sábado, 3 de junho de 2023

No facebook de Luís Soares de Oliveira

 

O retrato de uma figura pública que também a mim me encanta com as suas crónicas serenas e bem fornecidas de dados, que naturalmente colhe no seu papel de jornalista e que, sendo adepta de um partido, nos parece isenta, na descrição e comentário dos factos que narra. Teresa de Sousa não vive, pois, na tal bolha da nossa presunção limitada, como bem diz o Senhor Embaixador, que bem a descreve, dando-nos uma lição de sobriedade nos considerandos da nossa própria formação cultural e ética, tantas vezes mergulhada numa auto convicção de arrebatada e estreita exclusividade.

UMA JORNALISTA NOTÁVEL

Um amigo meu a quem um dia, em conversa, citei Teresa de Sousa, disse-me "deixei de a ler há alguns anos" . E porquê? "Eu evoluí ela ficou no mais do mesmo", respondeu ele. Calei-me. Não quis dizer que a inversa me parecia verdadeira. Ela continuou sempre a estudar a fenomenologia política; nunca se deixou aprisionar pela comodidade, tanto da ideologia como da moda. Ao contrário, ele - o meu amigo - adoptou padrões e "mata" tudo o que transcende o seu nicho cultural. Infelizmente, a atitude dele é cada vez mais partilhada pela gente de hoje. O que não vai com as ideias próprias de cada um não existe. E o nicho vai ficando cada vez mais curto. E cada vez é mais difícil chegar a acordo. Isto vem a propósito da soberba entrevista que TdS deu ao PUBLICO/Ipsilon ontem. E porque ela analisa sem preconceitos, ela pôde ali anunciar que o vício da bolha tanto colhe o sábio como o ignorante. Não são só os ignaros que vivem numa bolha: são todos e cada vez mais intransigentes. Uma bolha para cada um. E é isto que torna a ordem impossível. Dioniso venceu Apolo, pelo menos na aparência.

 

 

 

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