1ºde Janeiro de 2012: O encantamento da música de Johann Strauss, em mais um Concerto de Ano Novo pela Orquestra Filarmónica de Viena, de manhã na RTP, revisitado à tarde no 2º Canal pela Eurovisão, em ondas de beleza, elegância, euforia e competência dos músicos, cantores, bailarinos, tão expressivamente dirigido pelo maestro – Mariss Janson, - para o mundo inteiro.
Em simultâneo, a íntima decepção de que nenhum dos canais, que tão principescamente pagam aos seus apresentadores e animadores de televisão, alguns bem à custa do erário público, apresente programas não direi de idêntica dimensão feérica, índice de uma cultura estratificada por séculos de real humanismo, mas que contribuíssem para elevar o nível dos interesses culturais de um povo como o nosso, educado na desordem disciplinar e na apatia intelectual dela consequente. E o desejo de que a apresentação de espectáculos de música clássica, de peças de teatro clássicas retirados dos palcos nacionais também fizesse parte dos objectivos de ilustração, dos directores das programações televisivas.
Mas lembramos positivamente o último programa “Reencontros” de João Maria Tudela, (transmitido em retrospectiva por Júlio Isidro, no TV Memória no final de ano 2011) de entrevista a duas figuras nacionais de alto gabarito vocal – Carlos Guilherme e Luís Andrade, este último também responsável por programas de qualidade na RTP - e que contaram sobre alguns dos seus êxitos no estrangeiro, e mesmo cá, os três revelando uma severa consciência crítica sobre a fisionomia cultural de uma nação como a nossa, madrasta dos artistas a quem a idade vai arrumando na prateleira do esquecimento, excepção feita ao excelente animador cultural Júlio Isidro que por si só, e à imitação do que se faz nas televisões do mundo, vai não só chamando a atenção para esses, quer em entrevistas quer trazendo-os novamente à ribalta, desenterrando os programas em que se revelavam, como comentando comparativamente as deficiências e os êxitos dos espectáculos televisivos portugueses, num revivalismo de bom recorte comunicativo.
Falei à minha amiga hoje no maravilhoso programa austríaco e ela concordou a respeito das nossas carências clássicas. E logo referiu um outro programa nosso, que meteu uma orquestrazinha bem aprumada de um cantor nosso bem sucedido:
- Ninguém enche o Pavilhão Atlântico como o Tony Carreira. Tem uma família bonita, de gente que se ama, que serve de exemplo. Um espectáculo bem organizado, admiro aquela organização. Raparigas bonitas a tocar violino. Ele deve pagar bem à sua orquestra, deve gastar muito dinheiro. Aquilo é muita gente. Aquelas vozes fabulosas que a gente conhece não têm a mínima hipótese.
E congratulámo-nos com os êxitos de Tony Carreira, de orquestra bem à nossa medida. No Pavilhão Atlântico, sem espelhos nem tectos pintados. Sem as tais ondas de beleza disciplinada, mas com ondas de uma ternura piegas à nossa medida também, que somos sensíveis.
Para o ano, se lá chegarmos, esperemos que sim, somos confiantes, teremos mais Strauss pela Orquestra Filarmónica de Viena de Áustria.
Em simultâneo, a íntima decepção de que nenhum dos canais, que tão principescamente pagam aos seus apresentadores e animadores de televisão, alguns bem à custa do erário público, apresente programas não direi de idêntica dimensão feérica, índice de uma cultura estratificada por séculos de real humanismo, mas que contribuíssem para elevar o nível dos interesses culturais de um povo como o nosso, educado na desordem disciplinar e na apatia intelectual dela consequente. E o desejo de que a apresentação de espectáculos de música clássica, de peças de teatro clássicas retirados dos palcos nacionais também fizesse parte dos objectivos de ilustração, dos directores das programações televisivas.
Mas lembramos positivamente o último programa “Reencontros” de João Maria Tudela, (transmitido em retrospectiva por Júlio Isidro, no TV Memória no final de ano 2011) de entrevista a duas figuras nacionais de alto gabarito vocal – Carlos Guilherme e Luís Andrade, este último também responsável por programas de qualidade na RTP - e que contaram sobre alguns dos seus êxitos no estrangeiro, e mesmo cá, os três revelando uma severa consciência crítica sobre a fisionomia cultural de uma nação como a nossa, madrasta dos artistas a quem a idade vai arrumando na prateleira do esquecimento, excepção feita ao excelente animador cultural Júlio Isidro que por si só, e à imitação do que se faz nas televisões do mundo, vai não só chamando a atenção para esses, quer em entrevistas quer trazendo-os novamente à ribalta, desenterrando os programas em que se revelavam, como comentando comparativamente as deficiências e os êxitos dos espectáculos televisivos portugueses, num revivalismo de bom recorte comunicativo.
Falei à minha amiga hoje no maravilhoso programa austríaco e ela concordou a respeito das nossas carências clássicas. E logo referiu um outro programa nosso, que meteu uma orquestrazinha bem aprumada de um cantor nosso bem sucedido:
- Ninguém enche o Pavilhão Atlântico como o Tony Carreira. Tem uma família bonita, de gente que se ama, que serve de exemplo. Um espectáculo bem organizado, admiro aquela organização. Raparigas bonitas a tocar violino. Ele deve pagar bem à sua orquestra, deve gastar muito dinheiro. Aquilo é muita gente. Aquelas vozes fabulosas que a gente conhece não têm a mínima hipótese.
E congratulámo-nos com os êxitos de Tony Carreira, de orquestra bem à nossa medida. No Pavilhão Atlântico, sem espelhos nem tectos pintados. Sem as tais ondas de beleza disciplinada, mas com ondas de uma ternura piegas à nossa medida também, que somos sensíveis.
Para o ano, se lá chegarmos, esperemos que sim, somos confiantes, teremos mais Strauss pela Orquestra Filarmónica de Viena de Áustria.
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