“Pouparam!” - disse a minha amiga, presa de admiração.
Eu também manifestei a minha. Os nossos vencimentos não têm dado para isso, devido a factores adversos diversos, que existem em todas as famílias dependentes dos diversos factores adversos, geralmente sem reversos, mas por isso mais propensas à admiração e quem sabe se a um resquício de inveja pelos que, ao inverso, fizeram poupanças, como o nosso presidente que afirmou desde sempre ter feito poupanças, juntamente com a sua mulher, por serem ambos poupados, o que foi uma lição para os esbanjadores, que somos todos os do adverso.
Até nos pegámos, a minha amiga e eu, pois eu não aceitei bem os lamentos do nosso presidente e desta vez fui eu que o achei zezinho, que era uma designação muito dela, já eu lha criticara, pela simples razão da necessidade de deferência para com os nossos superiores, mas a minha amiga, não sei por que carga de água - talvez porque as provações incitam aos receios dos castigos divinos, embora ela ache que estamos mais dependentes dos castigos humanos, resultantes de factores controversos entre os quais uma calçada adversa, avessa aos pés calçados e muito mais aos descalços – a minha amiga, digo, embandeirou numa de generosidade e abertura, frisando que o nosso presidente pretendeu essencialmente mostrar que estava com os portugueses mal vistos em questão de finanças, irmanando-se com eles, por um dos vencimentos não lhe dar para as suas despesas familiares, omitindo, contudo, os restantes vencimentos que se diz que tem.
Ainda nos perguntámos se porventura o novo governo iria interceder junto das finanças no sentido de resolver o problema do nosso presidente, aumentando-lhe a reforma referente a esse vencimento, ou aconselhando-o antes a um menor despesismo em virtude da situação precária do nosso país esbanjador, contrariamente às atitudes poupadas do nosso presidente e da esposa, que se vê bem que é sua alma gémea nas poupanças e na reciprocidade da estima.
Na realidade, eu não me admirei muito da saída queixosa do nosso presidente. Somos um povo dado ao queixume e os nossos jornalistas bem fazem os possíveis por demonstrar isso, interrogando as pessoas sobre isso e as pessoas dando dados disso. Até me lembrei de uma observação do meu pai, nos meus tempos da infância, quando se encontrava em momentos de euforia, definindo o povo português através de uma expressão de expressivo chorinho: “Chora a mãe trabeculosa junt’à filha qu’agoniza”. Assim éramos, segundo o maroto do meu pai, que não gostava do fado gemido. Ainda somos, mas com o fado alcandorado agora a património da humanidade, por muito imaterial que se apresente. Mas o nosso choradinho dá sempre matéria a sempre ouvido canto – elegíaco - até mesmo em prosa, como fez Samuel Usque a respeito das tribulações do povo israelita, o que prova que não somos só nós a prantear-nos.
Ora porque havia o nosso presidente de ter um canto diferente? Eu própria acabei de exprimir um queixumezinho de desengano – ou de engano, nem destrinço bem - neste meu texto que pretendia ser de sentido humor!
Ninguém deve lançar pedras sem antes fazer exame de consciência, bolas, já Jesus disse!
Não há nada como a reflexão para nos compreendermos melhor.
E a consciência de que as poupanças do nosso presidente e da esposa lhes podem proporcionar uma velhice tranquila, encheu-nos, finalmente, as medidas. Até lhes dirigimos o canto dos aniversários, do íntimo dos nossos seres:
“Parabéns a você
Pela poupança obtida.
Muitas felicidades,
Muitos anos de vida.”
Eu também manifestei a minha. Os nossos vencimentos não têm dado para isso, devido a factores adversos diversos, que existem em todas as famílias dependentes dos diversos factores adversos, geralmente sem reversos, mas por isso mais propensas à admiração e quem sabe se a um resquício de inveja pelos que, ao inverso, fizeram poupanças, como o nosso presidente que afirmou desde sempre ter feito poupanças, juntamente com a sua mulher, por serem ambos poupados, o que foi uma lição para os esbanjadores, que somos todos os do adverso.
Até nos pegámos, a minha amiga e eu, pois eu não aceitei bem os lamentos do nosso presidente e desta vez fui eu que o achei zezinho, que era uma designação muito dela, já eu lha criticara, pela simples razão da necessidade de deferência para com os nossos superiores, mas a minha amiga, não sei por que carga de água - talvez porque as provações incitam aos receios dos castigos divinos, embora ela ache que estamos mais dependentes dos castigos humanos, resultantes de factores controversos entre os quais uma calçada adversa, avessa aos pés calçados e muito mais aos descalços – a minha amiga, digo, embandeirou numa de generosidade e abertura, frisando que o nosso presidente pretendeu essencialmente mostrar que estava com os portugueses mal vistos em questão de finanças, irmanando-se com eles, por um dos vencimentos não lhe dar para as suas despesas familiares, omitindo, contudo, os restantes vencimentos que se diz que tem.
Ainda nos perguntámos se porventura o novo governo iria interceder junto das finanças no sentido de resolver o problema do nosso presidente, aumentando-lhe a reforma referente a esse vencimento, ou aconselhando-o antes a um menor despesismo em virtude da situação precária do nosso país esbanjador, contrariamente às atitudes poupadas do nosso presidente e da esposa, que se vê bem que é sua alma gémea nas poupanças e na reciprocidade da estima.
Na realidade, eu não me admirei muito da saída queixosa do nosso presidente. Somos um povo dado ao queixume e os nossos jornalistas bem fazem os possíveis por demonstrar isso, interrogando as pessoas sobre isso e as pessoas dando dados disso. Até me lembrei de uma observação do meu pai, nos meus tempos da infância, quando se encontrava em momentos de euforia, definindo o povo português através de uma expressão de expressivo chorinho: “Chora a mãe trabeculosa junt’à filha qu’agoniza”. Assim éramos, segundo o maroto do meu pai, que não gostava do fado gemido. Ainda somos, mas com o fado alcandorado agora a património da humanidade, por muito imaterial que se apresente. Mas o nosso choradinho dá sempre matéria a sempre ouvido canto – elegíaco - até mesmo em prosa, como fez Samuel Usque a respeito das tribulações do povo israelita, o que prova que não somos só nós a prantear-nos.
Ora porque havia o nosso presidente de ter um canto diferente? Eu própria acabei de exprimir um queixumezinho de desengano – ou de engano, nem destrinço bem - neste meu texto que pretendia ser de sentido humor!
Ninguém deve lançar pedras sem antes fazer exame de consciência, bolas, já Jesus disse!
Não há nada como a reflexão para nos compreendermos melhor.
E a consciência de que as poupanças do nosso presidente e da esposa lhes podem proporcionar uma velhice tranquila, encheu-nos, finalmente, as medidas. Até lhes dirigimos o canto dos aniversários, do íntimo dos nossos seres:
“Parabéns a você
Pela poupança obtida.
Muitas felicidades,
Muitos anos de vida.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário