele que 50 anos depois está a ser banalizado. Sim, 50 anos depois do 25 de Abril estamos a discutir se se deve ou não colocar o ministério público na ordem. Ou se, como sugere Ferro Rodrigues, o Presidente da República deve “Demitir a PGR ou sugerir que se demita”

Pode dizer-se que o desempenho atrabiliário de Lucília Gago justifica esta tentativa de controlo do ministério público pelo poder político. Mas não só não justificaria a demissão da PGR (outra coisa é serem dadas explicações) como a mesma intenção de controlo do ministério público já foi verbalizada quando na PGR estava Souto Moura e no país rebentava o escândalo Casa Pia. E foi também precisamente essa intenção que levou Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, em 2019, a não reconduzirem Joana Marques Vidal. O poder político e mediático desfazia-se em elogios à então Procuradora, mas depois da Operação Marquês a visar José Sócrates, das investigações aos vistos gold, ao BES/GES e aos incêndios de Pedrógão, o estado de graça de Joana Marques Vidal acabou quando a Operação Fizz, que envolvia Manuel Vicente, se tornou num escolho entre Lisboa e Luanda. Belém e São Bento, que é como quem diz Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, numa das decisões mais lamentáveis dos seus mandatos, afastaram Joana Marques Vidal e substituíram-na por Lucília Gago. O que agora está a acontecer com o ministério público não decorre da falta de controlo por parte do poder político mas precisamente porque este o quis controlar.

50 anos depois do 25 de Abril ao clássico “Não podias” devemos acrescentar “O que podia o poder político”. Quem sabe se assim se percebe melhor aquele tempo e também este.

25 DE ABRIL     PAÍS

COMENTÁRIOS (de 105)

Tim do A: Tanta propaganda desesperada para justificar que o 25 de Abril não foi um tremendo falhanço. A pergunta é: como estaríamos hoje sem o 25 de Abril no país que crescia mais na Europa? Como justificar que Portugal já não vale nada e nem sequer é um país independente? E que agora não há a censura do politicamente correcto? E que não há agora liberdade de opinião ou de expressão para quem não adere ao pensamento único obrigatório? E que agora é tudo para os estrangeiros e nada para os portugueses? E que a liberdade de agora é só aquela para eles poderem cobrar impostos e roubar à vontade?                 José Cordeiro: Podia-se fazer quase tudo o que se faz actualmente! Aqui nunca houve um verdadeiro fascismo, uma estória exacerbada por esquerda “ululante “.Já é tempo de se ensinar história a sério nas escolas e não as mirabolantes invenções do PCP e da esquerda miserável!                   Pedro Queiros: Muito bom. Parabéns. Aliás nunca tinha associado esta mania do "não podias antes do 25 Abril", como forma desviar as atenções para a desilusão do País que somos 50 anos depois e muito milhões da EU Mas são argumentos que colhem numa população de baixa literacia Pobre Portugal: O 25 de abril tornou-se numa arma de arremesso contra quem não é PS/PCP/BE. Carregados de ódio, usam-no para humilhar e aniquilar quem não é de esquerda. E foi muito isto em 1974. Hoje já não o deveria ser.               Maria Tubucci: Muito bem Sra. HM, as fantasias fantasiosas que nos são atiradas à cara servem para encobrir a realidade. Os 50 anos depois do 25/4 revelam que o regime está carcomido, o desfile da Avenida 25/4 é simplesmente um desfile carnavalesco onde os esquerdistas se mascaram de democratas. Antes do 25/4 emigravam os mais pobres para fugirem à miséria e à guerra, hoje emigram os mais bem formados para fugirem ao socialismo e ao roubo fiscal. Actualmente importamos imigrantes da India e do Bangladesh que ao fim de 2 anos cá já têm filhos com nacionalidade "portuguesa", já fazem manifes e reclamam que 590€ dados pela segurança social não chegam, numa entrevista feita em inglês pois falar português não é importante. Enquanto os nossos idosos que trabalharam uma vida inteira têm direito a pensões de 300€ e 400€, estes imigrantes querem ter os nossos direitos sem terem as nossas obrigações. Estes novos “portugueses” são parasitas, tipo praga de gafanhotos, vêm para nos escravizar, para perverterem a nossa cultura e a nossa identidade. Foi para isto que fizeram o 25/4? Não obrigado!                  João Floriano: Vistas as coisas por um lado diferente, Lucília Gago pode ser muito útil para o PS e todos aqueles que vociferam contra as más práticas do Ministério Público. Dá ao poder político uma justificação para interferir no poder judicial. Para já como bem ouvi num órgão de CS. Lucília Gago tem apenas um político que não se insurge contra o Ministério Público: Ventura. Fiz 22 anos no dia a seguir ao 25 de Abril. Fui alguém que recebeu a data com enorme alegria, com esperança, com confiança. Ao fim de 50 anos a minha desilusão e o meu cepticismo sobre o futuro  não podiam ser maiores. E o meu caso não é único. Deixem os do costume fantasiados de democratas descer a avenida da Liberdade, agitar bandeiras, cantar grandoladas até que a voz deles e os nossos ouvidos nos doam, fazer os mesmos discursos rançosos, alertar contra os ataques à democracia, quando são eles os que mais atacam e destroem. É um dia de catarse purgante de que o regime precisa mas que já ninguém leva a sério.                José Paulo C Castro: "Não podias"... ... ser comunista. ... ter dívida pública de 100% do PIB. ... entrar no país sem autorização. ... viver do dinheiro dos contribuintes europeus. ... ser uma província/protectorado de Bruxelas. ... ter uma moeda mais/tão fraca que a espanhola. Tudo coisas que precisávamos desesperadamente de fazer, não é ?               Velha do Restelo: Muito bem! Toda a narrativa do "Não podias" está na linha da estupidificação das massas... a converseta do terrível homem branco que somos todos, o "politicamente correcto", a falsa interpretação do termo "democracia".... Ah, mas o que era mesmo bom eram as "amplas liberdades" defendidas do camarada Cunhal...               João Floriano > Pedra Nussapato: Tenho 72 anos (quase). A Helena Matos tem 61 (uma jovem). Se o antigo regime fosse a falta de oportunidades total para quem nascia pobre, eu que nasci pobre, nunca teria tirado um curso superior, nem qualquer dos meus primos (a nova geração de uma família ligada ao campo). Frequentei a Faculdade de Letras entre 1969 e 1974 e posso afirmar sem errar que havia um número muito substancial de gente como eu e de mulheres. Evidentemente que estamos melhor agora, mas não exageremos nas cores negras que se querem usar na pintura do quadro antes do 25 de Abril. É triste quando passados 50 anos não se perspectiva o futuro mas se esmiuça o passado e nem sempre se é totalmente honesto e objectivo na avaliação que dele se faz, sobretudo por pessoas que não o viveram e que expressam opiniões por via d' outrém que tem interesse em manipular os factos. E não estou de modo algum a dizer que é o caso do Pedra.               maria santos: Já agora, lembram-se da Porfírios Contraste, a loja moderníssima de interior preto e com iluminação à discoteca, situada na Baixa onde nós, as meninas da burguesia lisboeta, comprávamos as mini-saias, os hot-pants (calções) e todas a modernices que vinham da England dos Beatles, da Mary Quant, do Mike Jagger ? Lembram-se? Eu lembro os meus hot-pants, os meus casacos até aos tornozelos (atenção ao entrar no autocarro de dois pisos muito british ...) Também se comprava na Loja das Meias, grande loja do Rossio. Mais chiques (e mais caras ...), tanto as mini-saias, os hot-pants, as gabardines até aos tornozelos, etc. etc. Uma alegria. Para nós, miúdas, o único problema era a guerra no Ultramar, que nos podia matar o namorado e futuro marido. O que a esquerdalhada e a comunagem de hoje (não confundir com as pessoas antigas do PC) anda a berrar na imprensa é ódio puro. Que o PS sempre aproveitou e agora está aparvalhado com a queda de 41% para 28% no 10/Março..               Carlos Quartel: As grandes diferenças tiveram mais a ver com a passagem do tempo do que com qualquer revolução. Não se podia tagarelar todo o dia no telemóvel, mas o futebol, as novelas e os concursos na TV já eram os elementos identificadores da cultura popular, como hoje. As pessoas adaptam-se e só os mais atentos sentiam a censura e a falta de liberdade. Nos últimos anos muita da Pide estava deslocada em África e aqui só o pessoal do PCP sentia a sua presença. Sem a questão africana continuaríamos todos atrás do Ronaldo e das novas Amálias. Os ranchos folclóricos e as bandas de música eram melhores Em quase todo o lado havia sociedades filarmónicas e ranchos etnográficos. Uma forma de cultura popular bem mais interessante do que estas rockeiradas actuais.                   Rui Lima: O meu avô viveu sobre 4 regimes a monarquia, 1.ª república já era adulto 24 anos nos no 5 de outubro, estado novo, e ainda muitos anos pós 25 de abril a sua longa vida deu-lhe uma grande experiência. Eu era jovem viu-me entusiasmado com o 25 de Abril quis falar comigo disse-me para ter calma e falou dos 4 poderes que conheceu, nunca nenhum regime lhe fez mal ou lhe deu alguma coisa , vive-o para o trabalho e para a família, mas alertava todos os novos poderes sempre falaram muito mal do interior, às vezes com razão outras para enganar ou iludir. Sobre estas questões recordo sempre Woody Allen num pequeno volume com o nome “ Sem penas “ onde explica com humor todas as revoluções. Ex. a Revolução francesa: O novo poder muda rapidamente as fechaduras das portas do palácio para que o antigo poder não possa voltar,depois fazem uma grande festa, banquetearam à grande … Sobre as revoluções, convém lembrar que quando uma revolução acaba os “oprimidos “ frequentemente assumem o poder e começam a actuar como os “ opressores “…                    Ana Cristina: Devemos ser dos poucos países que festeja querer acabar com o capitalismo e efectiva fuga de capitais e investidores. Festejamos o empobrecimento do país, a falta de capital existe até hoje e sem capital não há salários altos. Tivemos 3 bancarrotas e mais teremos se continuar a ideologia socialista contra o capital. A festa é sem duvida destes políticos que surgiram com o 25 de Abril. O povo, esse melhorou a vida em quê? Basta lembrar que Espanha era como nós e não teve revolução.                  joaquim zacarias: Esta tropa fandanga da esquerda, conseguiu que muitos dos que festejaram o 25/4. passassem a admirar o anterior regime.                madalena colaço: Refere e muito bem, que quer o Presidente quer o primeiro-ministro quiseram controlar o Ministério Público, não reconduzindo Marques Vidal que estava a fazer um excelente trabalho. Portugal ficou prejudicado ao retirarem alguém, destemido, em que ninguém escapava, do futebol à magistratura, e que estava seriamente a combater a corrupção, um problema que os portugueses estão a pagar milhares de milhões por falências derivadas de corrupção. Também há o mito do Portugal a preto e branco, como se o país fosse o único na Europa que vivia atrasado. Os grandes fotógrafos à época fotografavam a preto e branco e as grandes reportagens eram feitas a preto e branco. Em 1951, na revista Life, a reportagem Spanish Village, do célebre fotografo Eugene Smith, foi a reportagem mais conhecida desta muito conhecida revista. Deleitosa, uma aldeia da Estremadura espanhola, foi fotografada no seu dia-a~-dia, e nada ou quase a distinguia das pobres aldeias portuguesas. Igualmente em França, no Paris Match, Henri Cartier- Bresson, fotografava as aldeias francesas, a preto e branco, onde a mesma pobreza sobressaía. E na Grande-Bretanha o fotografo Robert Frank, fotografava a pobreza dos mineiros no País de Gales, tudo a preto e branco.                  Nuno Borges: O 25 de Abril está caduco e anacrónico, falhou na sua intenção mal dissimulada de fazer de Portugal mais um estado do Pacto de Varsóvia e do Comecon. Mas ainda é um apoio a Moscovo e ao coronel Putin.               Paulo Almeida: Repudio a forma como os políticos de esquerda tomaram conta do 25 de Abril para benefício próprio. E distorceram a história. Basta ver a página das comemorações referenciada no início da peça. É só membros do ex-governo, PS, etc... E claro fazer menção que era um regime conservador, para colar Salazar à direita. Que miseráveis. Aos incompetentes, nada resta senão distorcer a história e deitar os outros abaixo.              Ronin: Podia-se fazer tudo o que os comunistas dizem que não se podia fazer antes do 25 de Abril. No tempo de Marcelo Caetano era tudo, inclusive falar do regime. Mais duro até 68, mas apenas para os que afinal queriam, como quiseram, entregar o país à URSS como o PCP, onde muitos dos bufos e informadores eram seus militantes, daí terem roubado os arquivos da PIDE e os terem levado para a URSS, as provas de denúncias contra os camaradas que não agradavam aos estalinistas, Lavrenti Beria era o Barreirinhas por cá que fez várias purgas á maneira soviética, o método fácil era a denúncia dos seus oponentes ou dos seus inimigos.                    Tim do A > Fernando CE: Caduco é agora que já nem mandamos em nós e anda tudo a roubar.                   Fernando CE: O regime anterior ao 25 de abril estava caduco e muitas vezes anacrónico. Pena que com o 25 de abril, nos mais diversos sectores da vida social, se tivesse posto em causa tudo, o que estava bem e mal. Nas escolas, o anterior excesso de autoritarismo dos professores foi substituído em muitos casos por uma completa anarquia, onde por exemplo os próprios alunos votavam as suas avaliações. Não sou defensor de qualquer tipo de ditadura. E volta não volta, lá vem a história que em Portugal foi proibido usar isqueiro para proteger a indústria de fósforos. Mas sabiam que em França a lei de 1800 que obrigava francesas a usar saias só foi revogada, oficialmente, no dia 31 de janeiro de 2013, e que as mulheres só podiam usar calças se estivessem de bicicleta ou na sela de um cavalo?                      Lily Lx: Sempre bem. Fazia falta a todos nós vivermos uns tempos no passado para percebermos o presente que queremos ter. Toda a destruição socialista destes 50 anos, deixam, por comparação, vontade de retornar ao tempo do Estado Novo.            Ana Luís da Silva: Excelente artigo de Helena Matos. Brilhante do ponto de vista da análise psicológica (e necessariamente política) que está por detrás do “antes do 25 de abril não se podia…” como tentativa de nos desviar a atenção, pondo o acento tónico naquilo que realmente interessa: o tempo presente e a tentativa de controlo do poder judicial pelo poder político de alguma forma instalado, leia-se o partido socialista. Tal como se fazia, segundo parece, durante o Estado Novo, nessa era das trevas “antes do 25 de abril”. O que em abono da verdade desconheço.                   José Paulo C Castro > Pedra Nussapato Havia bolsas estatais de apoio a alunos de famílias humildes. Problema: só eram escolhidos os alunos bons ou excelentes, sendo o momento da decisão o final do ensino obrigatório, 4a. classe na altura. Para os outros, as opções eram outro tipo de percurso ou pagar o ensino. Sendo assim, a diferença social já condicionava as condições de desempenho, e eram esses os motivos por que muitos filhos de pobres não conseguiam revelar desempenhos melhores. A condição pré-existente. No entanto, se algum revelava bom desempenho, era apoiado pelo Estado até ao fim, enquanto mantivesse o desempenho. Um exemplo: Adriano Moreira, transmontano humilde que chegou a ministro e professor universitário. Claro que o factor limitativo era o ensino só ser obrigatório até à quarta classe. No entanto, quase todas as escolas primárias do país rural foram feitas pelo Estado Novo. Partiu do zero. A República deixou um rasto miserável nesse campo: investiu nas escolas das cidades e pouco mais, privatizado o existente, preferindo perseguir e fechar os colégios católicos que ainda existiam, em vez de melhorar o sistema. Acho que a expansão do sistema de ensino no pós-guerra foi preterida a dada altura pelo esforço de guerra. Foi isso que ditou o atraso verificado no 25A sobre a escolaridade obrigatória. Mas ninguém deixava de apoiar alunos pobres com potencial. Problema eram as condições de base familiares para prosseguir estudos. Agora, investimos muito em alunos maus: é o reverso...               Coxinho: Conheci bem o antes, como conheço bem o depois. Falo daquele conhecimento relativo que cabe nas aptidões do ser humano. Mas dentro dessa relatividade, não posso deixar de concordar com a HM e com a quase totalidade do que aqui foi escrito nesta caixa de comentários. É uma pena que até à data não tenha sido possível a existência de DEMOCRACIA (supremacia do povo) sem partidos. Antes do 25A não os havia permitidos, e o que havia era uma espécie de grande partido nacional, maioritário, que se designava OPOSIÇÃO e representava um laço de solidariedade entre todos os portugueses que ambicionavam mais liberdade para as suas vidas, como era o meu caso. Mas é também uma pena que os portugueses não se tenham ainda apercebido de como será saudável andar nas ruas sem ter de respirar a poluição das poeiras partidárias que hoje pairam constantemente sobre nós numa ânsia desesperada de distorcer a realidade à medida dos seus interesses sectários - esquecendo o povo e colocando o partido em primeiro lugar.                    Lino Oliveira > Pedra Nussapato: Provavelmente não viveu no Estado Novo. Não compare esse regime a Cuba, Venezuela ,Coreia do Norte, URSS e tantos outros do género, é ofensivo ou ignorância. Abril aconteceu para acabar com a guerra em África que continuou por mais 20 anos ou até aos nossos dias(Moçambique). MFA eos 3 dês,: Descolonização? Foi abandono das populações que até nos apoiavam para entregar os nossos interesses a terceiros. Democracia, evoluiu para partidocracia , depois de evitarmos uma ditadura comunista; Desenvolvimento? Estamos em módulo de espera.                  Francisco Ramos > Pedra Nussapato Eu, por exemplo. Sou engenheiro. Frequentei o Instituto Superior Técnico. E já agora pergunto: Aquelas instalações dedicadas ao ensino, que foram construídas na região de Lisboa, como por exemplo: Cidade Universitária Hospital Escolar de Santa Maria Instituto Superior Técnico Laboratório de Engenharia Junta de Energia Nuclear serviam para quê? Só para decorar a cidade?                  Carlos Real: Estando genericamente de acordo com o artigo, o que se deveria discutir e o que faz falta para Portugal sair da cepa torta. O que não temos são objectivos. Nenhuma meta e calendário são estabelecidos. Adoramos o acessório e olhar para o passado. Não fazemos escolhas. Nenhuma área económica é privilegiada. É tudo ao molho e fé no futuro. Nem exploramos o que temos. Nem o lítio, nem o mar. Aeroporto não sabemos onde decidir. Somos o povo do NIM. Se não fosse o dinheiro da Europa dos ricos estaríamos como Marrocos. Somos permanentemente uma nação insatisfeita, mas paradoxalmente acomodada, que nem foi capaz de fazer a revolução. O 25 de Abril limitou-se a ser um golpe de estado, que alguns militares (capitães) fizeram por razões corporativas. O povo e o PCP só participaram depois do jogo estar ganho. Até nisto somos um povo sem garra, sem convições e sem ambição.                   Fernando Cascais: Gosto de conspirar que a atrabiliária Lucília Gago, escolhida por Marcelo (será que foi aluna dele?) e por António Costa numa altura em que o duo eram queijo e fiambre tem segredos por revelar daquele fatídico dia em que a polícia foi à garrafeira de São Bento. Nesse 7 de novembro de 2023, Marcelo e Costa já não eram tosta mista. Seriam na melhor das hipóteses sardinha assada com puré de batata. Nessa altura os palácios conspiravam um contra o outro. São Bento escolhia Galamba para apresentar o Orçamento de Estado na Assembleia da República, Belém vetava o decreto-lei sobre a privatização da TAP. A troca de mísseis entre palácios era constante. Costa precisava de uma razão para se libertar do governo para cumprir a agenda Europa marcada para junho de 2024. Marcelo desesperava por uma vitória retumbante de Belém sobre São Bento, até que apareceu Lucília Gago. Tive que ir ver o que era atrabiliária. Cheguei a atrabílis (Bílis negra, à qual se imputava a melancolia,o mau humor, a hipocondria). Não sei se era esta a ideia para adjectivar Lucília Gago, mas, na minha opinião, para classificar a postura da Procuradora Geral da República eu teria escolhido diaconisa. Mulher que não recebe ordens mas desempenha funções. Nesse dia fatídico para os socialistas mas bendito para Costa e Marcelo, Lucília Gago foi primeiro falar com Marcelo com ou sem o último parágrafo, não sabemos. Uma possível conversa entre Marcelo e Lucília nesse dia: LG: - Senhor Presidente, vamos fazer buscas no Palácio de São Bento. Há suspeitas de tráficos de influências. PR: - Senhora Procuradora, e o primeiro-ministro é suspeito? LG: - Não sabemos, as suspeitas centram-se mais no seu Chefe de Gabinete. PR: - Quem mora em São Bento é o primeiro-ministro. Se vai fazer buscas na sua casa não pode ter receio de suspeitar de todos… Costa precisava de uma boa razão para abandonar o governo. O parágrafo foi a sua salvação. Será que Costa também teve indirectamente dedo no parágrafo? Esta é a minha conspiração, sabe-me bem. Talvez um dia Lucília Gago cale os conspiradores como eu e grite: - porra pah, o parágrafo foi iniciativa minha, não tive influência de ninguém! Marcelo até disse que era melhor eu tirar o último parágrafo, mas eu, teimosa que nem uma procuradora fiz ouvidos de mercador.  Nota: a melhor imagem e ideia para o 25 de Abril é o falecido Otelo Saraiva de Carvalho. De herói nacional a condenado a prisão por terrorismo pelos tribunais civis e salvo mais tarde pelo Tribunal Constitucional e pelo PS na AR.                         Joao A: Excelente artigo, obrigado. A liberdade actual tem muito que se lhe diga - é controladíssima e manipulada. Ganhou-se na liberdade de expressão anónima, mas perdeu-se em todas as outras liberdades - começando na liberdade mais básica de poder respirar sem ter de pagar um imposto ou pedir uma autorização. Com as pressões sistemáticas dos políticos (grandes caras de pau sem ética nenhuma) e manipulações sobre a justiça, há muito mais do que falta de liberdade neste país, há falta de democracia.                  Adelaide Mesquita: Eu tenho 72 anos e nunca ninguém me proibiu de nada a não ser os meus Pais quando achavam que era asneira. Hoje eu sinto muito mais proibição seja até para dizer uma frase ou um provérbio bem português e que não posso dizer porque lá surge uma palavra ou uma expressão que não agrada a esta "cultura" de agora. Já estou velha para aceitar estes tipos de proibição e portanto este tipo de "cultura", comigo não pega. Eu lembro-me dos meus tempos de estudante e sinto que naquele tempo havia muito mais cultura geral do que aquilo que há hoje. Hoje os jovens parece que não sabem pensar pela sua própria cabeça e deixam-se levar pela cabeça dos outros.                   Carlos Castro. Durante 48 anos, o salazar/marcelismo evitou a instalação em Portugal e colónias, de ditaduras comunistas. Isso deve ser considerado um benefício ou um malefício? 50 anos depois está à vista o maior temor de Sal azar. Portugal tornou-se um protectorado pilotado por patéticas marionetas.                     João Ramos: O socialismo tentacular ataca de novo, no fundo são os maiores saudosos das técnicas das ditaduras, esta é que é a realidade…                    Antonio Marques Mendes: Eu vivi e lutei contra o Estado Novo e entristece-me ver como o seu autoritarismo é hoje mal interpretado. Eu lembro-me de ser assobiado por usar cabelo comprido e a minha namorada tinha de ouvir os impropérios dos motoristas por usar mini-saia. Mas hoje sou igualmente vilipendiado quando ponho em causa os lunáticos das mudanças climáticas ou os wokes Lgbt. Ambos reflectem o dogmatismo dos Portugueses. O que distingue o antigo regime do actual são as liberdades políticas, económicas e sociais e o estado de direito. Infelizmente o regime actual não melhorou muito o estado de direito e a liberdade económica. É importante que as novas gerações percebam isso.                    maria santos: A tentativa de "legitimar que o poder político volte a poder o que então podia Será esta a razão do ódio do PS ao 25 de Novembro/1975? As direitas que no 25 de Novembro/1975 derrotaram o Partido Comunista, o 5º Governo do Vasco Gonçalves do PREC (nacionalizações, destruição da propriedade industrial e da propriedade fundiária no Alentejo e Ribatejo ...) e abriram caminho às alterações constitucionais de liberdade empresarial privada e derrota das nacionalizações É tudo isto que o PS odeia no 25 de Novembro ? Odeia as direitas do 25 de Novembro/1975 que não deixam o PS assumir as suas ânsias de poder exclusivo na Administração Pública, para os seus negócios e compadrios e, já agora, a sua incompetência. A direita conservadora pós 10/Março é também um resultado do 25 de Novembro/1975 contra o poder exclusivo socialista. Se Montenegro não entende, problema dele.                    Miguel Vilaverde: E passados 50 anos, não saímos da cauda da Europa. Os comunistas e socialistas devem estar orgulhosos!                    mj martins: Eu não diria fantasias. Diria ignorâncias de antes e de depois. Chama-se a isto chover no molhado. As mini saias de antes eram mais sexy do que as burkas de depois.                    Antonio Marques Mendes > Pedra Nussapato: Não é verdade, a mobilidade social era maior no estado novo. Essa foi mais uma das áreas em que o regime actual falhou.                  klaus muller > Pedra Nussapato Não vi nada dessas ideias no texto de HM, bem pelo contrário.

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