Que só importam aos próprios, no sentido de um suspense por vezes propício.
Também eu gostava que Portas concorresse. E ganhasse, está visto. Mas não será
fácil, ante a hipótese de um militar governando, a dar seriedade a um país com,
por vezes excesso de riso, na opinião dos sérios...
Paulo Portas só deve decidir se avança para Belém a
partir do verão
TOMÁS SILVA/OBERVADOR
Portistas analisam calendário,
defendendo que decisões não devem acontecer antes das legislativas ou até
autárquicas. Portas teria pouco espaço na direita, mas outros candidatos podem
sofrer desgaste.
OBSERVADOR, 06 abr. 2025, 22:0225
Paulo Portas
continua a ser uma opção para as eleições presidenciais do próximo ano, mas não
dará novidades tão cedo. Longe de
ter pressa ou de querer, caso decida aventurar-se numa corrida a Belém, marcar
território o mais cedo possível, a ideia é esperar. Pelo menos, até ao verão — só a partir de junho ou julho é que o antigo
presidente do CDS decidirá se há espaço e vontade para uma corrida a Belém. No
limite, a decisão até pode ser tomada ainda mais tarde.
Em análise,
apurou o Observador, estão sobretudo questões que têm a ver com o (intenso)
calendário político nacional. Há muito que os apoiantes de Portas têm uma tese: uma decisão anunciada antes de
tempo, quando as presidenciais ainda estão longe, traria um desgaste
desnecessário aos candidatos mais apressados. Por maioria de razão, antes das
eleições de 18 de maio não faria sentido que Portas avançasse num ou noutro
sentido.
Mas há até quem
admita que o calendário pode ser esticado: como a análise é feita ao calendário
deste ano, as eleições legislativas não são o único factor de decisão, uma vez
que em setembro ainda há eleições autárquicas. De qualquer forma, o verão será
o limite mínimo para fechar uma decisão — até lá, gelo nos pulsos e atenção aos
nomes que, do lado direito do espectro político, vão fazendo caminho (e podem
ajudar ou limitar as ambições de Paulo Portas).
Portistas torcem por desgaste precoce de Marques Mendes (e colagem ao PSD)
Os portistas comentam, de resto, a pressa dos candidatos que estão a marcar
terreno “ fora de tempo”. “Marques Mendes é o mais prejudicado pela antecipação”, ouve o Observador. A ideia é que o antigo presidente do PSD, vendo que Henrique Gouveia e Melo dava cada vez mais sinais de
se começar a mexer e preparar uma provável candidatura presidencial, se precipitou e quis
avançar e marcar território — mas pode
agora ser prejudicado pelo desgaste de um ano inteiro em campanha.
Para mais, recorda-se
deste lado, havendo eleições legislativas pelo meio, Luís Marques Mendes terá de responder a perguntas sobre Luís Montenegro durante a campanha; se a ideia dos candidatos é
alargar o seu potencial eleitoral e ir além das fronteiras dos respetivos partidos,
Mendes, que já é muito associado ao PSD, pode ter aqui novo obstáculo.
O antigo
presidente do PSD tem levantado a bandeira da ética — como fez, de resto, durante
boa parte do seu percurso político, incluindo quando liderava o partido — e chegou a exigir esclarecimentos de
Luís Montenegro, mas depois de este ter dado explicações no Parlamento disse
ter ficado “esclarecido” (“eu talvez não tivesse tantas dúvidas quanto outros
porque o conheço”, acrescentou).
O argumento —
que pode ter a sua dose de wishful thinking — é natural entre portistas,
uma vez que a esperança de quem ainda espera ver Portas em Belém, tendo em
conta que o espaço à direita é curto e que o espaço do CDS ainda mais curto
será, é que o democrata-cristão seja um candidato que alargue essas fronteiras.
Até porque há muito que não está publicamente próximo do partido, embora dê o
seu apoio durante as campanhas, e com o comentário sobre temas internacionais
na TVI tem-se esforçado para atingir um estatuto de senador.
O
exemplo de Marcelo e um CDS sem pressa
Por agora,
quem apoia Portas mantém-se atento às movimentações da direita, esperando que o
desgaste dos primeiros candidatos possa dar-lhe uma oportunidade de última hora
para entrar na corrida. Esta semana, a tensão tornava-se evidente, com Marques Mendes a
atacar directamente Gouveia e Melo por “andar a fingir e a fazer de conta” que não é candidato, enquanto vai
publicando artigos de opinião e faz aparições públicas mas sempre sem responder
directamente sobre Belém. Gouveia e
Melo acabou por responder, dizendo
que já tomou uma decisão mas que só a tornará pública após as eleições de
maio. Ora, do lado dos portistas, e existindo a noção de que Portas
entraria numa corrida renhida e com o espaço à direita muito marcado, a
esperança é que esse calendário seja ainda mais alargado e permita ao antigo
líder dos democratas-cristãos aparecer como uma espécie de terceira via, para
os eleitores que não se revejam em nenhuma das outras duas opções. Para já,
recorda-se que o país ainda vai atravessar uma campanha, com as respectivas
complicações do day after — perceber quem consegue formar maioria, se o
Presidente da República exige condições específicas, se o programa passa no
Parlamento… — a ocuparem o país bem para lá da ida às urnas.
E também se
recorda que decidir sobre uma candidatura depois disso, ou até depois das
autárquicas, não seria propriamente uma opção de estranhar — Marcelo
Rebelo de Sousa desfez
o frágil tabu da sua candidatura em outubro de 2015, três meses antes de ir a
votos pela primeira vez.
O calendário mais alargado também faz
com que no CDS se adie uma decisão sobre um possível apoio. “O ciclo das eleições presidenciais ainda não
se abriu no CDS”, diz ao Observador uma fonte da direcção do partido.
Só depois de esclarecida a vontade de Portas é que os democratas-cristãos
poderão decidir se podem enveredar pelo seu rumo natural, que seria um apoio ao
antigo presidente; se — opção mais admitida no partido — cedem, mesmo que sem
particular entusiasmo, à opção Marques Mendes, uma vez que no contexto da
coligação com o PSD essa seria a segunda opção mais lógica e mais pacificadora
à direita; ou se, como defendem alguns elementos do partido, há espaço para olharem
para Gouveia e Melo
como uma alternativa viável
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2026 ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS ELEIÇÕES POLÍTICA PAULO PORTAS
COMENTÁRIOS (de 25):
Liberales
Semper Erexitque: Está muito acima do panorama
que se apresenta. No entanto, os tugas nunca o apreciaram realmente.
Pertinaz: Pobre Marques Mentes… 😂😂😂
unknown
unknown: Olhe que o Almirante é entendido em submarinos!
Lupus Maris: A verdade é que após a derrota de hoje, os portistas
não têm grande calendário!...