domingo, 25 de maio de 2008

RESIGNAÇÃO

Quando nos abismamos com as injustiças no nosso país, logo alguém acode com o slogan de que sempre assim foi e há-de ser, daí que o melhor será deixar correr, que não temos emenda.
Será assim, mas dizem-nos também que vivemos em democracia, embora os cépticos vão restringindo essa ideia, abespinhados com as provas que a contrariam. Como não nos impugnaram ainda a capacidade de revolta, contudo, ousamos revelá-la, denunciando a recente escalada de promoções nas escolas, não por provas dadas em funções docentes, mas por outras provas, entre as quais se distinguem as dadas em subtilezas promocionais, por meio do encosto aos superiores directivos, que protegem a casta, por talvez dela fazerem parte.
Referimo-nos à actual promoção de professores por meio de pontuações que assentam não nos anos de docência mais ou menos eficiente e sempre trabalhosa, mas resultante de cargos que extrapolam dessas funções de docência simples, para outras extralectivas menos onerosas do ponto de vista pedagógico, sobretudo nos tempos actuais, de uma massa discente na sua maioria indisciplinada e acéfala.
Cito apenas dois exemplos, entre tantos que repugnam a qualquer consciência escrupulosa:
O primeiro, de uma sempre boa estudante, com 14 de licenciatura, 15 de estágio, estudo permanente, competência q.b., já que orientou a sua vida na leitura, no estudo e no acompanhamento escolar, com a correcção permanente em casa dos trabalhos dos seus discípulos. Direcções de turma algumas apenas, já que só lhe foram contados os últimos sete anos para pontuação e valorização da sua carreira, obtendo com isso, ao que parece, o Estado, uma receita imponente no desconto de anos dos professores mais antigos. Excluída da titularidade.
O segundo, de uma estudante média, de licenciatura em línguas estrangeiras, que, por incapacidade de a utilizar, usurpou, graças à protecção dos maiorais, a docência em português, sem contudo, se aventurar nunca pelos anos mais graduados da literatura portuguesa. Reconhecendo essas suas deficiências, fez-se complemento indispensável junto da Direcção, tendo sido sempre protegida e bafejada nos seus horários, por imposição superior. Esperta e subserviente, foi-se “valorizando” com muitas direcções de turma e cargos afins, que lhe deram o direito à titularidade, provavelmente com competência para avaliar a colega anterior.
É este o país que temos, o governo que dita tais normas, a mediocridade cobrindo diafanamente o povo pequeno que somos. Assim seja!

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