sábado, 5 de abril de 2025

AS PESSOAS “RETERAM”


Ouvi neste preciso momento, pela televisão, a PEDRO NUNO DOS SANTOS, estava eu lendo o texto infra de BRUNO BOBONE, sobre as especificidades comportamentais daquele, ao que parece, enfant tão terrible nos seus tempos primários, que se esqueceu de absorver a conjugação verbal num composto de “ter”, verbo auxiliar mas que o não auxiliou a lamuriar as razões das suas plangências acusatórias actuais com a necessária correcção verbal a torná-las plausíveis, ao menos gramaticalmente, para as podermos ir suportando sem tanto desânimo mental, que é o nosso, frequentemente. Um texto de BRUNO BOBONE, inutilmente excelente como comentário a tanta pobreza espiritual neste nosso mundo luso de gente que definitivamente pretende absorver os aplausos alheios sobre as potencialidades próprias em desfavor das alheias, nesta coisa de eleições, hoje, de sucessividade na manutenção, neste nosso sempre presente de gloriosos substitutos a reter, aparentemente, segundo a tessitura governativa anteriormente vivida e a querer reviver indefinidamente, sem dar azo a mudança…

 

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Lili Caneças e a política

Está na hora de voltarmos a olhar e a compreender o mundo em que vivemos sem a fantasia e o faz de conta em que temos sido enganados nos últimos tempos.

BRUNO BOBONE Presidente do Grupo Pinto Basto

OBSERVADOR, 03 abr. 2025, 00:147

Que engraçado ver o cartaz de propaganda de Pedro Nuno Santos e pensar que a conversa com Lili Caneças teve mesmo um enorme efeito naquele rapaz, que pretendia ser a criança terrível, o revolucionário, o responsável pelas decisões ao minuto sem questionar o resultado das mesmas, e que aí aparece com um verdadeiro lifting fotográfico.

Com uma puxadinha aqui, um pequeno corte ali e eis senão quando se transforma aquele turbilhão irreverente, malcriado e pretensioso num quase chefe de contabilidade que pretende ter um ar mais sério e maçudo, pouco convincente mas mais tranquilo, mas claramente uma figura que me fez demorar a reconhecer, tais as mudanças que pretenderam retratar nesta imagem que não é a sua, mas que é aquela que acredita que lhe vai dar aquilo que não tem e, assim, ganhar os votos que lhe faltam.

Já tínhamos assistido à transformação de Catarina Martins, que desde o princípio da sua liderança política e até à sua saída tinha transformado o seu visual e que voltou a fazê-lo para se tornar verdadeiramente europeia, agora que emigrou.

Também o vimos com Rui Rocha, a quem terão dito que o ar de intelectual triste não lhe assentava bem e que, desde aí, se tornou num lisboeta executivo o que lhe permite associar-se mais ao liberalismo que defende.

Mas há que reconhecer que outros dos que por aí andam não se deixaram atrair por essas novidades seja porque nasceram com as características certas para as ideias que tentam defender, seja pela vaidade exagerada, seja porque não acreditam nesta teoria da imagem que comanda a vida ou até mesmo porque não vêem vantagem em tentar mudar o que não muda, nem Montenegro, Melo, Ventura, Tavares, Raimundo e mesmo Ana Gomes não mudaram o seu aspecto dos últimos anos.

E é neste ambiente de faz de conta que vamos viver este próximo período eleitoral, sem qualquer discussão sobre a qualidade dos próximos governantes, sem qualquer proposta de melhoria da vida dos portugueses e apenas focada nas parecenças de cada um dos intervenientes.

Com uma oposição a não querer explicar como se poderia governar melhor do que aquilo que a maioria da população está de acordo em reconhecer que estava a ser bastante positivo, e sem qualquer oportunidade de discutir o que este governo poderá fazer melhor do até agora terá feito, e tudo porque estaremos a discutir quem é o mais bonito e o mais santo.

E isto quando o líder do partido socialista que acusa o outro de ser pouco sério já foi despedido de um governo por uma conduta de pouca seriedade.

Quando o líder da Iniciativa Liberal que acusa os outros de estarem a dar lugares aos seus autarcas, tinha um autarca que foi seu candidato presidencial a falsificar documentos para conseguir benefícios que não teria direito a ter.

Num tempo em que o arauto da seriedade no Chega alberga tudo aquilo que condena nos seus adversários.

Está na hora de voltarmos a olhar e a compreender o mundo em que vivemos sem a fantasia e o faz de conta em que temos sido enganados nos últimos tempos.

De entender que vivemos num Mundo de homens e mulheres que erram, que não são santos, que têm interesses, que têm convicções diferentes e que, ainda assim, podem ser capazes de fazer coisas boas, que podem aprender com os erros e emendar-se para fazer melhor.

Não é substituindo um que vamos garantir a santidade do próximo.

É antes, conhecendo-o e controlando os seus defeitos e dificuldades que poderemos beneficiar de tudo aquilo que poderá fazer por nós.

Mas é também pagando-lhes correctamente, dando-lhes condições e dando-lhes apoio, que poderemos conseguir que eles melhor nos sirvam.

As medidas populistas de se pretender que os políticos não podem ter rendimentos, de que um primeiro-ministro não vale tanto ou mais do que um líder empresarial é apenas demagogia de pouco nível e resulta em cada vez mais só estarem disponíveis candidatos sem qualidade ou categoria.

É a nova política em que as ideias contam pouco, os valores não importam, as convicções são contas de votos e só o lugar pretendido vale o esforço.

Uma política de pequenos temas que pretende facilitar a vida a estes novos políticos sem formação ou categoria que, de política verdadeira pouco sabem e não são capazes de discutir o que realmente importa para a vida da sociedade.

Que saudades do tempo de abril em que a democracia era responsabilidade de quem era mais capaz.

PEDRO NUNO SANTOS       POLÍTICA      DEMOCRACIA      SOCIEDADE

 

COMENTÁRIOS (de 7)

 

Carlos Chaves:  Bruno Bobone o que defende é a verdade e a autenticidade na política, valores destruídos paulatinamente pela esquerda desde o golpe de Estado de 1974! Os socialistas e a extrema esquerda ainda agravaram mais este problema, ao quase destruírem o sistema de educação/instrução nos últimos quase 10 anos, o que nos baixa a esperança de que alguma coisa mude!        

Manuel Magalhaes  Essa das “saudades do tempo de Abril” é que era escusada, pois que ainda o andamos a pagar e não tem sido nada barato…

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