quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O estilista manda

Tratou-se de mulheres. Das nossas mulheres. Falei no programa último da Paula Moura Pinheiro, sobre um maestro de um belíssimo grupo coral de Lisboa, admirei as vozes, a harmonia, o maestro, as entrevistas, a entrevistadora, Paula de Moura Pinheiro. Apesar dos seus sorrisos, em trejeitos maviosos, não tão precisos assim. Porque se pode ser competente e bonito sem precisar de tanto brilho sedutor. A competência não requer palco, requer seriedade. Mesmo numa mulher bonita.
Mas a minha amiga não ligou à qualidade intelectual da Paula, porque atalhou imediatamente:
- Elas rebolam-se, como numa arena os toureiros, nas suas faenas. Mesmo a Moura Pinheiro é uma vaidozona. A maior parte esmifra-se para atrair os olhares. Não são capazes de ser naturais. A Júlia Pinheiro é a única natural.
- A Tânia é naturalmente simpática, acho.
- Mas o que vale é que elas têm uns maridos fabulosos. Num programa da Catarina Furtado os homens só deviam estar atentos à perna da Catarina sobressaindo na racha lateral enorme, do vestido. Eu pensei assim: Tens um marido fabuloso. É preciso aquilo! Minha nossa! Ela é giríssima. Mas para quê aquilo? Porque o marido deixa. O estilista é que manda. Eu só penso que aquelas têm uma sorte danada com os maridos.
A minha amiga hoje está decididamente com os azeites. Atribuo isso aos tempos difíceis que atravessamos. Mas ela conclui, mais calma:
- Outros dirão: Vocês têm é dor de cotovelo, por não serem assim jeitosas.
E eu concordei. Mas a minha amiga ainda acrescentou:
- Agora a Bárbara toda extrovertida na apresentação da festa do Natal… E o marido aceita bem, que é democrata.
Mas falou de outras mulheres nossas:
- Se há mulheres que estão dentro da política, que se juntem aos homens. Talvez governem com mais acerto. Eu vi há dias a Maria de Belém e a Teresa Caeiro a falarem sobre o Ali Babá e os quarenta ladrões.
- Tão poucos?
– Espantei-me.
- A Teresa Caeiro é tesa, a dizer que não se pode deixar que o Governo vá contribuir com mais dinheiro, para o BPN. É um escândalo.
- Pois é. Mas temos também as mulheres das cantigas que a minha mãe canta, em versos que nunca lhe tinha ouvido. Ora veja, segundo a canção “Margarida vai à fonte” de João Vasconcelos e Sá:
Ó Margarida moleira
(bis)
Dá-me da tua farinha,
Que eu vou-te picar as mós
(bis)
Se prometeres ser minha.

Margarida a tua vida
(bis)
Não a contes a ninguém.
Se uma amiga tem amigas
(bis)
Outra amiga amigas tem.

O sete-estrelo vai alto
(bis)
Mais alto vai o luar
Mais alta vai a ventura
(bis)
Que Deus tem para nos dar.

Ó estrelinha do Norte
(bis)
Espera por mim que eu já vou!
Que me hás-de alumiar
(bis)
Já que o luar me enganou.

E passámos a referir as proezas – desta vez da memória - de mais uma mulher. Centenária.
Que o seja, por muitos anos mais, são os votos especiais do meu Natal.

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