sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A importância de se ser adulador

É o que diz a raposa ao corvo, ao aparar-lhe o queijo que este deixa cair, para provar que a sua voz em nada fica a dever ao esplendor da sua plumagem. Já o vendedor Guillaume, perdera, para o Maître Pathelin, advogado sem clientes e sem roupa, uma peça de fazenda que a voz melíflua deste a gabar-lhe a família, consegue usurpar e defender com bons truques, apoiado na sua farsa pela esposa Guillemette.
É jeito universal, já conhecido dos clássicos das civilizações primeiras e a própria Bíblia nos ensina, que o diga Judas, que não se coibiu de trair, “escovando” os chefes da Roma antiga, na Palestina.
O Dr. P. Passos Coelho também é conhecedor e praticante, embora com a circunspecção específica dos nossos tempos de preocupação generalizada, devido à eminência da tanga, pois Pathelin, valha a verdade, ainda conseguiu fazenda.
De facto, nas eleições para a substituição de L. F. Meneses, na gerência do PSD, P. P. Coelho (e até S. Lopes) tiveram bastos votos de par com M. F. Leite, mas não me assustei, porque o ouvi afirmar a sua lealdade e respeito para com esta, elogiando-a nos parâmetros que todos lhe reconheciam, de elegância, dignidade, e na firmeza discreta mas certeira das suas mensagens. Estávamos todos – os que amam o país – sedentos de elegância, dignidade e orientação firme nos meandros da política. Todos, menos alguns – do PSD, pelo menos – que continuavam a lutar pela sua saliência, indiferentes à derrocada desse país que esses divisionismos favorecem.
Isso deve ter contribuído para o desgaste físico e psicológico de M. F. Leite, que acabou por se deixar ir na onda, propondo um pobre vaidoso para a Câmara de Lisboa, mostrando menos fôlego combativo contra a política de arruinamento nacional, perpetrada pelo governo gerente.
E P. P. Coelho e a trupe apoiante aproveitam as falhas da mulher que inicialmente aquele elogiou, prometendo apoiar, para ele próprio “se lançar”, e assim desorganizar, indiferente ao país, na mira do posto.

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