Primeiro a vaca (como título um tanto rebuscado do texto anterior), agora o gato a dar visibilidade às histórias, plenas de armadilhas bem humanas do nosso savoir faire universal, que se refugia nos bichos para amenizar os procedimentos humanos, como quem não quer a coisa, demasiado humilhante da condição racional. Sem preconceito malicioso, contudo, de quem apenas se refugia nos rebuscamentos detectivescos dos inteligentes decifradores dos crimes imaginados pelos inteligentes escritores policiais, direi, pois, que essa dos da Wagner a marchar sobre Moscovo, e depois a deterem-se e a resguardarem-se junto do presidente da Moldávia, amigalhaço do presidente da Rússia, e parece que a conselho deste ao atrevido Prigozhin, cheira-me a marosca – ou a esturro, que é mais compatível com a força motriz dos dois amigos, habituados ambos a esturrar, Putin aconselhando o inimigo de um dia a refugiar-se junto do amigo de sempre a quem ele mesmo antes fornecera – ou impusera - armas especiais comprometedoras. Afinal Prighozin e Putin sempre foram amigos de coração, cabeça e estômago, aquilo foi um truque de Putin, para dar esperanças a Zelensky, em sugestão de fraqueza russa, e, pois, de possível vitória ucraniana. Que as células cinzentas do Putin são capazes de todas as mentiras para engendrar reforços para a sua malignidade vergadeira. É claro que posso muito bem estar enganada, que Deus me perdoe por estes alvitres da minha própria malícia rebuscada.
Eu acho que foi combinação
Entre os dois amigalhaços, um dos quais
Como é que um grupo de mercenários
infligiu o maior ataque à autoridade de Putin em 20 anos
Grupo de mercenários que bloqueou Moscovo tem
influência em vários cenários de guerra internacionais e alega ter mais de 25
mil paramilitares. Yevgeny Prigozhin, o líder, foi cozinheiro de Putin.
INÊS ANDRÉ
FIGUEIREDO: Texto
OBSERVADOR, 24
jun. 2023, 20:4317
No
momento em que Yevgeny Prigozhin
anunciou que ia conduzir uma insurreição contra o poder militar do Ministério
russo da Defesa, o líder da organização paramilitar revelou que tinha ao seu
lado 25 mil homens dispostos a ir “até ao fim” na chegada a Moscovo. “Estamos
prontos para lutar e para morrer”, prometeu o homem que começou por ser o
simples cozinheiro de Vladimir Putin. Apesar
da força das palavras de Prigozhin, nada fazia prever que os mercenários fossem
capazes de tomar uma cidade com a importância estratégica de Rostov e que
conseguisse marchar sem aparente oposição até às portas de Moscovo. Resta saber
como é que um grupo desta dimensão conseguiu ameaçar o Kremlin e infligir o
maior golpe para a a autoridade de Putin em 20 anos.
Que poder conseguiram os Wagner, dentro e
fora da Rússia, para recentrarem todas as atenções da guerra na Ucrânia num
conflito dentro da própria Rússia? Aparentemente, atendendo ao filme dos
acontecimentos, muito. Ainda que não exista qualquer referência oficial ao
número de soldados que fazem parte do exército privado que tem tido uma acção
relevante durante a invasão da Rússia à Ucrânia, nem tão pouco sobre o número
de paramilitares envolvido nesta marcha até Moscovo — suspensa por decisão do próprio
Prigozhin sob o pretexto de evitar um “banho de sangue” –, a forma como o grupo
conseguiu avançar pelo território russo foi uma prova inequívoca do poderio
militar dos mercenários.
Com as informações que existem até ao
momento, é ainda prematuro explicar como é que Prigozhin conseguiu bloquear
Moscovo com relativa facilidade. Os especialistas em política
internacional vão variando entre várias teses, complementares ou não: os Wagner terão tido o apoio no terreno de facções das
forças armadas russas descontentes com o rumo da guerra; podem ter tido o conforto de alguns sectores ligados à
elite política e económica; e ou a adesão sectores da sociedade civil que
exigem mudanças na guerra da Ucrânia.
Durante os meses em que o grupo
Wagner protagonizou alguns dos momentos mais relevantes da guerra na Ucrânia,
todos os números apontavam para a presença de 20 mil paramilitares a combater
território ucraniano em nome desta organização. E, ainda que os números nunca
tenham sido claros, Prigozhin chegou mesmo a dizer que durante a batalha de
Bakhmut morreram 20 mil soldados, sendo que metade pertenceriam ao grupo
Wagner.
Entre os homens de Prigozhin estão prisioneiros
que foram recrutados para lutar na Ucrânia numa altura em que, alegadamente,
começou a haver uma escassez de soldados do lado do Kremlin. Esse reforço feito
nas prisões russas foi confirmado e motivado pelo próprio líder do grupo
Wagner, que aliciou os prisioneiros para aceitassem ir para a frente de guerra e
que se insurgiu contra quem discordou: “Aqueles
que não querem que os prisioneiros lutem nas companhias militares, mandem os
seus filhos para a linha da frente. Militares e prisioneiros ou os teus filhos,
tu é que decides.”
Da influência crescente às sanções
O grupo Wagner foi fundado em
2014 por Yevgeny Prigozhin e tornou-se um braço de Vladimir Putin. Uma das primeiras
missões realizou-se na Crimeia, numa altura em que vários mercenários foram
acusados de terem actuado sem identificação para apoiar as tropas russas
pró-separatistas. A relação
próxima entre Prigozhin e Putin terá sempre facilitado o trabalho
conjunto entre as tropas do Kremlin e os mercenários — o que veio a
confirmar-se na guerra na Ucrânia e que poderá ter tido um ponto final nesta
rebelião que tinha como objectivo chegar a Moscovo.
Nos últimos meses, o líder do grupo
Wagner, Yevgeny Prigozhin, desdobrou-se em críticas contra o Ministério da Defesa
russo, chefiado por Sergei Shoigu, e contra o comandante das tropas
russas, Valery Gerasimov. A
frustração era visível, mas quase ninguém estava à espera que, esta sexta-feira,
a milícia paramilitar decidisse entrar por território russo, num movimento que
o Serviço Federal de Segurança equiparou a um apelo à guerra civil.
Na
cabeça de Yevgeny Prigozhin, aqueles
dois responsáveis militares, em quem o Presidente russo confia quase de olhos
fechados, são a causa dos insucessos militares russos na Ucrânia,que, na versão
do chefe da milícia paramilitar, já originou a morte a mais de 100 mil pessoas.
“Incompetentes”, chegou a descrever o líder do grupo Wagner.
Este sábado, no entanto, Prigozhin,
uma criação de Putin, atingiu directamente e de forma inédita o Presidente
russo. “Ninguém pretende entregar-se
por exigência do Presidente [russo], do Serviço de Segurança Federal ou de quem
quer que seja. Os russos não podem continuar a viver imersos na corrupção, na mentira
e na burocracia”, disse o líder do Grupo Wagner — Putin, por sua vez, ameaçou
esmagar qualquer ameaça, falando em “facada nas costas” e prometendo punir
“aquele que organizou e preparou a rebelião militar traiu a Rússia e responderá
por isso”.
Atendendo às informações avançadas
pela própria imprensa russa, Putin esteve muito longe de esmagar militarmente o
Grupo Wagner. Prigozhin,
que negociou directamente com Lukashenko, presidente bielorruso, terá
conseguido satisfazer três das condições que impunha para suspender a marcha: o caso
aberto pela procuradora-geral russa contra Prigozhin deve cair; os combatentes
do grupo Wagner que participaram na guerra na Ucrânia terão imunidade legal; e
o parlamento russo discutirá a situação e o estatuto do Grupo Wagner.
“[O Kremlin] queria dissolver o Grupo
Wagner. Partimos a 23 de junho. Num dia, ficámos a pouco menos de 200
km de Moscovo e não derramámos uma única gota do sangue”, congratulou-se
Prigozhin, tentando provar, mais uma vez, que a sua demonstração de força tinha
sido bem sucedida.
Nos últimos anos, o grupo Wagner
esteve activo com soldados e combates em países africanos, nomeadamente na
República Centro-Africana, na Líbia, no Moçambique e no Mali, com vários países
a pediram apoio aos mercenários para protecção de minas de diamantes e de ouro,
mas também para fornecer segurança contra grupos militantes islâmicos.
“O grupo Wagner é hoje o actor russo
mais influente em África, e as suas actividades e empresas de fachada exercem
uma influência maligna sobre o continente”,revelava Julian
Rademeyer, investigador na The Global Initiative
against Transnational Organized Crime, à DW, durante a Conferência de Segurança
de Munique.
O especialista frisou que o grupo “não actua
sozinho” e que outros grupos associados ao Wagner estão “presentes em mais de
uma dezena de países africanos” e que “opera politicamente”, nomeadamente com
envolvimento em “regimes autoritários”. Por outro lado, terá também
envolvimento económico em áreas como “a mineração, extração e na indústria
madeireira, para obter riqueza”.
“Essas
actividades constituem uma influência maligna para o continente. Pode dizer-se
que os homens da Wagner fortalecem ditaduras em África”, referia o especialista
na conferência que se realizou em março, quando a guerra na Ucrânia já decorria
e quando já era conhecida a influência dos Wagner no terreno. Por outro lado, além de África, há também
relatos de que o exército privado actuou na Síria, onde lutou ao lado das
forças pró-governo e com a missão de proteger campos de petróleo.
A influência do grupo Wagner não só na
Rússia como em vários países reflecte-se também na necessidade que o Ocidente
tem de sancionar o exército privado de Prigozhin. A UE tem
o grupo na sua “lista negra” de entidades acusadas de ameaçar a integridade
territorial, soberania e independência da Ucrânia, mas também os EUA e o Reino
Unido o fizeram.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Nuno Borges: Os
landsknechten aprisionaram o rei de França em Pavia. Os mercenários têm longa tradição na Europa.
Mas o que aconteceu foi que quem pagou ao
Prigosinho mudou de ideias já ele estava perto de Moscovo. Foi para a Rússia Branca para atacar Kiev a partir de
lá. Anastácio
Jorge: Tudo teatro bem montado … esperem um
pouco Carlos Costa: Não chego a perceber toda esta manobra. Dá a entender,
que se um país de fronteira com a Rússia entrar com uns milhares de soldados,
chega a Moscovo sem oposição. Acho incrível o que aconteceu, ou o que não
sabemos.
Margarida Rosa: O
Rasputine de hoje Nuno
Borges: Moscovo não paga a traidores. Se eu fosse
o Piriquete fugia para o Rio para fazer cirurgia do perfil. Pertinaz: O pzp explica Nuno Borgespertinaz: O PZP explica tudo o que o Putin mandar. Quem paga
manda. Fernando
CE: A propósito
dos mercenários do grupo Wagner , saberá a Sra Paula Santos do PCP das
atrocidades cometidas por eles também em África e outros países em guerra?
Nuno Borges > Fernando CE: os
comunistas praticaram as maiores atrocidades em toda a História JOSÉ MANUEL: afinal 25.000 tipos, minimamente organizados,
colocaram os filhos de putin e do merdevedev todos borrados. As putinetes
avençadas provavelmente terão que vender a alma (opinião) a outro diabo...ou trabalhar Nuno Borges >
JOSÉ MANUEL: Não
sei se o trabalho das putinetes já é legal. No socialismo tudo é possível. João Eduardo
Gata: Estamos a assistir ao Princípio do Fim
do Regime de Putin. E ai do Regime Russo se iniciar uma Guerra Nuclear. Hás De
Cá Vir: O Minotauro está
ameaçado no seu labirinto.
Jose Miguel Pereira: Ó pá, uma pessoa bebe um copito
a mais e diz coisas em que não pensa. Depois cai em si, reconsidera, recebe
umas centenas de milhões de dólares e ficamos amigos como dantes. Quem nunca
passou por isto que atire a primeira granada ofensiva. Manuel Filipe
Correia de Araújo: Putin teve de fugir para São Petersburgo! Nuno Borges
>Manuel Filipe Correia de
Araújo: verdade Ana Maia: É o que acontece quando se
alimenta leões, um dia podem virar-se contra nós. Enfraquece o Putin, ainda
bem. Atrás deste podem aparecer mais.
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