quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

“O Maior Português de Sempre”

Houve há tempos um programa televisivo – “O maior Português de Sempre” - que mereceu o meu entusiasmo. Ocorreu-me o nome de António José Saraiva como figura de extraordinário relevo pátrio, e desejei lançar o seu nome na ribalta dos maiores. Porque ao seu valor intelectual, de que o país disfrutara ao longo de várias décadas, aliava um comportamento moral superior, de seriedade, que não se deixou corromper pelos condicionalismos das suas próprias ideologias. Se fora comunista, soubera reconhecer, após verificação, quanto o comunismo continha de monstruosidades no papel dos seus leaders soviéticos. Se fora adepto de uma mudança no Portugal de Salazar, soubera reconhecer quanto a mudança favorecera a libertinagem, o desregramento, a desorientação no trabalho, do povo, a par do esbanjamento de uma bondade - real ou fictícia - pelos deserdados, já na literatura, já nas canções, já nos meios de comunicação. Além de que a “glória de mandar” se mantinha, afinal, imutável, nos novos dirigentes. Apesar da democracia.
Mas ao nome de António José Saraiva e ao respeito pela sua figura, aliava-se a admiração e ternura pelo irmão – José Hermano Saraiva – que tendo seguido o modelo político tradicional sem a rebeldia do irmão, se adaptou ao novo modelo político, não, suponho, por ambição ou volte-face oportunista, mas para impor um travão no tal desbragamento a que a democracia “sem luzes” conduzira o povo português. Foi ministro, mas foi também, além de historiógrafo, autor de programas televisivos maravilhosos, onde, a par do seu amor pelas coisas e homens da história e da geografia portuguesas, o seu dom da palavra oral se impôs, em argumentação e sequência de pensamento entusiásticos, aliados ao sentido crítico pelos governos indiferentes ao património nacional.
Dois irmãos inseparáveis, quais Dioscuros, ambos corajosos na reivindicação e análise dos valores humanos e pátrios que vamos esquecendo. Daí a minha opção por ambos, no programa citado.

Um comentário:

Unknown disse...

percebo muito bem.... notável todavia, que a maioria "do pessoal" optou por um outro .... um pouco como alemaes sob semelhante escolha optarem por um Hitler, os russos por um Stalin ou, quizás, os Cambodianos por um Pol Pot .... expere-mos que a televisao no Zimbabwe nunca tenha a ideia de fazer um progama semelhante