quinta-feira, 26 de maio de 2011

Fossa

A fábula de Esopo “A Gaivota e o Milhafre”
Não tem qualquer parecença
Com a canção da Ermelinda
De apelido Duarte
Que foi quase uma doença
Em tempos cá instalada
Na terra que começou
A ser paulatinamente
Despojada,
Por via do que cantou
A Duarte,
Da gaivota que voava
Em liberdade.
Com ela nos comparámos,
Na canção,
Gaivota de novidade,
De ambição,
De ingratidão,
De negação
Do antigamente,
Para a corrupção
Presente
Continuamente.
Voadores,
Mas para o fundo do poço,
Precursores
Dos tempos em que estamos -
- No fosso.
Diz o seguinte
A fábula de Esopo:

Uma Gaivota um peixe comera.
Rasgada a goela, a Gaivota morrera.
Na praia estendida,
Um milhafre a avistara
Que logo exclamou:
Mereceste o que te aconteceu,
Pois nascida pássaro,
No mar a vida passavas,
E não cuidavas
No que te sucederia
E sucedeu.
Também aqueles que as suas próprias ocupações
Decidem abandonar
Para das que não lhes competem
Irem tratar
Muito justamente vão cair
Numa desgraça qualquer
De dimensão maior.”

Um pavor!
É o que nos vai suceder
Por andarmos a mergulhar,
Gaivotas esfomeadas,
Num mar de discórdia
E de mixórdia
Sem misericórdia
E a engolir
Peixes que nos vão rasgar
As goelas
Por serem maiores do que elas.
Que nas nossas estreitas goelas
Não cabem tantas balelas
Dos moralistas milhafres,
Mas vamos assim secando
Esvaindo-nos, morrendo,
Porque os milhafres são muitos,
Rondando, torneando, volteando
Aconselhando
Enquanto vão mastigando,
Nada deixando
A não ser promessas, frases
De carroça,
Para o fosso.
Nossa!

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