quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O país da mentirinha

Aqui há uns mesitos, a banca fez constar que obtivera lucros fabulosos. Muitos milhões de euros. Aquilo foi bom para dar confiança a todos nós que não somos da banca, e nos limitamos à pia do lava-loiça – a nossa banca diária - para chafurdar na vasilha do alimento. Chafurdámos com mais entrain ao receber a boa nova dos lucros fabulosos da banca, julgando que nos dizia respeito, e até nos atrevemos a compor os pratos com mais requinte e dispêndio, diante da nossa banca habitual, atidos ao lema de que também temos direito ao sol nascente.
Afinal, o governador de uma das bancas vem agora com ar de anjo manso de quem não tem culpa, embora um pouco soturno de quem sabe que o mal é só para nós outros que não somos governadores, garantir que estamos à beira da recessão e que 2009 nos será muito desfavorável. Desfizemos o requinte e regressámos ao esfregão. Entretanto, descobriram-se mais fraudes, na banca, e até – ó céus! – ouvimos falar no desfazer de matrimónios, por via de distribuir melhor os lucros pessoais, não fosse o diabo tecê-las. Mais uma mentirinha para a governação de quem pode e sabe governar-se.
O próprio governo também é pouco escrupuloso. São as combinações de reuniões com os sindicatos – dos professores, por exemplo - que resultam em nada, porque tudo, nas intenções dos governantes é mentirinha, fraude, engano, troça. E nós, bem troçados e escarrados como lorpas, aqui estamos a continuar a ouvir e ler as mentirinhas de quem já não sabe distinguir o Bem do Mal, o Falso do Verdadeiro, os compromissos assumidos e o seu não cumprimento, só atentos às estatísticas do bem-vestir.
Temos ou não temos o absoluto direito e o honrado dever de entristecer e até de enrubescer com a vergonha de sermos como somos? Releiamos o nosso imortal Eça e a sua “Campanha Alegre”, tão parecida já, nos figurantes parlamentares aí descritos, com os de hoje, alargados, para mais, estes, a tantos outros domínios de figuração...

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