Que, ao invés de criarmos estruturas e espaços de orientação e
tratamento, fazemos gala, muitas vezes mesmo, em protegermos, com um espírito
de sacrifício que tenho admirado - em pessoas da minha família, por exemplo,
que lhes vão distribuir alimentos e orientação. Mas condeno o processo assim
estabelecido, de favorecimento citadino que o Estado protege – creio que nos
espaços pequenos ninguém lhes permitiria tal parasitismo, só possível em
espaços mais povoados. Pobre país, tão pouco amante do verdadeiro caminho de
racionalidade e mais elevação espiritual, ou mesmo apenas de vergonha na cara.
Sem abrigo, como a esquerda gosta
A questão dos “sem abrigo” não é um problema de
habitação; é de higiene e saúde pública. E assim deve ser tratado. O Estado não
pode promover nem proteger comportamentos anti-sociais.
MARGARIDA BENTES
PENEDO Arquitecta e deputada municipal
OBSERVADOR, 11 abr.
2024, 00:1660
A Assembleia Municipal de Lisboa
reúne periodicamente fora das instalações habituais, em vários pontos da
cidade, percorrendo todas as freguesias, nas chamadas sessões
“descentralizadas”, com um único ponto na Ordem de Trabalhos: ouvir os
munícipes. As pessoas inscrevem-se e falam, os deputados ouvem. Na semana passada reuniu no Beato. A queixa
principal, trazida por cinco moradores diferentes, e em termos muito
semelhantes, tinha por base o excesso de população “sem abrigo” na freguesia.
Porquê? Havia um grande Centro de Alojamento de Emergência Municipal no Quartel
de Santa Bárbara, entre o fundo da Avenida Almirante Reis e o Paço da Rainha,
antes de chegar ao Campo de Santana (ou dos Mártires da Pátria). O quartel
pertence ao Estado, e aquele solo, pela localização, vale uma fortuna por metro
quadrado. O governo (do PS) decidiu construir ali habitação; e as pessoas “sem
abrigo” seriam transferidas para as instalações da Manutenção Militar, que fica
no Beato. Na
verdade, a câmara de Lisboa, já em pleno mandato de Carlos Moedas, não quis que
as coisas fossem resolvidas assim; quis dispersar estas pessoas e distribuí-las
por quatro bairros municipais da Gebalis. Mas a oposição, do PS e
extrema-esquerda, não deixou e forçou a transferência para o Beato.
Os moradores do Beato protestam com razão. No Beato estão os quatro
maiores Centros de Alojamento Temporário de Lisboa, uma concentração de pessoas
“sem abrigo” que não podia deixar de trazer problemas. Quem mora ao pé deles
tropeça em detritos, seringas, e dejectos na rua. E assiste desprotegido a
comportamentos chocantes: pessoas a injectar-se, pessoas despidas na rua,
pessoas altamente alcoolizadas a importunar quem passa, ou pessoas a usar a rua
como casa de banho. Isto logo de manhã, com as crianças pela mão a caminho da
escola. E ainda que não levassem crianças: estes comportamentos chocam qualquer
um de nós. De maneira que os moradores, como quaisquer habitantes da cidade,
não podem ser obrigados a viver naqueles ambientes, ao lado daqueles grupos de
gente que os governantes depositaram ali, expostos àqueles comportamentos, aos
cheiros, aos ratos, aos percevejos e à degradação. Estamos perante um problema sério de
higiene e saúde pública. A
Netflix tem três ou quatro bons documentários que mostram o que aconteceu às
cidades americanas da Califórnia, como São Francisco e outras, ou do Noroeste,
como Seattle. Há cidades a ficar despovoadas de classe média, de onde os
negócios fogem e a economia se arruína em pedaços, cidades cuja maior fatia da
despesa municipal em higiene pública é gasta a limpar dejectos humanos das
ruas. Se não quisermos acabar no mesmo desonroso podium, é preciso falarmos
sobre o assunto, e discuti-lo abertamente chamando as coisas pelo nome.
A primeira constatação que precisamos de
enfiar na cabeça é que a questão dos “sem abrigo” não é um problema de
habitação, como a esquerda insinua ou diz, e como a esquerda insiste em nos
confundir. É sobretudo um problema de álcool, drogas, saúde mental, e também, mais
recentemente, estilo de vida – basta ver os rastas de cabelos azuis, ou loiros
de pés gigantescos que vêm da Europa no Norte viver como indigentes, sentados
com os cães, as gaitas, as latas e os cartões à porta dos supermercados,
ausentes como sacas, pedinchando ruídos indecifráveis a quem entra ou sai. Mas não sendo um problema de habitação, a
questão dos “sem abrigo” está a criar um problema de habitação, provocando a
desvalorização dos bairros e das casas. E os mais atingidos são as pessoas mais
pobres: os Centros de Alojamento não são construídos na Lapa ou no Chiado, nem
por entre as embaixadas do Restelo. De maneira que os moradores do Beato
compraram as casas com imenso trabalho e esforço, e agora ninguém as quer
comprar porque ninguém quer ir para lá viver.
A segunda constatação tem a ver com o
risco de ser “estigmatizante”. Não se compreende esta precaução. As pessoas
individualmente devem ser todas respeitadas, e estas também; mas os
comportamentos destas pessoas são estigmatizados e devem ser estigmatizados
porque são comportamentos anti-sociais. Como é que alguém, para além deles
próprios, pode pôr isto em dúvida? Como é que deixámos a esquerda ascender a um
grau de poder, e de influência na nossa moral colectiva, ao ponto da pressão
dela quase nos impedir de dizer em voz alta uma evidência destas?
E a terceira constatação. Os Centros
de Alojamento, temporários ou permanentes, devem ser o mais dispersos possível.
Têm de incluir meios de reabilitação, desintoxicação, e ocupação durante o dia
com actividades adequadas a cada um, seja trabalho, artesanato, ou aquilo que
os entendidos entenderem. Porque o principal é compreender que o mundo não lhes
deve um modo de vida. E muito menos pode promover este, ou torná-lo atractivo,
cedendo à vontade da esquerda e como parece ser o caminho que as coisas levam.
Os poderes públicos não podem promover ou proteger comportamentos anti-sociais.
COMENTÁRIOS (de 16)
António Rocha Pinto: Eu proponho um
centro frente à habitação da senhora Mortágua. Domingas Coutinho: Muito bem! A esquerda parece que gosta destas
misérias para aparecer com os paternalismos do costume mas que não solucionam
nada. maria
silva: Para estes gabirus, machos e fêmeas o que vinha
mesmo a calhar era um serviço cívico mas com regras militares e dentro de
quartéis e com exigência de passaporte de saída. Regras de higiene com banho
diário, corte de cabelo e barba, faxina diária, com toques de alvorada e
recolher. A vadiagem ficava com duas alternativas: - Ou cumpriam ou emigravam
para terras ou países que os aturassem JP: Como é que deixámos a esquerda
ascender a um grau de poder, e de influência na nossa moral colectiva, ao ponto
da pressão dela quase nos impedir de dizer em voz alta uma evidência destas? Exacto! João Floriano: Como é que
deixámos a esquerda ascender a um grau de poder, e de influência na nossa moral
colectiva, ao ponto da pressão dela quase nos impedir de dizer em voz alta uma
evidência destas? Muito simples a resposta: fomo-nos calando e aceitando que
nos dessem nas orelhas, fomos aceitando o politicamente correcto e ostracizando
e contendo dentro de linhas vermelhas os que ousaram e ousam desafiar esta
«superioridade moral» da esquerda e da extrema- esquerda. Agora as
consequências estão à vista e não só no Beato. Os sem abrigo colocam em muitos
casos o problema da recusa de integração. Habituaram-se a um certo
estilo de vida e quando se entra nesse estilo é difícil sair porque a saida
implica regras, trabalho, disciplina, respeito por si mesmo e pelo «outro».
Margarida Penedo tem feito um excelente trabalho ao expor as estratégias da
extrema esquerda e a influência que exerce na CM Lisboa, sendo que esta é considerada uma
antecâmara para chegar a S. Bento e a Belém. A extrema-esquerda não resolve qualquer problema,
antes pelo contrário cria problemas, à custa dos quais se alimenta: os sem
abrigo, a imigração de portas escancaradas, as guerras culturais, o terrorismo
pelo clima, o controle da CS e do pensamento livre, o cancelamento de quem se
atreve a protestar. Filósofo Aristóteles: É começar a recensear os militantes
do PS, do BE, do PCP e do Livre e distribuir os sem-abrigo imigrantes pelas
suas habitações. Vão ver que as políticas logo mudam. SDC Cruz: Mais um excelente artigo. Eu e a minha
família, que morámos na Freguesia de Arroios, sabemos e sentimos isso. Quem
anda pela Almirante Reis ou pela Morais Soares, fica com a noção de que estamos
num país do Terceiro Mundo, que de Portugal, tem muito pouco. Aguardo com
ansiedade o seu próximo artigo. Obrigado MBP. Maria Paula Silva: Muito bom,
como sempre. Completamente de acordo mas,
infelizmente, se o assunto não for tratado como deve ser, corremos o risco
dessa situação alastrar a outras zonas da cidade. Vivo numa das maiores freguesias de Lisboa e sempre foi muito tranquilo e
seguro, hoje não o é. De há 2 anos a esta parte, o bairro mudou completamente,
não se vê esse tipo de situações, mas há um excesso de imigração (sobretudo
brasileiros, africanos e orientais) (e chineses, mas esses não chateiam
ninguém) (e recentemente um acréscimo de ucranianos e russos!!!) e é frequente
durante o dia sermos abordados na rua a pedirem-nos dinheiro (africanos e
orientais). Uma coisa totalmente inédita. Outra coisa que não se percebe (não tem nada a ver com o
assunto do artigo), mas que me faz muita confusão é a abertura constante de
"Barber shops" de 50 em 50 metros !!?!! Ninguém investiga
isso?
Coxinho: Levem-nos para a Fundação Mário
Soares, que o edifício é da Câmara. Eduardo Carreiro: Mais uma racista, xenófoba e do Chega, à luz da lógica da
esquerdalha :) José
Paulo C Castro: A esquerda gosta do sem-abrigo porque
representa o seu modelo de cidadão: sem propriedade, sem capital, a habitar em
espaço público ou em locais fornecidos pelo Estado. Os trabalhadores só lhe
interessam se tiverem patrões, para o confronto. Os trabalhadores
independentes, só se forem falsos recibos verdes. Os que trabalham mesmo para
si não interessam: podem ficar capitalistas. Lily Lx: Sempre fabulosa, Margarida. Carlos Real: Eu sei que a grande maioria dos sem-abrigo são
desgraçados encharcados no álcool e nas drogas. Muitos nem sequer querem viver
num ambiente saudável, ou seja podem oferecer-lhes casa e emprego e preferem a
rua. Sei do que falo, porque tenho um familiar próximo nesta situação. As
soluções são difíceis, mas vou ser do mais anti politicamente correcto.
Qualquer sem abrigo que não queira ser de facto ajudado, que não cumpra as
regras de um cidadão civilizado, deve ser obrigado ao desterro fora do contacto
com os outros seres humanos. Não é dispersá-los nem concentrá-los, seja na
Grande Lisboa ou noutra zona habitada. E criar reservas para os anti-sociais no
FIM do MUNDO. João Valente: Abençoada MBP.
Sem papas na língua, como sempre. JP > António Rocha Pinto: Subscrevo essa
proposta. Eduardo
Santos: Além de excelente artigo, parabenizo a autora por
ter a coragem que falta a muita gente de chamar as coisas pelo nome e de
enfrentar este pensamento dominante na CS, que é o pensamento de esquerda, que
apesar de dominante e se autodenominar "o progresso" representa um
enorme custo civilizacional à nossa sociedade e nos leva sempre ao retrocesso Mário Rodrigues: Isto é colocar os pontos nos i's. Obrigado. António Alberto Barbosa Pinho: Excelente! Para esquerda quanto pior melhor.
Querem minar as estruturas sociais para implementar o seu sonho URSS,
Venezuela, Cuba, Nicarágua, etc. Sérgio: Corajosa e brilhante! E isto é apenas o INÍCIO, pois a imigração está
totalmente descontrolada.... Esses que vivem dos contribuintes devem ser
obrigados a ter regras e horários e prestar serviços gratuitos a comunidade. A
começar pela limpeza urbana!! Não podem ser apenas parasitas. Os esquerdalhados
imundos irresponsáveis e facilitistas e desleixados não só CRIAM os problemas
como depois evitam e criam obstáculos à sua resolução....Uns verdadeiros
parasitas imundos e inúteis e donos de tudo e com tiques de superioridade moral
e intelectual. Bandalhos COBARDES e ordinários. Walter
Humberto subiza Pina: Parabéns pela
coragem de falar as coisas pelo seu verdadeiro nome!! Miguel Sanches:
Chocante, o
entendimento que a esquerda (bem e mal pensante) tem destes assuntos. Vivem
noutro mundo, mas este é o nosso e é real. Estes assuntos têm de ser
amplificados. Aposto dobrado contra singelo que a esmagadora maioria da
população de Lisboa não tem a noção da gravidade da situação. Muito bem,
Margarida Bentes Penedo! Não se cale. Nós ajudamos. Carlos Fernandes: Excelente
reflexão e artigo... M L: Mais uma vez, touché Madame. A pôr os
dedos nas feridas, relatando os problemas reais das vidas das pessoas, e não a
visão de quem vive numa bolha, como o fazem quase sempre os ideólogos de
esquerda Ronin: Excelente fotografia do que passa nas maiores cidades em Portugal, fora
dos locais onde moram os indivíduos da esquerda caviar. A comparação com o que
se passa nos USA na era Biden/Obama, com o "defund the police",
fronteiras abertas com o México e "Mayors" woke como Chicago,
Seattle, NY, transformadas em acampamentos, provocando a saída e mudança de
populações que lá vivem por direito próprio, para outros Estados com Lei e
Ordem. A esquerda socialista/comunista de elites que vivem sem trabalhar,
parasitas do Estado, deve ser penalizada e enviada para o caixote de lixo da
história através de eleições, são os filhos do regime soviético e agora
neo-comunistas gramscianos que têm destruído a classe média e a estrutura
social como Lenine ensinava para os outros. Maria Melo: Até que enfim, alguém aborda o problema com honestidade! bento guerra > João Floriano: Só com o aparecimento do Chega é que
deixou de ser "vergonha" dizer que se é de direita. E mesmo assim, com
cuidado com quem está de perto José Tomás > José B Dias: Já que o José não sabe,
eu explico. Essas barbearias (e calhar eu ser cliente de uma), tal como as
mercearias e lojas de souvenirs encostadas umas às outras, a pagar rendas
monstruosas e praticamente às moscas, têm, na sua maioria, por objectivo emitir
contratos de trabalho para instruir processos de residência de imigrantes, e o
seu rendimento provém do que estes pagam às redes que organizam a sua vinda nos
respectivos países de origem e não das vendas (e, provavelmente, também terão
por fim lavar o dinheiro resultante dessa actividade). Excepto algumas casas de
kebab e lojas chinesas, não têm nada a ver com os exemplos que referiu (nos
quais faltou o iogurte gelado e, agora, o ramen, os cabeleireiros africanos, e
o gelinho). Liberales Semper Erexitque: O Estado não existe para praticar caridade. Fá-lo
sempre, mas sempre, à custa dos seus cidadãos, que não são tidos nem achados -
excepto para a pagar, claro.
Paul C. Rosado: Tem toda a
razão. A esquerda apoia todo o tipo de escumalha e comportamentos
incivilizados. E quanto aos desgraçados que caem naquela situação e não são
escumalha, a esquerda faz tudo para que assim permaneçam. bento guerra: Uma esquerda
"sem abrigo", porque é oportunista e não tem vergonha sobre as suas
opções, que impõe pelo poder.
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