Do sítio onde se respira. Se assim
fosse, não haveria tantos mortos quer por asfixia, quer por poluição dos ares,
quer pela falta de ar, mesmo metaforicamente falando... Não, mesmo em democracia,
o ar não é nunca igual – nem, de resto, são iguais os humanos virtuosamente
defendidos por palavras, há até quem respire com mais ruído, de acordo com a
sua maior potência respiratória. Deus nos livre de tendências tão exclusivistas,
que, em plena democracia só admitissem o estudo das Ciências e rejeitassem o
das Letras! O Dr. Salles está a ser muito tendencioso. O estudo literário é
imprescindível para o conhecimento do Homem e das suas criações, desde os seus
primórdios… E por muitas outras razões, é claro, entre as quais a da
criatividade. Nunca o Dr. Salles poderia afirmar o que escreve, se se limitasse
à decifração e avanços científicos, que servem para modernizar, é certo, mas
também para contribuir para a destruição, o que é bem visível por estes tempos
de drones e de viagens espaciais. Nem o Homem viveria feliz sem poder exprimir
o seu “Alma minha”, ou criar os heróis das suas histórias imaginárias, bonitas
ou feias, ou mesmo das suas experiências reais… por falta de um discurso
competente, ainda que ínfimo em valores, se comparado com os estudos científicos,
de rigor e objectividade tantas vezes áridos, não dando hipótese à criatividade
pessoal…
Quanto à lebre dormindo ao relento, será
porque tem excesso de calor, pois poderá sempre ocupar uma toca alheia, desde
que saiba procurar alguma cujo dono é compincha, ou apenas medroso para a
querer disputar... Com os humanos o mesmo acontece, mas com mais drones para a
disputa.
Não, o ar nunca é igual para todos, há
muitos que se intimidam com os ares alheios, chegando mesmo a entorpecer… E a
definhar. Apesar dos drones…
O AR QUE
RESPIRAMOS É IGUAL PARA TODOS…
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 04.04.25
… MAS AS LEBRES DORMEM AO RELENTO
Em República, todos temos os mesmos
direitos e as mesmas obrigações – metaforicamente, o ar que respiramos é igual
para todos.
Em
Democracia, ao Governo cumpre promover a igualdade de oportunidades mas nem
todos querem delas usufruir (em especial na Educação) – metaforicamente, as
lebres dormem ao relento.
* * * Para que servirão as terras raras
se o homem não lhes souber dar outro uso para além da produção de mandioca ou
erva para o gado? E mesmo a actual corrida às terras raras parecerá uma
infantilidade quando a síntese industrial desses elementos tão cobiçados
estiver economicamente viabilizada. Ou seja, é a pessoa que mede o valor das
coisas e estas de nada valem se não houver conhecimento humano que as valorize.
Metaforicamente, a lebre dorme ao
relento porque não sabe escavar uma toca.
*
* * De regresso à realidade humana,
reconheçamos que a pessoa é o cerne do desenvolvimento e que elevados índices de formação bruta de capital fixo tão ao
gosto do cavaquismo-keynesianismo de pouco valeriam se não se fizessem
acompanhar por políticas de educação e formação profissional.
Colhe, assim, perguntar o que fazer
para deixarmos a velha modorra em que ciclicamente caímos após poucas mas
voluntariosas chicotadas desenvolvimentistas. E, para poupar o enfado de quem me lê,
cito apenas essa briosa iniciativa da Rainha D. Maria II que é a Academia das
Ciências de Lisboa, hoje em pleníssima letargia e merecedora de epitáfio
lacrimoso. Apareça quem a salve! Então, como minha PRIMEIRA
SUGESTÃO AO GOVERNO, deixo a ideia de que se salve a Academia das Ciências
de Lisboa da inutilidade em que se encontra mergulhada expurgando-a da Secção das
Letras e relançando-a nas Ciências, promovendo o estudo das Ciências junto da juventude
por via equiparável à Telescola. Tarefa
fácil, basta querer.
Na esperança de que alguém com poder de
decisão as chegue a ler, sigo com mais SUGESTÕES AO GOVERNO…
(continua)
COMENTÁRIOS
A P MACHADO 04.04.2025 17:01:
Pois é. Mas as mentes políticas vivem
obcecadas com a desigualdade na distribuição dos rendimentos individuais.
Cismas...
ANTÓNIO PINHO
CARDÃO 04.04.2025 19:02: Acontece por uma vez estar em
desacordo com o meu amigo. O conhecimento humanístico, da filosofia à história
e à ética, é essencial para conceber e enquadrar o desenvolvimento. Pois que se
acentue o estudo das ciências e das tecnologias, mas sem prescindir das
humanidades.
Anónimo 04.04.2025 23:32: Separar
Ciências de Letras não parece ser difícil. Porque não a Academia das Letras?
Adriano Miranda
Lima 04.04.2025 19:53: Antes de mais, este texto seduz logo pela beleza da
metáfora da "lebre que dorme ao relento por não saber escavar uma
toca", mas o seu significado vai a uma profundidade superior à que a lebre
consegue imprimir à sua toca. Encerra noções e conceitos que nos dizem da
frequência com que dormimos ao relento só porque as mais das vezes preferimos o
facilitismo da lebre que não se dá ao trabalho de cavar bem a sua toca. Sim,
concordo que a Academia das Ciências tem de ser uma realidade pujante por si
só, expurgada das Letras, porque não lhe faltará sarna para se coçar, e mesmo
assim terá de contar com a prioridade e a atenção dos governos que o Dr. Salles
da Fonseca sugere. Não quer dizer que as Letras não devam merecer, por seu
turno, o devido cuidado, porque uma visão alargada, e também profunda (como a
toca da lebre) do mundo, advém do conhecimento da condição humana e do mundo
que o cerca, implicando fundamentalmente a História e a Geografia. Basta olhar
para o actual inquilino da Casa Branca para concluir que ele é pouco mais que
um analfabeto naquelas disciplinas.
ANÓNIMO
04.04.2025 23:25: Magnífico. Gostei muito
Henrique Salles da Fonseca 05.04.2025 11:29: Muito bom! ANTÓNIO JUSTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário