sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Ei-lo que volta




O meu marido chamou-me, excitado: - Vê o Alberto Gonçalves no OBSERVADOR! Pulei de gosto, num saltito breve, por via das articulações. Entretanto, de passagem pela Internet, topei com o comentário do João Távora sobre a substituição, pelo Notícias, de Alberto Gonçalves por Maria de Lurdes Rodrigues.
Fiquei feliz. O meu Obrigada a OBSERVADOR por ter dado emprego a Alberto Gonçalves, cuja auto-apresentação segue no fim:

por João Távora, em 04.01.17
A confirmação veio através de um post do próprio Alberto Gonçalves no Facebook: “só para evitar confusões: saí do DN por vontade da direcção”. Custa-me a acreditar que um jornal como o Diário de Notícias, que luta pela sobrevivência no exíguo espaço que sobeja para a imprensa dita “tradicional”, dispense um dos mais talentosos e populares cronistas da nossa praça. Como é que um jornal, qualquer que ele seja, que pretenda sobreviver nestes tempos em que perdem influência, dá assim um tiro no pé? Em compensação agora oferece-nos essa consagrada virtuosa da escrita que é Maria de Lurdes Rodrigues... A sensação que fica é que os editores não se dão bem com a pluralidade e com a irreverência, preferindo uma pena amestrada e complacente para com a oligarquia que nos pastoreia.
Há uns meses elogiei aqui esforço do DN pela inclusão deste colunista que lhe conferia uma qualidade extra ao Domingo, dia em que muita gente não dispensava a leitura dos textos ácidos e bem-humorados do Alberto Gonçalves. Suspeito que o DN não resista muito tempo a tantos maus tratos. Temo pelo futuro desta velha marca centenária do jornalismo português. Mas pensando bem talvez não seja grave: sobram sempre os blogs e as redes sociais.

Sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Bom dia.
O meu nome é Alberto Gonçalves e tenho um sonho. Sonho escrever crónicas que possam ser apreciadas pelos cidadãos que acham a menina Mortágua e o dr. Louçã economistas de gabarito.
Sonho escrever crónicas que louvem a habilidade diplomática e o génio retórico do dr. Costa.
Sonho escrever crónicas que saltitem de júbilo pelo facto de partidos estalinistas ajudarem ao governo do país.
Sonho escrever crónicas que se orgulhem da influência do eng. Guterres nos destinos da Terra.
Sonho escrever crónicas que resgatem o enorme contributo do eng. Sócrates para o progresso pátrio.
Sonho escrever crónicas que apelem a consensos em volta dos poderes oficiais e oficiosos que só querem o nosso bem.
Sonho escrever crónicas que tomem partido pelas “causas” justas, daquelas que têm vítimas fixas e culpados fatais.
Sonho escrever crónicas tão despidas de interesses – mas não de interesse – quanto os isentos comentários televisivos dos “senadores” do PSD.
Sonho escrever crónicas que usem as palavras “descrispação” e “proactividade”.
Sonho escrever crónicas que repitam cada cliché disponível acerca do perigo que o sr. Trump representa.
Sonho escrever crónicas que se derretam de admiração pelas “selfies”, pelos “afectos” e pelos obituários, salvo seja, do prof. Marcelo.
Sonho escrever crónicas que denunciem as patifarias dos banqueiros, excepto dos que são perseguidos por Pedro Passos Coelho.
Sonho escrever crónicas que sublinhem o pacifismo do islão e o belicismo israelita e a culpa ocidental.
Sonho escrever crónicas que me candidatem a uma assessoria de imprensa ou a outro posto assim digno.
Sonho escrever crónicas que agradem às inúmeras personalidades de relevo que transformaram Portugal naquilo que é.
Mas não consigo: falta-me a espécie de talento que apenas raras dezenas (ou no máximo centenas) dos meus colegas de ofício possuem. Com boa vontade, o que sou capaz de fazer é o tipo de coisas que indivíduos desprovidos de patriotismo, consciência social e sentido de Estado poderão apreciar, aqui no Observador, a partir deste sábado. Os restantes não digam que não avisei.
Texto: Alberto Gonçalves, 3-2-2017
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