Vem mesmo a
calhar,
No Ano Velho
que acaba,
No Ano Novo
que começa,
A velha
fábula de Esopo
«A
raposa de ventre inchado»
A mostrar
Que tudo o
tempo resolve
E até
absolve,
E por isso o
novo Ano
Que começa
amanhã
Será a
antemanhã
De um ano
bom,
Em que o
desengano
Será ultrapassado
E esquecido
Como nosso
dom,
Que bom!
«Uma
raposa esfomeada avistou
Pedaços de
pão e de carne
Pelos pastores
deixados
No buraco
dum carvalho
Protegidos
do orvalho.
Mas como
o seu ventre inchado
Não lhe
permitiu sair,
Pôs-se a
queixar-se e a gemer
Num alarido
danado.
Outra
raposa que ali passou
E lhe
ouviu os lamentos
Aproximou-se
e quis saber
O motivo
dos seus prantos.
Quando a
sua desventura conheceu
Logo a aconselhou:
“Fica aí
dentro até te tornares
Tal como
eras ao entrares:
Sem custo
conseguirás daí sair
E partir…”
A fábula
serve para demonstrar
Que o
tempo, nas suas bondades,
Resolve as dificuldades».
Desta vez,
todavia,
Embora sem
alegria,
Custa-me a
crer que já nessa altura
As raposas
tivessem tal candura
Julgando que
o tempo tudo cura.
O que se me
afigura
É que a
demasiada gordura
Já não
consegue ter cura,
E com o
tempo perdura
Para nossa
desventura.
Embora
Água mole em
pedra dura
Tanto dá até
que fura.
Será que
chora?
E não cora?
Um comentário:
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