Eu bem quis falar na grande surpresa decepcionada que tive há dias ao ouvir o professor José Hermano Saraiva afirmar, num programa dos anos 4 deste século que fora ele, quando era ministro da Educação, (anos 68 a 72 do século derradeiro, segundo informa a wikipédia da rápida consulta), que impusera a substituição da História Universal nos cursos secundários por uma História portuguesa local, abordando as fofocas nacionais para enriquecimento intelectual dos nossos alunos, cada um posto em sossego de pesquisa dos heróis ou das pedras megalíticas e com isso diferenciando os exames finais que, de nacionais e por consequência comuns a todos, se transformariam em regionais, com as especificidades propícias às regionalidades.
Lembro-me desses tempos longínquos causa de furores sagrados de professora que, quando aluna até gostara de aprender as coisas da História e da Geografia universais, mesmo os cabos, como pontas importantes de viragens e avanços, e lamentava que os jovens não pudessem sentir os mesmos prazeres de penetração no mundo que eu sentira ao decorá-los no mapa.
Foi por isso também que me irritei com uma afirmação do Carlos Pinto Coelho, em entrevista recente, na sua casa do Alentejo, condenando a aprendizagem dos rios portugueses e citando-os, a ele, estudante em África. Também eu os aprendera e mais os afluentes, assim como aprendera os rios de Moçambique e das outras terras da conquista portuguesa. Sem revolta. E os nomes esquisitos da mineralogia, sem os pôr em causa. O Dr. Rosa Pinto era o nosso professor de mineralogia/geologia e exigia tudo bem sabidinho. E os prazeres da descoberta da língua grega no seu alfabeto que ainda hoje recupero com saudade e que esquecíamos tão facilmente como aprendíamos! À quoi bon? Pois tudo serviu para nos ir fortalecendo no amor pelas coisas sagradas do saber, embora precário e limitado, mas fonte de alegrias de descoberta gradual do nosso mundo, conhecido através da memória, reconhecido pela experiência de viagens ou outros meios, se a vida o proporcionasse.
Por isso não gostei de ouvir que José Hermano Saraiva, que tanto admiro, na correcção do seu discurso finalizando sempre de modo apoteótico ou moralizador, e no seu profundo amor pelas coisas nacionais e no desassombro das suas críticas ao nosso desmazelo, que tivesse sido ele, quando ministro da Educação, a propor tal mudança estapafúrdia na programação escolar, a História Universal substituída pela regional.
Felizmente não lhe deram atenção, embora eu julgue que, com o 25 de Abril, a História deixou de ter o relevo que tinha, tal como o francês e as coisas da cultura, substituídos pelos trabalhos de projecto, posta a memória em sossego, a juventude colhendo o fruto dos seus anos, nos seus enganos de corpo e alma que a Fortuna não deixa durar muito, todos deviam saber disso.
Mas a minha amiga preferiu as presidenciais, nos discursos vazios a que ninguém liga.
- Mas o Cavaco elogia os compadres. São todos bons. Gosta muito dos quatro. Será assim? Coitados, não têm nada para dizer! O povo não lhes liga a mínima, o Alegre “pondo lixo na ventoinha”, segundo li num artigo.
- Então é porque o vento já lhe respondeu. Deve sentir-se feliz agora.
Lembro-me desses tempos longínquos causa de furores sagrados de professora que, quando aluna até gostara de aprender as coisas da História e da Geografia universais, mesmo os cabos, como pontas importantes de viragens e avanços, e lamentava que os jovens não pudessem sentir os mesmos prazeres de penetração no mundo que eu sentira ao decorá-los no mapa.
Foi por isso também que me irritei com uma afirmação do Carlos Pinto Coelho, em entrevista recente, na sua casa do Alentejo, condenando a aprendizagem dos rios portugueses e citando-os, a ele, estudante em África. Também eu os aprendera e mais os afluentes, assim como aprendera os rios de Moçambique e das outras terras da conquista portuguesa. Sem revolta. E os nomes esquisitos da mineralogia, sem os pôr em causa. O Dr. Rosa Pinto era o nosso professor de mineralogia/geologia e exigia tudo bem sabidinho. E os prazeres da descoberta da língua grega no seu alfabeto que ainda hoje recupero com saudade e que esquecíamos tão facilmente como aprendíamos! À quoi bon? Pois tudo serviu para nos ir fortalecendo no amor pelas coisas sagradas do saber, embora precário e limitado, mas fonte de alegrias de descoberta gradual do nosso mundo, conhecido através da memória, reconhecido pela experiência de viagens ou outros meios, se a vida o proporcionasse.
Por isso não gostei de ouvir que José Hermano Saraiva, que tanto admiro, na correcção do seu discurso finalizando sempre de modo apoteótico ou moralizador, e no seu profundo amor pelas coisas nacionais e no desassombro das suas críticas ao nosso desmazelo, que tivesse sido ele, quando ministro da Educação, a propor tal mudança estapafúrdia na programação escolar, a História Universal substituída pela regional.
Felizmente não lhe deram atenção, embora eu julgue que, com o 25 de Abril, a História deixou de ter o relevo que tinha, tal como o francês e as coisas da cultura, substituídos pelos trabalhos de projecto, posta a memória em sossego, a juventude colhendo o fruto dos seus anos, nos seus enganos de corpo e alma que a Fortuna não deixa durar muito, todos deviam saber disso.
Mas a minha amiga preferiu as presidenciais, nos discursos vazios a que ninguém liga.
- Mas o Cavaco elogia os compadres. São todos bons. Gosta muito dos quatro. Será assim? Coitados, não têm nada para dizer! O povo não lhes liga a mínima, o Alegre “pondo lixo na ventoinha”, segundo li num artigo.
- Então é porque o vento já lhe respondeu. Deve sentir-se feliz agora.
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