Apoiantes de Putin, - tais como outros
nossos menos generais, mas bastante genéricos no mesmo apoio - rebolam-se de
gozo com o texto de EUGÉNIA VASCONCELLOS, de justeza informativa, a dar
consistência às suas (desses) expectativas actuais, de confiança e aceitação.
Uma guerra pequena e vitoriosa
Tchechénia, Geórgia, Crimeia, Síria
foram um caminho de terror para a consolidação do poder interno e sua expansão
no teatro externo, uma vez mais tentado com a invasão de 24 de Fevereiro da
Ucrânia.
EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta,
ensaísta, escritora
OBSERVADOR, 14
out 2022, 00:1514
Os períodos de transição política são
instáveis, complexos e, acima de tudo, perigosamente voláteis. O fim da União
Soviética não foi uma excepção. E o governo de Yeltsin, o primeiro da nova
Federação Russa veio provar essa volatilidade – sem demérito para a transição
pacífica e a preservação de fronteiras que Yeltsin assegurou.
Perto do fim do mandato de Yeltsin,
em 1999, a Rússia vivia o descalabro social e económico e estava perto de
colapsar. A inflação estava fora de controlo; a dívida externa havia aumentado
e o orçamento do Estado reduzido, ambos para níveis nunca vistos anteriormente;
as privatizações e a corrupção avançavam de braço dado. Estima-se que durante a
governação de Yeltsin, devido à crise financeira e ao desaire no sistema de
saúde, tenha havido um excesso de mortalidade de cerca de três milhões de
pessoas.
Naquele
tempo limite de 1999, quando a comida já faltava nas prateleiras dos supermercados
e as ruas se agitavam, a Procuradoria Geral, sob a direção de Yuri Skuratov,
levava a cabo uma investigação de corrupção, com braços internacionais, que
ameaçava o Kremlin ao mais alto nível: chegava
a Yeltsin e à sua
família.
Entre
o fim de 1997 e Agosto de 1999, o governo de Yeltsin tivera cinco
Primeiros-Ministros. Com
esta investigação a decorrer, a par da ameaça de caos social, Yeltsin precisava
de um Primeiro-Ministro que assegurasse a manutenção da Federação Russa e em
simultâneo garantisse a sua segurança e a da sua família. A escolha recaiu
sobre Putin, o director do FSB, a agência herdeira do KGB.
Rapidamente apareceu uma gravação onde o Procurador Geral era visto
com duas prostitutas num quarto de hotel. Yuri Skuratov demitiu-se, a gravação
foi parar à televisão estatal onde foi exibida e Putin, ele mesmo, garantiu que
o homem na gravação era Yuri Skuratov – se era ou não, não saberemos, o que se sabe
de facto é que a gravação foi o resultado de uma operação do FSB. Quando
Yeltsin se demitiu, Putin substitui-o. Mas,
em Agosto 1999, quem era Putin?
A
história demonstrou que era, então, a mesmíssima pessoa que é hoje.
À
data, a 16 de Agosto, as eleições parlamentares distavam meses. A DUMA
confirmou Putin no cargo displicentemente, como mais um, isto é, o sexto
Primeiro-Ministro em dezassete meses. Sendo este sexto Primeiro-Ministro,
Putin, pouco mais do que um desconhecido – vale a pena ler este artigo de
Vladimir Kara-Murza, o agora recipiente do Prémio Václav Havel de
Direitos Humanos 2022, detido em Abril do ano passado e sobrevivente de duas tentativas de
envenenamento.
Três
semanas após a sua confirmação como Primeiro-Ministro pela DUMA, uma sucessão
de violentos ataques bombistas a prédios de apartamentos no Daguestão, em
Moscovo e nos seus arredores levaria à morte de mais de trezentas pessoas — o artigo do
Público sobre
estes atentados mostra a relevância de Putin em 1999. Uma semana depois, a Rússia invadia a
Tchetchénia a pretexto da aniquilação dos terroristas perpetradores do ataque.
Não houve então – e não há hoje – evidências de que os ataques bombistas
tivessem sido levados a cabo por tchetchenos. Assim mesmo, Putin subiu
diariamente nas intenções de voto. Passou
de 2%, antes dos ataques bombistas, a 55% em Dezembro, três meses depois da
invasão da Tchetchénia. Foi
nesta altura conveniente, a 31 de Dezembro, que Yeltsin se demitiu, o que o
colocou como presidente interino e permitiu que adiantasse as eleições três meses,
garantindo o seu decurso enquanto a sua popularidade estava em alta. «Para evitar uma
revolução, nada como uma guerra pequena e vitoriosa para distrair a atenção das
massas». E criou
a sua imagem pública.
Após ter ganho as eleições com 53% dos votos garantiu a imunidade
antes prometida a Yeltsin e à sua família.
E iniciou a reconfiguração da face política, económica e cultural da Rússia em
contra-ciclo com a aproximação ao ocidente do período anterior. 26% dos cargos políticos de liderança foram atribuídos
a antigos colegas de Putin do FSB-KGB – na verdade, foi estimado um número
superior, 78%. A energia, a banca, a segurança foram desde então os
meios de manutenção do poder de Putin, o divisor dos recursos, aquele que os
entrega e deles participa. A infame Rússia S. A..
Tchechénia,
Geórgia, Crimeia, Síria foram um caminho de terror para a consolidação do poder
interno e da sua expansão no teatro externo, uma vez mais tentado com a invasão
de 24 de Fevereiro – para não falar na guerra híbrida que há vinte anos faz às
democracias ocidentais.
Se recordo o que todos
sabemos, o início da tomada de poder de Putin, é só para falar da sua
consistência: é o homem que sempre foi. Convinha aos nossos generais
comentadores e escrevinhadores afins, mais ou menos admiradores de Putin,
recordá-lo também.
A
autora escreve segundo a antiga ortografia
VLADIMIR PUTIN RÚSSIA MUNDO GUERRA NA UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA
COMENTÁRIOS:
joao lemos: como diz e bem, os comentadores e escrevinhadores, uns por ignorância
outros no papel de idiota útil , não servem para nada - nem para ler nem para
ouvir! João
Floriano: Nunca serão em
demasia os artigos que exponham a natureza e a personalidade de Putin.
Cada vez me confundem mais todos aqueles que o apoiam. Para mim são incompreensíveis.
Desde o início do conflito que sempre fui pessimista e prevejo que serão usadas
armas nucleares. Oxalá eu me engane mas não tenho grande confiança na
bondade humana. São mais os exemplos de selvajaria e violência desmedida. Fraco
consolo saber que se armas atómicas forem usadas, a Rússia poderá receberá o
mesmo tratamento, igualmente vítima de um tresloucado psicopata e seus
apoiantes. Esta nunca poderá ser uma guerra pequena. É antes sim uma enorme
guerra, certamente a mais perigosa, porque coloca a possibilidade de um
holocausto nuclear. bento
guerra > João
Floriano: Acha que eu apoio o Putin? Explique-me lá em que se
baseia? Em miúdo, aprendi que "um mau acordo é melhor do que uma boa
contenda". Mas, neste mar de fariseus histéricos, só o Papa pode usar a
palavra PAZ João Floriano > bento guerra: Boa tarde Bento. Que eu saiba o comentário que
eu escrevi não era dirigido a si. Costumo nunca ler os comentários anteriores
para não ser influenciado, embora quando li o seu não tivesse concordado. E já
agora essa do fariseu histérico é «avec moi»? 🤣🤣🤣 bento guerra > João
Floriano: Não, é para a multidão que aqui
comenta a guerra. Você é suficientemente inteligente para usar os neurónios que
o Grande Arquitecto lhe ofereceu Vitor Batista > bento guerra:
Não apoias o
putin não? és um dos seus trolls residentes, logo apoias o fariseu
neo-fascista, dúvidas kamarada? joao lemos > João
Floriano: e por isso ...na sua análise , temos dois caminhos: rendermo-nos e ceder território
e o que mais seja.....ou escondermo-nos atrás do computador. João Floriano > joao lemos:
Penso que este
comentário não seria dirigido a mim. Mas vamos partir do princípio que é
mesmo para mim. Não me referi a caminhos, se bem que é verdade que todos
nós comentamos a partir do sofá e do teclado. Devemos parecer bem
insignificantes a quem está no meio dos ataques e dos escombros. Nunca opinei
que a Ucrânia deve entregar parte do seu território para apaziguar os russos.
Se tal acontecer, como qualquer chantagista reles, o Kremlin voltará para
pedir sempre mais. A NATO e o ocidente não coloca a possibilidade de Putin
vencer, o que está certo. Por seu lado Putin não coloca a possibilidade de sair
derrotado. O João tem alguma ideia como isto irá acabar? bento guerra > João
Floriano: Boa! Você também já chegou à pergunta que eu costumo
fazer: como vai acabar? Quando uma parte estiver no canto, como no boxe e já
não conseguir sair. Consultem os indicadores da Ucrânia, A política é a
arte do possível, não do sofá. bento guerra: É só para encher espaço Nuno LB > bento guerra: Quando vi que havia um
comentário ao artigo, ocorreu-me logo que... Claro, acertei! Tenho de jogar no
Euromilhões! Nuno
LB > bento guerra: Homem, emigre para a Rússia!
Seja feliz lá! bento
guerra > Nuno LB: Só se fores comigo e de
caminho, largo-te no gabinete do Zé Lekas joao lemos > bento guerra: o Zé Lekas é socialista ???
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