Que faz sugerir verdades à M.de la Palice, de tão óbvio. Mas outros
comentadores dirão melhor, a respeito deste historiador
e especialista em segurança internacional, por mais conhecedores dos factos
históricos.
A barragem, a falácia do cinzento e a ofensiva da Ucrânia
Há zonas cinzentas na guerra, mas isso
está longe de querer dizer que tudo é cinzento. Rigor é dizer que embora a
Ucrânia esteja a combater por causa justa, não tem garantida a vitória nesta
ofensiva.
BRUNO CARDOSO REIS Historiador e
especialista em segurança internacional
OBSERVADOR; 10
jun. 2023, 00:186
Estou em Inglaterra para o primeiro
encontro de uma nova rede dedicada a explorar a dimensão “cinzenta”, irregular,
híbrida da guerra. A invasão russa da Ucrânia seria sempre um tema inevitável.
A destruição da barragem de Nova Kakhovka tornaram-na ainda mais incontornável.
A intenção é abordar a questão a partir da história. É sempre uma boa ideia: os
padrões do passado são especialmente importantes para conseguirmos analisar
melhor a informação necessariamente incompleta sem nos deixarmos cair em
manipulações ou falsas equivalências.
Rebentar barragens na história da guerra
Sei
com certeza o que aconteceu em Nova Kakhova? Não. E se vierem
a público novos dados credíveis, claro que irei rever a minha interpretação. Com os dados disponíveis para já, é claro
que a narrativa russa não faz sentido. Alegam que foram ucranianos para privar a Crimeia de água. Mas a península não morreu de sede quando
a Ucrânia cortou o canal que a abastecia entre Março de 2014 e Março de 2022.
Sabemos que a Rússia tem apostado em
destruir sistematicamente a infraestrutura crítica da Ucrânia. Sabemos que
arrasou Mariupol, cometeu crimes de guerra em Bucha, devidamente documentados
por vários relatórios da ONU e da OSCE. Agora querem convencer-nos que não
iriam destruir a “sua” barragem e inundar os “seus” territórios? Por fim, os
russos alegam que os chefes militares ucranianos no passado pensaram em
rebentar a barragem. É verdade. Mas não o fizeram quando isso fazia sentido
militar, no ano passado, quando pretendiam dificultar o abastecimento de tropas
russas em Kherson, na margem ocidental do rio Dniepre, e perturbar a sua
retirada.
Os indícios são circunstanciais, mas
apontam na direção da Rússia. E a história
também. Só conheço exemplos passados deste tipo de acção para
criar um grande obstáculo natural com vista a travar ofensivas perigosas. A Holanda rebentou
os seus diques em 1672 para parar as tropas invasoras de Luís XIV. A China fê-lo no Rio Amarelo, em 1938, para travar os
invasores japoneses. A União Soviética
fê-lo na região de Zaporizhzhia para tentar travar a invasão nazi, em 1941. Não
conheço nenhum caso em que isso tenha sido feito para facilitar uma ofensiva. E é lógico. Que interesse teriam os
ucranianos em criar um enorme obstáculo natural a eventuais avanços numa ampla
zona da frente, ou em desviar atenção e recursos para acorrer a uma emergência
humanitária?
A falácia do cinzento
Há zonas cinzentas na vida. Até na
ciência mais exacta há buracos negros. E a guerra é, por excelência, o reino da
incerteza, em que o acaso e o inimigo têm um papel decisivo. Os clássicos da
estratégia de Sun Tzu a Carl von Clausewitz defendem que na guerra esta zona
nebulosa é importante, inevitável e até desejável. Sun Tzu, há dois mil e quinhentos anos, era
um defensor da desinformação, recomendando: quando se é forte, deve-se parecer
fraco.
É fundamental, no entanto, termos o cuidado de não cair na falácia
do cinzento. A invasão
russa da Ucrânia veio mostrar os perigos de se acreditar demasiado na própria
propaganda ou nos efeitos miraculosos da guerra híbrida em geral e da
desinformação em particular. Recordo
que a Rússia era vista como campeã deste tipo de guerra híbrida. Esta alegada
superioridade na guerra híbrida e na desinformação era uma das razões de alguns
analistas no Ocidente terem transformado o General Gerasimov, Chefe do Estado
Maior das Forças Armadas da Rússia, num génio da estratégia. Mas Putin
tanto negou a invasão da Ucrânia, que acabou por enganar os seus próprios
soldados e a sua própria população que não estavam, de todo, preparados para
uma guerra intensa e prolongada. Mais, quando a Rússia hoje desmente ou afirma
qualquer coisa, a reacção natural é de grande cepticismo.
Esta falácia do cinzento continua a
ser activamente encorajada pelo Kremlin. O
objectivo, como bem explicou Peter Pomerantsev é convencer as pessoas que nada é verdadeiramente certo e, portanto, tudo é possível. O regime
de Putin já desistiu de fazer as pessoas acreditar na sua bondade. Prefere
apostar em promover o descrédito e o cinismo generalizado em relação às
alternativas. Repetir acriticamente esta e outra propaganda russa não é um
sinal de sofisticação, nem de uma análise série da realidade desta guerra. E dizer que há analistas que repetem
acriticamente propaganda russa desde o início desta guerra não é apelar ao seu
cancelamento, nem atacar a liberdade de expressão. É participar no normal
exercício de escrutínio, parte de um debate público normal num país livre.
Censura é o que faz a Rússia com quem não segue a linha oficial de apoio à
invasão, com penas de prisão que podem ir até aos 15 anos.
Também não é sinal de grande
independência de espírito ou superior capacidade de análise dizer que há duas
opiniões sobre esta guerra. Pode-se dizer isso sobre qualquer fenómeno
relevante. Aliás, ainda hoje há quem afirme que a Terra é plana e que nunca
existiu o extermínio nazi dos judeus. Há também muitos americanos que
consideram que Trump foi o melhor presidente dos EUA e que as eleições de 2020
lhe foram roubadas. Mas a Terra é redonda, o genocídio nazi de milhões de
judeus é um dos factos mais bem documentados da história, as alegações de
fraude eleitoral de Trump foram rejeitadas como absurdas e falsas mais de 40
vezes em múltiplos tribunais, muitos com juízes republicanos. E a Rússia invadiu a Ucrânia, que nunca
aderiu à NATO, e não invadiu a Finlândia, que o fez.
Há zonas cinzentas na vida e na
guerra, mas isso está muito longe de querer dizer que tudo é cinzento. E
estabelecer falsas equivalências é um sinal de preguiça ou de cumplicidade com
teses duvidosas sem se ter a coragem do afirmar. Rigor é dizer que embora a Ucrânia esteja a combater
por uma causa justa, não tem garantida a vitória nesta ofensiva. Para a
Ucrânia recuperar grande parte, e mais ainda todo o território ocupado, terá
não só de ser exemplar numa manobra ofensiva combinada muito exigente e
custosa, precisaria também que a certo momento a frente russa colapse e com ela
a vontade e capacidade da Rússia continuar a combater. Não sabemos, não podemos
saber hoje, se será assim. Até porque Putin pode decidir escalar se se sentir
ameaçado. A guerra não é um conto infantil ou um filme de Hollywood com um
final feliz garantido em que os bons ganham sempre.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Filipe Costa: Diga-me um
pais com 200 tanques de topo, operacionais em todo o mundo? Eu digo, Taiwan.
Francisco Louro: Foram os
Russos é quase certo, mas na qualidade de invasores, mesmo que fossem os
Ucranianos, a responsabilidade é Russa. Já se esqueceram que destruíram Moscovo
para travar Napoleão. A responsabilidade da destruição foi dos Franceses nesta
altura. Russos vão pastar caracóis. João Ramos: Uma guerra
nunca é fácil, os russos que o digam, pois pensavam que em 15 dias tinham o
problema da Ucrânia resolvido e não há dúvida que há muitas zonas cinzentas no
meio disto tudo, faz parte de uma guerra… uma coisa é certa os russos estão
entrincheirados a tentarem defender as magras zonas que conseguiram em mais de
um ano de guerra, já é uma boa lição! J. Lopes: Cinzento escuro, com tons avermelhados, como um poente
em dia triste. Diz o triste autor do artigo
desequilibrado, a favorecer os russos/neo-soviéticos:
"Aliás,
ainda hoje há quem afirme que a Terra é plana e que nunca existiu o extermínio
nazi dos judeus. Há também muitos americanos que consideram que Trump foi o
melhor presidente dos EUA e que as eleições de 2020 lhe foram roubadas. Mas a
Terra é redonda, o genocídio nazi de milhões de judeus é um dos factos mais bem
documentados da história, as alegações de fraude eleitoral de Trump foram
rejeitadas como absurdas e falsas mais de 40 vezes em múltiplos tribunais,
muitos com juízes republicanos. "
Esquece
as mortes na Ucrânia roubando o trigo e provocando antropofagia, o
"Holodomor" que Louçã nega, padre com as vestes das novas homilias de
Trotsky, Gramschi e agora defensor dos LGTB+"$#, esquece este cinzento
autor, os Gulag e os campos de concentração russos que Soljenítzine
lembra de forma detalhada, os crimes de genocídeo dos regimes comunistas de Mao
e os de agora, a Coreia do Norte, o regime de Pol Pot, as matanças do regime
soviético na Etiópia que muitos negam, o cinzento não fala deles porque os reconhece
e aceita porque são de esquerda e a Esquerda é uma santidade de assassinos. Sobre
Trump, esquece, como se pode condenar um homem que fez muito menos que Obama ou
Clinton, esquece Hunter Biden e Joe Biden e o dinheiro que receberam da RPC e
da Ucrânia de antes da guerra com o palhaço útil colocado por Putin e Merkel. Os
crimes de Joe Biden e filho, mais Obama, aliado e agente da Arábia Saudita, com
a Clinton e sua colaboração com o regime da RPC, um grupo de assassinos e
torcionários a quem interessa o desvario dos donos de empresas de marcas que já
são de contrafacção sem qualidade, mas com nomes de marcas Ocidentais. Juízes,
nos USA? Há muitos. Republicanos e Democratas, no Congresso Liz Chenney foi o
exemplo do que um traidor Neocon faz para vir para a ribalta, ao apoiar por
vingança, os democratas das fronteiras abertas, amigos da RPC e do acordo com o
Irão, Rússia e Arábia Saudita, facilitada por Joe Biden, com o 1º Decreto
Presidencial e a fuga propositada e caótica do Afeganistão, quem senão os
traidores militares e do Congresso, poderiam fazer isso? O FBI infiltrado e o
Pentágono com Generais que fizeram o que fizeram, no Afeganistão, mostrando que
os USA têm um preço, o deles e o do Deep State de Obama e aliados, ao decerto
destruírem o laptop de Hunter Biden ou da família Biden, marionete do islamista
Obama. O caso Trump é o caso de um outsider que não poderia nunca entrar na
Casa Branca, por já ser rico, os outros como o pé rapado, Obama que manda na
Casa Branca em vez do decrépito e corrupto Joe, desde o 1º Decreto presidencial
ao proibir a continuação da construção do pipe-line do Alasca até ao Texas e a
retirada criminosa e descontrolada, ao acabar com a Base de Bagram, antes da
retirada caótica, típica dos democratas, que deram a força que deram à RPC e
Rússia. Portanto o Sr articulista especialista em Segurança
Internacional, sabe do que fala, fala para parvos, ou quer tomar como parvos os
que o não são! Tenha vergonha! bento guerra: Cinzento como o autor klaus muller > bento guerra: lol.
Exacto.
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