Cavaco Silva anda embrenhado nos clássicos fatalistas. Ouvi-o ontem, mas creio que ele já o tinha dito antes, afirmar que os lugares do Governo são efémeros. Creio que descobriu isso agora para nos convencer a nós de que qualquer dia sairá do seu, e que os cinco anos mais a que vai concorrer passam num ai, não vale a pena os que o não suportam afligirem-se com isso, porque mais dia menos dia ele deixa a pasta, embora não se lhe desse, cuido eu, que o seu efémero se pudesse prolongar até cair da cadeira, mas isso, por enquanto, só o Dr. Jardim é que tem o privilégio de fazer concorrência ao da queda, na sua ilha autónoma, embora o nosso PM possa sempre instaurar uma lei de prolongamento governativo “sine die” para os que se acham imprescindíveis, como ele próprio também, mesmo que seja num trabalho de construção destrutiva, na afirmação rancorosa da minha amiga que só vê as fábricas a fecharem, os despedimentos a entrarem, as frutas a serem importadas, as ourivesarias a serem assaltadas, etc., etc., além de que também se incomodou, a respeito dos “lugares comuns em barda” do PR, ditos de uma forma triste e suave, eu diria mesmo tartufiana, pura megalomania minha, reconheço.
- Diz coisas de que a gente nunca se tinha lembrado. Lugares efémeros! Foi preciso que ele dissesse, que nunca isso nos passara pela cabeça. Mas as coisas que ele diz que a gente não quer acreditar que ele seja presidente deste pedaço! E afinal o esbanjamento começou no tempo dele, como ministro principal.
Aí, discordei:
- Eu acho que o esbanjamento começou antes, logo com a reviravolta abrilina. Mas com a entrada na Europa, os dinheiros de lá escorridos possibilitaram todos os maquiavelismos do deslumbramento para os pobres que éramos, e a trafulhice aliou-se naturalmente aos empreendimentos.
- Um país pobre a viver como um país rico! Lá que um labrego se convença… Mas estes economistas só agora é que deram o braço a torcer, a dizer que o dinheiro não chega e que têm de prestar contas!
- Ai, mas nós vamos prestá-las, pode crer. Nunca deixámos de prestar. Estamos a prestar já. Só não presta quem pode. E só paga quem pode, a isso forçado. Nós, os forçados, podemos. Estamos habituados. E cara alegre, a Marina Mota ensina, na sua versão da “Música no Coração”, que ouvi hoje:
“Gosto de andar
De saia e blusa
Mesmo que digam
Que já não se usa.”
Entre nós o uso é para manter.
- Diz coisas de que a gente nunca se tinha lembrado. Lugares efémeros! Foi preciso que ele dissesse, que nunca isso nos passara pela cabeça. Mas as coisas que ele diz que a gente não quer acreditar que ele seja presidente deste pedaço! E afinal o esbanjamento começou no tempo dele, como ministro principal.
Aí, discordei:
- Eu acho que o esbanjamento começou antes, logo com a reviravolta abrilina. Mas com a entrada na Europa, os dinheiros de lá escorridos possibilitaram todos os maquiavelismos do deslumbramento para os pobres que éramos, e a trafulhice aliou-se naturalmente aos empreendimentos.
- Um país pobre a viver como um país rico! Lá que um labrego se convença… Mas estes economistas só agora é que deram o braço a torcer, a dizer que o dinheiro não chega e que têm de prestar contas!
- Ai, mas nós vamos prestá-las, pode crer. Nunca deixámos de prestar. Estamos a prestar já. Só não presta quem pode. E só paga quem pode, a isso forçado. Nós, os forçados, podemos. Estamos habituados. E cara alegre, a Marina Mota ensina, na sua versão da “Música no Coração”, que ouvi hoje:
“Gosto de andar
De saia e blusa
Mesmo que digam
Que já não se usa.”
Entre nós o uso é para manter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário