sábado, 10 de junho de 2023

Do Facebook de Luís Soares de Oliveira

 

Já Eça informara sobre os mesmos truques de penetração ou permanência nas esferas do poder à sua maneira falsamente simpatizante, segundo a biografia elogiosa de Z. Zagalo a respeito de Alípio Severo Abranhos, de quem fora secretário, à esposa do Conde, que lhe mandara fazer a estátua póstuma. A paciência esgotou-se para a ironia contra o ridículo da falta de vergonha com que no nosso país se conquista tantas vezes o poder, como temos assistido e Eça por várias vezes acentuou, “O Conde de Abranhos”, obra póstuma, sendo um exemplo desse humor corrosivo, que hoje se retoma tantas vezes, porque, tal como dantes, se pode afirmar que “Este governo não há-de cair – porque não é um edifício. Tem que sair com benzina – porque é uma nódoa”.

Mas não deixa de ser bem humilhante que não se construa outra mentalidade – que só uma educação mais disseminada entre nós, poderia, eventualmente, produzir – o que parece utopia, porque tem a ver com a nossa própria insegurança e mesquinhez.

Eis o texto extraído do Facebook de Luís Soares de Oliveira, que, naturalmente não perdoa tanto dislate governamental, como aquele a que temos assistido e que aquele exemplifica, não com a falsa devoção de um Zagalo, mas com a troça que a revolta motiva:

LUIS SOARES DE OLIVEIRA:

2 H

«A história está cheia de exemplos de processos de que os políticos se serviram para atrair a atenção do povo. Espectáculos, paradas, oratória flamejante etc.. Debates empolgantes foi uma das mais frequentes. Creio que foi mesmo para isso que se inventaram os parlamentos. Que me lembre nunca tinha visto porém o recurso à comicidade. Os remoques trocados em público à entrada para uma cerimónia algures na África do Sul entre Marcelo Rebelo De Sousa e António Costa são muito mais divertidos do que as famosas querelas entre Vasco Santana e António Silva. Aproximaram-se do nível artístico da famosa dupla composta por Oliver Hardy e Stan Laure».

 

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