quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Saber às pinguinhas 8



Geografia, 8º Ano - 3
Manual: Geodiversidades  -  (População e Povoamento)
Autores: Elisa Amado: José António Baptista; Julieta Casimiro Baptista)
DE (Didáctica Editora)

1.1- Evolução da população mundial (continuação)

I - Políticas antinatalistas (de redução das taxas de natalidade), nos países em desenvolvimento:
            a) De carácter liberal (aconselhamento da população quanto ao controlo da natalidade).
            b) De carácter repressivo (imposição de medidas para limitar a natalidade, não respeitando a vontade pessoal).
1- Medidas utilizadas numa política antinatalista:
            a) Campanhas publicitárias com vista à redução da natalidade.
            b) Benefícios aos casais que pratiquem a esterilização.
            c) Distribuição gratuita de métodos contraceptivos.
            d) Legalização do aborto.
            e) Incentivo ao casamento tardio.
            f) Incentivos fiscais às famílias com um só filho.
- A Ásia é o continente onde as políticas antinatalistas têm sido aplicadas mais intensamente. Com o objectivo de controlar o crescimento demográfico, a China aplica, desde há várias décadas, uma política antinatalista de carácter repressivo, impondo grandes penalizações a quem não se submeta às regras definidas pelo governo. Em 1970, o índice de fecundidade era de 6,5 filhos por mulher, passando en 2010 para 1,7.
- Na Índia, no Bangladesh e no Nepal, o controlo da explosão demográfica baseia-se essencialmente em políticas de carácter liberal, promovendo-se campanhas a favor do planeamento familiar, como mostram muitos dos cartazes afixados pelas ruas, defendendo a família com apenas dois fiilhos.

II - Políticas natalistas (de incentivo ao aumento da natalidade nos países desenvolvidos).
(A maioria dos países europeus regista valores tão baixos na natalidade que já não consegue renovar as suas gerações). Consequência: População envelhecida.
1- Medidas utilizadas numa política natalista:
            a) Facilidade na obtenção de habitações maiores por parte de famílias com muitos filhos.
            b) Aumento do abono de família e de outros benefícios sociais a partir do 2º ou 3º filhos.
            c) Melhoria na assistência médica, antes, durante e após o parto.
            d) Melhoria da educação pré-escolar.
            e) Alargamento do período de licença de parto.
            f) Redução dos impostos às famílias com maior número de filhos.
- Em alguns países da Europa já se sentem os efeitos positivos das políticas natalistas, contribuindo para o rejuvenescimento da população.
-  Apesar de Portugal ter já alguns apoios à família, como as licenças de maternidade e de paternidade ou o abono de família, tais apoios têm-se mostrado pouco relevantes no aumento da natalidade. Em 2009, o governo português aprovou o aumento da licença parental para seis meses, subsidiando com 83% do salário bruto, mas que atingirá 100% se a licença for de 5 meses, partilhada por pai e mãe.
- Resultados bastante positivos os do incentivo à natalidade em alguns países europeus: a França, a Suécia, a Finlândia, a Dinamarca, a Holanda ou o Reino Unido. A pirâmide etária em França, em 2011 apontando para o rejuvenescimento populacional, graças às suas medidas de incentivo à natalidade - diversificadas e generosas.
- Nos últimos anos o número de nascimentos em Portugal tem vindo a diminuir, sendo urgente implementar políticas natalistas.

1.2- Distribuição da população mundial
I - Os contrastes na distribuição da população mundial
A reter: A densidade  populacional, ou população relativa, corresponde ao número de habitantes por Km2. Densidade populacional=  Habitantes: Superfície.
- A distribuição da população à superfície da Terra é marcada por fortes contrastes. Enquanto algumas áreas do globo apresentam valores de densidade populacional inferiores a 1 hab/km2, outras registam valores acima dos 100 hab./km2.
- Repartição da população por continentes (em %) em 2010: Ásia (sem a Rússia): 60,54%; África: 13,98%;  Europa: 9, 06%; Rússia: 2,2%; América do Norte e México: 6,93%: América Central e do Sul: 6,74%; Oceânia: 0,5%.

II - Síntese dos contrastes na distribuição da população:
            - Contrastes entre os hemisférios: 85% da população mundial vive no hemisfério Norte.
            - Contrastes entre continentes: Na Europa e na Ásia concentram-se ¾ dos habitantes da Terra; contrariamente a Antártida é quase vazia de pessoas.
            - Contrastes entre áreas do litoral e do interior: As maiores concentrações localizam-se nas áreas costeiras.
            - Contrastes entre áreas de baixa e elevada altitude: A maior parte das pessoas vive em terras abaixo dos 500 m de altitude

Nota: Cerca de 85% da população mundial vive no hemisfério Norte, especialmente entre os 20 graus N e os 60 graus N. A grande concentração demográfica no hemisfério N deve-se não só ao facto de a maior parte do espaço continental estar situado a N do Equador, mas também ao facto de as áreas do continente sul só terem sido colonizadas há 4 ou 5 séculos.

III- As grandes concentrações demográficas a nível mundial:
            Focos demográficos principais:
            - Europa Ocidental e Central: Nesta área concentra-se cerca de 7% da população mundial. As maiores densidades coincidem com os espaços urbano-industriais de França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Reino Unido,, Itália, Luxemburgo, República Checa e Áustria.
            - Ásia Oriental: É um dos maiores “formigueiros humanos” da Terra, concentrando cerca de 25% da população mundial. As maiores concentrações situam-se no litoral da China, na Coreia, no Japão e nas Filipinas.
            - Nordeste dos Estados Unidos: Zona litoral compreendida entre o oceano Atlântico e a região dos Grandes Lagos, onde se incluem as aglomerações urbanas de Nova Iorque, Boston, Filadélfia e Washington, concentra cerca de 2% da população mundial.
- Ásia Meridional: É o segundo maior “formigueiro humano” da Terra, concentrando cerca de 22% da população mundial. Inclui países como a Índia, o Paquistão, o Bangladesh e o Sri Lanka. As maiores densidades ocorrem ao longo dos principais vales e planícies aluviais.

Focos demográficos secundários:
São áreas de forte densidade populacional, embora de menor importância do que as primeiras:
- A região africana em torno do golfo da Guiné.
- O vale do Nilo e o Próximo Oriente;
- A África Oriental e os Grandes Lagos;
- A faixa atlântica do Sul do Brasil;
- O México e a América Central;
- Certas ilhas da Indonésia como Java.
Nota:
Na América Latina, as maiores concentrações humanas situam-se nas regiões centro-sul do México, na região das Caraíbas (Cuba, República Dominicana), no litoral da Colômbia e da Venezuela e na região litoral do Brasil, principalmente junto ao eixo do Rio de Janeiro- São Paulo.

Onde se situam as áreas dos «vazios humanos»:
Os «vazios humanos» coincidem, normalmente com ambientes pouco favoráveis à fixação da população, isto é, as condições naturais dessas áreas são repulsivas à permanência das pessoas e das actividades socioeconómicas:
- Regiões polares e subpolares: Nas áreas mais setentrionais da América do Norte, Europa e Ásia. Na Antártida.
- Regiões desérticas: Os desertos do Saara, do Calaári, em África. O deserto australiano. O deserto do Gobi, na Ásia. O deserto do Atacama e do Arizona na América.
- Densas florestas equatoriais: A Amazónia, na América do Sul. A floresta do Congo, na África. As florestas de Bornéu e de Papua-Nova Guiné, na Ásia.
- Altas montanhas: Os Himalaias, na Ásia. As Montanhas Rochosas e os Andes, na América. Os Alpes na Europa. Os montes Quénia e Quilimanjaro em África.

IV. Causas da desigual distribuição da população à superfície da Terra
1 - Factores atractivos:    
1.1- Naturais :  Climas amenos. Áreas de baixa altitude e planas. Solos férteis. Disponibilidade de água.
1.2 - Humanos:  Presença de actividades industriais. Boas comunicações. Existência de uma agricultura intensiva. Intensa actividade industrial e grande diversidade de serviços. Áreas urbanas com actividades socioeconómicas geradoras de empregos. Passado histórico que contribuiu para o desenvolvimento da região.
2 - Factores repulsivos
2.1-  Naturais : Climas muito frios ou muito quentes e secos. Solos pobres. Áreas montanhosas. Cataclismos naturais com secas, cheias. Áreas de vegetação muito densa.
2.2 - Humanos:   Áreas muito poluídas. Existência de fraca acessibilidade. Agricultura extensiva (longos pousios). Áreas onde proliferam bactérias e virus causadores de doenças infecciosas e epidemias.  Áreas de instabilidade política e social.

1.3 - Mobilidade da população

1- As grandes questões:
            1. Porque se deslocam as pessoas de umas regiões para as outras?
                        - As pessoas deslocam-se de áreas que apresentam condições repulsivas, com excedentes demográficos e elevadas taxas de desemprego, para regiões atractivas.
            2- Quais os principais fluxos migratórios na actualidade?
                        - Todos os continentes apresentam importantes fluxos migratórios, mas são sobretudo os países ricos (EUA, Austrália e países europeus) que mais atraem os imigrantes.
            3- Qual a diferença entre êxodo rural e deriva humana?
                        - O êxodo rural e a deriva humana são movimentos internos que se estabelecem do campo para a cidade ou da cidade para o campo, respectivamente.
            4- Quais as consequências dos movimentos migratórios?
                        - Os movimentos migratórios geram desequilíbrios demográficos e socioeconómicos nas regiões de origem e de destino dos migrantes.

2 - Noções, Definições:
a) Migração ou movimento migratório: Deslocação de pessoas de uma área para outra de forma temporária ou permanente.
b) Emigração: saída de nacionais para um país estrangeiro. Imigração: entrada de estrangeiros em território nacional.
c) - As migrações podem implicar deslocações de grande ou de pequena distância
d)- Migração intracontinental: Quando o movimento migratório é realizado dentro de um continente. - Migração intercontinental: quando a migração se faz de um continente para outro.
Nota: (Os EUA registaram os maiores fluxos de imigração entre 2005 e 2010. Os países do Golfo Pérsico - Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos também registaram um aumento dos fluxos migratórios nos últimos anos, vindos principalmente da Ásia Oriental e do Sul. Actualmente os fluxos migratórios entre os países em desenvolvimento (sul-sul) atingem valores muito idênticos aos fluxos sul-norte.)
e) Por que surgem as migrações?
Para que ocorram movimentos migratórios, é necessário que a área de origem apresente condições desfavoráveis e que a área de chegada tenha condições atractivas para o emigrante.

 3- Como se classificam as migrações:
            3.1 - Quanto ao espaço:
Internas - (dentro do mesmo país)
Internacionais - (de um país para outro)
            3.2 - Quanto à duração:
Temporárias - (permanência por um período inferior a um ano).
Definitivas - (permanência constante).
Sazonais - (Repetem-se anualmente no mesmo período)
            3.3 - Quanto à forma:
Voluntárias -  (deslocação feita por iniciativa própria)
Forçadas - (deslocação imposta, geralmente por forças políticas)
            3.4 - Quanto à relação com o Estado:
 Legais - (migração com autorização dos países de chegada e origem).
Clandestinas -  (migração feita sem autorização das entidades oficiais).


4- Motivos que levam as pessoas a migrarem
- Causas naturais (desastres naturais)
- Causas económicas: (Fome, miséria e falta de emprego)
- Causas políticas / religiosas (Perseguições políticas e/ ou religiosas)

5- Consequências da Emigração:
Para o país  de origem:
- Positivas: Entrada de divisas. Difusão de novas ideias e costumes
- Negativas: Perda de mão de obra na sua máxima capacidade produtiva. Envelhecimento da população. Desequilíbrio entre os sexos, já que a maior parte dos emigrantes são homens. Diminuição da natalidade devido à escassez de população jovem e adulta
Para o país de chegada:
Positivas:  Aumento de disponibilidade de mão de obra. Rejuvenescimento da população que se revela numa maior capacidade empreendedora e na dinamização da economia. Aumento da taxa de natalidade, em consequência do elevado número de indivíduos jovens e adultos.
Negativas: Possível aumento de taxas de desemprego. Possibilidade de aumento dos problemas habitacionais que levam à proliferação de bairros clandestinos. Problemas de desenraizamento e de marginalização podem originar aumento de criminalidade e da delinquência. A dificuldade de aceitação das novas culturas e línguas pode originar problemas de racismo e de xenofobia.

6- Migrações internas: São o êxodo rural e a deriva urbana movimentos opostos?

- Nos países em desenvolvimento, as áreas rurais aparecem como espaços repulsivos, enquanto as cidades são consideradas áreas atractivas. Desse facto, resulta o êxodo rural.
-Nos países desenvolvidos a maior parte da população vive em cidades. Mas o ambiente saturado, poluído e stressante dos grandes centros urbanos leva a que cada vez maior número de pessoas procure residência no espaço rural ou em pequenas cidades ou vilas periféricas à grande metrópole - onde encontram ambientes mais calmos e ecologicamente mais saudáveis - deriva urbana.

As causas do êxodo rural

Espaço Rural: Factores repulsivos:
Escassez de empregos em actividades não relacionadas com a agropecuária. Baixos salários. Falta de apoios médicos e de assistência social. Dificuldade de acesso a estabelecimentos de ensino. Desemprego motivado pela crescente mecanização da
Cidade: Factores atractivos
Nível de vida mais elevado. Melhor educação. Melhores empregos. Maior possibilidade de promoção. Cuidados de saúde de melhor qualidade. Maior emancipação da mulher.

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