As lições das fábulas
São sempre sábias,
- Estamos fartos de o saber -
E actuais a valer.
Como se o tempo passasse
E nunca mudasse,
Tal o impasse
Permanente
Que a vida de contingências
Nos apresenta
Infalivelmente,
Sem rectificar as consequências
Das nossas acções
Com maiores ou menores variações.
Disse La Fontaine,
Cheio da sabedoria,
Que é nele habitual,
Na sua Inteligente alegoria
“Os dois Machos”
Dois Machos iam em bom andamento,
Sem qualquer lamento:
Um carregado de aveia,
Do moleiro da sua aldeia,
Outro com o dinheiro do imposto do sal
Gabela chamado, por sinal.
Este, em glória por tão belo encargo,
Dele ser liberto não admitiria
Nem receava
Que por causa dele
Algum mal lhe aconteceria.
Com passo elástico caminhava,
A corneta tocava
Num espavento:
Apresentando-se o inimigo
De ouro sedento,
Agarrou-o pelo freio
E sem receio
O deteve.
Ao defender-se o pobrezinho
Do Macho, carregadinho
De golpes, sente-se atingido
Pela trupe maldita;
Ele geme, ele suspira
Ele delira
Ele medita.
“É então isso o que me tinham prometido?
Este Macho por quem sou acompanhado
Do perigo é libertado.
E eu estou nele caído
E assim morro, esvaído.”
“- Amigo, diz-lhe o companheiro,
Foleiro mas certeiro:
Nem sempre é conveniente
Ter um emprego decente:
Tivesses tu servido apenas um moleiro,
Tal como eu,
Não ficarias agora
Em má hora
Todo rebentadinho
De pancadas,
No caminho. »
E não é que La Fontaine nem precisou
De escrever a lição de moral
Como lhe é habitual?
Eu não sou assim tão confiante
Na compreensão de todo o ser falante
E por isso vou
Imediatamente
Lembrar aquelas sentenças
Da sabedoria antiga
Sobre o excesso de ambição,
Ou de vaidade
Ou de desprezo
Pelo semelhante,
Que às vezes é castigado.
Será avisado
Quem nisso pensar.
Carreguemos pois, a nossa aveia,
Como quem ouro semeia,
E deixemos o ouro
- Que para mais é pó,
Como o somos nós
São sempre sábias,
- Estamos fartos de o saber -
E actuais a valer.
Como se o tempo passasse
E nunca mudasse,
Tal o impasse
Permanente
Que a vida de contingências
Nos apresenta
Infalivelmente,
Sem rectificar as consequências
Das nossas acções
Com maiores ou menores variações.
Disse La Fontaine,
Cheio da sabedoria,
Que é nele habitual,
Na sua Inteligente alegoria
“Os dois Machos”
Dois Machos iam em bom andamento,
Sem qualquer lamento:
Um carregado de aveia,
Do moleiro da sua aldeia,
Outro com o dinheiro do imposto do sal
Gabela chamado, por sinal.
Este, em glória por tão belo encargo,
Dele ser liberto não admitiria
Nem receava
Que por causa dele
Algum mal lhe aconteceria.
Com passo elástico caminhava,
A corneta tocava
Num espavento:
Apresentando-se o inimigo
De ouro sedento,
Agarrou-o pelo freio
E sem receio
O deteve.
Ao defender-se o pobrezinho
Do Macho, carregadinho
De golpes, sente-se atingido
Pela trupe maldita;
Ele geme, ele suspira
Ele delira
Ele medita.
“É então isso o que me tinham prometido?
Este Macho por quem sou acompanhado
Do perigo é libertado.
E eu estou nele caído
E assim morro, esvaído.”
“- Amigo, diz-lhe o companheiro,
Foleiro mas certeiro:
Nem sempre é conveniente
Ter um emprego decente:
Tivesses tu servido apenas um moleiro,
Tal como eu,
Não ficarias agora
Em má hora
Todo rebentadinho
De pancadas,
No caminho. »
E não é que La Fontaine nem precisou
De escrever a lição de moral
Como lhe é habitual?
Eu não sou assim tão confiante
Na compreensão de todo o ser falante
E por isso vou
Imediatamente
Lembrar aquelas sentenças
Da sabedoria antiga
Sobre o excesso de ambição,
Ou de vaidade
Ou de desprezo
Pelo semelhante,
Que às vezes é castigado.
Será avisado
Quem nisso pensar.
Carreguemos pois, a nossa aveia,
Como quem ouro semeia,
E deixemos o ouro
- Que para mais é pó,
Como o somos nós
Dizem os doutores
Da Igreja mentores -
Para algum mais esforçado
Que tantas vezes é castigado
- Embora nunca arrependido -
Dos excessos da ambição,
Embora julgue que não,
Que não lhe chegará a vez,
Como ao macho francês
De ficar sozinho,
Pelo caminho.
Para algum mais esforçado
Que tantas vezes é castigado
- Embora nunca arrependido -
Dos excessos da ambição,
Embora julgue que não,
Que não lhe chegará a vez,
Como ao macho francês
De ficar sozinho,
Pelo caminho.
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