Afinal, a
tão conhecida asserção
De que uma
andorinha
Sozinha
Não faz a primavera
Ou mesmo o
verão,
Que além de
provérbio
Também virou
canção,
Já Esopo a
explorou
E outros
antigos, que por ela
Pela andorinha
ágil e bela
Que poisa à
janela
Da casa
amarela
Ou branca ou
azul
De qualquer
Cinderela,
A citou na
sua fábula,
Sem balela,
«O
jovem pródigo e a andorinha»
«Um filho
pródigo de nome António,
Que por
acaso não era campónio,
Nem,
valha a verdade, possidónio,
Tinha
comido
Todo o
seu património.
Não tinha
mais que um casaco vestido
Quando
avistou uma andorinha
Sozinha
Que
aparecia fora da estação.
Adepto da
opinião
Contrária
à que afirma
Que uma
andorinha sozinha
Não faz a
primavera,
Julgou
que a primavera
Já era
Só porque
vira
A
andorinha sozinha,
E que o
seu casaco, por útil que fora,
Agora, na
primavera,
Preciso
não era.
Tratou de
o vender
Para
poder comer.
Mas pouco
depois,
Como o
inverno retomara
E ele
gelava de uma maneira dura,
À procura
De alimento
que lhe mitigasse a secura,
O jovem
tropeçou no cadáver da andorinha
Inteiriçada
de frio, coitadinha!
«Miserável!
Disse-lhe ele,
Cheio de
fel,
Causaste
a tua perda e a minha!»
A fábula
mostra
Que tudo
o que vem fora da estação
É um
risco de paixão
Que não tem
salvação.»
Isso era a
opinião de Esopo,
Mas o que se
costuma agora dizer,
Para explicar
a questão
Da primavera
ou verão
Não assinalados
por uma só andorinha
Desprezadinha,
É que às
vezes essa é bastante
Para formar
rede de gente
Em qualquer estação
Que se ocupa
de questão pujante
Com
resultado excelente
E sem risco
extravagante
Para a
parceria envolvente.
É como uma peste
que lavra
Pelo
restante da gente,
Que não faz
parte da rede
Mas que vive
a sua sede
De uma forma
que fede.
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