- …Estas discussões entre eles, nas televisões… e depois vêm pessoas normais dizer o que está mal e tudo o que se devia fazer para melhorar. E cada vez está tudo a piorar. Onde é que está a melhorar? Vê lá que para salvar o futebol – a minha amiga está mesmo formalizada, senão não me trataria por tu, que a nossa relação é de cerimónia, pois só nos conhecemos cá, após o retorno dos retornados de Abril, de que fizemos parte honrada, e nunca nos tuteámos, por isso é que estranhei a falta da deferência a meu respeito, a menos, admito, que falasse em abstracto, em invectiva para os seus botões – para salvar o futebol – disse - foram convidar o Mourinho para salvador. Mas para salvar Portugal não vão buscar gente.
- Ora essa! Que é lá isso? Então o que somos nós senão uma nação de nobre povo, ou seja, de gente valente, imortal?
- Nunca fomos capazes. Só somos bons rapazes, rimou a minha amiga com ferino desprezo. Herdam-se os genes, não se herda o génio, alguém disse. Eu li. Mas não foi a propósito do país.
- Mas onde quer achar gente?
- Vão lá buscar alguém, ao Norte.
- O quê? À Noruega? À Inglaterra? À Lapónia? Que têm eles a ver com isto?
- Não! Ao Minho! Ou a Trás-os-Montes!
Não sei aonde é que a minha amiga vai buscar estas ideias peregrinas, pois se se refere a génios como o Eça, nascidos no norte, ele andou sempre às aranhas com as contas dele, para poder servir de exemplo. O Fontes Pereira de Melo, o Salazar, até o João Franco, estão ligados a esforços para safar a nação e não são lá do norte, que eu saiba, nem mesmo o Marquês ou sequer o seu seguidor nos esforços, Pina Manique. O nosso Sócrates também é do sul, é certo, e os esforços que faz são devastadores, apesar do seu empenhamento no cumprimento, provavelmente porque cumprimento in incumprimento, ou vice-versa, como poderia ter escrito o nosso Ary dos Santos poeticamente, se não se quisesse limitar ao seu voluptuoso e forte “insofrimento in sofrimento”, e que todos reafirmamos prosaicamente, amigos de parafrasear que somos, por não podermos ser outra coisa. Se é pelos escritores que fala, a minha amiga, lembro-lhe o nosso Nobel da Literatura que é cá das lezírias, embora se tenha norteado sempre bem.
Quanto a mim, acho, redundantemente, por sinal, que a primeira observação da minha amiga sobre os nossos genes está mais correcta e por isso não temos safa, que somos dados à calaceirice e ao incumprimento. Por isso, a escolhermos alguém a impor regras, só mesmo lá de fora, mesmo da Lapónia.
Quanto à questão do milagroso Mourinho, a minha amiga concluiu:
- Mas é cómico, não é? É pena que os espanhóis não sejam compinchas!
- Eles não são compinchas, e nós não deixamos nunca de ser pedinchas. Outra dos nossos genes.
- Ora essa! Que é lá isso? Então o que somos nós senão uma nação de nobre povo, ou seja, de gente valente, imortal?
- Nunca fomos capazes. Só somos bons rapazes, rimou a minha amiga com ferino desprezo. Herdam-se os genes, não se herda o génio, alguém disse. Eu li. Mas não foi a propósito do país.
- Mas onde quer achar gente?
- Vão lá buscar alguém, ao Norte.
- O quê? À Noruega? À Inglaterra? À Lapónia? Que têm eles a ver com isto?
- Não! Ao Minho! Ou a Trás-os-Montes!
Não sei aonde é que a minha amiga vai buscar estas ideias peregrinas, pois se se refere a génios como o Eça, nascidos no norte, ele andou sempre às aranhas com as contas dele, para poder servir de exemplo. O Fontes Pereira de Melo, o Salazar, até o João Franco, estão ligados a esforços para safar a nação e não são lá do norte, que eu saiba, nem mesmo o Marquês ou sequer o seu seguidor nos esforços, Pina Manique. O nosso Sócrates também é do sul, é certo, e os esforços que faz são devastadores, apesar do seu empenhamento no cumprimento, provavelmente porque cumprimento in incumprimento, ou vice-versa, como poderia ter escrito o nosso Ary dos Santos poeticamente, se não se quisesse limitar ao seu voluptuoso e forte “insofrimento in sofrimento”, e que todos reafirmamos prosaicamente, amigos de parafrasear que somos, por não podermos ser outra coisa. Se é pelos escritores que fala, a minha amiga, lembro-lhe o nosso Nobel da Literatura que é cá das lezírias, embora se tenha norteado sempre bem.
Quanto a mim, acho, redundantemente, por sinal, que a primeira observação da minha amiga sobre os nossos genes está mais correcta e por isso não temos safa, que somos dados à calaceirice e ao incumprimento. Por isso, a escolhermos alguém a impor regras, só mesmo lá de fora, mesmo da Lapónia.
Quanto à questão do milagroso Mourinho, a minha amiga concluiu:
- Mas é cómico, não é? É pena que os espanhóis não sejam compinchas!
- Eles não são compinchas, e nós não deixamos nunca de ser pedinchas. Outra dos nossos genes.
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