A escrita é uma convenção. Tem razão o Dr. Carlos Reis. Convenção sucessivamente modificada em função das oralidades, mas estruturada segundo regras menos convencionais porque seguindo uma lógica mais racional. Do latim, o português e congéneres línguas novilatinas foram adaptando influxos do vulgar a estruturas mais ou menos eruditas, mergulhadas, por alturas do Renascimento, num latim clássico que tanto as enriqueceria e possibilitaria as obras-primas que ainda hoje celebramos, no rigor do seu pensamento e da sua formosura formal, quer em Portugal quer nos povos onde o latim se impôs.
Mas as línguas foram evoluindo e divergindo de acordo com os seus novos habitats e populações. A verdade é que o português padrão do nosso rectângulo europeu em nada se assemelha ao português dos outros sítios, Madeira e Açores incluídos. O português que amamos é o da nossa escrita e da nossa pronúncia. Porquê a necessidade de servilmente seguirmos as regras da escrita brasileira? Porque o Brasil é mais poderoso e conhecido?
Também o americano não se confunde com o inglês de origem. Nem o canadiano francês com o francês. Mas não consta que Inglaterra ou França façam acordos de escrita, mau grado a projecção mundial desses ricos países do Novo Mundo.As vozes que prevêem que o português do nosso pequeno rectângulo tenderia a ser abafado sob o manto poderoso de um brasileiro abastardado, não fosse o nosso subserviente acordo, em nada fazem modificar o conceito de que a nossa língua é a de origem, como gema nutritiva, pese embora a nossa fraca projecção no mundo.
sábado, 24 de maio de 2008
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Um comentário:
Tenho pena de não ter o nível de cultura suficiente para escrever como tu e poder assim falar contra mais este ataque aos nossos valores!!! Tenho pena de não poder exprimir-me de forma a poder de alguma maneira fazer a diferença, de qualquer maneira queria deixar-te o meu apoio.
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