domingo, 25 de junho de 2023

Os ziguezagues da História


Na perseguição aos cristãos. Com assento na Espanha aguerrida, extraordinariamente cruel, e concluindo no comportamento português, segundo actuação sinuosa de uma esquerda matreira e requintada, hoje, com o auxílio da imprensa e das tecnologias mediáticas, de uma densidade, extensão e subtileza na crueldade, que lembram as algas sorrateiras que infestam os mares e alastram pelas praias, assustadoramente. Jaime Nogueira Pinto o narra, com o seu poder de observação. apoiado na competência do seu saber e da sua ética. Impecável e frontal. Como sempre.

 

As eras dos mártires

Por cá, prefere-se a “opressão diária” mais ou menos discreta: o assassinato moral, que não dá cadeia; a acusação anónima, que permanece impune; e o linchamento mediático, que dá audiências.

JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 24 jun. 2023, 00:1818

Neste Sábado, 24 de Junho, vai ser inaugurada em Fátima uma estátua do cardeal József Mindszenty, antigo Primaz da Hungria, um sacerdote e prelado que, pelo seu permanente testemunho em defesa da fé, da justiça e da verdade, foi perseguido pelos vários regimes que foram dominando a história movimentada e trágica do seu país, no século XX.

Logo em 1919, foi preso pela efémera República Soviética da Hungria proclamada por Bela Kun com apoio de Lenine, que governou o país durante quatro meses. No final dos anos 30, Mindszenty combateu o partido Cruzes de Flecha, e os nazis húngaros de Ferenc Szálasi encarceraram-no quando, em 1944-45, chegaram ao poder. Foi nesse tempo que dois diplomatas portugueses, com a cobertura do Governo de Lisboa, o Embaixador Sampaio Garrido e o Encarregado de Negócios Teixeira Branquinho, salvaram, em Budapeste, mais de mil judeus, dando-lhes passaportes portugueses.

Mas o pior para Mindszenty e para os católicos húngaros chegou com as tropas soviéticas e o regime comunista em 1945. Mindszenty, feito Cardeal e nomeado Primaz da Hungria e Arcebispo de Esztergon por Pio XII em Fevereiro de 1946 seria preso a seguir ao dia de Natal de 1948. Na prisão foi torturado e obrigado a confessar uma extensa lista de delitos, desde o roubo da coroa de Santo Estêvão, à restauração dos Habsburgo e à preparação da Terceira Guerra Mundial. Entretanto, tivera o cuidado de deixar um documento em que reiterava as suas convicções e prevenia os fiéis de que tudo o que dissesse contrário à fé e à razão, devia ser ignorado porque se deveria à a coacção.

Em 30 de Outubro de 1956, o Cardeal foi libertado pelos revoltosos anti-comunistas; e em 4 de Novembro, perante o esmagamento da revolta pelas tropas russas, conseguiu chegar à embaixada dos Estados Unidos e pedir asilo político. Ali ficou 15 anos, a mais longa pena de “residência fixa” dos tempos modernos. Em 1971, o Papa Paulo VI negociou com o líder comunista húngaro Janos Kadar a saída de Mindszenty para o exílio em Viena, onde morreu em1975.

Perseguições

Os cristãos começaram a ser perseguidos no império romano, de Nero a Diocleciano, com alguns intervalos de tolerância. Foram então bastante maltratados, submetidos a torturas e vexames de toda a ordem; mas embora o poder dos imperadores fosse absoluto e não precisasse de sufrágio popular, as medidas violentas eram geralmente precedidas de rumores e acusações caluniosas para preparar o terreno e legitimar a perseguição aos olhos do povo comum. Por isso os cristãos foram acusados por Nero do incêndio de Roma. Em qualquer caso, as duas formas de atacar uma pessoa, um grupo, uma crença ou uma religião – a calúnia e o assassinato moral e a violência material e o assassinato físico – seriam usadas em conjunto ou alternadamente contra os cristãos. As perseguições da chamada “Era dos Mártires” duraram até ao Édito de Milão, em 313, mas ao longo da História, os cristãos voltariam a ser perseguidos.

E diga-se que também perseguiriam; e que, em nome do que cada parte considerava a ortodoxia e a verdadeira Fé, também se perseguiriam e exterminariam entre si. Basta lembrar as guerras religiosas e os seus massacres cruzados, em França e na Alemanha, nos séculos XVI e XVII.

As perseguições aos cristãos na Modernidade chegariam com a segunda “Era dos Mártires” inaugurada pela Revolução Francesa, no final do século XVIII.  No séc. XX, a Revolução Russa e a Revolução Mexicana, inspiradas pelo ateísmo e laicismo militantes continuariam uma “caça ao cristão” que ser repetiria aqui bem perto, em Espanha, durante a Segunda República. Stanley Paine foi bem claro quando escreveu que, em Espanha, “a perseguição à Igreja Católica foi a maior na Europa Ocidental”. Começara com uma série de legislações discriminatórias e, a partir do governo da Frente Popular e do levantamento nacional de 18 de Julho, atingiria o apogeu.

Quando veio a República, em 1931, numa Espanha com 23 milhões de habitantes, havia 111.000 consagrados. Mais de 34.000 eram sacerdotes diocesanos e cerca de 60.000 eram religiosos e religiosas de congregações monásticas. Havia ainda uns 14.000 seminaristas e cerca de 5.000 conventos e casas de religiosos.

Esta Igreja, sobre a qual Ortega y Gasset e Salvador Madariaga pronunciavam juízos muito negativos, mereceria também uma apreciação crítica do líder católico da direitista CEDA – José Maria Gil Robles – e uma dura análise do próprio núncio papal, Frederico Tedeschini, que, nos seus informe a Roma,  reconhecia o divórcio entre a Igreja e a sociedade, as “falhas do clero espanhol que não pregava o Evangelho”, a ignorância do povo de Deus que “não sabia sequer o Padre Nosso” e o estado lastimoso dos seminários. Deste negro retrato da Igreja em Espanha, Tedeschini concluía quetalvez a República servisse para despertar as consciências dos católicos”, ou seja, ao quebrar a protecção e a cumplicidade com o poder, ao expor a Igreja à hostilidade e à perseguição, talvez a República acabasse por renovar e melhorar o clero e a comunidade católica.

Foi a este respeito que o historiador Vicente Cárcel Orti publicou recentemente: La Persecucion Religiosa en España durante la II República (1931-1939). Cárcel elucida-nos sobre o estado dos seminários espanhóis no princípio do século XX, onde reinavam a confusão e a indisciplina. Os sucessivos núncios papais dos pontificados de Pio X (1903-1914) e Bento XV (1914-1922) foram dando nota a Roma destes problemas e das iniciativas para os resolver, algumas partidas de leigos empenhados, como os criadores da Associación Católica Nacional de Propagandistas, animada pelo padre jesuíta Angel Ayala; ou Manuel Loring, conde de Mieres, que se prontificava a financiar uma universidade católica. A incultura, a falta de sentido social, e a deficiente formação dos sacerdotes eram referidas nesta correspondência dos núncios com Roma.

A hostilidade da República acabou, numa primeira fase, por melhorar, pela selecção. Segundo números citados por Cárcel, os quase 14.000 seminaristas de 1931 passaram a 7.400 em 1934, ou seja, mais de 40% abandonaram o Seminário. Quanto às origens sociais dos seminaristas, só cerca de 30% vinha de famílias pobres de agricultores. Dos 70% restantes, a maioria era de classe média – filhos de pequenos proprietários ou comerciantes – e 15% da classe média intelectual e da classe alta.

Em Espanha havia, a nível intelectual e popular, uma tradição anticlerical feita de propaganda, mentiras, meias mentiras e algumas verdades: a imagem prevalecente era a de uma Igreja que, secularmente, com o apoio da Monarquia, teria oprimido e policiado o pensamento, tomado conta de grandes riquezas e propriedades, pactuado com os poderosos e esquecido o Evangelho. Em 1906, em Barcelona, um político radical e maçon, Alexandre Lerroux, incitava assim os jovens seus partidários:

“Entrai à força na civilização decadente e miserável deste país sem sorte; destruí os seus templos, acabai com os seus deuses, levantai o véu das noviças e elevai-as à categoria de mães para virilizar a espécie. Não pareis diante dos sepulcros nem dos altares. Não há nada sagrado na terra. O povo é escravo da Igreja. Lutai, matai, morrei.”

A legislação da República em 1931 foi nesse sentido. Mas a verdadeira perseguição ia acontecer depois da vitória tangencial, em Fevereiro de 1936, da união das Esquerdas, conhecida como Frente Popular. Imediatamente a seguir à vitória, começaram as violências, com agressões a párocos, invasões de conventos e queima de igrejas. Porém, foi depois do levantamento militar de 18 de Julho que a matança chegou em força. Os órgãos de propaganda da Esquerda não pararam de denunciar a cumplicidade da Igreja com os “sediciosos fascistas”, o que levou a que as turbas – sobretudo de anarquistas e socialistas – se precipitassem na caça aos religiosos que, depois de detidos, humilhados e torturados, acabavam por ser levados para o “paseo”, mortos e abandonados.

Os números da matança

Cárcel dá, no seu livro, detalhes impressionantes, a que acrescenta quadros numéricos, também impressionantes: é claro que a grande maioria das vítimas são das áreas onde triunfaram os partidos da Frente Popular sobre os rebeldes, como na diocese de Madrid, onde foram assassinados 334 sacerdotes seculares, cerca de 1/3 dos 1.118 existentes; ou na de Barcelona, em que mataram 279 padres, 22% do total. Em Ciudad Real foram mortos 40% dos sacerdotes da diocese, em Barbastro quase 90% e em Ibiza 40%. No total, foram assassinados 4.184 sacerdotes. A este número há que juntar 2.365 religiosos e 283 religiosas.

No livro de Cárcel há pormenores sobre os lugares e as linhas de actuação dos perseguidores. Metade das vítimas foi morta nos dois primeiros meses que se seguiram ao levantamento militar. Ao mesmo tempo que se iniciavam as perseguições e massacres, o governo da República proclamava uma ampla amnistia aos presos comuns. Muitos destes amnistiados entraram de imediato para as milícias criadas para defender a República dos “facciosos”.

A perseguição variou também de acordo com a cor política dos responsáveis locais da Frente Popular; por exemplo, nas três províncias do País Vasco, dada a filiação católica do líder do PNV, José Antonio Aguirre, apenas 47 sacerdotes foram mortos e eram quase todos monárquicos carlistas.

Tudo se preparou friamente, como sublinharia o Papa Pio XI na Encíclica Divini Redemptoris sobre o comunismo, “com um ódio, uma barbárie e uma ferocidade que não se julgariam possíveis nos nossos dias”.

Não quero aqui transcrever as torturas humilhantes e as mortes horríveis que sofreram estes novos mártires, alguns queimados vivos e castrados nas praças de touros – mas convém que não caiam no esquecimento.

Os nossos mais brandos costumes – instituídos sobretudo a partir dos anos trinta – ainda não eram especialmente notórios na Primeira República; de qualquer forma, deixaram-nos muito longe da selvajaria e do sadismo dos “frente-populistas” espanhóis.

E hoje? A organização Open Doors International publica um índice global anual sobre a perseguição aos cristãos, com a lista de todos os ataques, desde a “opressão diária discreta” à “violência mais extrema” (ou, nas palavras do Papa Francisco, desde a perseguição “educada, disfarçada de cultura, modernidade e progresso” à perseguição “explícita”). Só entre Outubro de 2020 e Novembro de 2021, em 76 países, mais de 360 milhões de cristãos – católicos, ortodoxos, protestantes, baptistas, evangélicos, pentecostais – foram perseguidos; 5.898 foram mortos; o número de igrejas fechadas, atacadas e destruídas multiplicou-se para 5.110; e a percentagem de “cristãos detidos devido à sua fé” aumentou em 44% em relação ao ano anterior. Números que, sempre segundo a Open Doors International, têm vindo a crescer exponencialmente neste ano de 2023, prefigurando-se uma terceira “Era dos Mártires”.

Por cá, prefere-se a “perseguição diária” mais ou menos “discreta, educada e disfarçada de cultura, modernidade e progresso”, ou seja, privilegia-se o assassinato moral, que não dá cadeia; a acusação anónima, que permanece impune; e o linchamento mediático, que dá audiências, não ensanguenta a arena e mantém os assassinos atrás das tábuas, no aconchego das redacções e das régies.

A SEXTA COLUNA   CRISTIANISMO   RELIGIÃO   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

Pedro de Freitas Leal: Obrigado pelo seu artigo. Muito ilustrativo. Vamos estar atentos.             Maria Emília Santos Santos: Excelente crónica! Obrigada. Existe uma cristofobia assustadora em Portugal, um desejo louco de destruir a Igreja e os seus sacerdotes! Nós pagamos impostos para os "donos" da Câmara Municipal de Lisboa, e a freguesia de santa Maria Maior, promoverem arraiais obscenos, indignos de serem vistos por qualquer cidadão honrado, quanto mais crianças! Para que fazem então esta maldade aos portugueses? Fica a pergunta!               João Floriano: Destaco precisamente o último parágrafo. Sempre fomos um povo de brandos costumes.                 vitor Manuel: Bem esclarecedor este artigo que nos mostra no que o Mundo Ocidental se tornará caso não surja alguém com eles no sítio e que não se importe de ser conotado com políticas radicais de Direita.             Ana Silvavitor manuel: Sim, se por “políticas radicais” entendermos políticas que contradigam o desvario socialista, o progressismo wokista, o politicamente correcto. Defendam a nossa raiz judaico-cristã. Protejam as nossas crianças da sexualização precoce. Combatam a censura descarada sobre toda a ideia ou pensamento contrários ao moralismo imposto pelas ideias progressistas que importamos de sociedades já em colapso (como a americana).              Joaquim Almeida: É bom lembrar a história da Frente Popular para que "a tragédia não se repita como farsa". Ainda há dias, um comunista universitário brasileiro, assessor de Dilma Roussef no Banco dos BRIC, na China, vociferou por lá que deviam ser condenados à morte todos os que se opõem ao socialismo.              vitor Manuel > Joaquim Almeida: A grande questão é que para os média "democratas", assim como para o pretenso P.R. desta trampa de Regime, o presidente do Brasil não é ao contrário do anterior um perigo para o Ocidente.             Maria Augusta Martins: Para a próxima fale das sevícias praticadas pela 1ª República contra o Clero, em especial contra os jesuítas, nomeadamente no colégio de Campolide e de S, Fiel e na destruição e queima parcial dos edifícios e da totalidade do acervo cultural de que eram depositários, em história, Antropologia, e todas as chamadas Ciências Naturais. São temas propositadamente escondidos pelos governos deste país, isto sem abordar os roubos e expropriações ilegais dos bens da igreja, como por exemplo as residências paroquiais, os seminários e colégios. E arrogavam-se de ser mentes esclarecidas aptos a educar.... o povo.                 Joaquim Almeida > Maria Augusta Martins: Salazar e o "fàssismo" são o biombo da esquerda para ocultar tudo isso e o projecto estalinista do PCP/Cunhal.                Carlos Chaves: Obrigado Jaime Nogueira Pinto, é sempre um prazer aprender com as suas crónicas. Relativamente aos nossos “brandos costumes”, contrastam com barbárie que se passou aqui ao lado não só ao nível religioso, mas também ao nível político e social que ainda nos dias de hoje marca muitas famílias Espanholas. Obviamente não defendendo a barbárie não estou certo de que os nossos “brandos costumes” nos tenham trazido (ou nos dêem) qualquer espécie de vantagem.              João Floriano > Carlos Chaves: Vou tomar a liberdade de acrescentar algo ao seu comentário..........espécie de vantagem. mas a verdade é que a violência também não trouxe nada de positivo à sociedade espanhola, profundamente ferida com uma Guerra Civil perto de atingir os 100 anos. Tal facto atesta o grau de violência e ódio que deixou no seu rasto. Os espanhóis ainda não fizeram as pazes. Quanto a nós e aos nossos brandos costumes, cá estamos fazendo a nossa Via Sacra com a direita a ser desprezada e pisada pela esquerda. O mais intrigante é que a direita convencionalmente chamada de democrática deixa-se aniquilar. Somos uma combinação letal de brandos costumes com o politicamente correcto. Até quando?            Carlos Chaves: João Floriano: Caríssimo João não podia estar mais de acordo consigo, tenho vários amigos Espanhóis e de diferentes regiões, e das conversas que tenho tido com eles, o seu comentário assenta que nem uma luva (infelizmente para eles). Nós somos uns sonsos que nunca soubemos, no nosso território, o que foi uma guerra civil ou outra, “digna” desse nome! Talvez isto justifique os nossos “brandos costumes”!                J. Lopes: Lembro a pateada na AR quando André Ventura citou palavras de S. Paulo, mostra e demonstra o que é de facto o ataque aos valores das religiões cristãs, no entanto apoiam os muçulmanos que mais tarde ou mais cedo começarão a perseguir na Europa as populações que entram sem qualquer controlo e ainda em território Europeu o agente da Arábia Saudita, Obama vem criticar a UE, na Grécia, por falta de auxílio a barcos de borracha com centenas, colocados pelos navios das ONGs apoiadas por gente do seu grupo, como Soros, WEF Obama foi o pior presidente de sempre dos USA, pelo mal que fez no Norte de África a mando de Israel e da Arábia Saudita, acabando com os Estados frágeis da região. Obama é um novo rico, um corrupto e nem é americano por ter falsificado a identidade e dados de nascimento, aproveitando-se disso para infiltrar a Casa Branca, Biden não existe, nunca deu uma conferência de imprensa é um fantoche do grupo de Obama/ Clinton que infiltrou o FBI e o sistema judicial, as forças armadas será mais difícil, mas enquanto a máquina e o complexo Militar Industrial quiserem as coisas assim ficarão.             Hipo Tanso: Parece-me haver motivos mais do que suficientes para se prever uma perseguição maciça contra os cristãos. Se observarmos o que se passa no continente americano, principalmente nos regimes dictatoriais já consolidados ou emergentes (Brasil, Nicarágua, Argentina...), não é difícil prever o advento de uma terceira era dos mártires (principal ou exclusivamente cristãos). Lamentavelmente, a Europa não ficará imune a essa tendência, discretamente alimentada pelas ideologias de inspiração marxista.                 bento guerra: Não havia uma ligação, duas gerações depois, a um tal Viktor Orban? Não conta             António Rocha: ...APENAS 47 foram mortos?                  Rui Pedro Matos: Certo! Muito bem.                     Ana Silva: Duro, mas verdadeiro. É espantosa a animosidade contra a Igreja Católica, não vamos mais longe: nas caixas de comentários aqui mesmo no Observador. Independentemente dos pecados de alguns dos seus membros ou pastores (que pela inconsistência da sua vida com a de Jesus e com o anúncio do Reino de Deus nem deveriam pertencer-lhe), a Igreja tem uma presença benéfica incontornável na sociedade, por exemplo, através dos seus missionários nos locais mais difíceis da Terra, muitas vezes unindo-se às populações e aos seus sofrimentos sacrificando as suas vidas (quando podiam ter fugido), para continuar a apoiá-las, veja-se o caso relativamente recente dos monges retratados no filme Dos homens e dos Deuses. Mas também os hospitais foram uma invenção cristã e a própria Florence Nightingale que fundou a enfermagem dos nossos dias se inspirou nas freiras e irmãs católicas que trabalhavam com os pobres. Fora o bem que através dos seus sacerdotes e leigos, no apoio espiritual e material às famílias, nas paróquias, ou seja ao próprio povo cristão, é feito sem alarde, sem foguetório, sem vaidade e sem aproveitamento político. Jesus já tinha avisado, que quem o seguisse seria também perseguido. Um mistério, que nos espanta. Mas também uma bem-aventurança, com que somos abençoados (Felizes seremos se formos perseguidos por causa do nome de Jesus Cristo).

 

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