domingo, 25 de maio de 2008

Ex.ma Srª Ministra da Educação

A leitura do livro do professor Nuno Crato – «O “Eduquês” em discurso directo – Uma crítica da pedagogia romântica e construtivista» - ao revelar-me – finalmente! – uma atitude desassombrada de crítica às modernas pedagogias destruidoras dos velhos conceitos racionalistas – provocou em mim um entusiasmo de prosélita, porque também defendi tal ideologia crítica ao longo do meu percurso docente, o que comprovo com o livro em anexo – “Anuário” – com os textos das páginas 9, 11, 15, 35, 36, 53, 55, 97, 107, 109, 123, 129, 131, 135, 145, 149, 159, 185, 201.
Sei quanto é abusivo o enviá-lo a V. Exª, pedindo-lhe que o leia nas ditas páginas, mas é grande o amor pelo meu país – como me parece ser o de V. Exª - e o desejo de remediar a perversão de um ensino acéfalo e impertinente como é o nosso há já três décadas, me fez tomar tal ousadia, encorajada pelo livro do prof. Nuno Crato.
Quanto à avaliação dos professores para efeitos de progressão na carreira, embora reconhecendo as razões que movem V. Exª, eu apenas lembro quanto pode ser subjectivo tal tipo de avaliação, dependente tantas vezes da maior ou menor empatia pelo docente, vítima eu própria desse factor, assente numa idiossincrasia de mesquinhez de um povo culturalmente pouco desenvolvido como é o nosso.
Por outro lado, as cargas horárias que pendem sobre os professores, em actividades extra-curriculares farfalhudas e inibidoras de uma maior concentração nas matérias lectivas, para além do laxismo disciplinar disparatado consentâneo com a pedagogia da irresponsabilidade e do lúdico que promovem as modernas práticas educativas, constituem, para os professores esforçados e conscientes que conseguem ultrapassar tais handicaps, razão suficiente para a sua progressão, que os mecanismos directivos da escola poderão sempre avaliar, se forem honestos e isentos.
Sei o parco valor desta minha participação, mas, na recta final da minha vida, desejo deixar ainda esta achega, tão inútil, é certo, como as anteriores, que espalhei ao longo de uma obra ditada pelo respeito pelos velhos valores em que fui criada – o da disciplina mental e o do respeito por aqueles que me ajudaram a obtê-la.
Sem outro assunto , muito atenciosamente.

Nenhum comentário: