A minha
amiga hoje só soube tecer elogios. Ainda tentei um sussurro de ralação, vistos
os desaires em que somos tão peritos, mas não deu atenção, esfusiante que
estava de alegria pelos casos positivos da sua recolha do dia. Só comigo é que
foi parca, embora me tenha visto arrumar o carro com uma competência que a mim própria,
confesso, me maravilhou, e até fiquei sentida com omissão. “Mulier sum,
feminini nihil a me alienum puto”, daí que inicialmente até me mostrei um
pouco enxofrada, coisa, aliás, de menor monta para uma amizade superior a
questiúnculas ínfimas de pontos de vista díspares ou apelativos de mudança, na
comédia habitual da vida: “ridendum castigat mores”.
Os elogios
que ela teceu foram a uma tal Joana Vasconcelos que vai montar uma
exposição com as suas criações feitas dos mais esquisitos materiais “em
Versalhes, imagine-se! A engrenagem já é tão grande que tem uma grande
quantidade de gente a trabalhar para ela. Uma exposição com um helicóptero feito de
plumas!” Fiquei a saber também que ela tem um par de sapatos da Marylin
Monroe e eu só me perguntei “para quê?” mas apenas intimamente, pois até
não se me daria possuir os sapatinhos encarnados que a fada deu à Judy Garland/Dorothy
no “Feiticeiro de Oz” para também ajudar a transformar o mundo e um bocadinho a
nós próprias, tal como ela, que tinha aspirações de fuga de casa para um mundo
diferente, num arco-íris que fosse, embora eu já não tenha nada a ver com isso,
que o mundo é mesmo assim, e uns ou outros sapatos pouco alterem, com
repercussão apenas sobre o bem-estar ou o mal-estar dos pés.
Outra
portuguesa de quem a minha amiga falou foi da Carminho:
-“Está
cá o José Carreras e quem canta uma das cantigas com ele, no Pavilhão
Atlântico, é a Carminho, que está a cantar que é uma maravilha. Cantou fado com
um cantor espanhol muito conhecido - Pablo Alborán – e está nos tops de vendas
em Espanha.
Falou-se
também na Yolanda, que o Herman entrevistou no sábado e que cantou a
“Lágrima” da Amália e mais uns trechos de ópera, com uma voz que me maravilhou,
e a minha amiga logo informou que ela poderia ir longe:
- Deu um
espectáculo fabuloso no Porto, com uns acompanhantes que são um espanto, mas
quando o Herman lhe perguntou como era em termos de percurso no estrangeiro,
logo ela mostrou que seria difícil, para já, por não poder levar os
acompanhantes com ela. Mas a mistura de fado e música clássica é uma
maravilha!
Considerámos
o fado como algo de muito especial e eu achei que o de Coimbra também merecia
ser integrado no património cultural mundial, apesar das transformações que
tomou, ou talvez por isso. Valia a pena tentar divulgá-lo no mundo.
A seguir
foi a Luciana Abreu que mereceu a nossa atenção, mas a minha amiga achou
que o prémio do “A sua cara não me é estranha” devia ser repartido por
ela e o FF e eu concordei, adepta do “ex aequo et bono”, como no
Prémio Nobel, mas concordámos na variedade de opiniões e sentenças a comandar o
mundo e aceitámos a decisão com simpatia.
E assim,
com tal fartote de casos de sucesso entre nós, com muitos outros que ambas conhecemos, embora mais discretos, o que não importa muito, fui
arrastada para uma onda de optimismo, mesmo sem o tal arco-íris da “Dorothy”, aliás até pouco
favorável à Judy Garland, coitada!
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