quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A entrevista

Esta entrevista ao Engenheiro José Sócrates do dia 5 do corrente novo ano, pelos jornalistas televisivos Ricardo Costa e José Ferreira, ambos magrinhos, e por isso incapazes de penetrar a armadura bem estruturada da estatura ministerial, deixou-nos muito perplexos. Mas também os comentadores que assinalaram a entrevista logo a seguir, nos vários canais, bem se viu que também não são consensuais. Tudo depende da perspectiva, ou seja, do partido que os rege.
Os do PS são unânimes em crer na força vocal do homem do governo, correspondente às suas boas intenções de suster providencialmente o caudal de desgraças que se avizinha – desemprego, despedimentos, esbanjamentos, caos familiares em consequência... Houve mesmo quem alvitrasse sobre a luz ao fundo do túnel que o nosso Primeiro representa, com a sua força, com o abrir da bolsa antes avara, agora generosa, de contas a trouxe-mouxe, em significativa homenagem a um curso, ao que parece feito também um pouco a trouxe-mouxe, embora bem avaliado, daí que ele ponha tanto finca-pé na avaliação do país.
Todos os outros partidos, por desconhecerem o tamanho do túnel, ou por falta de visibilidade da luz ao fundo dele, recorrem antes à imagem do aprendiz de feiticeiro do poema de Goethe, musicado por Paul Dukas e utilizado por Walt Disney no seu maravilhoso filme animado “Fantasia”.
Nele, o Rato Mickey faz de aprendiz, que, para bater umas sornas adequadas, utiliza os poderes do tio feiticeiro para a vassoura e os dois baldes carregarem a água para as tinas da casa, trabalho da sua competência. O resultado é a inundação que o tio desfaz, em comunhão com a música de Dukas, além da vassourada que repõe o aprendiz no lugar que lhe compete.
Mas a nós não haverá tio para repor, D. Sebastião definitivamente arrumado e o Messias malbaratado em todas as partes da aldeia. Resta-nos o Rato Mickey com os seus malabarismos, com a sua voz sonora. Malabarismos são sempre o nosso forte. E dos roncadores já Vieira escreveu.

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