Se afinal não foi farsa, como julguei,
reconheço, hoje que, bem ingenuamente. Devia ter perguntado antes a Evans, em
vez de me pôr a especular sem tom nem som sobre o arranque de Prigozhin sobre
Moscovo, e a sua reviravolta, em direcção à Bielorrússia. Errare humanum est, é o que é, e digo-o com muita modéstia,
reconhecendo a minha saloiice, embora nada tenha de negativo engendrar
hipóteses, donde por vezes saem teses ilustres. Mas já estamos habituados ao
falhanço das nossas, por cá, pelo menos no capítulo dos espaços para os aviões,
há décadas em estudo, é o que se diz, mas há mais teses, também por cá, que
originam um ver se te avias de antíteses nevoentas do tipo de “Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece
que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem”, o que é extremamente aflitivo, e direi
mesmo. negativo. Mas o Prigozhin, afinal também se mostrou muito inseguro desta
vez, apesar de uma amizade antiga com o imperador, digo, o presidente russo, e
a minha tese sobre o conluio entre os dois saiu frustrada, devia ter mesmo
perguntado a Evans. Ou ao nosso ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal,
João Gomes Cravinho que, tal como eu, também enriquece as suas explicações
dos factos da nossa história contemporânea com os provérbios da sua (e minha,
afirmo-o com modéstia) competência. Como o texto seguinte de JFG e de MLC expõem.
Ponto de situação. O que aconteceu durante o 489.º dia
de guerra?
A caminho dos 500 dias de guerra, a
situação na Ucrânia continua marcada pela tentativa de rebelião armada levada a
cabo na última sexta-feira pelos mercenários do Grupo Wagner.
OBSERVADOR, 26 jun. 2023, 15:27
▲Rebelião do
Grupo Wagner levou à adopção de medidas de segurança em Moscovo SOPA Images/LightRocket via Gett
Ucrânia.
Aqui fica um ponto de
situação do que aconteceu neste 489.º dia de guerra:
Vladimir
Putin reagiu publicamente à insurreição do grupo Wagner, declarando que “tentativa
de fazer confusão interna falhou”. “O levantamento popular seria de qualquer
forma esmagado”, garantiu o Presidente russo, acusando o grupo, os “nazis
de Kiev” e o “Ocidente” de desejarem um “cato fratricida”.
Na mesma declaração, Putin disse que os mercenários do grupo Wagner
têm agora três opções: ou vão para a Bielorrússia, ou se juntam ao exército ou
vão para casa. Acusou os que alinharam na rebelião de serem “traidores” e
prometeu levá-los à justiça.
O
líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, terá
sido visto num hotel, o Green City Hotel, em Minsk,
na capital da Bielorrússia, estão a avançar meios de comunicações sociais
russos e do Ocidente, incluindo a agência de notícias
italiana ANSA.
Prigozhin partilhou no Telegram uma mensagem de áudio de 11 minutos
em que frisa que não pretendia fazer um golpe de Estado. “Não fizemos uma ‘marcha de justiça’ para destronar a
liderança da Rússia, no entanto,
mostrou os sérios problemas de segurança no país”,
acrescentou, argumentando ainda que, se a “operação especial” — a invasão — tivesse sido executada por uma
unidade treinada como o grupo Wagner poderia ter durado apenas um dia.
O ministro da Defesa da Rússia,
Sergei Shoigu, que foi o principal alvo da rebelião lançada na sexta-feira passada pelo grupo de
mercenários Wagner contra Moscovo, visitou as tropas russas em
território ucraniano, naquela que foi a sua primeira aparição em público desde
a rebelião.
Os
mercenários do Grupo Wagner vão continuar as suas operações no Mali e na
República Centro-Africana, confirmou esta segunda-feira o ministro dos Negócios
Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, em entrevista ao canal russo RT.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o
embaixador dos Estados Unidos em Moscovo “deu sinais” de que o país não esteve
envolvido na rebelião do grupo Wagner.
O primeiro-ministro russo,
Mikhail Mishustin, disse que a Rússia enfrentou este fim de semana um “desafio
à sua estabilidade”, devendo agora unir-se em torno de Vladimir Putin.
A cidade de Moscovo terminou a
operação antiterrorista que estava em vigor desde a rebelião do grupo Wagner
que ameaçava a cidade, anunciou o presidente da câmara da capital russa.
Apesar da rebelião lançada este fim-de-semana
pelo líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, contra Moscovo, que terminou com
a saída de Prigozhin para a Bielorrússia após negociações, o Kremlin deverá
continuar a querer usar os combatentes do Grupo Wagner na guerra contra a
Ucrânia, conclui o think-tank americano Instituto para o Estudo da Guerra.
Os
serviços secretos russos terão ameaçado os familiares dos líderes do Grupo
Wagner antes de Yevgeny Prigozhin ter decidido cancelar a ida dos mercenários
para Moscovo para tomar o controlo do Ministério da Defesa, noticiou o jornal britânico The
Telegraph, citando fontes dos serviços de segurança do Reino Unido.
O chefe da diplomacia europeia afirma
que a rebelião do grupo Wagner mostra que existem “fissuras no poder militar da
Rússia”, e que a Rússia estar numa situação de instabilidade política é
alarmante.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de
Portugal, João Gomes Cravinho, falou no Luxemburgo sobre Vladimir Putin, dizendo que “quem semeia ventos, colhe tempestades” e
acrescentando que Vladimir Putin “tem estado a semear ventos ao promover
um exército privado, mercenário, que se revelou capaz de desafiar as próprias
forças armadas russas”. Para Gomes Cravinho, a rebelião tornou “evidente
que não há coesão, que a situação [na Rússia] é de alguma fragmentação do
poder“.
O ministro português anunciou também que
Portugal vai contribuir até 2027, se o dinheiro for gasto na totalidade, com 70
milhões de euros para o reforço do mecanismo de Apoio à Paz. Os 27
Estados-membros da União Europeia decidiram aumentar em 3,5 mil milhões de
euros o tecto financeiro desse mecanismo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da
Ucrânia, Dmytro Kuleba, participou esta segunda-feira remotamente na reunião
dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, no Luxemburgo, e
deixou apelos aos países europeus para que “acelerem
a derrota da Rússia aumentando o apoio à Ucrânia”.
O secretário-geral da NATO, Jens
Stoltenberg, afirmou esta manhã que a tentativa de golpe do Grupo
Wagner só veio reforçar o “grande erro estratégico” cometido por
Vladimir Putin em invadir a Ucrânia.
As forças ucranianas já recuperaram 130
quilómetros quadrados de território desde o princípio da contraofensiva, no
início do mês de junho, confirmou esta segunda-feira a vice-ministra da Defesa
da Ucrânia, Hanna Maliar.
O
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, manifestou no domingo “apoio e
solidariedade” a Vladimir Putin por ter sabido resistir à “tentativa de
traição” que foi a rebelião armada do Grupo Wagner.
O
governo chinês considerou a rebelião lançada no sábado pelo líder do grupo
Wagner, Yevgeni Prigozhin, um assunto interno da Rússia”.
As
forças ucranianas já terão recuperado o controlo de Rivnopil, uma pequena
povoação rural na região de Donetsk cerca de 50 quilómetros a norte de
Mariupol.
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