O retrato de uma
figura pública que também a mim me encanta com as suas crónicas serenas e bem
fornecidas de dados, que naturalmente colhe no seu papel de jornalista e que,
sendo adepta de um partido, nos parece isenta, na descrição e comentário dos
factos que narra. Teresa de Sousa não vive, pois, na tal bolha
da nossa presunção limitada, como bem diz o Senhor Embaixador, que bem a descreve,
dando-nos uma lição de sobriedade nos considerandos da nossa própria formação cultural
e ética, tantas vezes mergulhada numa auto convicção de arrebatada e estreita exclusividade.
UMA JORNALISTA
NOTÁVEL
Um amigo meu a quem um dia, em
conversa, citei Teresa de Sousa,
disse-me "deixei de a ler há alguns anos" . E porquê? "Eu evoluí ela ficou no mais do mesmo",
respondeu ele. Calei-me. Não quis dizer que a
inversa me parecia verdadeira. Ela
continuou sempre a estudar a fenomenologia política; nunca se deixou aprisionar
pela comodidade, tanto da ideologia como da moda. Ao contrário, ele - o meu
amigo - adoptou padrões e "mata" tudo o que transcende o seu nicho
cultural. Infelizmente, a atitude dele é cada vez mais partilhada pela
gente de hoje. O que não vai com as
ideias próprias de cada um não existe. E o nicho vai ficando cada vez mais
curto. E cada vez é mais difícil chegar a acordo. Isto vem a propósito da soberba entrevista que TdS deu ao
PUBLICO/Ipsilon ontem. E porque ela analisa sem preconceitos, ela pôde ali
anunciar que o vício da bolha tanto colhe o sábio como o ignorante. Não são só
os ignaros que vivem numa bolha: são todos e cada vez mais intransigentes. Uma
bolha para cada um. E é isto que torna a ordem impossível. Dioniso venceu
Apolo, pelo menos na aparência.
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