Implicam, naturalmente, todos eles, a
vida futura, motivados, cada um deles, em função dos tempos que seguem para a
frente. A criação de mais um, com tal carisma de Ministério do Futuro, parece ser antes um meio sofisticado de desperdício,
pela formação de mais cargos e burocracias implicativos de dispêndio de
dinheiros, acentuando o parasitismo e o vazio nacionais. A questão do aeroporto
é prova de mais esse arrastar, com super vigilâncias sucessivas descambando em…
nada. Sentimos vergonha de tanta estreiteza. Mas tudo isso tem a ver com a
deficiente Educação, para mais, de indisciplina consentida pelo seu Ministério…
Por um Ministério do Futuro
Pensar Portugal a 20 anos tornou-se um
imperativo da governação, para não se insistir em erros que prejudicam o
funcionamento de serviços públicos, o desenvolvimento do país e o bem-estar da
população
ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 29 jun. 2023, 00:2027
Em Portugal, há um orgulho nacional no
desenrascanço, característica virtuosa que os portugueses atribuem a si mesmos
— essa capacidade para improvisar soluções, apesar das contrariedades e da
constante falta de meios. Funciona
praticamente como uma fé colectiva de que, apesar de quase tudo se preparar
sobre a hora e em cima do joelho, no final tudo correrá bem. E, em parte, até
corre. Os exemplos mais evidentes são as organizações de grandes eventos (como
as próximas Jornadas Mundiais da Juventude), cujos preparativos tardios
provocam atropelos institucionais, impõem erros estratégicos, aumentam os
custos e exigem um desgaste brutal de quem trabalha a contra-relógio — mas, no
final, corre bem. E, assim, todos celebram patrioticamente o sucesso de cada
iniciativa.
Tal como uma moeda, este orgulho nacional
tem um outro lado. Aquilo que se olha como uma virtude, este desenrascanço dos
portugueses, foi apurado por um vício com anos e anos: a
indisponibilidade para planear, para reflectir a longo prazo, para antecipar
riscos e para decidir em prol de soluções robustas e estruturais. Em Portugal, olha-se para os pés, em vez de para o
horizonte — só é problema o que é urgente, tudo o que não for urgente não é
problema. Eis uma vergonha nacional: auto-sabotamo-nos, porque esperamos sempre
que os problemas se agravem antes de os tentar resolver.
No
palco da política nacional, o perdurar deste vício arrasta consequências mais
profundas do que muitos imaginam. Nem é preciso teorizar, basta ler as notícias: o
país lida actualmente com uma série de desafios complexos e gravíssimos que
resultam directamente desta ausência de planeamento. Três exemplos da
actualidade: professores, SNS e TAP. Na
Educação, vive-se em emergência por faltarem professores (que, envelhecidos,
estão em idade de se aposentarem), quando há (pelo menos) uma década que este
problema está identificado e zero medidas foram implementadas. Na Saúde,
a falta de médicos no SNS e os encerramentos de serviços eram riscos há muito
discutidos, face às más condições de trabalho no sector público (atraindo
muitos para o sector privado) — pouco ou nada se fez para contrariar a tendência. Nas
infraestruturas, a definição da localização do novo aeroporto de Lisboa
arrasta-se anedoticamente há décadas, sobrecarregando a capacidade existente e
prejudicando o desenvolvimento da cidade.
Ou seja, hoje fala-se em colapso da
rede pública de educação ou de falhas graves no SNS simplesmente porque, no
tempo devido, estes desafios foram identificados sem que nenhuma medida fosse
implementada. Um governo que está em funções há quase oito anos é
obrigatoriamente responsável por esta negligente incapacidade de ver a longo
prazo e antecipar soluções. Mas, em boa verdade, nisso este governo não difere
dos que o antecederam — a governação do país está viciada em resolver questões
imediatas e adiar com a barriga os restantes dossiers, até que o seu
agravamento justifique um espaço na agenda do Conselho de Ministros.
Seria da maior importância quebrar esse
ciclo vicioso num próximo governo, sobretudo se liderado por quem pretenda ser
alternativa (em vez de alternância). Pensar Portugal a 20 anos
tornou-se um imperativo da governação, para não se insistir em erros ou
negligências que, no fim do dia, prejudicam o funcionamento dos serviços
públicos, o desenvolvimento do país e o bem-estar da população. Não é
preciso inventar a roda. Um passo em frente seria, por exemplo, ter um “ministério
do futuro” no organigrama do governo, dedicado a estudar tendências e identificar
riscos sociais e políticos, para responsabilizar e obrigar os ministros das
pastas sectoriais a lidar com esses desafios previsíveis de forma atempada.
POLÍTICA PAÍS CRESCIMENTO
ECONÓMICO ECONOMIA GOVERNO
COMENTÁRIOS (de 27):
Alfaiate Tuga: Já disse e volto a dizer, o 44 deixou um Estado falido financeiramente e o
Kosta vai deixar um Estado falido estruturalmente. O Estado não consegue atrair
gente qualificada, paga pouco e não tem mecanismos para reconhecer (€€€) o
mérito. Desta forma vê os mais antigos a acomodarem-se ao funcionalismo, ou
seja vão fazendo qualquer coisa sem grande empenho até chegar a bendita
aposentadoria e vê os mais novos a dar à sola para o privado ou a nem sequer
entrarem no Estado. De 2014 até hoje o número de funcionários públicos
aumentou em cerca de 75000 pessoas, mas depois não há médicos nem professores
suficientes para manter o SNS e ensino público a funcionar convenientemente.
Estes 75000 novos contratados serão essencialmente gente pouco qualificada
que o PS contratou para tapar o buraco das 35 horas e comprar votos por atacado.
Portanto, cada vez temos um Estado maior, mais caro, mas que também presta
piores serviços a cada dia que passa. A falência financeira do Estado
resolveu-se em 4 anos, com um empréstimo acompanhado de corte de despesa e
aumento de receita (impostos) . A falência estrutural do Estado não será fácil
de resolver, implica uma transformação profunda na massa de funcionários
públicos, e na forma como são avaliados, há muitos que não fazem falta nenhuma
que tinham de sair, para liberar recursos para poder pagar melhor aos que fazem
falta, com a legislação actual não sei como é que isto se faz. Estou
convicto de que o governo actual de forma deliberada está a fazer com que o Estado
preste cada vez pior serviço para afugentar os utentes para o privado, a saúde
e educação são disso exemplo. Há um conjunto cada vez maior de portugueses que
praticamente o único contacto que tem com o Estado é através do ministério das
finanças para pagar impostos e quando circulam em estradas nacionais ou
municipais, pois a saúde e educação já são prestados por privados, estes pagam
impostos para quê? Para terem umas forças armadas de brincar e uma polícia para
caçar multas? O irónico disto é que os que estão a rebentar com o Estado são os
que juraram a pés juntos estarem a defendê-lo.
Ana Silva: “Pensar
Portugal a 20 anos” tornou-se imperativo para os partidos políticos que se
alinham para suceder ao governo socialista na governação do país. O socialismo não funciona.
Nestes anos todos provou ser uma escola de corrupção, incompetência e nepotismo.
Do governo não se pode esperar mais do que uma mentalização coletiva,
alimentada com o dinheiro dos contribuintes, para a dependência do Estado, para
além do confisco gritante (leia-se roubo institucionalizado) das pessoas que
trabalham e produzem alguma riqueza. Mas o que fazem os partidos da Direita e
do Centro-Direita? A questão é que, tirando o Chega, um CDS em extinção e os
ultra-minoritários monárquicos, não há Direita. O PSD é mais do mesmo. É
centro-esquerda, encostada ao PS. Por sua culpa, fruto da era Rio. Não tem uma
visão de futuro ou se tem disfarça bem. Gere o presente como se vivesse no
limbo, como se não lhe interessasse nada, nadinha, chegar ao poder mostrando
músculo, capacidade de defrontar com realismo e competência os problemas
estruturais de que padece o nosso país. Como alguém dizia um dia destes
por estas bandas no Observador, está simplesmente à espera que o poder lhe caia
no colo, sem esforço nenhum, por efeito do desgaste do governo de António Costa. Talvez nem queira chegar-se à
frente, tal o rasto de destruição que o PS semeou por décadas passadas e nutre
com desvelo para as décadas futuras… Esgota as energias em bater
vilmente no Chega, em vez de se mobilizar pelo próprio mérito, pela
apresentação de uma proposta credível, séria, mobilizadora da mudança. Em vez
de pensar no país e nos filhos que partem sem vislumbrarem um futuro em solo
pátrio. Vai ser necessário muito trabalho e espírito de
sacrifício para inverter esta tendência nacional suicida, implementada pelos
socialistas. Não há o mínimo esforço da parte do partido da oposição
maioritário, que já o é há sete anos, mas a culpa é, para todos os efeitos, da
iliteracia política dos portugueses. Nota: Portugal é a pátria dos
portugueses e não um território europeu onde simplesmente residimos. Há toda
uma memória histórica de oito séculos a prová-lo. Não são balelas ideológicas,
como a do multiculturalismo globalista importado sem pudor pelo Costismo.
Carlos Chaves > Ana Silva: Caríssima Ana Silva, concordo
em absoluto com este seu texto, obrigado. Ainda ontem o Sr. Montenegro (consta
que seja o líder da oposição) apareceu com inaceitáveis declarações populistas
bem ao jeito dos socialistas. Não é que os salários não devam subir, mas devem
subir segundo as regras da economia e não por decreto como tanto gostam os
socialistas/comunistas! E este tipo de comportamento tem sido uma constante,
mesmo quando o “senador” social democrata com provas dadas, o Professor Cavaco
Silva, vem a terreiro explicar como se faz.
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