História, 8º Ano
Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
Tema: Os principais progressos técnicos no Antigo
Regime
A) A Revolução científica dos séculos XVII e XVIII
I - O Método Experimental
1- Desde o
Renascimento que grandes progressos se faziam na ciência.
2- O motor
de muitas descobertas e inovações dos séculos XVIII foram o espírito
crítico do Humanismo, o Naturalismo e os Descobrimentos -
uma verdadeira revolução científica, baseada numa nova forma
de pensar: considerar correctos os conhecimentos só depois de terem sido
confirmados pela razão e pela experiência.
3- O método científico ou experimental apoiava-se
em três fases: 1) Observação dos fenómenos; 2) Formulação
de hipóteses de explicação deles; 3) Realização
de experiências e utilização da razão para enunciação
da lei geral.
4- A ciência
moderna, iniciada com Francis
Bacon com o seu Método Experimental («Novum Organum
Scientiarum» (1620), apoia-se em René Descartes, filósofo e
matemático francês que utilizou o processo da dúvida metódica -
(pôr tudo em dúvida até tentar chegar a verdades absolutas que não pudessem ser
questionadas): A filosofia racionalista apoia-se assim no seu
conceito inquestionável de que «o pensamento é a prova da existência humana»:
“Je pense, donc je suis” («Penso, logo existo»)- Descartes,
«Discours de la Méthode», 1641.
II- A divulgação do saber
1- Os
progressos científicos e técnicos foram divulgados em jornais e
livros. Mas também pelas Academias (sociedades
científicas onde se partilhavam ideias, conhecimentos e experiências).
2- As academias
tornaram-se focos de cultura e de progresso, a
par das universidades ou dos salões da realeza e de senhores
nobres e burgueses.
3- Principais
descobertas científicas e invenções técnicas dos sécs. XVI-XVIII:
Termómetro (Galileu, 1592); Microscópio (Jansen, 1590); Luneta
astronómica (Galileu, 1608); Circulação do sangue (Harvey, 1628); Máquina
de calcular (Pascal, 1650); Relógio de pêndulo (Huygens, 1656); Leis
da gravidade (Newton, 1662); Marmita de vapor - antecede a máquina
a vapor(Papin, 1680); Máquina de semear (1701); Balões de ar
(Bartolomeu de Gusmão, 1709); Máquina a vapor (Watt, 1769); Análise
da Água (Lavoisier, 1783); Vacina contra a varíola (Jenner, 1796); Pilha
eléctrica (Volta, 1800).
B) Dois países que não aderiram ao Absolutismo:
Holanda e Inglaterra
1- A República das províncias Unidas da Holanda
1- Terra de
liberdades em pleno Antigo Regime, as Províncias Unidas
conquistaram a sua independência, face ao domínio espanhol de Filipe II, em
1581.
2- Em vez de um rei com amplos
poderes hereditários, os Holandeses organizaram-se numa federação
de províncias, cuja forma de governo era uma república.
3- As populações elegiam livremente os
elementos que compunham as assembleias municipais e provinciais. A estas
cabia a nomeação dos elementos do Governo central, que tratavam dos
assuntos comuns às províncias, da paz e da guerra.
2- O parlamentarismo
inglês
1- Desde o
século XIII que os reis ingleses eram obrigados a consultar o Parlamento sempre
que quisessem fazer novas leis.
2- Nos
séculos XVI e XVII, alguns monarcas, como Henrique VIII e Isabel I
assemelharam-se aos reis absolutos.
3 - Os
adeptos do Parlamento lutaram pela sua supremacia deste. Travou-se uma guerra
civil entre os defensores do rei e os do parlamentarismo. Venceram
os parlamentaristas.
4- Nesta guerra destacou-se Oliver Cromwell,
um parlamentar, que instituiu uma república (1648-58), que funcionou como uma ditadura,
porque Cromwell dissolveu o
Parlamento.
5- Os
Ingleses submeteram-se às leis da República
de Cromwell, que se impôs pela eficácia das suas medidas
de desenvolvimento económico.
6- O
Parlamento só voltou a recuperar os seus poderes em 1689, com a Gloriosa
Revolução, quando Guilherme III assinou a Declaração dos Direitos, comprometendo-se a respeitar os direitos
individuais dos súbditos e as decisões do Parlamento.
Conclusão: No contexto de uma Europa absolutista, a Holanda e a Inglaterra, com diferentes modelos de organização política e
social, vão destacar-se também a nível económico.
Conceitos:
República: Forma de Governo na qual o Chefe do Estado é eleito pelo povo
ou seus representantes, tendo o seu mandato uma duração limitada.
Parlamentarismo: Regime político em que o Parlamento é um dos
órgãos de soberania. Este Parlamento é composto por representantes da nação,
escolhidos pela população. Na Grã Bretanha o Parlamento era constituído pela Câmara
dos Lordes e pela Câmara dos Comuns.
C) Condições que permitiram a ascensão económica da
Holanda e da Inglaterra:
1- O Império Holandês
1) Tal
como os Estados Ibéricos, a Holanda queria participar no
comércio internacional e construir um império ultramarino.
2) A defesa
da liberdade estendeu-se ao funcionamento da economia.
3) Os
Holandeses contrapuseram a teoria do Mare Liberum (liberdade de
navegação) ao Mare Clausum, em vigor desde o Tratado de Tordesilhas (1494)
.
4)
Aproveitaram o envolvimento da Espanha e Portugal nas guerras europeias para
conseguirem conquistar algumas colónias portuguesas.
5) Desenvolveram
a construção naval, para o transporte de produtos (fretes) da
pesca e das manufacturas têxteis.
6) Tiraram partido
do dinamismo da burguesia, o grupo social mais importante, e do
seu ambiente de liberdade e tolerância que atraiu inúmeros homens de negócio,
como muitos judeus expulsos de Portugal.
7) Assim, pelo seu dinamismo comercial e
financeiro, a Holanda destacou-se na economia europeia e mundial,
na primeira metade do séc. XVII.
2- O Império Inglês
1- A
sociedade inglesa apresentava um forte espírito burguês. Por isso os
Ingleses também começaram a interessar-se pelo comércio colonial. Ainda
no séc. XVI, a rainha Isabel I apoiou actos de
pirataria contra navios ibéricos.
2- Em 1651,
uma lei promulgada por Oliver Cromwell - o Acto de Navegação - estabeleceu que os produtos das colónias
inglesas só podiam ser transportados por embarcações inglesas, enquanto as
embarcações estrangeiras só podiam levar para a Inglaterra produtos das suas
próprias colónias. Esta lei permitiu o desenvolvimento da Inglaterra
como potência naval e colonial. Com uma poderosa frota marítima, os
ingleses combateram a hegemonia holandesa.
3- Na
segunda metade do século XVII, a Inglaterra era já a potência colonial mais
poderosa da Europa.
D) Como se desenvolveu o capitalismo comercial
1- Novos
instrumentos comerciais e financeiros
1) Para a construção
dos seus impérios e para o desenvolvimento do império ultramarino,
Holandeses e Ingleses contaram com o dinamismo económico e a intervenção
política das suas burguesias.
2) Colocando
os seus capitais ao serviço do Estado, estas burguesias fundaram companhias
comerciais:
- A Companhia das Índias Orientais (de comércio com o Oriente, através da Rota
do Cabo).
- A Companhia das Índias Ocidentais, (de comércio com a América e com a África
Ocidental, concorrendo com os Portugueses no comércio do açúcar e no
tráfico de escravos).
3) A
fundação de bancos (Banco de Transferências de Amesterdão e
Banco de Inglaterra) e de bolsas de valores foram
também instrumentos financeiros inovadores e importantes para a ascensão
económica da Holanda e da Inglaterra. Os bancos concediam empréstimos
aos comerciantes, indispensáveis para a compra de acções na Bolsa de
Valores.
4) Na primeira
metade do séc. XVII, Lisboa e Sevilha perderam o domínio do
comércio internacional para Amesterdão, que se tornou o centro da
economia mundial. (V. «A Bolsa de Amesterdão», pintura
de J. Berkheyde, c. 1670)
5) Nos finais
do séc. XVII, e durante o séc. XVIII, foi Londres que conquistou a hegemonia
comercial e financeira.
2- O capitalismo comercial
1) No séc.
XVIII eram vários os impérios coloniais que rivalizavam entre si no domínio de novos
mercados, produtos e rotas comerciais. (Mapa
mundi contendo, a cores, as possessões - portuguesas,
espanholas, francesas (Louisiana, Canadá, na Índia),
inglesas, holandesas (África do Sul, Sumatra…), dinamarquesas
(Islândia, Gronelândia).
2) O tráfego
comercial era intenso e proporcionou uma forte acumulação de
capitais que passaram a ser
geridos pelas Companhias de
Comércio , pelos Bancos e
pela Bolsa.
3- O capital
acumulado era depois investido em novos negócios, com o
propósito de aumentar cada vez mais a produção e os lucros.
4- Este sistema económico, que teve grande
desenvolvimento na Idade Moderna, designou-se por capitalismo comercial.
Conceitos
Companhias de comércio - Grandes sociedades comerciais, geralmente com muitos
sócios, sendo cada um detentor de uma parte do capital correspondente a um
determinado valor de acções. Foram constituídas nos séculos XVII e XVIII, para
praticar o grande comércio ultramarino. Um dos sócios podia ser o Estado.
Banco
- Estabelecimento de carácter financeiro onde se realizam depósitos, câmbios,
descontos e empréstimos, bem como, em alguns casos, emissão de
moeda.
Bolsa -
Estabelecimento oficial onde se reúnem homens de negócio, ou os seus
representantes, para comprar e vender títulos de crédito.
Acumulação de capitais - Elemento motor do sistema capitalista, que consiste
no aumento ininterrupto do capital das empresas, que deve ser
reinvestido para gerar aumento de produção, e assim sucessivamente.
Capitalismo comercial - Sistema económico, em que os lucros obtidos
através do comércio são reinvestidos, proporcionando novos lucros (as
mais valias).
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