“Pobrete
mas alegrete”, com o qual
estamos em sintonia.
10 milhões de portugueses, 4,5 milhões
de pobres
Os tempos duros de austeridade que
vivemos no tempo da Troika deixaram o país pronto para retomar um caminho mais
auspicioso, com capacidade de crescimento. A oportunidade foi desperdiçada.
RAQUEL ABECASIS Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas
eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 18 out 2022,
00:1735
O país político e mediático tem-se
entretido nos últimos dias a discutir as declarações infelizes do Presidente da
República, as incompatibilidades no Governo, se o que lá vem é austeridade ou
crescimento moderado e, nas últimas horas, se Passos Coelho vai ou não
candidatar-se a Presidente daqui a 4 anos.
Enquanto
isso, num país que por acaso é o nosso, a frieza dos números diz tudo. À porta
de um ano ainda mais difícil do que os anteriores, a realidade dos
portugueses é trágica.
Em
2020, quatro milhões e meio de portugueses tinham rendimentos abaixo dos 554
euros mensais, vivendo, portanto, em situação de pobreza. Portugal é agora o
13.º país mais pobre da União Europeia.
As ajudas do Estado fazem este número
diminuir para um milhão e novecentos mil. Todos
os outros precisam de subsídios para subirem do patamar de muito pobres para
aquilo a que tecnicamente se chama limiar da pobreza.
Olhar para os dados publicados pela
Pordata dá-nos um triste retrato da nossa realidade: a maior parte destas
pessoas são famílias com filhos, Portugal é o segundo país da Europa com piores
condições de habitação e, com a subida da inflação, prevê-se que tudo isto vá
piorar.
À luz destes números, percebe-se o
ridículo da discussão dos últimos dias e a irresponsabilidade de todos os que
exercem funções políticas. Será que com quatro milhões e meio de pobres num
país de dez milhões é possível ou aceitável que os responsáveis políticos
tenham tempo a perder com politiquices ou comentários infelizes? Não será este
o tema mais importante e urgente a ser abordado pelo Presidente da República
nas inúmeras intervenções que faz ao longo de cada dia? Face a estes números,
não é dever do Chefe de Estado pedir contas ao Governo sobre o que tenciona
fazer para alterar este estado de coisas? Acho que estaria aqui um bom espaço
de intervenção para Marcelo Rebelo de Sousa neste seu segundo mandato.
Os trágicos números divulgados pela
Pordata obrigam-nos a um choque com a realidade. A discussão sobre se estamos
ou não a regressar à austeridade é uma discussão ao lado. No país como na vida
de cada um de nós, os sacrifícios podem justificar-se se são para alcançar objectivos
que melhorem a nossa vida. A verdade é que os tempos duros de austeridade que
vivemos no tempo da Troika deixaram o país pronto para retomar um caminho mais
auspicioso, com capacidade de crescimento e de eliminar bloqueios que impedem o
nosso desenvolvimento. A oportunidade, mostram-no estes números, foi
desperdiçada.
Agora, vêm lá novos sacrifícios
para todos, mas qual é o horizonte? Alguém vislumbra neste orçamento ou nos
discursos do Governo algum objetivo dinamizador? O PS pôs na rua um novo cartaz
com a mensagem: “Juntos seguimos e cumprimos”. Seguimos para onde e cumprimos o
quê?
Infelizmente,
o que vemos, ano após ano, é que estamos a seguir para o abismo e que o Governo
não faz a menor ideia de como vai contrariar esta situação. A alergia de
António Costa à palavra reforma já tem como resultado o número estratosférico
de quatro milhões e meio de pobres.
A pobreza é inimiga da democracia. As
democracias são supostamente a melhor forma de trazer prosperidade aos povos, e
quando assim não é, é o próprio regime que fica em causa.
POBREZA SOCIEDADE GOVERNO POLÍTICA AUSTERIDADE PAÍS
COMENTÁRIOS: 8 de 35
Liberales Semper Erexitque: Fiquei surpreendido por Portugal ser o 13º mais pobre
da UE! Como é possível haver 12 ainda mais pobres do que nós?! Fernando
Cascais: Cara RA, a pobreza é como um vírus que
se propaga não apenas na carteira mas também na mentalidade. Falemos da
Venezuela que tantas vezes serviu de chacota para as políticas da geringonça.
Maduro, mesmo com algumas aldrabices pelo meio é um líder legitimado. A pobreza
do povo é a sua legitimação. Maduro nunca poderia ser eleito num do país
nórdico, mas, em Portugal poderia ter algumas hipóteses. Obviamente que nos
tempos do cavaquismo Maduro poderia ter no máximo dos máximos 5%, hoje, com
tanta pobreza poderia chegar perto dos 50%. Continuando na América do
Sul; Lula, poderia ganhar em Portugal? Sim, sem dúvida. E o discurso de Lula (e
a retórica do último debate com Bolsonaro) poderia vencer na Alemanha ou na
Suécia? Não, obviamente que não. Pobreza gera pobreza, é como um vírus. TIM DO Ó: Foi para isto que fizeram o 25 de Abril?!? Só para votar? Mais valia que não. Portugal era
o país que mais crescia na Europa na década de 60 e 70 até 1973, processo que
foi interrompido com a abrilada.. Se não fosse o 25 de Abril, Portugal seria
hoje um país rico e os portugueses viveriam bem, embora não votassem. Df:
Metade da população já
vive no socialismo. Só falta a outra metade. Na Venezuela vão mais à frente. Já são 95 %. Tristão: Só prova que ainda há muito trabalho a
fazer… ainda resistem 5,5 milhões de ricos, temos que acabar com essa
desigualdade urgentemente 😁 João Eduardo Gata: Quiseram
ser governados pelo PS durante décadas? Aguentem !! Carinha Alegre e nada de
Choraminguices. bento
guerra: Pior do que a pobreza material, é a
pobreza mental, onde tudo começa e onde a política tem ajuda das televisões. Democracia
socialista é nivelar por baixo .Um salazarismo do século XXI Fernando CE: Muito bem. Costa
gosta de exercer o poder pelo poder. Fazer reformas e criar condições para
gerar riqueza no país nem vê-las. O país está mais pobre e assim vai continuar.
Forma governos com ministros politicamente incompetentes, à sua
semelhança. Porque com manobras politiqueiras e habilidades nunca se
construiu um país a sério. A sua perspectiva é aguentar o “barco” à custa de
Bruxelas, com a pedinchice sem fim à vista. E o PR veio a revelar-se um
fiasco, depois de umas quantas atitudes simpáticas que agradaram ao mundo das
redes sociais e mediático mas serviram apenas para anestesiar o país que pensou
que estava tudo a correr no melhor dos mundos. Para azar de todos, o tão falado
Diabo, chegou.
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