quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Greves só quando

 

O governo é mais virado à direita - pelo menos na aparência, tão em bicos de pés anda essa direita, por essa altura - pois que não só PS e C.ia tudo fazem para o empurrar – ou emporcalhar – (já que, quando é o PS e C.Ia a dirigir, não há greves que valham, pois a esquerda só as fabrica quando é a tal direita a querer impor-se – aliás, esta sempre em delicada vénia à esquerda englobante do PS, os quais não fazem mais do que atacar, em exaltação de mérito, para a impedir de governar, tudo tão deprimentemente sem educação - esta definitivamente arrumada, em várias frentes por cá. NUNO GONÇALO POÇAS assim o conta e mais não diz por delicadeza, com certeza, prova de que ainda há entre nós quem fuja a essas regras de pose diminuta, ai de nós, e tente consertar o que parece definitivamente desarranjado e sem classe.

Greve à sexta-feira

Há uma multidão de revoltados com situações como esta das greves semanais à sexta-feira e respectivo silêncio e cumplicidade vindos das elites.

NUNO GONÇALO POÇAS Colunista do Observador. Advogado, autor de "Presos Por Um Fio – Portugal e as FP-25 de Abril"

OBSERVADOR, 19 nov. 2024, 00:1839

O tema não tem despertado particular interesse mediático, salvo uma ou outra excepção – um ou outro texto de opinião aqui e ali, um apontamento acolá, demonstrando a absoluta regra que é o escabroso silêncio que paira sobre o que se está a passar nas escolas deste país. Entre greves semanais (sempre coladas ao fim-de-semana), o absentismo (mais generalizado do que eu próprio imaginaria), o Estado (que lida com um histórico de descentralização de competências para as autarquias raramente acompanhada de verbas, favorecendo brilharetes orçamentais para abrir telejornais e esconder desastres sociais longe dos holofotes), uma guerra surda de sindicatos, e da esquerda em geral, numa luta por poder interno e por levar para a rua parte do descontentamento, que pretenderá (?) resgatar a André Ventura, entre tudo isto, dizia, resplandece a indiferença para com os danos que o país está a impor a uma geração de crianças e jovens que, já vítimas das medidas draconianas da pandemia, continuam a ser mártires de greves semanais, que se irão prolongar sabe-se lá durante quanto tempo mais.

Na escola pública o que vamos ouvindo é uma espécie de tornado que se forma. Mesmo gente de esquerda, inicialmente mais paciente e compreensiva para com o movimento grevista dos incontáveis sindicatos do sector, vai deixando escapar o seu desconforto com aquilo a que chama – e a que outros dão voz parlamentar – a bandalheira. Há quem já tenha perdido empregos por ter de faltar tantas vezes para ficar em casa com filhos sem aulas. Há quem já não saiba como explicar que tem de faltar ao trabalho. Há quem perca valiosa parte do salário graças a estas faltas forçadas para colmatar greves à sexta-feira. Há quem já não esteja para aturar isto e esteja a pensar tirar os filhos da escola pública. Em todos, cresce um desconforto: não há quem não reconheça os baixos salários e as más condições de trabalho de auxiliares e professores; mas não falta também quem se queixe de não ter melhor salário ou melhores condições para trabalhar e esteja ainda a ser prejudicado pelas greves dos outros, e já esteja apenas preocupado com a ordem e a normalidade.

Enfim, cada família resolverá o assunto da melhor maneira que conseguir, a menos que o Governo descubra dinheiro debaixo das pedras ou opere algum outro milagre num sector com um peso sindical que nunca pretende discutir o sucesso educativo dos alunos, focado exclusivamente na luta de classes e no combate pelo território político do campo marxista. No limite, a melhor maneira será aguentar, por falta de opção financeira, uma escola refém dos sindicatos que discrimina os seus alunos e os abandona ao insucesso relativo.

Não sei se o fenómeno é transversal, mas sei que houve pais em agrupamentos de escolas de Lisboa que se envolveram e deram publicidade a um problema que se vive em várias escolas. Mas, ainda que não seja um problema que se manifeste pelo país inteiro, não deixa de surpreender a indiferença jornalística para com o assunto – sobretudo para um jornalismo que se mobiliza noutras situações menores; sei lá, que é capaz de fazer directos televisivos se houver meia dúzia de malabaristas no Chiado a exigir o fim do Estado de Israel ou a defender a honra da «democracia» cubana. Não sei, embora imagine, se boa parte das vozes públicas, entre partidos e imprensa, frequenta a escola pública. Mas era útil que, pelo menos, se importassem.

Percebo que os tempos estão mais para a sinalização de virtudes e para a demagogia de todos os campos do que para este género de assuntos. Compreendo perfeitamente que um país que tem, mediaticamente, um enorme viés de esquerda não queira ver-se em confronto com os exageros sindicais. Mas saibam, pelo menos, o seguinte: há uma multidão de revoltados com situações como esta das greves semanais à sexta-feira e respectivo silêncio e cumplicidade vindos das elites. Como demoraram oito anos a perceber (os que perceberam) como os Estados Unidos elegem quem elegem, talvez ainda seja demasiado cedo para compreenderem o que aí vem. O Governo, que tem, neste sector, as pessoas mais capazes que podia ter, é quem pode cortar o mal pela raiz, ou atenuá-lo de alguma forma. É, afinal, para isso que servem os Governos. Se o Primeiro-ministro não estiver, como parece, mais concentrado nas fórmulas narrativas de que precisa para ganhar eleições mais confortavelmente, é nisto que deve concentrar-se: na resolução de problemas, e o poder sindical é um problema. Poderá não parar a avalanche anti-sistémica que aí vem, agora reforçada pelas eleições norte-americanas, mas pode, pelo menos, mitigar-lhe os efeitos e preparar o país para dias piores.

COMENTÁRIOS (de 39)

Bruno: Obrigado por ser uma das poucas vozes a trazer algo de tão evidente para cima da mesa. Durante os anos da Geringonça praticamente não existiram greves…porque será? Hoje em dia, as greves são o dia-a-dia… nas escolas é a vergonha instalada… não porque as pessoas não tenham direito a lutar pelos seus direitos, mas porque o fazem de uma forma desonesta para com qualquer tipo de negociação… Os professores depois de terem conseguido aquilo que queriam (tempo de serviço) logo arranjaram mais um ou dois ou três temas para novas greves… hoje são os auxiliares… amanhã voltam os médicos…e por ai fora… Infelizmente não existe da parte dos sindicatos qualquer interesse em melhorar serviços e condições…o objectivo único é criar caos e sacar o mais possível…. O facto de agora termos greves às 6f, só prova este ponto… Quanto às esquerdas elitistas que não estão preocupadas com a educação desta geração, não estão nem nunca vão estar…porque os seus filhinhos estão no privado longe destas guerras sectárias da plebe… Abram os olhos              Coxinho: Que será preciso acontecer para os portugueses perceberem que o socialismo nunca passa da destruição sistemática do tecido social e económico para depois vir fingir que ajuda os mais desfavorecidos a sobreviver?                   Luís CR Cabral: Enquanto os velhos comunistas dominarem os sindicatos não será possível acabar com esta pouca vergonha e a única hipótese é o salve-se quem puder e procurar os serviços de saúde e as escolas privadas. Tenho pena de quem não pode e acreditou no socialismo.               Hugo Marinho: Uma pouca vergonha o que esses grevistas profissionais fazem, com o apoio da comunicação social                    Cristina Torres: Não deve haver um deputado que tenha os filhos no ensino público, dou três exemplos dos defensores da escola pública: Pedro Nuno Santos,  Alexandra Leitão, José Luís Carneiro todos têm os filhos nos melhores Colégios do país! Há anos e anos que é assim, o ensino público é uma bandalheira, conheço vários professores do ensino publico que tem os filhos no ensino privado... e muitos e muitos pais que tem os filhos no privado por causa desta situação e não, não são ricos, fazem um esforço enorme financeiro para o suportar este custo! Tudo isto porque não há nem vai haver coragem política para acabar com a bandalheira da utilização excessiva e abusiva das greves             Nuno Abreu: Tem toda, toda a razão. André Pestana e Mário Nogueira  que vivendo à custa do Estado querem derrubar o Estado deviam ser condenados a trabalhos forçados na limpeza das Escolas. Há anos que destroem o ensino em Portugal, causando-lhe mais estragos que vinte Covids.               João Floriano: Se Nuno Poças não estava já na lista de «Fascistas e Inimigos da Democracia», pode ter a certeza de que já não escapa. A palavra que define tudo isto é acertadamente bandalheira, uma enorme bandalheira. Admira-me que Nuno Poças afirme que «não deixa de surpreender a indiferença jornalística para com o assunto....». Interpreto esta expressão como retórica porque alguém inteligente como Nuno Poças e que viveu num concelho comunista, percebe perfeitamente como se chegou a este estado de coisas. A CS sempre foi dominada pela esquerda,  a mesma esquerda que domina os sindicatos da função pública, os tais que exigem sempre e sempre mais regalias e que estão sempre insatisfeitos com o que recebem. Logo a CS não vai apontar o dedo a esses sindicatos. Há truques que são velhos. Um deles é encostar os dias de greve ao fim de semana ou ainda melhor a um feriado. E se esse feriado por sua vez se encostar ao fim de semana, são umas mini férias muito gostosas. Quando ainda ensinava, havia uns chamados artigos quarto que permitiam justificar as faltas de dois dias. Ninguém está livre de um mal-estar súbito, de um filho que adoece, de um transporte que não aparece. Muitos dos grevistas jogavam nos dois tabuleiros: para os sindicatos faziam greve, mas apresentavam o artigo quarto e oficialmente tinham tido uma indisposição física. Outro estratagema consistia em  aproveitar a greve de dois ou três funcionários essenciais para constatar a adesão à greve. Por exemplo: a portaria, o serviço de bar, vigilância dos pátios, não podem ficar desguarnecidos. Na verdade não havia adesão nenhuma. Na realidade apenas 3 funcionários estavam em greve obrigando a escola  a fechar. Somos de facto um país totalmente adornado para  a esquerda, qual barco que naufragou e cuja colocação na posição certa se está  a revelar tarefa muito difícil. Até 10 de março a esquerda não ia de modo algum querer reverter a situação das greves nas Escolas e tão pouco iam fazer greve contra si mesmas. é por isso que os anos da geringonça foram de acalmia. Agora o governo AD não tem coragem e muito menos força política para mudar de rumo. Tudo o que faz é correr atrás do PS. Greve e grave começam cada vez mais  a soar ao mesmo.                    Carlos Chaves: Caro Gonçalo Poças os jornalistas estão-se nas tintas para o que se passa nas escolas e com as inaceitáveis greves políticas que por lá ocorrem a amiúde, basta ler este jornal! Concordo em absoluto com esta sua opinião, fazer alguma coisa para acabar com este regabofe nas escolas, ontem já era tarde.                 GateKeeper: As baixas fraudulentas [com a cumplicidade bem conhecida dos médicos e afins] contribui com outro tanto para o caos das greves, das "férias" e das "baixas". Provavelmente e em média uma/um "trabalhador do 'publicuzinho' deve trabalhar bem menos do que 150 dias/ano. A legislação existe, mas "não passa do papel e para Inglês e UE verem". Tugalândia = Banana Republic. Quanto ao "poder local" nem vale a pena comentar; aqui no UK as/os Portugueses que vivem e trabalham por cá apelidam -no de "poder regional das famiglias".                 Fernando ce: Muito bem. O país está em roda livre no sector público. Não há accountability. Já li algures que, em alguns serviços públicos, destroem os aparelhos de controle de assiduidade pouco depois de serem instalados.  Palavras para quê? A culpa não é sobretudo dos governos. Este povo não se deixa governar.                   afonso moreira: Estes problemas que muito enuncia, não terão solução enquanto os sindicatos forem braços armados de partidos e projectos políticos. As carreiras na função pública são um emaranhado e sem qualquer fio condutor de racionalidade. Quem tem poder reivindicativo safa-se, os que não têm... como é o caso dos assistentes operacionais. Por alguma razão, antes desta bagunça, que dá poder a muitos e que não representam quase ninguém, é que a carreira na função pública era apenas uma, desde os ministros até à última categoria, com regras claras e bem definidas. A quem convém isto?          Roberto Carlos: Tirem os sindicatos das unhas dos comunistas que o  País melhora.

Ditos oportunos


Aplicáveis a estes tempos de imensos ditos, quantas vezes de adequado oportunismo. O mal é quando os ditos – de aparência justiceira - se transformam em factos de gravidade absoluta, caso das afirmações putinescas a respeito de um país a que pretendeu lançar as garras... e o comprova, no apreço concordante dos seus apreciadores e amigos de peito. Contudo, não me parece que George Soros tenha absoluta razão, no dito citado pelo Dr. LUÍS SOARES DE OLIVEIRA, que recebi por email. Cito apenas um exemplo, como definição literária, verdadeira e definitiva - mau grado as demonstrações em contrário  - “Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente, É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer”… Ainda que nem sempre verdadeiras, as afirmações literárias são construção imortal, jamais posta em causa.

LUIS SOARES DE OLIVEIRA

2 d  · 

DITOS NOTÁVEIS

George Soros disse:

"Toda a construção humana, seja mental, material, ética ou mundana, revela com o tempo as suas imperfeições. Do momento em que são reconhecidas e aceites (óptimo) até ao momento em que é desmentida e desconsiderada, a teoria ainda que errada produz resultados (falácias férteis). Assim algumas falácias conseguem ser férteis durante algum tempo."

COMENTÁRIOS:

AIDA FRANCO NOGUEIRA: Curioso ser este senhor Soros a dizer isto. Julguei que outra pessoa o dissesse relativamente a ele.

LUIS SOARES DE OLIVEIRA: Aida Franco Nogueira sabe: o Soros era economista e OS ECONOMISTAS, assim COMO OS Farmacêuticos, SABEM QUE NÃO HÁ BEM QUE SEMPRE DURE.

FERNANDO SOARE MENDES: Vindo desse tipo, credibilidade zero.

 

NOTAS DA INTERNET:

I-(APRESENTAÇÃO):

GEORGE SOROS (/ˈsɔːrs/ ou /ˈsɔːrɒs/; em húngaro: György Soros, pronunciado [ˈʃoroʃ ˈɟørɟ]; nascido como György Schwartz;  Budapeste12 de agosto de 1930) é um investidor e filantropo húngaro-estadunidense. Em fevereiro de 2018, ele tinha um património líquido de 8 bilhões de dólares, tendo doado mais de 32 bilhões de dólares para sua agência filantrópica, a Open Society Foundation.

Carreira

Nascido em Budapeste, Soros sobreviveu à Hungria ocupada pela Alemanha Nazista e, após a Segunda Guerra Mundial, emigrou para o Reino Unido em 1947. Ele frequentou a London School of Economics, graduando-se em bacharelado e em mestrado em filosofia. Soros iniciou sua carreira comercial assumindo vários empregos em bancos comerciais no Reino Unido e depois nos Estados Unidos, antes de iniciar o seu primeiro fundo de hedge, o Double Eagle, em 1969. Os lucros do seu primeiro fundo forneceram o dinheiro inicial para iniciar o Soros Fund Management, o seu segundo fundo de hedge, em 1970. O Double Eagle foi renomeado para Quantum Fund e foi a principal empresa que Soros aconselhou. Na sua fundação, o Quantum Fund possuía 12 milhões de dólares em ativos sob gestão e, em 2011, possuía 25 bilhões de dólares, a maioria do património líquido geral de Soros.

Soros é conhecido como "o homem que quebrou o Banco da Inglaterra" por causa de sua venda a descoberto de 10 bilhões de dólares em libras esterlinas, o que lhe rendeu um lucro de 1 bilhão de dólares durante a crise monetária do Reino Unido na "Quarta-Feira Negra" de 1992. Com base nos seus primeiros estudos de filosofia, Soros formulou uma aplicação da Teoria Geral da Reflexividade de Karl Popper para o mercado de capitais, que ele afirma render-lhe uma imagem clara das bolhas de activos e do valor fundamental/de mercado dos valores mobiliários, bem como das discrepâncias de valor usadas para reduzir e troca de acções. Soros é um conhecido apoiador de causas políticas progressistas e liberais, para as quais ele distribui doações por meio de sua fundação. Entre 1979 e 2011, ele doou mais de 11 biliões de dólares para várias causas filantrópicas; até 2017, suas doações "em iniciativas civis para reduzir a pobreza e aumentar a transparência e em bolsas de estudo e universidades em todo o mundo" totalizaram 12 biliões de dólares. Ele influenciou o colapso do comunismo na Europa Oriental no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 e forneceu uma das maiores doações ao ensino superior da Europa para a Universidade Centro-Europeia em sua cidade natal húngara. O seu extenso financiamento de causas políticas fez dele um "alvo dos  nacionalistas europeus". Vários conservadores estadunidenses já promoveram falsas alegações que caracterizam Soros como um "mestre das marionetes" singularmente perigoso por trás de uma variedade de supostas conspirações globais, sendo que o The New York Times relatou em 2018 que essas alegações haviam "mudado da periferia para a corrente principal" da política do Partido Republicano. As teorias da conspiração dirigidas a Soros, que é descendente de judeus, têm sido frequentemente descritas como antissemitas.

II- OPINIÃO (INTERNET):

As ideias de George Soros são o seu grande legado – e vão continuar a fazer caminho

ANNA PORTER:

08 setembro 2023 11:40

Para um dos filantropos mais controversos do mundo, tem sido um ano um cheio. George Soros, que fez 93 anos no mês passado, passou o comando da Open Society Foundations (OSF) ao seu filho Alexander, de 37 anos, em dezembro passado. Deste modo, dada a sua estatura internacional, os seus interesses intelectuais e o seu vigoroso envolvimento nos assuntos mundiais, esta poderia ser uma boa altura para Soros pensar no seu legado.

Mas quando o encontrei pela última vez, há nove anos, o seu legado era a última coisa em que pensava. Em vez disso, estava preocupado com o rumo que a Europa de Leste estava a tomar, com o futuro da União Europeia, com o destino dos ciganos, com a Birmânia, com a Rússia e com o Tribunal Penal Internacional. Estava preocupado com a crise do capitalismo global e com as divisões crescentes na sociedade norte-americana. Não mostrava qualquer interesse em deixar um legado.

As coisas mudaram desde então. É regularmente apontado por alguns políticos como encarnação do demónio, o inimigo perfeito contra o qual é fácil estabelecer credenciais populistas, autoritárias, antiglobalistas e conservadoras.

Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán conseguiu uma vitória eleitoral estrondosa ao fabricar e depois combater a imagem de Soros como alguém que impunha aos húngaros a imigração muçulmana e políticas sociais liberais. Um ministro do governo de Narendra Modi, na Índia, afirmou que Soros quer “destruir os processos democráticos da Índia”. Na Turquia, Recep Tayyip Erdoğan chamou-lhe "o famoso judeu húngaro Soros", “designa pessoas para dividir nações e destruí-las”. E em maio, Elon Musk publicou no Twitter (agora X) que Soros lhe fazia lembrar Magneto, o vilão da Marvel Comics, tendo afirmado que “odeia a humanidade”.

Certa vez, Soros disse-me que se orgulhava de ter os inimigos que, inadvertidamente, vinha a acumular: ao pavonearem-se com as suas crenças, estavam a provar que Soros tinha razão.

George Soros cresceu na Hungria numa altura em que ser judeu era, na melhor das hipóteses, perigoso e, na pior, letal. O seu pai, Tivadar, foi um advogado empreendedor e ensinou o jovem George a “misturar-se com a paisagem e simplesmente desaparecer”, como a maioria dos animais faz quando é ameaçada. George tinha apenas 14 anos quando os nazis começaram a agrupar os judeus húngaros, tornou-se Sandor Kiss, um refugiado da Roménia que vivia com o seu padrinho, um funcionário do Ministério da Agricultura. Mais de 450 mil judeus húngaros foram assassinados durante o Holocausto. A família Soros sobreviveu.

George continuou os seus estudos em Londres, sustentando-se através de candidaturas a instituições de beneficência e de trabalho braçal. Inscreveu-se na London School of Economics, onde permaneceu sob a influência do filósofo Karl Popper. “Uma sociedade aberta”, escreveu Popper, “não é uma sociedade perfeita, mas uma sociedade imperfeita aberta ao autoaperfeiçoamento”. Nas sociedades abertas, ideias contraditórias podem coexistir alegremente. Em contrapartida, as sociedades fechadas – que incluem ditaduras de todos os géneros – afirmam ser portadoras da verdade única e definitiva e não aceitam qualquer oposição. Nessas sociedades, só a força bruta pode garantir a adesão servil às regras. George Soros já tinha visto duas ditaduras perigosas – o nazismo e o estalinismo – e as ideias de Popper para uma forma alternativa de organizar o mundo tiveram um efeito duradouro sobre ele.

Em 1969, Soros criou o seu primeiro fundo de cobertura (hedge fund) com 4 milhões de dólares dos EUA, que angariou junto de indivíduos abastados que foram convencidos pelo seu discurso sobre uma nova forma de fazer fortuna. Em 1980, o seu fundo Quantum tinha crescido e valia 100 milhões de dólares; em 1987, os seus activos valiam 21,5 mil milhões de dólares.

Desde 1984, doou mais de 32 mil milhões de dólares a várias causas e, nos anos que antecederam o desmantelamento do muro de Berlim, ajudou organizações pró-democracia, grupos dissidentes e de resistência, pessoas presas, escritores cujos livros tinham sido proibidos, líderes sindicais e cientistas cujo trabalho já não era desejado pelos regimes repressivos. Aconselhou os novos governos democráticos sobre a forma de gerir a transição e defendeu a inclusão destes países na União Europeia.

Desde 1993, a Open Society Foundations (OSF) tem sido o principal veículo para o activismo internacional de Soros em torno das reformas democráticas. O apoio de Soros à mudança do sistema judicial norte-americano tem sido uma das suas iniciativas mais controversas. Os críticos afirmam que contribuíram para um aumento dos crimes violentos, transformando as cidades em paraísos perigosos para consumidores de droga e reincidentes violentos. Soros tem, no entanto, uma visão diferente. “A ideia de que precisamos de escolher entre justiça e segurança é falsa”, escreveu em The Wall Street Journal. E prosseguiu: “Estas reforçam-se mutuamente: se as pessoas confiarem no sistema judicial, este funcionará. E se o sistema funcionar, a segurança pública vai melhorar”.

Este é o cerne da ideia de sociedade aberta que anima Soros: dar a diferentes pessoas de diferentes origens uma oportunidade igual de moldar o seu mundo.

Assim sendo, o que é que se segue a Soros? Alexander, o seu filho, deixou claro que tenciona seguir as pisadas do pai. Define-se como pensador de centro-esquerda e já disse que se vai concentrar mais nas questões dos EUA, o que provavelmente significará duplicar o apoio a procuradores e funcionários locais com espírito reformista.

Mas, pouco tempo depois de ter tomado as rédeas, a OSF iniciou o processo de redução de 40% das cerca de 800 pessoas que constituem a sua força de trabalho, bem como uma mudança de foco e de afectação de recursos.

O presidente da OSF, Mark Malloch-Brown – que está a gerir esta transição –, citou o “oportunismo estratégico” e o “capital paciente” para a nova abordagem. Mas a mudança parece inspirada no plano original de George Soros para as suas fundações: serem ágeis e oportunistas, capazes de entrar em acção quando surge uma oportunidade, em vez de se fixarem em locais onde o apoio pode ser considerado garantido.

Também é claro que Soros não se vai sentar silenciosamente à margem. Previu que a Rússia vai perder a guerra na Ucrânia, o que “trará um enorme alívio para as sociedades abertas e criará problemas tremendos para as sociedades fechadas”. Tentou chamar a atenção para a rápida deterioração do sistema climático global. E vai, quase de certeza, continuar a trabalhar na Open Society University Network, um projecto internacional que se dedica à investigação e educação sobre as alterações climáticas e a lidar com governos autoritários.

Para mim, o maior impacto deste homem brilhante e irritantemente seguro de si no mundo pode ser a Universidade Centro-Europeia (CEU), que cofundou em 1991, em Budapeste. Desde então, o Governo de Orbán – que não admite a diversidade de ideias – obrigou a CEU a mudar-se para Viena. Há aqui uma certa ironia, pois a última coisa que Soros queria era um edifício para albergar as suas ideias. Mas são os produtos desta instituição que vão perdurar.

Com este texto, queria assim falar do legado de George Soros, aInda que este não o faça, já que a defesa da democracia é um projecto que nunca pode terminar. Como Soros disse em 2020: “A sociedade aberta está sempre em perigo e cada geração deve lutar pela sua sobrevivência”.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Revolução expectável

 

Que tem a ver – por cá - com o tipo de educação – ou deseducação - que as novas políticas propuseram, no abandono de preceitos que as próprias literaturas iam estatuindo, de acordo com a razão e o sentimento, postos, de certo modo, à margem, pelos teóricos hodiernos da libertinagem supostamente democrática. Mas tanto a crónica de Patrícia Fernandes, como os comentários da maioria, revelam aspectos da sociedade de que nem sonhávamos, neste desequilíbrio que a suposta igualdade entre os sexos veio proporcionar, sobretudo na questão do machismo, que o feminismo acentuado, ao que parece, veio reverter para um machismo fêmeo castrador dos homens. Felizmente que filmes como os da mocidade de Júlia Roberts, de encanto pela sua graciosidade, mas também pelas lutas sociais do seu desempenho, nos concedem a esperança de uma sociedade que mesmo em reviravoltas sucessivas, não deixará nunca de assumir a nobreza de princípios específicos do pensamento racional próprio da condição humana – seja feminina ou masculina, ou até mesmo assim-assim.

A grande divergência (2)

Sem os velhos empregos e sem salários que permitam sustentar a família, não admira que os homens se preocupem mais com a economia – e este aspecto fundamental redesenha o modo como se integram, ou não.

PATRÍCIA FERNANDES Professora na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho

OBSERVADOR18 nov. 2024, 00:2020

Subscrever

1“It’s the economy”

Quando, a propósito das recentes eleições, se procurou identificar o que mais preocupava os norte-americanos, os dados apontaram claramente para a economia – ainda que muitos especialistas considerassem este aspecto surpreendente: na sua perspectiva, a economia “está óptima”. Trata-se de uma espécie de “great disconnect”, que um artigo do The New York Times descreve desta forma:

 “De acordo com os parâmetros habituais, a economia está forte. A inflação abrandou significativamente. Os salários estão a aumentar. O desemprego está próximo do mínimo dos últimos cinquenta anos. A satisfação profissional está a crescer. No entanto, os norte-americanos não vêem as coisas necessariamente desta forma.”

Não é, na verdade, uma desconexão muito diferente da nossa e, provavelmente, repete-se em muitos países europeus:

“As pessoas não se estão a comportar como se comportam quando acreditam que a economia está má. Estão a gastar, a passar férias e a mudar de emprego como costumam fazer quando acreditam que a economia está boa.”

O que muitos norte-americanos afirmam é que, apesar de serem capazes de satisfazer os seus compromissos essenciais, no final do mês sobra muita “irritação e ansiedade com os preços, a pandemia e a política” e muito pouco dinheiro. E as dificuldades económicas são maiores para aqueles que não detêm diploma universitário: têm salários mais baixos, menos benefícios e trabalhos fisicamente mais exigentes – e estas pessoas constituem a maioria da população.

Talvez isto fosse o suficiente para indicar a decisão final do pêndulo eleitoral: afinal, a maioria das sondagens apontava Donald Trump como sendo mais competente em assuntos económicos, e Kamala Harris optou por focar-se em outros temas, sem se distanciar de Biden. Mas a dimensão económica também tem servido para analisar outra tendência eleitoral: os homens tendem a preocupar-se mais com a economia e isso reforçaria a divergência política face às mulheres, que têm revelado uma inclinação pró-democrata.

Afirmar, contudo, que os homens tendem a preocupar-se mais com questões económicas exige uma interpretação mais subtil. É que ela remete para uma realidade pouco falada, mas que tem vindo, aos poucos, a revelar-se e que se prende com o impacto que o novo mundo das políticas de igualdade está a ter nos homens.

2Os rapazes perdidos

Para nos debruçarmos sobre este tópico, temos de começar pelo trabalho de Richard Reeves, fundador do American Institute for Boys and Men. Depois de décadas a estudar questões de desigualdade, Reeves deparou-se com dados preocupantes no que diz respeito ao sexo masculino e documentou-os em 2022 com a publicação de Of Boys and Men: why the modern male is struggling, why it matters, and what to do about it. A conclusão do seu trabalho é simples: os rapazes (e os homens) encontram-se em dificuldades.

Podemos apresentar o argumento de Reeves considerando três dimensões: ensino, economia e integração social, embora elas se entrecruzem muitas vezes. Comecemos pelo ensino. Reeves apresenta geralmente o seu argumento a partir do seguinte dado: em 1972, quando o Title IX foi aprovado, procurando garantir condições de igualdade para as mulheres nas universidades norte-americanas, o intervalo entre homens e mulheres a completar o ensino universitário era de 16 pontos percentuais. Em 2023, esse intervalo passou a ser de 18 pontos percentuaismas em sentido inverso:

Para o autor, é surpreendente que este número não seja alvo de preocupação, uma vez que é revelador de um conjunto de dificuldades que os rapazes têm sentido na escola: reprovam mais, têm piores resultados, entram em menor número na universidade e desistem em maior número do que as raparigas. E parte relevante da justificação é biológica: não só é mais difícil para os rapazes adaptarem-se à disciplina física que a escola exige (sobretudo se considerarmos a crescente diminuição de atividades físicas e intervalos), como os meninos amadurecem mais tarde. Pensemos, nomeadamente, no amadurecimento do córtex pré-frontal: aquela parte fundamental do cérebro que nos permite tomar decisões de longo prazo e reprimir o desejo imediato (como jogar playstation) com vista a objectivos de longo prazo (como estudar para o teste de amanhã que nos permitirá ampliar a hipótese de entrar na universidade). Isto acontece mais tarde nos rapazes, o que os deixa em desvantagem na competição escolar.

Mas há um outro aspecto preocupante, e que já se vai sentindo entre nós. Nos Estados Unidos, praticamente um em cada quatro rapazes na escola é diagnosticado com problemas de desenvolvimento ou de concentração: como sentem mais dificuldades em estar sentados durante tantas horas e se revelam mais desafiantes, a solução tem sido medicá-los. Mas Reeves pergunta: são os rapazes que estão a falhar na escola ou é a Escola que está a falhar aos rapazes?

Em termos económicos, o cenário é igualmente desafiador: a maioria dos homens norte-americanos ganha hoje menos do que a maioria dos homens ganhava na década de 1970 (ajustado à inflação, naturalmente), sobretudo em resultado de os trabalhos que tradicionalmente lhes cabiam, e que eram bem pagos (há mesmo quem defenda que eram excessivamente bem pagos), terem desaparecido devido aos processos de relocalização e automação. Sem os velhos empregos e sem salários que permitam sustentar uma família, não admira que os homens se preocupem mais com a economia – e este é um aspecto fundamental que redesenha o modo como se integram socialmente.

Os estudos colectados por Reeves revelam que os homens têm menos amigos do que as gerações anteriores e afirmam sentir-se sozinhos regularmente. É quatro vezes mais provável que cometam suicídio, três vezes mais provável serem afectados por drogas e álcool do que as mulheres e são as vítimas principais das “deaths of despair”. Muitos estudos reportam o sentimento de se sentirem obsoletos (em resultado da emancipação laboral da mulher) e alvo de alienação parental.

Esclareçamos, quase desnecessariamente, este aspeto: Reeves não recusa que a igualdade entre homens e mulheres seja um valor político – simplesmente recorda que isto não é jogo de soma zero: uns não têm de perder para outros ganharem. E se os meninos se perderem, toda a sociedade perde. Devemos estar, por isso, atentos ao impacto que as nossas medidas têm e aos efeitos contraprodutivos que negligenciamos. Afinal,

“Não se derruba uma ordem social com 12 mil anos sem se experienciarem efeitos culturais colaterais. Neste caso, é o deslocamento de muitos dos nossos rapazes e homens.”

3A divergência política dos homens

No seu trabalho, Richard Reeves tem apresentado algumas hipóteses para lidar com este problema: os rapazes deveriam entrar para a escola um ano mais tarde do que as raparigas; o ensino vocacional, que entre nós é visto com bastante desprezo, deve ser promovido por ser especialmente vantajoso para os rapazes (Jonathan Haidt, em A Geração Ansiosa, defende o mesmo); e devemos abandonar o uso da expressão “masculinidade tóxica” e todo o peso ideológico que ela carrega.

Mas, acima de tudo, o seu diagnóstico é útil para analisar as actuais tendências de voto: considerando tudo o que foi dito, será surpreendente que se registe uma divergência política dos jovens do sexo masculino para o partido republicano, como revela a análise das recentes eleições presidenciais?

Os estudos realizados ao longo do último ano já tinham mostrado que, apesar desta tendência pró-republicana, a maioria dos jovens não apresenta um perfil tipicamente conservador e tende a estar de acordo com um conjunto amplo de valores que são entendidos como progressistas – como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a legalização do aborto (dentro de prazos razoáveis) e a igualdade entre homens e mulheres (vejo isto nos meus alunos constantemente). Mas sentem que as suas preocupações não são tidas em conta – pelo contrário, são demonizadas.

A jornalista Claire Cain Miller tem-se debruçado sobre o assunto e, ao entrevistar jovens que planeavam votar em Trump, notou que

 “eles se sentem desvalorizados. Disseram que se tem tornado mais difícil ser homem e valorizavam a força num presidente. No entanto, não exprimiam uma misoginia amarga, nem elogiaram as exibições exageradas de força adoptadas pela campanha de Trump. As suas preocupações eram sobretudo económicas, como a capacidade de cumprirem o papel tradicionalmente masculino de sustentar uma família.”

Encontramo-nos, contudo, no fio da navalha, como chama a atenção Daniel A. Cox:

“Devido a um sentimento de insegurança crescente, cada vez mais homens jovens estão a adoptar uma visão de soma zero da igualdade de género: se as mulheres ganham, os homens inevitavelmente perdem. É uma perspectiva que os torna defensivos e os encoraja a ignorar ou desprezar os desafios persistentes que as mulheres ainda enfrentam, e pode até estimular a misoginia.”

Regressemos a Reeves: se os dados nos mostram que os jovens do sexo masculino estão em dificuldades e as estruturas sociais não têm respostas para eles, não é surpreendente que sejam atraídos por líderes fortes ou figuras que não têm as melhores respostas. Voltaremos ao tema na próxima semana.

ELEIÇÕES EUA      ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA      AMÉRICA      MUNDO      HOMEM      SOCIEDADE      IGUALDADE DE GÉNERO

COMENTÁRIOS (de 20)

José Barros: A Patrícia Fernandes apenas aborda uma pequena parte do problema. Alguns exemplos: 1) há mais de 30 anos milhares de inquéritos sociais e estudos  meta-analíticos (Archer - 2006; Langrichtsen - 2012, Soares - 2018, Hammel - 2023)  vêm indicando taxas semelhantes de perpetração de violência doméstica entre géneros nos países ocidentais (sendo 50% da VD bidireccional e 50% unilateral, mas esta até prevalentemente feminina). Em Portugal, estudos sobre violência no namoro indicaram o mesmo. Porém, todos os países ocidentais tratam a VD como crime de género, referindo-o como violência contra mulheres e raparigas, não só nas políticas públicas, mas, em alguns países (Espanha), na lei. Curiosamente, o infanticídio que é praticado maioritariamente por mães (mais do dobro dos casos por comparação com os pais nos EUA e 80% mais nos países europeus) não é crime de género; 2) algumas formas de VD (como a alienação parental ou as alegações falsas) não são consideradas VD e até são socialmente aceites, porque vitimizam, sobretudo, homens (as mulheres vítimas desses fenómenos são um dano colateral do feminismo que quer a todo o custo negar que algumas mulheres possam ser agressoras para manter a narrativa de opressão); 3) em termos de meios de apoio, tomando Portugal como exemplo, há 40 casas de abrigo para mulheres e 1 para homens, apesar de os homens serem 1/3 das vítimas que necessitam de atendimento hospitalar (RASI - 2021); não há linhas de apoio para homens (várias para mulheres) e a CIG apenas reconhece a violência contra mulheres nos documentos publicados no seu site. Podia falar da mesma discriminação dos homens nos crimes sexuais ou nos direitos reprodutivos (os casos de fraude na paternidade, ou seja, de homens que são pais e não são informados disso pelas mulheres...e outros que acham que são, cuidam da criança e, anos depois, vêm a saber que não o são sem qualquer consequência para as mulheres que os enganaram). Há, pois, exemplos bem mais claros de desigualdades que prejudicam os homens do que aqueles referidos no artigo. Dito isto, a solução não passa por criar políticas de identidade para homens, mas sim, tratar todas as pessoas como iguais em direitos e deveres perante a lei. Até porque estas situações vitimizam não só homens, mas as mulheres à sua volta, como a VD sobre mulheres também afecta os homens à sua volta. A violência familiar afecta a família no seu todo.  Para isso, toda a política de prevenção e combate da VD teria de ser neutra do ponto de vista do género e ser repensada, mas ninguém se atreve sequer a questionar o feminismo radical nesse domínio                 Paulo Silva: Pensemos, nomeadamente, no amadurecimento do córtex pré-frontal [...] que nos permite tomar decisões de longo prazo e reprimir o desejo imediato [...] acontece mais tarde nos rapazes. A cara Patrícia Fernandes está a afirmar que existem ‘homens’ e ‘mulheres’, e que têm diferenças, mas o comunismo woke não pode tolerar isso... Não tarda vai ter uma trupe de wokes à perna como o colega do lado já tem.                 José Piçarra > José Barros: Bom dia. Muito agradeço o seu comentário a contribuir para este debate. Aguardemos pelos próximos textos da cronista, a ver até onde abordará o problema.  Eu creio que ninguém no seu perfeito juízo quererá políticas identitárias masculinas para contrabalançar, tal como a maioria concordará que igualdade entre os géneros perante a lei é a via a ser seguida. Fico é satisfeito de haver em Portugal quem finalmente reconheça as diferenças naturais entre os géneros e que as mesmas devem ser preservadas a bem das nossas relações sociais e que se questione também o caminho que está  a ser feito neste momento, com custos muito elevados para o género masculino, mas, ao mesmo tempo, que esse reconhecimento não implica que se queira pôr em causa todos os progressos feitos na emancipação feminina               Meio Vazio: Vale a pena manter a assinatura.                    Américo Silva: No Reino Unido o suicídio é a primeira causa de morte nos homens de menos de cinquenta anos, nos Estados Unidos e Canadá é a segunda, em 2022 mais de quatro vezes do que as mulheres. Os homens são cada vez mais vítimas de violência doméstica por parte das mães, das namoradas, das esposas, e também de violência sexual.                Paul C. Rosado: Excelente, mais uma vez. O problema é mesmo sério. E mais profundo. A hipergamia agudizou-se. As raparigas são educadas para terem um ego hiper inflacionado em relação aos rapazes. O resultado já é que uma grande parte dos homens jovens são completamente desprezados pelo sexo oposto. A historia demonstra-nos o que acontece quando temos um grande número de homens jovens, sem par romântico...                     Ana Maria Caldeira: Excelente. Sempre.                 João Floriano > José Piçarra: Concordo integralmente com o seu comentário sobretudo no que diz respeito à emancipação feminina. Contudo essa emancipação está muitas vezes a ser feita com prejuízo do lado masculino. Nesse aspecto a emancipação masculina que também se justifica à luz da emancipação feminina não é positivamente aceite pela sociedade que continua ainda a ver o homem como o sustento da família. Repare como um casal em que ela vai trabalhar e ele fica em casa a tratar das tarefas domésticas, dos filhos e do passeio do cão, é entendido com desconfiança e cepticismo pela família e pela sociedade. Ainda há muito preconceito e ideias feitas que atingem sobretudo o homem. Este é mais alvo de estereotipos do que  a mulher. Chegamos ao ponto de os homens terem medo das mulheres e uma relação equilibrada não se pode basear no medo geral de não ser compreendido, não ser aceite., ser excluídoEm 1992, Paulo Gonzo lançou uma canção lindíssima e premonitória chamada Jardins Proibidos. Já lá vão 38 anos e na altura pareceu-nos algo estranho. Hoje é perfeitamente compreensível que as mulheres têm os seus Jardins Proibidos, onde cada vez menos os homens entram e onde são cada vez mais os excluídos. Ambos perdem!