segunda-feira, 26 de junho de 2023

Porque não treinaram mais?


Se afinal não foi farsa, como julguei, reconheço, hoje que, bem ingenuamente. Devia ter perguntado antes a Evans, em vez de me pôr a especular sem tom nem som sobre o arranque de Prigozhin sobre Moscovo, e a sua reviravolta, em direcção à Bielorrússia. Errare humanum est, é o que é, e digo-o com muita modéstia, reconhecendo a minha saloiice, embora nada tenha de negativo engendrar hipóteses, donde por vezes saem teses ilustres. Mas já estamos habituados ao falhanço das nossas, por cá, pelo menos no capítulo dos espaços para os aviões, há décadas em estudo, é o que se diz, mas há mais teses, também por cá, que originam um ver se te avias de antíteses nevoentas do tipo de Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem”, o que é extremamente aflitivo, e direi mesmo. negativo. Mas o Prigozhin, afinal também se mostrou muito inseguro desta vez, apesar de uma amizade antiga com o imperador, digo, o presidente russo, e a minha tese sobre o conluio entre os dois saiu frustrada, devia ter mesmo perguntado a Evans. Ou ao nosso ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho que, tal como eu, também enriquece as suas explicações dos factos da nossa história contemporânea com os provérbios da sua (e minha, afirmo-o com modéstia) competência. Como o texto seguinte de JFG e de MLC expõem.

 

Ponto de situação. O que aconteceu durante o 489.º dia de guerra?

A caminho dos 500 dias de guerra, a situação na Ucrânia continua marcada pela tentativa de rebelião armada levada a cabo na última sexta-feira pelos mercenários do Grupo Wagner.

JOÃO FRANCISCO GOMES Texto

MARIANA LIMA CUNHA: Texto

OBSERVADOR, 26 jun. 2023, 15:27

Rebelião do Grupo Wagner levou à adopção de medidas de segurança em Moscovo SOPA Images/LightRocket via Gett

Ucrânia.

Aqui fica um ponto de situação do que aconteceu neste 489.º dia de guerra:

Vladimir Putin reagiu publicamente à insurreição do grupo Wagner, declarando que “tentativa de fazer confusão interna falhou”. “O levantamento popular seria de qualquer forma esmagado”, garantiu o Presidente russo, acusando o grupo, os “nazis de Kiev” e o “Ocidente” de desejarem um “cato fratricida”.

Na mesma declaração, Putin disse que os mercenários do grupo Wagner têm agora três opções: ou vão para a Bielorrússia, ou se juntam ao exército ou vão para casa. Acusou os que alinharam na rebelião de serem “traidores” e prometeu levá-los à justiça.

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, terá sido visto num hotel, o Green City Hotel, em Minsk, na capital da Bielorrússia, estão a avançar meios de comunicações sociais russos e do Ocidente, incluindo a agência de notícias italiana ANSA.

Prigozhin partilhou no Telegram uma mensagem de áudio de 11 minutos em que frisa que não pretendia fazer um golpe de Estado. “Não fizemos uma ‘marcha de justiça’ para destronar a liderança da Rússia, no entanto, mostrou os sérios problemas de segurança no país”, acrescentou, argumentando ainda que, se a “operação especial” — a invasão — tivesse sido executada por uma unidade treinada como o grupo Wagner poderia ter durado apenas um dia.

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, que foi o principal alvo da rebelião lançada na sexta-feira passada pelo grupo de mercenários Wagner contra Moscovo, visitou as tropas russas em território ucraniano, naquela que foi a sua primeira aparição em público desde a rebelião.

Os mercenários do Grupo Wagner vão continuar as suas operações no Mali e na República Centro-Africana, confirmou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, em entrevista ao canal russo RT.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o embaixador dos Estados Unidos em Moscovo “deu sinais” de que o país não esteve envolvido na rebelião do grupo Wagner.

O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse que a Rússia enfrentou este fim de semana um “desafio à sua estabilidade”, devendo agora unir-se em torno de Vladimir Putin.

A cidade de Moscovo terminou a operação antiterrorista que estava em vigor desde a rebelião do grupo Wagner que ameaçava a cidade, anunciou o presidente da câmara da capital russa.

Apesar da rebelião lançada este fim-de-semana pelo líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, contra Moscovo, que terminou com a saída de Prigozhin para a Bielorrússia após negociações, o Kremlin deverá continuar a querer usar os combatentes do Grupo Wagner na guerra contra a Ucrânia, conclui o think-tank americano Instituto para o Estudo da Guerra.

Os serviços secretos russos terão ameaçado os familiares dos líderes do Grupo Wagner antes de Yevgeny Prigozhin ter decidido cancelar a ida dos mercenários para Moscovo para tomar o controlo do Ministério da Defesa, noticiou o jornal britânico The Telegraph, citando fontes dos serviços de segurança do Reino Unido.

O chefe da diplomacia europeia afirma que a rebelião do grupo Wagner mostra que existem “fissuras no poder militar da Rússia”, e que a Rússia estar numa situação de instabilidade política é alarmante.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, falou no Luxemburgo sobre Vladimir Putin, dizendo que “quem semeia ventos, colhe tempestades” e acrescentando que Vladimir Putin “tem estado a semear ventos ao promover um exército privado, mercenário, que se revelou capaz de desafiar as próprias forças armadas russas”. Para Gomes Cravinho, a rebelião tornou “evidente que não há coesão, que a situação [na Rússia] é de alguma fragmentação do poder“.

O ministro português anunciou também que Portugal vai contribuir até 2027, se o dinheiro for gasto na totalidade, com 70 milhões de euros para o reforço do mecanismo de Apoio à Paz. Os 27 Estados-membros da União Europeia decidiram aumentar em 3,5 mil milhões de euros o tecto financeiro desse mecanismo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, participou esta segunda-feira remotamente na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, no Luxemburgo, e deixou apelos aos países europeus para que “acelerem a derrota da Rússia aumentando o apoio à Ucrânia”.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou esta manhã que a tentativa de golpe do Grupo Wagner só veio reforçar o “grande erro estratégico” cometido por Vladimir Putin em invadir a Ucrânia.

As forças ucranianas já recuperaram 130 quilómetros quadrados de território desde o princípio da contraofensiva, no início do mês de junho, confirmou esta segunda-feira a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou no domingo “apoio e solidariedade” a Vladimir Putin por ter sabido resistir à “tentativa de traição” que foi a rebelião armada do Grupo Wagner.

O governo chinês considerou a rebelião lançada no sábado pelo líder do grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin, um assunto interno da Rússia”.

As forças ucranianas já terão recuperado o controlo de Rivnopil, uma pequena povoação rural na região de Donetsk cerca de 50 quilómetros a norte de Mariupol.

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