quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Para mais


Ele já testou. Digo, as armas nucleares. Embora ela, a Rússia – e, já agora, também ele, Putin, - para evitar a tal guerra nuclear. Mas para ela – e para ele – só conta a de ambos, Rússia e Ucrânia, guerra normal, para expropriação e retaliação russa contra a nação ucraniana nazi. Nunca pretenderam outra que não essa, normal, de retaliação contra o nazismo ucraniano inadmissível, negócio entre eles apenas, Rússia e Ucrânia, de laços até afectivos, bem fraternais, de zangas normais entre irmãos e irmãs. Que a guerra nuclear, abarcadoramente explosiva, nunca esteve nos seus propósitos, russos ou putinescos – mau grado as ameaças frequentes do Putin a esse respeito, de que trata o texto de JOSÉ CARLOS DUARTE, e mesmo outras tentativas em socorro de países necessitados, especificamente a Bielorrússia. Mas, repito, a Rússia está “a favor de fazer tudo para não permitir que ocorra uma guerra nuclear”.  Podemos permanecer tranquilos, mau grado o poderio russo nesse sentido, com documentos e tudo, mas de que Putin não deseja fazer prova. Dixit.

Ameaça preocupante ou apenas bluff? Putin revê doutrina, mas esta é a 12.ª vez que agita o papão do nuclear

Desde o início da guerra, o Presidente russo já fez pelo menos 12 ameaças nucleares. Líder altera agora doutrina com avisos à NATO e à Ucrânia. Pode Putin carregar no botão ou é demonstração de força?

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR, 19 nov. 2024, 22:005

Índice

Que ameaças nucleares fez Putin desde o discurso a 24 de fevereiro até à desta terça-feira?

O que é a doutrina nuclear de Putin?

Rússia vai mesmo utilizar armas nucleares? A dúvida que fica e os líderes que não estão “surpreendidos

Acção, reacção. No dia em que a Ucrânia utilizou pela primeira vez mísseis de longo alcance norte-americanos para atacar alvos em território russo, o Presidente da Rússia assinou o decreto que revê a doutrina nuclear do país, aumentando as possibilidades de Vladimir Putin carregar no botão e começar uma guerra nuclear. As medidas estavam a ser discutidas desde setembro deste ano, mas apenas foram oficializadas esta terça-feira.

Vladimir Putin não escolheu o timing ao acaso. Tal como fez desde o início da guerra na Ucrânia, o Presidente russo agita o papão do nuclear sempre que o Ocidente toma uma decisão que é desfavorável para as tropas russas que combatem na guerra da Ucrânia, que cumpre esta terça-feira mil dias. Desta vez, foi a decisão norte-americana em permitir que os militares ucranianos utilizem mísseis balísticos tácticos ATACMS — que podem atingir alvos até 300 quilómetros de distância — que motivou a reacção do Kremlin.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, explicou o principal ponto da revisão da doutrina. Assinalando que foi necessário “adaptar” os fundamentos da Rússia à “situação actual” geopolítica, o responsável da presidência russa avisou que a “Federação Russa se reserva o direito de usar armas nucleares no caso de uma agressão através de armas convencionais contra o país ou contra a República da Bielorrússia”. Ou seja, os ataques com mísseis ATACMS — armas convencionais — podem levar a uma resposta nuclear de Moscovo.

 À luz da nova doutrina militar russa, ataques com ATACMS podem levar à retaliação nuclear Getty Images

No entender dos dirigentes russos, assistiu-se a uma “escalada” por parte dos Estados Unidos, a que é preciso dar resposta, numa espécie de demonstração de força. Contudo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, realçou, perante os membros do G20 no Rio de Janeiro num encontro esta terça-feira, que a Rússia está “a favor de fazer tudo para não permitir que ocorra uma guerra nuclear”. 

Esta não é a primeira vez que a Rússia faz este tipo de ameaças desde o dia 24 de fevereiro de 2022. Logo no início da invasão, Vladimir Putin lembrou a comunidade internacional do seu poderio nuclear, uma forma de dissuadir os adversários de apoiarem directamente as forças ucranianas. Até agora, pelo menos nenhuma das doze ameaças de Vladimir Putin se concretizou. Será desta vez diferente?

Que ameaças nucleares fez Putin desde o discurso a 24 de fevereiro até à desta terça-feira?

A primeira ameaça aconteceu a 24 de fevereiro de 2022, data do início do que Moscovo chama “operação militar especial”. No momento em que tropas russas entravam na Ucrânia, Vladimir Putin fazia questão de lembrar ao mundo as capacidades nucleares do país: “Na esfera militar, a Rússia moderna, mesmo depois do colapso da União Soviética e a perda de parte significativa de capacidade nuclear, é uma das potências nucleares mais poderosas no mundo e possui certas vantagens em novos tipos de armamento. Neste campo, ninguém deve ter quaisquer dúvidas que um ataque direto ao nosso país vai originar a derrota e consequências horríveis para qualquer possível agressor”.

 No discurso do início da guerra, Putin fez ameaças nucleares Getty Images

A segunda ameaça foi apenas três dias depois. Num gesto de apoio à Ucrânia, os países do Ocidente aplicaram sanções económicas contra a Rússia. Isso motivou a fúria do Kremlin, que criticava as decisões de “altos funcionários da NATO que permitem declarações agressivas” contra a Rússia. “Por isso, ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe do Estado-Maior [das Forças Armadas Russas] que transfiram as forças de dissuasão do exército russo para um modo especial de dever de combate”, indicou Vladimir Putin, estando o armamento nuclear incluindo nas forças de dissuasão.

A terceira ameaça surgiu a 21 de setembro de 2022, numa altura negativa para a Rússia no campo de batalha. Naquele mês, a Ucrânia foi reconquistando territórios e os soldados russos fugiam em debandada da região de Kharkiv. Para fazer face às perdas, Vladimir Putin fazia outro discurso à nação em que ordenava a mobilização parcial. E também deixava outra ameaça nuclear ao Ocidente: “Se a integridade territorial e a defesa da Rússia estiverem em perigo, utilizaremos todos os meios ao nosso alcance para resolver os problemas. Os russos podem ficar descansados: a nossa defesa e segurança serão garantidas. Garantiremos a integridade territorial da nossa terra-mãe, a nossa independência e a nossa liberdade, repito, com todos os meios de que dispomos. Isto não é bluff. Os líderes do Ocidente devem saber que o mal pode virar-se contra eles”.

A quarta ameaça ocorreu a 9 de dezembro de 2022, numa altura em que a Ucrânia ainda ia consolidando ganhos no campo de batalha. Aos jornalistas, durante um evento no Quirguistão, Vladimir Putin salientou que as “armas hipersónicas avançadas garantem que a Rússia possa responder se estiver sob ataque”. “Qualquer país que se atreva a atacar a Rússia com armas nucleares será varrido da face da Terra.”

"Qualquer país que se atreva a atacar a Rússia com armas nucleares será varrido da face da Terra." Vladimir Putin, Presidente da Rússia

A quinta ameaça deu-se a 21 de fevereiro de 2023, num discurso que falava sobre o primeiro ano desde o início da invasão. Vladimir Putin anunciava a suspensão da sua participação no acordo nuclear New START, assinado em 2010, que previa a redução em cerca de metade das armas nucleares estratégicas e que era o último grande acordo nuclear entre Rússia e EUA. E o Presidente russo deixava um aviso: “A Rússia deve estar preparada para testar armas nucleares. Se os EUA fizerem testes, ninguém deve ter dúvidas de que isso irá destruir a paridade existente”.

A sexta ameaça foi a 25 de março de 2023 e envolveu a Bielorrússia, um dos principais aliados da Rússia na Europa. O chefe de Estado anunciou que colocaria armas nucleares no país vizinho, após um pedido do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que alegava que o Ocidente (nomeadamente a Lituânia e a Polónia) queriam atacar o país. Numa entrevista à televisão russa, Vladimir Putin explicou a decisão, voltando a atirar contra a NATO: “Estamos a fazer o que eles têm vindo a fazer há décadas, estacionando armas nucleares em certos países aliados. Vamos fazer a mesma coisa.”

A sétima ameaça foi realizada a 5 de outubro de 2023. O Presidente russo anunciava que o país tinha testado com sucesso armas nucleares da última geração, em concreto o míssil cruzeiro Burevestnik e o míssil balístico intercontinental Sarmat, e deixava outro aviso: “Não há nenhuma situação hoje em dia que possa ameaçar o Estado russo e a existência do Estado russo. Não. Penso que nenhuma pessoa mentalmente sã e com todas as suas capacidades mentais pensaria usar armas nucleares contra a Rússia”.

 Míssil intercontinental Sarmat RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE / HANDOUT/EPA

A oitava ameaça ocorreu a 29 de fevereiro de 2024, numa altura em que o Presidente francês, Emmanuel Macron, abriu a possibilidade de enviar tropas da NATO para lutarem na Ucrânia contra os russos. Vladimir Putin recordou conflitos passados — como a campanha de Napoleão Bonaparte na Rússia e as guerras mundiais — e disse que atualmente os riscos eram ainda maiores. “Lembremo-nos do destino daqueles que mandaram contingentes para o território do nosso país. As consequências para os possíveis intervenientes seriam agora muito mais trágicas. Devem entender que nós também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente cria o risco de um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Eles não entendem isso?”

A nona ameaça deu-se a 13 de março de 2024, numa entrevista à agência de notícias RIA. Questionado sobre se a Rússia estava pronta para uma guerra nuclear, Vladimir Putin assegurou: “De um ponto de vista militar-técnico, nós estamos, claro, prontos. Não penso que tudo esteja a apontar para isso, mas estamos prontos para isso”.

A décima ameaça aconteceu a 7 de junho de 2024. Três semanas antes, o Ministério da Defesa russo tinha ordenado exercícios nucleares perto da Ucrânia. Durante uma sessão no fórum em São Petersburgo, Vladimir Putin elevou o tom, já admitindo fazer alterações à doutrina militar. Salientou que a Rússia “tinha mais [armas nucleares] do que no continente europeu, mesmo que os Estados Unidos trouxessem todas as suas”. “A Europa não tem um sistema [de aviso]. Nesse sentido, eles estão mais ou menos indefesos.”

 Putin chegou a dizer que a Europa era "indefesa" a ataque russo MAXIM SHIPENKOV/EPA

A décima primeira ameaça chegou a 13 de setembro de 2024, numa altura em que a Ucrânia já tinha feito uma ofensiva surpreendente em Kursk. Comentando aos jornalistas sobre a possibilidade de os EUA darem luz verde a Kiev para atacar alvos a longa distância, Vladimir Putin alertava que isso significa que os países da NATO “entrariam em guerra com a Rússia”. “Nesse caso, tendo em conta a mudança da essência do conflito, faremos as decisões apropriadas em resposta às ameaças que nos serão feitas.”

A décima segunda ameaça data de 25 de setembro de 2024 e foi oficializada esta terça-feira. Vladimir Putin assumiu que a doutrina militar seria alterada.

O que é a doutrina nuclear de Putin?

Desde que o Presidente russo chegou ao poder, em 2000, a doutrina nuclear russa já sofreu várias modificações. Vladimir Putin foi o primeiro a oficializá-la após a queda da União Soviética; antes disso, o antigo Presidente Boris Iéltsin já tinha assinado um documento sobre o assunto, mas nunca foi publicado. O actual chefe de Estado incluiu as condições em que se usaria armamento nuclear na doutrina militar da Rússia — um documento mais extenso e amplo do que há hoje em dia.

 Vladimir Putin foi o primeiro a oficializá-la após a queda da União Soviética - SERGEI ILNITSKY/EPA

Essa doutrina militar foi actualizada em 2010 e em 2014. Mas foi há quatro anos que Vladimir Putin deu um passo ainda mais à frente. Como lembra a agência TASS, a 2 de junho de 2020, o Presidente russo publicou um documento sobre os Princípios Básicos da Política de Estado da Federação Russa sobre a Dissuasão Nuclear. O documento versava apenas sobre a doutrina nuclear e era o primeiro do género a revelar publicamente em que condições a Rússia usaria armamento daquele tipo.

Em 2023, por conta do envio para a Bielorrússia de armas nucleares russas, a doutrina foi actualizada. A maior modificação ocorreu esta terça-feira, com Vladimir Putin a assinar o decreto que colocava as alterações em vigor. Segundo a agência RIA, as principais alterações mais recentes consistem em:

A Rússia pode utilizar armas nucleares em caso de agressão contra o território do país ou contra a Bielorrússia, se existir uma ameaça crítica à integridade territorial;

A agressão de qualquer Estado de uma aliança militar contra a Rússia (ou os seus aliados) é considerada uma agressão desta coligação como um todo.

A agressão contra a Rússia ou dos seus aliados por um Estado não nuclear com o apoio de um Estado nuclear é considerada um ataque conjunto.

A Rússia reserva-se ao direito de usar armas nucleares em resposta à utilização de armas de destruição maciça contra o país ou contra os seus aliados;

A Rússia exerce a sua política de dissuasão nuclear contra um possível adversário, seja Estados, blocos ou alianças que consideram a Rússia como um adversário.

É possível uma resposta nuclear russa no caso de uma ameaça crítica à sua soberania, mesmo com armas convencionais, no caso de um ataque contra a Bielorrússia como membro da União [entre Rússia e Bielorrússia], ou no caso do lançamento massivo de aviões militares, mísseis de cruzeiro, drones ou outras aeronaves através da fronteira russa.

Estas alterações estão claramente destinadas a enviar um sinal à NATO, a principal organização militar que a Rússia vê como inimiga. E também à Ucrânia, devido ao apoio que praticamente todos os membros da Aliança fornecem ao esforço de guerra ucraniano. Colocando na doutrina nuclear a questão da armas convencionais, Vladimir Putin tenta ainda desincentivar o Ocidente a aumentar o apoio militar que permita a Kiev atacar alvos dentro de território russo, avisando que a retaliação pode ser nuclear, mesmo que sejam utilizadas armas convencionais em primeira instância.

 Com a nova doutrina nuclear, Putin envia recados à Ucrânia e à NATO TOMS KALNINS/EPA

Rússia vai mesmo utilizar armas nucleares? A dúvida que fica e os líderes que não estão “surpreendidos”

A possibilidade de a Rússia usar armamento nuclear não está fora de questão, ainda que seja uma medida extrema. Vários líderes reagiram sem grande surpresa ao sucedido. Por exemplo, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, lembrou que “esta não é a primeira vez que Putin usa a chantagem nuclear” A Rússia subscreveu o princípio que uma guerra nuclear não pode ser ganha e, por isso, nunca deve acontecer. Qualquer apelo para uma guerra nuclear é uma irresponsabilidade”, frisou.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, referiu que também não está “surpreendido” com a revisão da doutrina, recordando que, nos últimos dois anos, Moscovo “coagiu e intimidou quer a Ucrânia, quer outros países em todo o mundo com o seu comportamento e a sua retórica irresponsável nuclear”. Para já, Washington rejeita “ajustar a postura nuclear”, mas vai continuar a criticar o Kremlin pela sua “retórica bélica e irresponsável”.

Alguns analistas também consideram improvável que a solução passe pelo nuclearEm declarações à Associated Press, Jack Watling, membro do think tank britânico Royal United Services Institute, acredita que “certamente” a Rússia não vai utilizar armas nucleares por a Ucrânia utilizar mísseis de longo alcance. Porém, o especialista acredita que Moscovo pode encontrar outras formas de retaliar. Uma dessas maneiras pode ser ao cortar cabos submarinos, tal como o que está a acontecer com entre a Finlândia e a Alemanha.

Por sua vez, a cientista política russa Tatiana Stanovaya escreveu no X que existe uma “ameaça directa” que pode levar a Rússia a reagir com armas nucleares. “Esta pode ser a primeira vez que o Kremlin reconhece explicitamente que pode usar armas nucleares como resposta a ataques em território russo com mísseis de longo alcance. Em termos mais simples, Peskov admite que o Kremlin está a avaliar a possibilidade de um ataque nuclear”, clarificou.

A mesma especialista indica que uma “escalada” é “atractiva” para o Kremlin neste momento, recordando a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. “Como Trump ainda não está em funções, essa movimentação não interferiria com qualquer iniciativa de paz, mas pode reforçar o argumento de Trump para dialogar directamente com Putin. Simultaneamente, exporia Joe Biden a críticas, por o actual Presidente ser o responsável por uma escalada, desencorajando a Ucrânia de usar mísseis de longo alcance”, explicou Tatiana Stanovaya.

Ao longo de mil dias de conflito, o Presidente russo recorreu por várias vezes à chantagem nuclear para tentar pressionar o Ocidente a não apoiar a Ucrânia e a impor linhas vermelhas. Ao autorizar que Kiev utilizasse os mísseis ATACMS, Joe Biden pisou claramente uma, desagradando o Kremlin. Até agora, Vladimir Putin tem-se ficado pela retórica e os líderes ocidentais não acreditam que vá passar à ação — mas o aviso foi dado.

GUERRA NA UCRÂNIA      UCRÂNIA      EUROPA      MUNDO      RÚSSIA      ACORDO NUCLEAR      ARMAMENTO NUCLEAR      DEFESA      SOCIEDADE

COMENTÁRIOS (de 47):

Lourenço de Almeida: Se alguém ameaça 12 vezes é obviamente porque não quer ou não pode executar a ameaça. Como é que um país com um território gigantesco e completamente impossível de defender, com um PIB do nível do da Espanha e per capita metade do Português pode alguma vez fazer frente aos países mais desenvolvidos e ricos do mundo?! A Rússia é uma ruína só comparável à ruina que no passado foi a União Soviética. Se o ocidente não estivesse perdido a aplaudir terroristas muçulmanos e preocupado com as casas de banho transgénero, a Rússia já teria sido posta na ordem logo na altura em que invadiu a Crimeia sem que o São Obama, essa nulidade, tivesse ao menos feito cata feia ao Kremlin!              Luis Freitas > M. Nunes da Serra: Que tal emigrares para a Rússia? Loucura foi a Europa e os EUA terem apoiado só com meras palavras a Ucrânia quando a Rússia invadiu a Crimeia, se tivessem apoiado a Ucrânia com o envio massivo de armas nunca mais a Rússia se atreveria a invadir os países vizinhos .             Ilidio Dantas > Liberales Semper Erexitque: Ai que medo se acreditas tanto nisso vai ajudar teus amigos comunas a carregar no botão. Putin é um cobarde mentiroso que não engana ninguém e pouco ou nada quer saber dos jovens russos na frente de batalha ou quantas vezes o cobarde foi visitar os soldados na frente?

Eduardo CostaRui Machado: Só há um lado irresponsável: a Rússia.              Nuno Pinho > Liberales Semper Erexitque: 3 Anos. 700000 baixas operacionais. Milhares de peças operacionais. Ajuda operacional de dois estados beligerantes. Ameaça nuclear (o nuclear assegura destruição, nunca será usado pelos siloviques). Como se pode dizer que a Rússia está a ganhar operacionalmente? Na verdade, existe uma elevada atrição, contra um país suportado por outros países mas que luta praticamente sozinho e de mãos atadas. Na verdade, tal como a União Soviética será uma queda abrupta, ou, uma revolução interna dos mesmos grupos que actualmente estão a suportar com muitas reservas este sangramento económico/militar. Será o maior erro cometido por um líder soviético e ficará na história como uma mancha no povo russo (que nenhuma culpa tem por estes siloviques pensarem que podem fazer o que lhes apetecer)            Abilio Silva: Snr José Carlos Duarte, excelente artigo. Só faltaram as bocarras da Zakarova e do bebedolas medvedev.         M. Nunes da Serra: Uma loucura, o desespero dos "democratas"!!! Será que preferem mesmo o fim do mundo à presidência de Trump?? Onde fica a limitação de poderes de uma Administração que está de saída, em que o presidente foi escorraçado pelos próprios "democratas" e a vice-presidente, levada para eleições sem qualquer legitimidade dada pelo processo eleitoral previsto pelo próprio partido "democrata", perdeu a eleição, em voto popular e no colégio eleitoral de forma estrondosa??

Eduardo Costa: A Rússia e o seu Regime Mafioso e Criminoso estão-se a tornar na Chacota do Mundo inteiro. Dão vontade de RIR e são Desprezíveis                Liberales Semper Erexitque: Existem dois riscos nucleares completamente diferentes: o de utilização de armas nucleares contra a Ucrânia, e o de utilização de armas nucleares contra a NATO. O segundo seria a famosa "terceira guerra mundial", e a lógica diz-nos que seria total e preferencialmente de surpresa. Quanto à utilização de armas nucleares contra a Ucrânia, estamos quase exactamente na mesma situação do Japão em 1945, um país governado por fascistas, que recusa aceitar a derrota militar, e que pretende prolongar a guerra que perdeu, a qualquer preço, face a um inimigo nuclear que não está disposto a sacrificar a sua juventude para se livrar dos desvarios de um comediante fascista. Pode acontecer, portanto, antes de mais tendo como alvo tropas ucranianas. Slava slava slava!                     Cristina Torres: A China tem uma boa quota parte de culpa nesta guerra porque nunca condenou abertamente a Rússia nem a sancionou pelo contrário apoia-a e mesmo agora foi rapidíssima a condenar os EUA pela autorização dos misseis longo alcance.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Greves só quando

 

O governo é mais virado à direita - pelo menos na aparência, tão em bicos de pés anda essa direita, por essa altura - pois que não só PS e C.ia tudo fazem para o empurrar – ou emporcalhar – (já que, quando é o PS e C.Ia a dirigir, não há greves que valham, pois a esquerda só as fabrica quando é a tal direita a querer impor-se – aliás, esta sempre em delicada vénia à esquerda englobante do PS, os quais não fazem mais do que atacar, em exaltação de mérito, para a impedir de governar, tudo tão deprimentemente sem educação - esta definitivamente arrumada, em várias frentes por cá. NUNO GONÇALO POÇAS assim o conta e mais não diz por delicadeza, com certeza, prova de que ainda há entre nós quem fuja a essas regras de pose diminuta, ai de nós, e tente consertar o que parece definitivamente desarranjado e sem classe.

Greve à sexta-feira

Há uma multidão de revoltados com situações como esta das greves semanais à sexta-feira e respectivo silêncio e cumplicidade vindos das elites.

NUNO GONÇALO POÇAS Colunista do Observador. Advogado, autor de "Presos Por Um Fio – Portugal e as FP-25 de Abril"

OBSERVADOR, 19 nov. 2024, 00:1839

O tema não tem despertado particular interesse mediático, salvo uma ou outra excepção – um ou outro texto de opinião aqui e ali, um apontamento acolá, demonstrando a absoluta regra que é o escabroso silêncio que paira sobre o que se está a passar nas escolas deste país. Entre greves semanais (sempre coladas ao fim-de-semana), o absentismo (mais generalizado do que eu próprio imaginaria), o Estado (que lida com um histórico de descentralização de competências para as autarquias raramente acompanhada de verbas, favorecendo brilharetes orçamentais para abrir telejornais e esconder desastres sociais longe dos holofotes), uma guerra surda de sindicatos, e da esquerda em geral, numa luta por poder interno e por levar para a rua parte do descontentamento, que pretenderá (?) resgatar a André Ventura, entre tudo isto, dizia, resplandece a indiferença para com os danos que o país está a impor a uma geração de crianças e jovens que, já vítimas das medidas draconianas da pandemia, continuam a ser mártires de greves semanais, que se irão prolongar sabe-se lá durante quanto tempo mais.

Na escola pública o que vamos ouvindo é uma espécie de tornado que se forma. Mesmo gente de esquerda, inicialmente mais paciente e compreensiva para com o movimento grevista dos incontáveis sindicatos do sector, vai deixando escapar o seu desconforto com aquilo a que chama – e a que outros dão voz parlamentar – a bandalheira. Há quem já tenha perdido empregos por ter de faltar tantas vezes para ficar em casa com filhos sem aulas. Há quem já não saiba como explicar que tem de faltar ao trabalho. Há quem perca valiosa parte do salário graças a estas faltas forçadas para colmatar greves à sexta-feira. Há quem já não esteja para aturar isto e esteja a pensar tirar os filhos da escola pública. Em todos, cresce um desconforto: não há quem não reconheça os baixos salários e as más condições de trabalho de auxiliares e professores; mas não falta também quem se queixe de não ter melhor salário ou melhores condições para trabalhar e esteja ainda a ser prejudicado pelas greves dos outros, e já esteja apenas preocupado com a ordem e a normalidade.

Enfim, cada família resolverá o assunto da melhor maneira que conseguir, a menos que o Governo descubra dinheiro debaixo das pedras ou opere algum outro milagre num sector com um peso sindical que nunca pretende discutir o sucesso educativo dos alunos, focado exclusivamente na luta de classes e no combate pelo território político do campo marxista. No limite, a melhor maneira será aguentar, por falta de opção financeira, uma escola refém dos sindicatos que discrimina os seus alunos e os abandona ao insucesso relativo.

Não sei se o fenómeno é transversal, mas sei que houve pais em agrupamentos de escolas de Lisboa que se envolveram e deram publicidade a um problema que se vive em várias escolas. Mas, ainda que não seja um problema que se manifeste pelo país inteiro, não deixa de surpreender a indiferença jornalística para com o assunto – sobretudo para um jornalismo que se mobiliza noutras situações menores; sei lá, que é capaz de fazer directos televisivos se houver meia dúzia de malabaristas no Chiado a exigir o fim do Estado de Israel ou a defender a honra da «democracia» cubana. Não sei, embora imagine, se boa parte das vozes públicas, entre partidos e imprensa, frequenta a escola pública. Mas era útil que, pelo menos, se importassem.

Percebo que os tempos estão mais para a sinalização de virtudes e para a demagogia de todos os campos do que para este género de assuntos. Compreendo perfeitamente que um país que tem, mediaticamente, um enorme viés de esquerda não queira ver-se em confronto com os exageros sindicais. Mas saibam, pelo menos, o seguinte: há uma multidão de revoltados com situações como esta das greves semanais à sexta-feira e respectivo silêncio e cumplicidade vindos das elites. Como demoraram oito anos a perceber (os que perceberam) como os Estados Unidos elegem quem elegem, talvez ainda seja demasiado cedo para compreenderem o que aí vem. O Governo, que tem, neste sector, as pessoas mais capazes que podia ter, é quem pode cortar o mal pela raiz, ou atenuá-lo de alguma forma. É, afinal, para isso que servem os Governos. Se o Primeiro-ministro não estiver, como parece, mais concentrado nas fórmulas narrativas de que precisa para ganhar eleições mais confortavelmente, é nisto que deve concentrar-se: na resolução de problemas, e o poder sindical é um problema. Poderá não parar a avalanche anti-sistémica que aí vem, agora reforçada pelas eleições norte-americanas, mas pode, pelo menos, mitigar-lhe os efeitos e preparar o país para dias piores.

COMENTÁRIOS (de 39)

Bruno: Obrigado por ser uma das poucas vozes a trazer algo de tão evidente para cima da mesa. Durante os anos da Geringonça praticamente não existiram greves…porque será? Hoje em dia, as greves são o dia-a-dia… nas escolas é a vergonha instalada… não porque as pessoas não tenham direito a lutar pelos seus direitos, mas porque o fazem de uma forma desonesta para com qualquer tipo de negociação… Os professores depois de terem conseguido aquilo que queriam (tempo de serviço) logo arranjaram mais um ou dois ou três temas para novas greves… hoje são os auxiliares… amanhã voltam os médicos…e por ai fora… Infelizmente não existe da parte dos sindicatos qualquer interesse em melhorar serviços e condições…o objectivo único é criar caos e sacar o mais possível…. O facto de agora termos greves às 6f, só prova este ponto… Quanto às esquerdas elitistas que não estão preocupadas com a educação desta geração, não estão nem nunca vão estar…porque os seus filhinhos estão no privado longe destas guerras sectárias da plebe… Abram os olhos              Coxinho: Que será preciso acontecer para os portugueses perceberem que o socialismo nunca passa da destruição sistemática do tecido social e económico para depois vir fingir que ajuda os mais desfavorecidos a sobreviver?                   Luís CR Cabral: Enquanto os velhos comunistas dominarem os sindicatos não será possível acabar com esta pouca vergonha e a única hipótese é o salve-se quem puder e procurar os serviços de saúde e as escolas privadas. Tenho pena de quem não pode e acreditou no socialismo.               Hugo Marinho: Uma pouca vergonha o que esses grevistas profissionais fazem, com o apoio da comunicação social                    Cristina Torres: Não deve haver um deputado que tenha os filhos no ensino público, dou três exemplos dos defensores da escola pública: Pedro Nuno Santos,  Alexandra Leitão, José Luís Carneiro todos têm os filhos nos melhores Colégios do país! Há anos e anos que é assim, o ensino público é uma bandalheira, conheço vários professores do ensino publico que tem os filhos no ensino privado... e muitos e muitos pais que tem os filhos no privado por causa desta situação e não, não são ricos, fazem um esforço enorme financeiro para o suportar este custo! Tudo isto porque não há nem vai haver coragem política para acabar com a bandalheira da utilização excessiva e abusiva das greves             Nuno Abreu: Tem toda, toda a razão. André Pestana e Mário Nogueira  que vivendo à custa do Estado querem derrubar o Estado deviam ser condenados a trabalhos forçados na limpeza das Escolas. Há anos que destroem o ensino em Portugal, causando-lhe mais estragos que vinte Covids.               João Floriano: Se Nuno Poças não estava já na lista de «Fascistas e Inimigos da Democracia», pode ter a certeza de que já não escapa. A palavra que define tudo isto é acertadamente bandalheira, uma enorme bandalheira. Admira-me que Nuno Poças afirme que «não deixa de surpreender a indiferença jornalística para com o assunto....». Interpreto esta expressão como retórica porque alguém inteligente como Nuno Poças e que viveu num concelho comunista, percebe perfeitamente como se chegou a este estado de coisas. A CS sempre foi dominada pela esquerda,  a mesma esquerda que domina os sindicatos da função pública, os tais que exigem sempre e sempre mais regalias e que estão sempre insatisfeitos com o que recebem. Logo a CS não vai apontar o dedo a esses sindicatos. Há truques que são velhos. Um deles é encostar os dias de greve ao fim de semana ou ainda melhor a um feriado. E se esse feriado por sua vez se encostar ao fim de semana, são umas mini férias muito gostosas. Quando ainda ensinava, havia uns chamados artigos quarto que permitiam justificar as faltas de dois dias. Ninguém está livre de um mal-estar súbito, de um filho que adoece, de um transporte que não aparece. Muitos dos grevistas jogavam nos dois tabuleiros: para os sindicatos faziam greve, mas apresentavam o artigo quarto e oficialmente tinham tido uma indisposição física. Outro estratagema consistia em  aproveitar a greve de dois ou três funcionários essenciais para constatar a adesão à greve. Por exemplo: a portaria, o serviço de bar, vigilância dos pátios, não podem ficar desguarnecidos. Na verdade não havia adesão nenhuma. Na realidade apenas 3 funcionários estavam em greve obrigando a escola  a fechar. Somos de facto um país totalmente adornado para  a esquerda, qual barco que naufragou e cuja colocação na posição certa se está  a revelar tarefa muito difícil. Até 10 de março a esquerda não ia de modo algum querer reverter a situação das greves nas Escolas e tão pouco iam fazer greve contra si mesmas. é por isso que os anos da geringonça foram de acalmia. Agora o governo AD não tem coragem e muito menos força política para mudar de rumo. Tudo o que faz é correr atrás do PS. Greve e grave começam cada vez mais  a soar ao mesmo.                    Carlos Chaves: Caro Gonçalo Poças os jornalistas estão-se nas tintas para o que se passa nas escolas e com as inaceitáveis greves políticas que por lá ocorrem a amiúde, basta ler este jornal! Concordo em absoluto com esta sua opinião, fazer alguma coisa para acabar com este regabofe nas escolas, ontem já era tarde.                 GateKeeper: As baixas fraudulentas [com a cumplicidade bem conhecida dos médicos e afins] contribui com outro tanto para o caos das greves, das "férias" e das "baixas". Provavelmente e em média uma/um "trabalhador do 'publicuzinho' deve trabalhar bem menos do que 150 dias/ano. A legislação existe, mas "não passa do papel e para Inglês e UE verem". Tugalândia = Banana Republic. Quanto ao "poder local" nem vale a pena comentar; aqui no UK as/os Portugueses que vivem e trabalham por cá apelidam -no de "poder regional das famiglias".                 Fernando ce: Muito bem. O país está em roda livre no sector público. Não há accountability. Já li algures que, em alguns serviços públicos, destroem os aparelhos de controle de assiduidade pouco depois de serem instalados.  Palavras para quê? A culpa não é sobretudo dos governos. Este povo não se deixa governar.                   afonso moreira: Estes problemas que muito enuncia, não terão solução enquanto os sindicatos forem braços armados de partidos e projectos políticos. As carreiras na função pública são um emaranhado e sem qualquer fio condutor de racionalidade. Quem tem poder reivindicativo safa-se, os que não têm... como é o caso dos assistentes operacionais. Por alguma razão, antes desta bagunça, que dá poder a muitos e que não representam quase ninguém, é que a carreira na função pública era apenas uma, desde os ministros até à última categoria, com regras claras e bem definidas. A quem convém isto?          Roberto Carlos: Tirem os sindicatos das unhas dos comunistas que o  País melhora.

Ditos oportunos


Aplicáveis a estes tempos de imensos ditos, quantas vezes de adequado oportunismo. O mal é quando os ditos – de aparência justiceira - se transformam em factos de gravidade absoluta, caso das afirmações putinescas a respeito de um país a que pretendeu lançar as garras... e o comprova, no apreço concordante dos seus apreciadores e amigos de peito. Contudo, não me parece que George Soros tenha absoluta razão, no dito citado pelo Dr. LUÍS SOARES DE OLIVEIRA, que recebi por email. Cito apenas um exemplo, como definição literária, verdadeira e definitiva - mau grado as demonstrações em contrário  - “Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente, É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer”… Ainda que nem sempre verdadeiras, as afirmações literárias são construção imortal, jamais posta em causa.

LUIS SOARES DE OLIVEIRA

2 d  · 

DITOS NOTÁVEIS

George Soros disse:

"Toda a construção humana, seja mental, material, ética ou mundana, revela com o tempo as suas imperfeições. Do momento em que são reconhecidas e aceites (óptimo) até ao momento em que é desmentida e desconsiderada, a teoria ainda que errada produz resultados (falácias férteis). Assim algumas falácias conseguem ser férteis durante algum tempo."

COMENTÁRIOS:

AIDA FRANCO NOGUEIRA: Curioso ser este senhor Soros a dizer isto. Julguei que outra pessoa o dissesse relativamente a ele.

LUIS SOARES DE OLIVEIRA: Aida Franco Nogueira sabe: o Soros era economista e OS ECONOMISTAS, assim COMO OS Farmacêuticos, SABEM QUE NÃO HÁ BEM QUE SEMPRE DURE.

FERNANDO SOARE MENDES: Vindo desse tipo, credibilidade zero.

 

NOTAS DA INTERNET:

I-(APRESENTAÇÃO):

GEORGE SOROS (/ˈsɔːrs/ ou /ˈsɔːrɒs/; em húngaro: György Soros, pronunciado [ˈʃoroʃ ˈɟørɟ]; nascido como György Schwartz;  Budapeste12 de agosto de 1930) é um investidor e filantropo húngaro-estadunidense. Em fevereiro de 2018, ele tinha um património líquido de 8 bilhões de dólares, tendo doado mais de 32 bilhões de dólares para sua agência filantrópica, a Open Society Foundation.

Carreira

Nascido em Budapeste, Soros sobreviveu à Hungria ocupada pela Alemanha Nazista e, após a Segunda Guerra Mundial, emigrou para o Reino Unido em 1947. Ele frequentou a London School of Economics, graduando-se em bacharelado e em mestrado em filosofia. Soros iniciou sua carreira comercial assumindo vários empregos em bancos comerciais no Reino Unido e depois nos Estados Unidos, antes de iniciar o seu primeiro fundo de hedge, o Double Eagle, em 1969. Os lucros do seu primeiro fundo forneceram o dinheiro inicial para iniciar o Soros Fund Management, o seu segundo fundo de hedge, em 1970. O Double Eagle foi renomeado para Quantum Fund e foi a principal empresa que Soros aconselhou. Na sua fundação, o Quantum Fund possuía 12 milhões de dólares em ativos sob gestão e, em 2011, possuía 25 bilhões de dólares, a maioria do património líquido geral de Soros.

Soros é conhecido como "o homem que quebrou o Banco da Inglaterra" por causa de sua venda a descoberto de 10 bilhões de dólares em libras esterlinas, o que lhe rendeu um lucro de 1 bilhão de dólares durante a crise monetária do Reino Unido na "Quarta-Feira Negra" de 1992. Com base nos seus primeiros estudos de filosofia, Soros formulou uma aplicação da Teoria Geral da Reflexividade de Karl Popper para o mercado de capitais, que ele afirma render-lhe uma imagem clara das bolhas de activos e do valor fundamental/de mercado dos valores mobiliários, bem como das discrepâncias de valor usadas para reduzir e troca de acções. Soros é um conhecido apoiador de causas políticas progressistas e liberais, para as quais ele distribui doações por meio de sua fundação. Entre 1979 e 2011, ele doou mais de 11 biliões de dólares para várias causas filantrópicas; até 2017, suas doações "em iniciativas civis para reduzir a pobreza e aumentar a transparência e em bolsas de estudo e universidades em todo o mundo" totalizaram 12 biliões de dólares. Ele influenciou o colapso do comunismo na Europa Oriental no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 e forneceu uma das maiores doações ao ensino superior da Europa para a Universidade Centro-Europeia em sua cidade natal húngara. O seu extenso financiamento de causas políticas fez dele um "alvo dos  nacionalistas europeus". Vários conservadores estadunidenses já promoveram falsas alegações que caracterizam Soros como um "mestre das marionetes" singularmente perigoso por trás de uma variedade de supostas conspirações globais, sendo que o The New York Times relatou em 2018 que essas alegações haviam "mudado da periferia para a corrente principal" da política do Partido Republicano. As teorias da conspiração dirigidas a Soros, que é descendente de judeus, têm sido frequentemente descritas como antissemitas.

II- OPINIÃO (INTERNET):

As ideias de George Soros são o seu grande legado – e vão continuar a fazer caminho

ANNA PORTER:

08 setembro 2023 11:40

Para um dos filantropos mais controversos do mundo, tem sido um ano um cheio. George Soros, que fez 93 anos no mês passado, passou o comando da Open Society Foundations (OSF) ao seu filho Alexander, de 37 anos, em dezembro passado. Deste modo, dada a sua estatura internacional, os seus interesses intelectuais e o seu vigoroso envolvimento nos assuntos mundiais, esta poderia ser uma boa altura para Soros pensar no seu legado.

Mas quando o encontrei pela última vez, há nove anos, o seu legado era a última coisa em que pensava. Em vez disso, estava preocupado com o rumo que a Europa de Leste estava a tomar, com o futuro da União Europeia, com o destino dos ciganos, com a Birmânia, com a Rússia e com o Tribunal Penal Internacional. Estava preocupado com a crise do capitalismo global e com as divisões crescentes na sociedade norte-americana. Não mostrava qualquer interesse em deixar um legado.

As coisas mudaram desde então. É regularmente apontado por alguns políticos como encarnação do demónio, o inimigo perfeito contra o qual é fácil estabelecer credenciais populistas, autoritárias, antiglobalistas e conservadoras.

Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán conseguiu uma vitória eleitoral estrondosa ao fabricar e depois combater a imagem de Soros como alguém que impunha aos húngaros a imigração muçulmana e políticas sociais liberais. Um ministro do governo de Narendra Modi, na Índia, afirmou que Soros quer “destruir os processos democráticos da Índia”. Na Turquia, Recep Tayyip Erdoğan chamou-lhe "o famoso judeu húngaro Soros", “designa pessoas para dividir nações e destruí-las”. E em maio, Elon Musk publicou no Twitter (agora X) que Soros lhe fazia lembrar Magneto, o vilão da Marvel Comics, tendo afirmado que “odeia a humanidade”.

Certa vez, Soros disse-me que se orgulhava de ter os inimigos que, inadvertidamente, vinha a acumular: ao pavonearem-se com as suas crenças, estavam a provar que Soros tinha razão.

George Soros cresceu na Hungria numa altura em que ser judeu era, na melhor das hipóteses, perigoso e, na pior, letal. O seu pai, Tivadar, foi um advogado empreendedor e ensinou o jovem George a “misturar-se com a paisagem e simplesmente desaparecer”, como a maioria dos animais faz quando é ameaçada. George tinha apenas 14 anos quando os nazis começaram a agrupar os judeus húngaros, tornou-se Sandor Kiss, um refugiado da Roménia que vivia com o seu padrinho, um funcionário do Ministério da Agricultura. Mais de 450 mil judeus húngaros foram assassinados durante o Holocausto. A família Soros sobreviveu.

George continuou os seus estudos em Londres, sustentando-se através de candidaturas a instituições de beneficência e de trabalho braçal. Inscreveu-se na London School of Economics, onde permaneceu sob a influência do filósofo Karl Popper. “Uma sociedade aberta”, escreveu Popper, “não é uma sociedade perfeita, mas uma sociedade imperfeita aberta ao autoaperfeiçoamento”. Nas sociedades abertas, ideias contraditórias podem coexistir alegremente. Em contrapartida, as sociedades fechadas – que incluem ditaduras de todos os géneros – afirmam ser portadoras da verdade única e definitiva e não aceitam qualquer oposição. Nessas sociedades, só a força bruta pode garantir a adesão servil às regras. George Soros já tinha visto duas ditaduras perigosas – o nazismo e o estalinismo – e as ideias de Popper para uma forma alternativa de organizar o mundo tiveram um efeito duradouro sobre ele.

Em 1969, Soros criou o seu primeiro fundo de cobertura (hedge fund) com 4 milhões de dólares dos EUA, que angariou junto de indivíduos abastados que foram convencidos pelo seu discurso sobre uma nova forma de fazer fortuna. Em 1980, o seu fundo Quantum tinha crescido e valia 100 milhões de dólares; em 1987, os seus activos valiam 21,5 mil milhões de dólares.

Desde 1984, doou mais de 32 mil milhões de dólares a várias causas e, nos anos que antecederam o desmantelamento do muro de Berlim, ajudou organizações pró-democracia, grupos dissidentes e de resistência, pessoas presas, escritores cujos livros tinham sido proibidos, líderes sindicais e cientistas cujo trabalho já não era desejado pelos regimes repressivos. Aconselhou os novos governos democráticos sobre a forma de gerir a transição e defendeu a inclusão destes países na União Europeia.

Desde 1993, a Open Society Foundations (OSF) tem sido o principal veículo para o activismo internacional de Soros em torno das reformas democráticas. O apoio de Soros à mudança do sistema judicial norte-americano tem sido uma das suas iniciativas mais controversas. Os críticos afirmam que contribuíram para um aumento dos crimes violentos, transformando as cidades em paraísos perigosos para consumidores de droga e reincidentes violentos. Soros tem, no entanto, uma visão diferente. “A ideia de que precisamos de escolher entre justiça e segurança é falsa”, escreveu em The Wall Street Journal. E prosseguiu: “Estas reforçam-se mutuamente: se as pessoas confiarem no sistema judicial, este funcionará. E se o sistema funcionar, a segurança pública vai melhorar”.

Este é o cerne da ideia de sociedade aberta que anima Soros: dar a diferentes pessoas de diferentes origens uma oportunidade igual de moldar o seu mundo.

Assim sendo, o que é que se segue a Soros? Alexander, o seu filho, deixou claro que tenciona seguir as pisadas do pai. Define-se como pensador de centro-esquerda e já disse que se vai concentrar mais nas questões dos EUA, o que provavelmente significará duplicar o apoio a procuradores e funcionários locais com espírito reformista.

Mas, pouco tempo depois de ter tomado as rédeas, a OSF iniciou o processo de redução de 40% das cerca de 800 pessoas que constituem a sua força de trabalho, bem como uma mudança de foco e de afectação de recursos.

O presidente da OSF, Mark Malloch-Brown – que está a gerir esta transição –, citou o “oportunismo estratégico” e o “capital paciente” para a nova abordagem. Mas a mudança parece inspirada no plano original de George Soros para as suas fundações: serem ágeis e oportunistas, capazes de entrar em acção quando surge uma oportunidade, em vez de se fixarem em locais onde o apoio pode ser considerado garantido.

Também é claro que Soros não se vai sentar silenciosamente à margem. Previu que a Rússia vai perder a guerra na Ucrânia, o que “trará um enorme alívio para as sociedades abertas e criará problemas tremendos para as sociedades fechadas”. Tentou chamar a atenção para a rápida deterioração do sistema climático global. E vai, quase de certeza, continuar a trabalhar na Open Society University Network, um projecto internacional que se dedica à investigação e educação sobre as alterações climáticas e a lidar com governos autoritários.

Para mim, o maior impacto deste homem brilhante e irritantemente seguro de si no mundo pode ser a Universidade Centro-Europeia (CEU), que cofundou em 1991, em Budapeste. Desde então, o Governo de Orbán – que não admite a diversidade de ideias – obrigou a CEU a mudar-se para Viena. Há aqui uma certa ironia, pois a última coisa que Soros queria era um edifício para albergar as suas ideias. Mas são os produtos desta instituição que vão perdurar.

Com este texto, queria assim falar do legado de George Soros, aInda que este não o faça, já que a defesa da democracia é um projecto que nunca pode terminar. Como Soros disse em 2020: “A sociedade aberta está sempre em perigo e cada geração deve lutar pela sua sobrevivência”.