domingo, 11 de junho de 2023

Um estranho texto

 

Que faz sugerir verdades à M.de la Palice, de tão óbvio. Mas outros comentadores dirão melhor, a respeito deste historiador e especialista em segurança internacional, por mais conhecedores dos factos históricos.

A barragem, a falácia do cinzento e a ofensiva da Ucrânia

Há zonas cinzentas na guerra, mas isso está longe de querer dizer que tudo é cinzento. Rigor é dizer que embora a Ucrânia esteja a combater por causa justa, não tem garantida a vitória nesta ofensiva.

BRUNO CARDOSO REIS Historiador e especialista em segurança internacional

OBSERVADOR; 10 jun. 2023, 00:186

Estou em Inglaterra para o primeiro encontro de uma nova rede dedicada a explorar a dimensão “cinzenta”, irregular, híbrida da guerra. A invasão russa da Ucrânia seria sempre um tema inevitável. A destruição da barragem de Nova Kakhovka tornaram-na ainda mais incontornável. A intenção é abordar a questão a partir da história. É sempre uma boa ideia: os padrões do passado são especialmente importantes para conseguirmos analisar melhor a informação necessariamente incompleta sem nos deixarmos cair em manipulações ou falsas equivalências.

Rebentar barragens na história da guerra

Sei com certeza o que aconteceu em Nova Kakhova? Não. E se vierem a público novos dados credíveis, claro que irei rever a minha interpretação. Com os dados disponíveis para já, é claro que a narrativa russa não faz sentido. Alegam que foram ucranianos para privar a Crimeia de água. Mas a península não morreu de sede quando a Ucrânia cortou o canal que a abastecia entre Março de 2014 e Março de 2022. Sabemos que a Rússia tem apostado em destruir sistematicamente a infraestrutura crítica da Ucrânia. Sabemos que arrasou Mariupol, cometeu crimes de guerra em Bucha, devidamente documentados por vários relatórios da ONU e da OSCE. Agora querem convencer-nos que não iriam destruir a “sua” barragem e inundar os “seus” territórios? Por fim, os russos alegam que os chefes militares ucranianos no passado pensaram em rebentar a barragem. É verdade. Mas não o fizeram quando isso fazia sentido militar, no ano passado, quando pretendiam dificultar o abastecimento de tropas russas em Kherson, na margem ocidental do rio Dniepre, e perturbar a sua retirada.

Os indícios são circunstanciais, mas apontam na direção da Rússia. E a história também. Só conheço exemplos passados deste tipo de acção para criar um grande obstáculo natural com vista a travar ofensivas perigosas. A Holanda rebentou os seus diques em 1672 para parar as tropas invasoras de Luís XIV. A China fê-lo no Rio Amarelo, em 1938, para travar os invasores japoneses. A União Soviética fê-lo na região de Zaporizhzhia para tentar travar a invasão nazi, em 1941. Não conheço nenhum caso em que isso tenha sido feito para facilitar uma ofensiva. E é lógico. Que interesse teriam os ucranianos em criar um enorme obstáculo natural a eventuais avanços numa ampla zona da frente, ou em desviar atenção e recursos para acorrer a uma emergência humanitária?

A falácia do cinzento

Há zonas cinzentas na vida. Até na ciência mais exacta há buracos negros. E a guerra é, por excelência, o reino da incerteza, em que o acaso e o inimigo têm um papel decisivo. Os clássicos da estratégia de Sun Tzu a Carl von Clausewitz defendem que na guerra esta zona nebulosa é importante, inevitável e até desejável. Sun Tzu, há dois mil e quinhentos anos, era um defensor da desinformação, recomendando: quando se é forte, deve-se parecer fraco.

É fundamental, no entanto, termos o cuidado de não cair na falácia do cinzento. A invasão russa da Ucrânia veio mostrar os perigos de se acreditar demasiado na própria propaganda ou nos efeitos miraculosos da guerra híbrida em geral e da desinformação em particular. Recordo que a Rússia era vista como campeã deste tipo de guerra híbrida. Esta alegada superioridade na guerra híbrida e na desinformação era uma das razões de alguns analistas no Ocidente terem transformado o General Gerasimov, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Rússia, num génio da estratégia. Mas Putin tanto negou a invasão da Ucrânia, que acabou por enganar os seus próprios soldados e a sua própria população que não estavam, de todo, preparados para uma guerra intensa e prolongada. Mais, quando a Rússia hoje desmente ou afirma qualquer coisa, a reacção natural é de grande cepticismo.

Esta falácia do cinzento continua a ser activamente encorajada pelo Kremlin. O objectivo, como bem explicou Peter Pomerantsev é convencer as pessoas que nada é verdadeiramente certo e, portanto, tudo é possível. O regime de Putin já desistiu de fazer as pessoas acreditar na sua bondade. Prefere apostar em promover o descrédito e o cinismo generalizado em relação às alternativas. Repetir acriticamente esta e outra propaganda russa não é um sinal de sofisticação, nem de uma análise série da realidade desta guerra. E dizer que há analistas que repetem acriticamente propaganda russa desde o início desta guerra não é apelar ao seu cancelamento, nem atacar a liberdade de expressão. É participar no normal exercício de escrutínio, parte de um debate público normal num país livre. Censura é o que faz a Rússia com quem não segue a linha oficial de apoio à invasão, com penas de prisão que podem ir até aos 15 anos.

Também não é sinal de grande independência de espírito ou superior capacidade de análise dizer que há duas opiniões sobre esta guerra. Pode-se dizer isso sobre qualquer fenómeno relevante. Aliás, ainda hoje há quem afirme que a Terra é plana e que nunca existiu o extermínio nazi dos judeus. Há também muitos americanos que consideram que Trump foi o melhor presidente dos EUA e que as eleições de 2020 lhe foram roubadas. Mas a Terra é redonda, o genocídio nazi de milhões de judeus é um dos factos mais bem documentados da história, as alegações de fraude eleitoral de Trump foram rejeitadas como absurdas e falsas mais de 40 vezes em múltiplos tribunais, muitos com juízes republicanos. E a Rússia invadiu a Ucrânia, que nunca aderiu à NATO, e não invadiu a Finlândia, que o fez.

Há zonas cinzentas na vida e na guerra, mas isso está muito longe de querer dizer que tudo é cinzento. E estabelecer falsas equivalências é um sinal de preguiça ou de cumplicidade com teses duvidosas sem se ter a coragem do afirmar. Rigor é dizer que embora a Ucrânia esteja a combater por uma causa justa, não tem garantida a vitória nesta ofensiva. Para a Ucrânia recuperar grande parte, e mais ainda todo o território ocupado, terá não só de ser exemplar numa manobra ofensiva combinada muito exigente e custosa, precisaria também que a certo momento a frente russa colapse e com ela a vontade e capacidade da Rússia continuar a combater. Não sabemos, não podemos saber hoje, se será assim. Até porque Putin pode decidir escalar se se sentir ameaçado. A guerra não é um conto infantil ou um filme de Hollywood com um final feliz garantido em que os bons ganham sempre.

GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA   MUNDO

COMENTÁRIOS:

Filipe Costa: Diga-me um pais com 200 tanques de topo, operacionais em todo o mundo? Eu digo, Taiwan. Francisco Louro: Foram os Russos é quase certo, mas na qualidade de invasores, mesmo que fossem os Ucranianos, a responsabilidade é Russa. Já se esqueceram que destruíram Moscovo para travar Napoleão. A responsabilidade da destruição foi dos Franceses nesta altura. Russos vão pastar caracóis.              João Ramos: Uma guerra nunca é fácil, os russos que o digam, pois pensavam que em 15 dias tinham o problema da Ucrânia resolvido e não há dúvida que há muitas zonas cinzentas no meio disto tudo, faz parte de uma guerra… uma coisa é certa os russos estão entrincheirados a tentarem defender as magras zonas que conseguiram em mais de um ano de guerra, já é uma boa lição!                      J. Lopes: Cinzento escuro, com tons avermelhados, como um poente em dia triste. Diz o triste autor do artigo desequilibrado, a favorecer os russos/neo-soviéticos:

"Aliás, ainda hoje há quem afirme que a Terra é plana e que nunca existiu o extermínio nazi dos judeus. Há também muitos americanos que consideram que Trump foi o melhor presidente dos EUA e que as eleições de 2020 lhe foram roubadas. Mas a Terra é redonda, o genocídio nazi de milhões de judeus é um dos factos mais bem documentados da história, as alegações de fraude eleitoral de Trump foram rejeitadas como absurdas e falsas mais de 40 vezes em múltiplos tribunais, muitos com juízes republicanos. "

Esquece as mortes na Ucrânia roubando o trigo e provocando antropofagia, o "Holodomor" que Louçã nega, padre com as vestes das novas homilias de Trotsky, Gramschi e agora defensor dos LGTB+"$#, esquece este cinzento autor, os Gulag  e os campos de concentração russos que Soljenítzine lembra de forma detalhada, os crimes de genocídeo dos regimes comunistas de Mao e os de agora, a Coreia do Norte, o regime de Pol Pot, as matanças do regime soviético na Etiópia que muitos negam, o cinzento não fala deles porque os reconhece e aceita porque são de esquerda e a Esquerda é uma santidade de assassinos. Sobre Trump, esquece, como se pode condenar um homem que fez muito menos que Obama ou Clinton, esquece Hunter Biden e Joe Biden e o dinheiro que receberam da RPC e da Ucrânia de antes da guerra com o palhaço útil colocado por Putin e Merkel. Os crimes de Joe Biden e filho, mais Obama, aliado e agente da Arábia Saudita, com a Clinton e sua colaboração com o regime da RPC, um grupo de assassinos e torcionários a quem interessa o desvario dos donos de empresas de marcas que já são de contrafacção sem qualidade, mas com nomes de marcas Ocidentais. Juízes, nos USA? Há muitos. Republicanos e Democratas, no Congresso Liz Chenney foi o exemplo do que um traidor Neocon faz para vir para a ribalta, ao apoiar por vingança, os democratas das fronteiras abertas, amigos da RPC e do acordo com o Irão, Rússia e Arábia Saudita, facilitada por Joe Biden, com o 1º Decreto Presidencial e a fuga propositada e caótica do Afeganistão, quem senão os traidores militares e do Congresso, poderiam fazer isso? O FBI infiltrado e o Pentágono com Generais que fizeram o que fizeram, no Afeganistão, mostrando que os USA têm um preço, o deles e o do Deep State de Obama e aliados, ao decerto destruírem o laptop de Hunter Biden ou da família Biden, marionete do islamista Obama. O caso Trump é o caso de um outsider que não poderia nunca entrar na Casa Branca, por já ser rico, os outros como o pé rapado, Obama que manda na Casa Branca em vez do decrépito e corrupto Joe, desde o 1º Decreto presidencial ao proibir a continuação da construção do pipe-line do Alasca até ao Texas e a retirada criminosa e descontrolada, ao acabar com a Base de Bagram, antes da retirada caótica, típica dos democratas, que deram a força que deram à RPC e Rússia. Portanto o Sr articulista especialista em Segurança Internacional, sabe do que fala, fala para parvos, ou quer tomar como parvos os que o não são! Tenha vergonha!               bento guerra: Cinzento como o autor          klaus muller > bento guerra: lol. Exacto.

Nenhum comentário: