terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Uma justiça de trazer por... autarquia

O programa até foi bonito, desenxovalhado, bem apresentado, por uma apresentadora bonita, garrida e meiga – a Catarina habituara-nos à garridice, à meiguice e à beleza, que se manteve na sua continuadora Sílvia – um júri alegre, humano e competente, com um professor italiano excelente, a quem o país tanto deve em termos de coreografia, plasticidade e poder criativo, de quadros progressivamente enriquecidos, de dificuldade acrescida. Foi bonito ver os pais e as mães acompanhando os filhos e as filhas, aprendendo com eles para os fazer brilhar.
Muitos pares foram ficando pelo caminho que devem ser estimulados – relativamente aos filhos, é claro – a trabalhar na área da dança, em função da sua realização pessoal e do enriquecimento do seu país, que um grande senhor italiano ajudou a projectar nesta área das danças de salão. A nossa gratidão por ele, os nossos parabéns a todos, concorrentes, júri, apresentadora, professor italiano, figurinistas, num espectáculo onde realçou a beleza, a harmonia, e a simpatia.
Mas o final foi triste. O júri simpático, que tinha valorizado o par Vanda e Francelino com alguns vintes que o posicionava em lugar cimeiro, no último espectáculo deixou-se, à maneira bem portuguesa, que arrastou o próprio professor italiano Marco, a realçar os pais e sobretudo a mãe do concorrente vencedor, numa coreografia que imitou grotescamente a da Vanda, pondo o próprio filho em segundo plano para fazer exibir a mãe. Gesto bonito de todos, mas não se tratava de uma exposição de afectos.
Porque o par Vanda-Francelino superou em beleza, correcção e harmonia todos os mais. Fora ela de Matozinhos, teria ganho. Mas era de Pombal, menos bairrista, e perdeu. Aconteceu o mesmo no Julgamento de Páris, causa primeira da guerra de Tróia. Fora Páris menos mulherengo e não se deixaria subornar por Vénus.
O meu pomo de oiro vai para a Vanda. Com profunda admiração. Sem suborno. Mas com tristeza, por ser tão parola a nossa justiça.

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