A um texto – e seu autor – (ADRIAN AXINIA Vice-Presidente da Aliança
para a União Romena (AUR)) - que nos maravilharam, por um paralelo político
situacional que nos tornou conscientes de não sermos únicos no tablado das
lutas por um país mais independente das orientações pedantes das esquerdas – um
país irmão de origem, onde o Latim se manteve por mais tempo ainda -
aprendia-se na História – em virtude do prolongamento do Império Romano do
Oriente – o que ficou marcado, na língua romena, com a manutenção de declinações
latinas. Hoje, pelos vistos, lutam, ambos os países, por idênticos princípios,
contra as demagogias destruidoras das identidades nacionais.
Por uma Roménia europeísta e soberana
A Roménia e Portugal ligam-se numa
herança linguística e cultural latina, mas também pela resistência às
ditaduras. Não defendemos a Roménia elogiada por Otelo, queremos um país
europeísta e soberano
ADRIAN AXINIA Vice-Presidente
da Aliança para a União Romena (AUR)
OBSERVADOR, 14
abr. 2024, 00:121
Em 2020 fui eleito do parlamento
romeno através da Aliança para a União Romena (AUR). O nosso
partido surgiu como uma nova esperança, desafiando
as normas e as regras do sistema político e dos partidos tradicionais que
nasceram das cinzas do regime comunista. Surgimos como uma forma de
dizer basta aos sucessivos escândalos políticos e, simultaneamente, para afastar a elite política que governava
desde o fim do regime tirânico de Ceausescu.
Eu
– e os romenos em geral – olhamos para o Ocidente com um sentimento misto de
orgulho e de exemplo. Com o andar do tempo, tenho-me apercebido do
delicado balanço entre o progresso e a tradição, reconhecendo que existe uma
necessidade imperiosa de conseguir encontrar esse meio termo.
Com o avançar da agenda progressista,
mantive-me firme na convicção da necessidade de manter a nossa herança
cultural e identitária, sobretudo na sua preservação perante as ideias
provenientes do exterior, tendo em conta que a Roménia se encontra na fronteira
entre o Ocidente e o Leste da Europa.
A democracia trouxe o confronto
entre a ascensão neomarxista e as ideologias tradicionais, desafiando os
alicerces da nossa sociedade. Ao mesmo tempo, o
Leste Europeu emergiu como um bastião dos valores tradicionais e conservadores,
uma espécie de guia em tempos incertos. As nossas
experiências com os regimes comunistas foram mais do que suficientes para
percebermos que a ideologia neomarxista é tudo aquilo que não queremos e que
não nos define. Assumimos um claro compromisso com os princípios do que
nos define como nação, permanecendo leal aos valores tradicionais, mas também
com a modernidade em que vivemos, que não pode nem deve ser baseada nos
princípios neomarxistas. É esta a complexidade da política
moderna, que se verifica na Roménia, como em Portugal.
No decorrer do actual discurso
político, a AUR procura ser a voz do povo romeno, apoiado pela dedicação e pela
paixão de jovens comprometidos com a herança da Roménia. A sua visão, baseada
no patriotismo e numa procura de renascimento moral, mantendo os valores
históricos e a família no seu epicentro, tem encontrado eco nos eleitores.
Não obstante estas aspirações, somos catalogados como extremistas por quem se apoderou dos
corredores do poder, por todos aqueles que, do alto da sua torre de marfim,
tentam propagar o medo e assim manipular a população. O
nosso partido representa a ideia de que a mudança positiva e o progresso não
precisam de ser realizados à custa da identidade cultural e moral do povo
romeno.
Devemos rejeitar a divisão
maniqueísta e manipuladora das esquerdas progressistas e abraçar um futuro
guiado pela unidade, com reconhecimento e respeito por quem pensa de forma
diferente. Os
valores tradicionais não são incompatíveis com o progresso, mas complementares.
Não é catalogando o nosso partido como antidemocrático que a defesa do
progresso avançará. A democracia baseia-se no convívio entre pessoas de
diferentes crenças e valores, que prosseguem diferentes caminhos políticos e
sociais.
O
nosso presidente, George
Simion, criou o
partido com base na luta anticorrupção e com o desejo de
reunificação com a República da Moldova, o que é também apoiado pelos líderes
moldavos.
Somos um movimento baseado na
liberdade, nomeadamente nas liberdades de escolha e de expressão. Isto não
são apenas palavras, são princípios da democracia cristã, sempre com
respeito pelas outras religiões, pela família e pela liberdade. São os valores partilhados por um cada
vez maior número de romenos. A AUR não é apenas sobre política, mas é sobretudo
pela defesa dos valores que fizeram o que a Roménia é hoje. Num mundo onde o
discurso político é desagregador e desencorajador, a AUR quer ser um exemplo de
unidade e determinação.
O crescimento da AUR é um
testemunho do espírito de resiliência da população. O
seu euro-realismo, coloca a soberania no coração da Europa, defendendo a Europa
das Nações. É este o aspeto central da nossa campanha política europeia. É
nesta base que milhares de romenos nos têm confiado a esperança num futuro de
estabilidade e prosperidade. Para que as palavras se transformem em acções.
Longe de defender o isolamento da Roménia, mantemo-nos firmes ao
lado dos ideais e dos valores transatlânticos, não deixando de questionar
determinadas políticas defendidas dos dois lados do oceano. Somos por uma
Europa cada vez mais próspera e nunca fomos partidários da saída da União
Europeia. Por isso mesmo, fazemos parte da família do Grupo dos Conservadores e
Reformistas no Parlamento Europeu, que defende uma Europa forte, mas com
respeito pela diversidade.
A Roménia e Portugal estão ligados por uma herança linguística e
cultural latina, mas também por uma forte resistência conta qualquer tipo de
ditadura. Não defendemos a Roménia comunista que foi elogiada por Otelo Saraiva
de Carvalho como um exemplo para Portugal. Queremos um renascimento democrático
baseado em valores tradicionais que se conciliam com o progresso. Juntos
poderemos defender as nossas culturas e as nossas identidades na União Europa.
Para que a História seja o nosso guia para o futuro e que as nossas raízes
possam ser a base do progresso democrático europeu.
UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO ROMÉNIA
COMENTÁRIO:
bento guerra: Essa do Otelo faz-me desprezar
tudo o que escreve. Pode ir!
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