sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O anti-racismo da nossa modernidade

Fala-se muito em assaltos. Toda a espécie de assaltos: aos velhos isolados, aos bancos protegidos, às bombas dos combustíveis, aos lugares onde se julga existir dinheiro. Fala-se em aumento da “onda de criminalidade” mas o governo diz que não, com o auxílio da estatística. Ouve-se dizer que muitos dos assaltantes que agora andam a monte, já estiveram presos por crimes diversos, antes de serem libertos. A libertação dos presos deve-se a factores vários, entre os quais os seus casos não estarem contidos na Constituição. Ou talvez as nossas cadeias não oferecerem condições de habitabilidade. Mas eu julgo que é sobretudo porque gostamos de mostrar que somos generosos e não somos racistas. Porque temos um governo humanista. Humanista significa que ama os homens (as mulheres inclusas). Dantes significava que conhecia os clássicos, as suas obras literárias, as suas “litterae humaniores” que dilataram o conhecimento do homem (a mulher inclusa). Os nossos governantes alimentam-se de outras razões, mais amplas ainda, e generosas, as que reconhecem a igualdade em direitos de todos os homens. É bonito isso. Só que igualdade nunca há. O que impera é o direito da força, das armas ou outras. Porque o velhote que é morto pelo assaltante não teve o direito de resposta.

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