quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Saber às pinguinhas, 11



História, 8º Ano


Manual: MISSÂO-HISTÓRIA
Tema: Os principais progressos técnicos no Antigo Regime

A) A Revolução científica dos séculos XVII e XVIII
I - O Método Experimental
1- Desde o Renascimento que grandes progressos se faziam na ciência.
2- O motor de muitas descobertas e inovações dos séculos XVIII foram o espírito crítico do Humanismo, o Naturalismo e os Descobrimentos - uma verdadeira revolução científica, baseada numa nova forma de pensar: considerar correctos os conhecimentos só depois de terem sido confirmados pela razão e pela experiência.
3- O método científico ou experimental apoiava-se em três fases: 1) Observação dos fenómenos; 2) Formulação de hipóteses de explicação deles; 3) Realização de experiências e utilização da razão para enunciação da lei geral.
4- A ciência moderna, iniciada com Francis Bacon com o seu Método Experimental («Novum Organum Scientiarum» (1620), apoia-se em René Descartes, filósofo e matemático francês que utilizou o processo da dúvida metódica - (pôr tudo em dúvida até tentar chegar a verdades absolutas que não pudessem ser questionadas): A filosofia racionalista apoia-se assim no seu conceito inquestionável de que «o pensamento é a prova da existência humana»: “Je pense, donc je suis”Penso, logo existo»)- Descartes, «Discours de la Méthode», 1641.

II- A divulgação do saber
1- Os progressos científicos e técnicos foram divulgados em jornais e livros. Mas também pelas Academias (sociedades científicas onde se partilhavam ideias, conhecimentos e experiências).
2- As academias tornaram-se focos de cultura e de progresso, a par das universidades ou dos salões da realeza e de senhores nobres e burgueses.
3- Principais descobertas científicas e invenções técnicas dos sécs. XVI-XVIII:
Termómetro (Galileu, 1592); Microscópio (Jansen, 1590); Luneta astronómica (Galileu, 1608); Circulação do sangue (Harvey, 1628); Máquina de calcular (Pascal, 1650); Relógio de pêndulo (Huygens, 1656); Leis da gravidade (Newton, 1662); Marmita de vapor - antecede a máquina a vapor(Papin, 1680); Máquina de semear (1701); Balões de ar (Bartolomeu de Gusmão, 1709); Máquina a vapor (Watt, 1769); Análise da Água (Lavoisier, 1783); Vacina contra a varíola (Jenner, 1796); Pilha eléctrica (Volta, 1800).


B) Dois países que não aderiram ao Absolutismo: Holanda e Inglaterra
1- A República das províncias Unidas da Holanda
1- Terra de liberdades em pleno Antigo Regime, as Províncias Unidas conquistaram a sua independência, face ao domínio espanhol de Filipe II, em 1581.
2- Em vez de um rei com amplos poderes hereditários, os Holandeses organizaram-se numa federação de províncias, cuja forma de governo era uma república.
3- As populações elegiam livremente os elementos que compunham as assembleias municipais e provinciais. A estas cabia a nomeação dos elementos do Governo central, que tratavam dos assuntos comuns às províncias, da paz e da guerra.
2- O parlamentarismo inglês
1- Desde o século XIII que os reis ingleses eram obrigados a consultar o Parlamento sempre que quisessem  fazer novas leis.
2- Nos séculos XVI e XVII, alguns monarcas, como Henrique VIII e Isabel I assemelharam-se aos reis absolutos.
3 - Os adeptos do Parlamento lutaram pela sua supremacia deste. Travou-se uma guerra civil entre os defensores do rei e os do parlamentarismo. Venceram os parlamentaristas.
4- Nesta guerra destacou-se Oliver Cromwell, um parlamentar, que instituiu uma república (1648-58), que funcionou como uma ditadura, porque Cromwell dissolveu o Parlamento.
5- Os Ingleses submeteram-se às leis da República de Cromwell, que se impôs pela eficácia das suas medidas de desenvolvimento económico.
6- O Parlamento só voltou a recuperar os seus poderes em 1689, com a Gloriosa Revolução, quando Guilherme III assinou a Declaração dos Direitos, comprometendo-se a respeitar os direitos individuais dos súbditos e as decisões do Parlamento.
Conclusão: No contexto de uma Europa absolutista, a Holanda e a Inglaterra, com diferentes modelos de organização política e social, vão destacar-se também a nível económico.

Conceitos:
República: Forma de Governo na qual o Chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo o seu mandato uma duração limitada.
Parlamentarismo: Regime político em que o Parlamento é um dos órgãos de soberania. Este Parlamento é composto por representantes da nação, escolhidos pela população. Na Grã Bretanha o Parlamento era constituído pela Câmara dos Lordes e pela Câmara dos Comuns.

C) Condições que permitiram a ascensão económica da Holanda e da Inglaterra:
1- O Império Holandês
1) Tal como os Estados Ibéricos, a Holanda queria participar no comércio internacional e construir um império ultramarino.
2) A defesa da liberdade estendeu-se ao funcionamento da economia.
3)  Os Holandeses contrapuseram a teoria do Mare Liberum (liberdade de navegação) ao Mare Clausum, em vigor desde o Tratado de Tordesilhas (1494) .
4) Aproveitaram o envolvimento da Espanha e Portugal nas guerras europeias para conseguirem conquistar algumas colónias portuguesas.
5) Desenvolveram a construção naval, para o transporte de produtos (fretes) da pesca e das manufacturas têxteis.
6) Tiraram partido do dinamismo da burguesia, o grupo social mais importante, e do seu ambiente de liberdade e tolerância que atraiu inúmeros homens de negócio, como muitos judeus expulsos de Portugal.
7)  Assim, pelo seu dinamismo comercial e financeiro, a Holanda destacou-se na economia europeia e mundial, na primeira metade do séc. XVII.

2- O Império Inglês
1- A sociedade inglesa apresentava um forte espírito burguês. Por isso os Ingleses também começaram a interessar-se pelo comércio colonial. Ainda no séc. XVI, a rainha Isabel I apoiou actos de pirataria contra  navios ibéricos.
2- Em 1651, uma lei promulgada por Oliver Cromwell - o Acto de Navegação - estabeleceu que os produtos das colónias inglesas só podiam ser transportados por embarcações inglesas, enquanto as embarcações estrangeiras só podiam levar para a Inglaterra produtos das suas próprias colónias. Esta lei permitiu o desenvolvimento da Inglaterra como potência naval e colonial. Com uma poderosa frota marítima, os ingleses combateram a hegemonia holandesa.
3- Na segunda metade do século XVII, a Inglaterra era já a potência colonial mais poderosa da Europa.

D) Como se desenvolveu o capitalismo comercial
1-  Novos instrumentos comerciais e financeiros
1) Para a construção dos seus impérios e para o desenvolvimento do império ultramarino, Holandeses e Ingleses contaram com o dinamismo económico e a intervenção política das suas burguesias.
2) Colocando os seus capitais ao serviço do Estado, estas burguesias fundaram companhias comerciais:
            - A Companhia das Índias Orientais (de comércio com o Oriente, através da Rota do Cabo).
            - A Companhia das Índias Ocidentais, (de comércio com a América e com a África Ocidental, concorrendo com os Portugueses no comércio do açúcar e no tráfico de escravos).
3) A fundação de bancos (Banco de Transferências de Amesterdão e Banco de Inglaterra) e de bolsas de valores foram também instrumentos financeiros inovadores e importantes para a ascensão económica da Holanda e da Inglaterra. Os bancos concediam empréstimos aos comerciantes, indispensáveis para a compra de acções na Bolsa de Valores.
4) Na primeira metade do séc. XVII, Lisboa e Sevilha perderam o domínio do comércio internacional para Amesterdão, que se tornou o centro da economia mundial. (V. «A Bolsa de Amesterdão», pintura de J. Berkheyde, c. 1670)
5) Nos finais do séc. XVII, e durante o séc. XVIII, foi Londres que conquistou a hegemonia comercial e financeira.

2- O capitalismo comercial
1) No séc. XVIII eram vários os impérios coloniais que rivalizavam entre si no domínio de novos mercados, produtos e rotas comerciais. (Mapa mundi contendo, a cores, as possessões - portuguesas, espanholas, francesas (Louisiana, Canadá, na Índia), inglesas, holandesas (África do Sul, Sumatra…), dinamarquesas (Islândia, Gronelândia).
2) O tráfego comercial era intenso e proporcionou uma forte acumulação de capitais  que passaram a ser geridos pelas Companhias de Comércio , pelos Bancos e pela Bolsa.
3- O capital acumulado era depois investido em novos negócios, com o propósito de aumentar cada vez mais a produção e os lucros.
4- Este sistema económico, que teve grande desenvolvimento na Idade Moderna, designou-se por capitalismo comercial.

Conceitos
Companhias de comércio - Grandes sociedades comerciais, geralmente com muitos sócios, sendo cada um detentor de uma parte do capital correspondente a um determinado valor de acções. Foram constituídas nos séculos XVII e XVIII, para praticar o grande comércio ultramarino. Um dos sócios podia ser o Estado.

Banco - Estabelecimento de carácter financeiro onde se realizam depósitos, câmbios, descontos e empréstimos, bem como, em alguns casos, emissão de moeda.

Bolsa - Estabelecimento oficial onde se reúnem homens de negócio, ou os seus representantes, para comprar e vender títulos de crédito.

Acumulação de capitais - Elemento motor do sistema capitalista, que consiste no aumento ininterrupto do capital das empresas, que deve ser reinvestido para gerar aumento de produção, e assim sucessivamente.

Capitalismo comercial - Sistema económico, em que os lucros obtidos através do comércio são reinvestidos, proporcionando novos lucros (as mais valias).

Nenhum comentário: