Só sei que nada sei,
e que a razão tem razões que vão de encontro ao que o coração receia…
A guerra ainda mal começou…
Enquanto Putin e os seus «siloviki» –
os «durões» originários do KGB – se mantiverem no poder, uma de duas: ou a NATO
consente que a Rússia recorra ao nuclear ou a mesma NATO responde ao ataque.
OBSERVADOR, 24 set 2022, 00:1649
Ao
cabo de pouco mais de sete meses, a guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia
pode ainda durar muito tempo. Depois de um período em que a Rússia
pareceu consolidar a ocupação de boa parte da frente leste ucraniana até ao sul
ameaçando Odessa, o recente contra-ataque da Ucrânia não só permitiu recuperar
parte dos territórios de Leste como abalou decididamente a invasão russa.
Foi isso que obrigou Vladimir Putin a
fazer um discurso inédito, admitindo o recuo militar e anunciando a mobilização
maciça de 300 mil homens da reserva militar. No início da invasão, chegou a
haver na Rússia manifestações de protesto que deram então lugar a mais de mil
prisões ao mesmo tempo que se iniciou um movimento de fuga da população para o
estrangeiro. Foram estas as poucas formas de resistência que ninguém podia
fazer pela Rússia!
Por
último, as movimentações do exército ucraniano desencadearam da parte de Putin
uma nova alusão ameaçadora ao recurso a ataques nucleares, como já havia feito
e repetido desde a declaração de guerra à Ucrânia. A concluir o seu discurso, Putin recorreu a um
patético apelo contra os países que se uniram para derrotar a «Grande Rússia»,
privando-a do seu «grandioso passado histórico»! Se isto pode fazer sorrir, é
essa concepção do mundo que espalha o terror nuclear externo, mas também
interno, se Putin der tal passo.
Se
é certo que a presidência de Zelensky mobilizou a população ucraniana, a qual
tem resistido heroicamente à destruição do país e à morte de crianças e idosos
estranhos à guerra, só um movimento equivalente poderá levantar a população
russa contra Putin e o seu regime.
Como já fiz notar, apoiando-me em observadores de origem russa fugidos à velha
URSS, tal levantamento tem faltado até
agora. Em
contrapartida, o prolongamento da guerra, a mobilização de centenas
de milhares de pais de família na reserva militar e, por último, a ameaça
nuclear anunciada repetidamente poderão levar uma parte significativa da
sociedade russa a levantar-se contra o regime em que vive. Com excepção da
Bielorússia, todos os aliados de Putin já se afastaram dele, desde a China e a
Coreia do Norte à Índia e à Turquia…
Pelo seu lado, os Estados Unidos e a
maioria da NATO rejeitam a possibilidade de recorrer à guerra nuclear e têm
agido como se a Rússia nunca o venha a fazer. Com a massacrante insistência de
Putin, contudo, países como os Estados Unidos e a Inglaterra não podem excluir
que Putin passe da ameaça à prática. Já a França é titubeante, pois a
«esquerda» odeia mais a NATO do que a Rússia e não me admirava se muitos
europeus votassem a favor da Rússia em caso de conflito nuclear…
Resta
saber como agirão os cidadãos russos. É certo que não podemos antecipar o que
Putin fará com a bomba nuclear mas quem ameaça é ele. Aquilo que Putin já fez
desde Fevereiro, mais o anúncio dos 300 mil novos «reservistas», deveria ser
suficiente para a população russa se manifestar contra a ditadura e impor um
regime minimamente liberal. O que
está em jogo não é a NATO nem a Ucrânia. Foi a sociedade russa que pactuou com
os sucessivos regimes desde o «fim do comunismo».
As
primeiras reacções ao desaustinado discurso de Putin parecem ter mexido com a
passividade manifestada até aqui pela sociedade russa perante a invasão da
Ucrânia e a incoerência da governação. Assim seja! Histórica e socialmente
falando, o destino
desta guerra ficará a dever-se ao comportamento da sociedade russa perante a
continuação do conflito. A simples
ideia de utilizar armamento nuclear, como Putin repete constantemente, é
suficiente para afastar do poder tal indivíduo. Quando Biden deixou escapar
publicamente a ideia de que Putin devia desaparecer da cena, toda a diplomacia
ocidental tremelicou, mas o mais provável é que o presidente norte-anericano
tenha razão.
Enquanto
Putin e os seus «siloviki» – os «durões» originários do KGB – se mantiverem
no poder, uma de duas: ou a NATO consente que a Rússia recorra ao nuclear e
arrase o que resta da Ucrânia, como tem ameaçado e, embora não seja provável
que a NATO o permita; ou a mesma NATO responde ao ataque. Neste caso, será
inevitável uma resposta militar dos Estados Unidos e da Inglaterra ao crime de
Putin. E daí ao resto do mundo…
Em
suma, é à sociedade russa que cabe resistir o mais rápida e eficazmente
possível ao regime de Putin para não se chegar lá. A verdade, porém, é que esse
levantamento ainda não teve lugar. Não é à União Europeia que cabe agir e daí
que o recente discurso da actual presidente do Conselho tenha ultrapassado as
suas competências. Com efeito, se alguém franqueou a porta à Rússia foi a
ambiciosa primeira-ministra da Alemanha de quem mais ninguém quis ouvir falar…
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO VLADIMIR
PUTIN
COMENTÁRIOS:
Rui Lima Lembra que a esquerda francesa
gosta mais de Putin de que da NATO , se recuar 4 anos toda a Europa gostava
mais dos presidentes russos e chinês que do Americano segundo
sondagens e consideravam o Trump um perigo para o mundo , (
isto já depois de Putin ter ocupado a Península da Crimeia) é ir ver ou ter
memória :
:“16 juil. 2018 — Os alemães gostam mais de Putin do
que de Trump, ... “
Os novos Europeus vindos de fora da Europa
especialmente do Norte África e a da outra África com a
mesma religião (a Ucrânia não tem aliados em África) estão contra a
Ucrânia e mostram simpatia por Putin por oposição aos USA, é normal vivem cá
mas odeiam o Ocidente porque os colonizou e os impedem de aplicar todos os seus
costumes da poligamia a justiça religiosa, ou terem de enviar os filhos e
as filhas as escolas laicas …
A maioria dos jovens em França terão origem não
europeia não defenderão o país que os acolheu
muito menos os valores do mundo ocidental pelo contrário querem o seu mundo na
Europa ( entre o Putin e os que irão
tomar conta da Europa dentro de 2 gerações estes ainda serão piores …por
isso nem sei o que será melhor para os meus netos …)
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