O texto,
encimado de uma imagem de uma manifestação recente, com gente empunhando um
cartaz com os dizeres – QUE SE LIXE A TROIKA / QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS - não
necessita de desenvolvimento, na objectividade e ponderação dos referentes, e
na coragem indignada de quem os cita, lembrando o despropósito da troikofagia
bloqueadora do nosso desenvolvimento, caso a Troika nos desse o pontapé de
saída – para fora do campo - que mereceríamos, pela arrogância da provocação
para o incumprimento.
Todos
sabemos isso e fingimos ignorá-lo, e António José Seguro vai granjeando votos
na astúcia de um discurso empenhado e empunhado com galhardia altruística de
quem se sente o flautista de Hamelin a levar os ratos, submissos à magia
musical, para fora da cidade, até se afundarem no mar. A música de Seguro é
igualmente mágica, sem desvios na eloquência monocórdica e não deixará de levar
os ratos ao mar.
Eis o texto
de Salles da Fonseca:
«TROIKÓFAGOS,
OIÇAM!»
A
mentira está nessas manifestações que têm percorrido as nossas ruas, as de
Atenas e as Madrid. As mesmas mentiras já se preparam para marchar pelas ruas
de Nikosia, Roma, etc.
Quanto
a nós e começando pela frase «o povo é quem mais ordena», já a deveríamos há
muito ter substituído por «o povo é quem mais ordenha» nos impostos que o
contribuinte paga até à exaustão.
Sim,
todas as arengas que se ouvem nesses comícios são falácias puras. Os oradores
sabem que mentem e, se não sabem, é porque são ignorantes. E como isso eu sei
que não são, concluo que agem dolosamente.
O que
aconteceria se a Troika nos abandonasse?
Cessávamos
pagamentos sobre o exterior para acedermos a tudo o que consumimos e não
produzimos na sequência directa da falta de crédito do sistema bancário
nacional para poder financiar essas importações. Para além da ruptura nos
abastecimentos alimentares, faltariam os medicamentos importados e os
sobressalentes para os equipamentos hospitalares; o comércio automóvel cessaria
de imediato e passaríamos a imitar Cuba nos seus «vintage» canibalizados
sucessivamente de roubo em roubo para aproveitamento de peças e isso enquanto
houvesse combustível; vencia-se TODA a dívida, interna e externa,
independentemente dos prazos antes previstos; regressaríamos ao Escudo o que
significaria um tsunami nos preços para níveis inimagináveis por efeito conjugado
da desvalorização monetária e da escassez da oferta.
Quererão
os troikófagos que continue ou basta-lhes o cenário até aqui descrito?
Eis por
que não vou a essas manifestações e, quando muito, patrocinarei outras que se
lhes oponham.
A
Troika está em Portugal por causa dos desmandos a que a demagogia dos
políticos, a voracidade dos ordenhadores e o dolo de meia dúzia de facínoras
(ainda por aí à solta) conduziu o país.
BASTA
de desmandos, chegou a hora de pagar o dinheiro que nos emprestaram porque nós,
o país, o pedimos.
E
porque não há empregos, chegou a hora de criarmos os nossos próprios postos de
trabalho. Sim, bem sei que o problema está em que muitos de nós nada sabemos
fazer e que fomos educados para sermos comandados, não para termos iniciativa,
para querermos um emprego para toda a vida, para odiarmos o risco.
Que
maçada!»
Março de 2013
«É,
de facto, extraordinário que os que sabem a verdade não queiram saber do
contexto dos factos que vivemos, e prefiram a demagogia falaciosa, mas que
inspira o povo desordeiro nos seus pequenos saberes, que se limita a vibrar com
essas falácias da sua conveniência. Hoje ouvi uma dama em altos brados contra
um Cavaco indeciso, considerando-o o pior da lista. Mas quando Cavaco aumentou
vencimentos e construiu estradas aceitou ser aumentada, e aceitou as estradas
do dinheiro a jorros. Tal como eu, como nós. A oposição devia ter sido feita na
altura desse desmantelamento, em que todos participámos, sem o termos pedido.
Mas continua tudo a berrar, que é um desaforo - PS, BE, PC, Verdes... Uma
vergonha, ao som da musiquinha elevadora, com que o governo colabora, até para
não ficar mal visto. Mas fica. Uma vez mais, Salles da Fonseca eleva o seu
brado corajoso de homem honrado. Inutilmente, mas consola.»
Soltaram-se das grilhetas do presente
Abrem-se as pétalas da esperança
A sede de conquistar o desconhecido e o
impossível
De tudo abraçar
O poder de concretizarmos a mudança
Vindo da era do conhecimento e da partilha
Chega a paixão de desbravar o futuro
O desejo de voar
Procurar um sentido, a existência
Caminhar no limiar do horizonte
Abrir a terra para a possibilidade
Regá-la de sonho
E colher realidade.»
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