É de Esopo a fábula seguinte
Que tem como lugar de acção
Um Tribunal
O qual,
Embora fosse destinado
A cumprir a Justiça,
Como premissa universal
Do seu ideal,
Se mostrou desleixado
Permitindo
A crueldade e a injustiça
Como premissa
Realmente impertinente
Da sua presença:
«A andorinha e a serpente»
«Uma andorinha o seu ninho deixara,
Momentaneamente,
O qual ela fabricara
No beiral dum Tribunal.
Uma serpente até aí rastejando
Logo engolira
Os passarinhos
Que no seu lar dormiam
Muito quentinhos.
Quando voltou
A andorinha,
E encontrou
Vazio o ninho
Pôs-se a soluçar
Perdidamente,
Como quem
Muita dor sente.
Uma outra andorinha,
Sua vizinha,
Com muito amor
E amargura,
Foi consolá-la
E adverti-la
De que não só ela fora
Que seus filhos perdera.
-“Sem dúvida - respondeu esta -
Mas eu não estou a deplorar
Só dos meus filhos a morte,
Sua triste sorte,
Mas por ver espezinhar a Justiça,
No próprio lugar
Onde ela se devera
Praticar!”
A fábula mostra que a desgraça
Ataca as suas vítimas com mais rudeza,
Quando provém de quem
Não se esperaria tal crueza.»
É assim também,
Ao que se diz,
Com a nossa Justiça
À portuguesa:
Espera-se, espera-se,
E desespera-se
Porque ela falha
As mais das vezes,
Aos portugueses,
Em demoras, vícios,
Em atropelamentos
Em artifícios,
Adiamentos,
Protelamentos,
Em custas malucas,
Tão excessivas,
Em corrupção, em danação,
Em indiferença
Cruel e rude
Pela Justiça
Ideal, real,
Como deve ser
A do Tribunal.
Esperemos que mude.
Com a mudança.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
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