quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Nos meus tempos do liceu
Tempo em que a escola era franca e risonha
Ao contrário do que se diz
- Tempo de exigência bisonha,
Na opinião geral
Actual -
Havia no livro de francês
Uma fábula do La Fontaine
Que eu decorei.
Era um tempo em que se decorava
E a poesia andava
Na nossa cabeça e acompanhava
O nosso evoluir
Que eu muito bem sei.
Era a fábula
Le Laboureur et ses Enfants”
E assim rezava :
« Travaillez, prenez de la peine :
C’est le fonds qui manque le moins »…
Mas devo antes traduzir
Para assim me divertir
E melhor fazer compreender
As lições do clássico francês
E o porquê de tal fábula no nosso livro de francês,
Não sei bem se do terceiro ano
Que corresponde ao sétimo actual
Em que, por nosso mal,
O francês desapareceu de vez.
Vejamos a tradução,
Com o meu pedido de perdão
Por atraiçoar um pouco a escrita
Embora sem muita batota
Que não está na minha intenção
A traição:

“Trabalhai, esforçai-vos
É o recurso que menos falha
Na diária batalha.
Um rico Lavrador, sentindo a sua morte chegada
Mandou vir os seus Filhos,
Falou-lhes sem testemunhos.
“Não penseis em a herança vender
Pelos nossos pais deixada:
Um tesouro está lá escondido ,
Perdido
Não sei bem onde; mas corajosamente
Achá-lo-eis, vereis:
Consegui-lo-eis,
Se o quiserdes ter,
Seguramente.
O vosso campo revolvei
Mal a ceifa esteja acabada,
Furai, remexei, cavai,
Nenhum lugar deixeis
Em que a vossa mão pesada
Não passe e repasse
Cautelosamente.
O pai tendo morrido,
O campo os filhos revolvem
Por aqui, por ali, sem exceptuar nenhum cantinho
De tal forma que ao fim do ano
O campo produziu mais milho e vinho
E tudo o que o campo tem obrigação de dar
A quem se quer esforçar
Por isso obter.
Dinheiro não o puderam achar
Que não estava lá escondido
Realmente.
Apenas metaforicamente.
Mas o pai foi bem prevenido
Ao mostrar-lhes, antes da sua morte
Que o trabalho
É o tesouro mais forte.

Esta fábula é bem importante!
Quem dera que os nossos alunos a decorassem
E a si a aplicassem,
Briosamente,
Que as nossas famílias aos seus filhos a ensinassem,
Que as nossas gentes a meditassem
E nos seus trabalhos a utilizassem
Profissionalmente,
Inteligentemente!
E que os nossos governantes a impusessem
Sem subterfúgios,
Rigorosamente!
Quem dera que isso fosse verdade
E não fábula sonhada
Entre nós cá,
E só propalada
Aos quatro ventos
Pelos povos atentos.
Lá.

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