terça-feira, 19 de julho de 2011

Ainda os velhos “sofistas” dos “maus caminhos por direitos…”

Bastou a minha amiga ler o texto anterior, que, para restabelecer os seus créditos nas mãos alheias e nas próprias, logo se ergueu do marasmo que tem sido o seu, ultimamente, na questão dos comentários provocantes, para lançar com o donaire habitual:
- Olha lá, e aquele que tem sido tão gozado, o Ministro das Finanças?
- Vítor Gaspar, como se chama. Tem muitos estudos e também é ministro de Estado.
- Mas parece o Cavaco a falar. Está a ser gozado com a imagem do “desvio colossal” que não é brincadeira. Parece uma coisinha que está ali e não sabe o que está a fazer, a fazer uma figurinha tão coisinha!
- Naturalmente o desvio é mesmo colossal, pois Passos Coelho confessou isso ao seu grupo político, dizendo que ultrapassa os dois mil milhões de euros. E a justificação que o Ministro das Finanças deu, na reposição da frase do chefe, em tom exteriormente muito soturno, a desmistificar a questão, pareceu-me, antes, muito inteligente e maliciosa: retirados os morfemas, os lexemas e os fonemas respectivos, dos variados sintagmas de permeio, entre os citados sintagmas nominais, sobressaíam apenas os semantemas “desvio financeiro” e “trabalho colossal”. Quem gozou foi ele, em voz dorida, apoiando o extraordinário das asserções, que toda a gente sabe quão verdadeiras são, pois a desvios é que nos temos habituado, além de outros que a gente desconhece.
- Dois mil milhões! E nem um milharzinho veio parar ao nosso bolso! Nossa!
- Se tivesse vindo, não estaríamos nós aqui a falar disto, que o silêncio é imprescindível nesta coisa de fundos.
- Então e aquela frase do Cavaco que vai dar para a semana toda, a dizer que era melhor que o euro fosse fraco!
- Eu também ouvi e estranhei, pois ele larga essas bombazitas fruto do seu pensamento grave, e não as justifica. Explicou-me o meu marido que deve ser para aumentar as exportações em relação ao resto do mundo, que ele quer enfraquecer o euro, mas, sendo as nossas exportações mais voltadas para a Europa, o câmbio deixa de ter significado, e a frase transforma-se em parolice sem sentido, para ele ir merecendo a atenção geral, dentro do seu critério de aparente modéstia. A verdade é que dá sempre que falar.
- Ah! E olhe lá! O país de norte a sul em festa! Os troikos devem estar encantados! Aqueles três dias de espectáculo na praia do Meco… três dias! Sabe quanto custam três dias? 150 euros cada pessoa, eles, os rapazinhos… as famílias pagam. O genro do Cavaco, o marido da Patrícia, que é doutora, é que promoveu. Sabe quantas pessoas estavam lá? Noventa mil. Aquilo é um terreno na praia do Meco… três espectáculos ao mesmo tempo. Muitos são estrangeiros. Mas o genro do Cavaco deve ter dinheiro, pois ele organiza aquilo, que dá muito trabalho. Não conhece? Não está cá! Olhe que ele aparece na televisão!
A minha amiga tem o condão de me deprimir.
- E já viu os motards?
Esses eu tinha visto nessa manhã, e ouvido as pessoas que mostravam a sua muita satisfação a assistir ao espectáculo do roncar das motas, desejando que no próximo ano se repetisse a festa.
- Vem uma barbaridade de gente. As comissões ganham com isso. Aparecem tantos portugueses! ... Não há crise. Porque se a gente dissesse assim: Coitados! Não apareceu ninguém! Mas não cabe mais um! É um espanto! Ainda não ouvi nenhuma crítica! A justificação é de que isso traz dinheiro para a terra. Só não compreendo é como é que há tanto! E vamos ver o que se segue…
Uma bica de facúndia, na manhã de ontem, na expectativa de uma acção governativa eficiente e limpa. E discreta também. Sem os tais velhos sofismas.

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