terça-feira, 20 de junho de 2023

Um programa de Júlio Isidro


«Inesquecível» que vira no sábado à noite, no “Canal Memória” e revi no Domingo à tarde, no mesmo Canal, lamentando que não seja transposto ao I Canal, aliás como tantos outros “Inesquecíveis” de Júlio Isidro, feitos sempre com grande competência comunicativa, não só relativamente à questionação aos convidados como à reposição das figuras convidadas, nos programas onde aquelas eram mais jovens, e de cujas participações na RTP I bem nos lembrávamos, que fizeram o nosso prazer ao longo dos tempos, tantas vezes lamentando o desaparecimento dessas figuras de destaque – caso de Carlos Guilherme, e da sua voz de tenor, vindo de Moçambique por alturas da debandada e que só mais tarde conhecêramos, quando a fama o catapultou da docência para as suas participações no teatro de S. Carlos e noutros lugares do mundo, como se referiu na entrevista Inesquecível de sábado à noite e reposta no domingo à tarde.

Uma hora ou mais de autêntica feeria musical, no prazer de actuações de peças que nos ficaram inesquecíveis e tal foi este caso, que trouxe à baila outras figuras, como Dulce Pontes ou Pedro Barroso, mas sobretudo a voz que nunca mais a RTP fora buscar para programas de maior envergadura cultural, que repusessem orquestras e figuras identificáveis com arte e cultura diversa dos cozinhados e dos casos pessoais da nossa simpatia humana.

Um programa de encher as medidas, que terminou em homenagem a José Afonso, com a excelente participação do pianista Amílcar Vasques Dias e do violinista Luís Pacheco da Cunha - mais uns ilustres artistas que no estrangeiro obtiveram nome e acompanhamento que o seu país lhes recusou, voltados que estamos para os concertos do ruído e da movimentação caudalosos.

Com - “Eu fui ver a minha amada” - de José Afonso, na interpretação de Carlos Guilherme, terminou este espectáculo de reposição de temas clássicos e de música ligeira, nessa sua voz de tenor, há muito desaparecida da notoriedade nacional, e que foi acompanhado, na sua interpretação, pelos músicos referidos, que antes tinham apresentado um extraordinário arranjo musical ao piano e violino do “Venham mais cinco”, do mesmo Zeca.

Só desejamos um permanente Júlio Isidro actuante, ainda que apenas no seu Inesquecível, do Canal Memória, sentindo-nos felizes, todavia, quando é mostrado pelos actuais transmissores dos programas, como a nossa expressiva Tânia nas suas entrevistas competentes, de valorização das nossas figuras nacionais.

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